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Valor simbólico (por decreto)

7 Janeiro, 2010

Há momentos Miguel Vale de Almeida explicava na TSF porque é que o casamento gay do PS é melhor do que a união registada do PSD: ambos conferem os mesmos direitos, mas só o casamento gay do PS confere às uniões gay o mesmo valor simbólico que o casamento tradicional. Ou seja , o que Vale de Almeida quer é que os gay possam aceder ao casamento enquanto certificado social. Vale de Almeida dá o exemplo de uma família com um filho e uma filha em idade casadoira, ele heterossexual e ela lésbica. Actualmente, o filho pode realizar um casamento tradicional e aceder por isso ao respectivo valor simbólico (Vale de Almeida fala na forma máxima de reconhecer o amor em sociedade). A filha, sendo lésbica não pode. O que Vale de Almeida defende é que a filha também possa aceder a essa forma de reconhecimento social.

Esta posição de Vale de Almeida tem vários aspectos interessantes:

1. Vale de Almeida reconhece o valor do casamento enquanto certificado e pretende capturar esse valor para os gay.

2. Vale de Almeida parece acreditar que o valor simbólico que o casamento tem é independente de ser uma prática heterossexual. Mas bastar-lhe-ia pensar nas expectativas habituais dos pais dos noivos para perceber que a heterossexualidade é capaz de ter contribuído bastante para o valor simbólico do casamento.

3. Vale de Almeida parece acreditar que o valor simbólico do casamento pode ser transferido para as uniões gay por decreto, como se a sociedade fosse constituída por pessoas acéfalas que não percebem que, se a lei muda a instituição não é a mesma e o valor simbólico também não. O valor simbólico do casamento não foi criado por decreto e não é por decreto que pode ser transferido.

60 comentários leave one →
  1. Pizarro permalink
    7 Janeiro, 2010 21:45

    excelente JM.

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  2. Romão permalink
    7 Janeiro, 2010 21:45

    Um “auxiliar de acção educativa” não deixa de ser um contínuo e um “invisual” não passa a ver por lhe cunharem uma designação tão politicamente correcta como órfã de história. Estou para ver quando tivermos de adaptar a Cinderela ao papel de lésbica recatada num mundo de sapatonas à espera da princesa encantada enquanto vaza baldes de tampões.

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  3. 7 Janeiro, 2010 21:54

    Bom texto, João Miranda.

    É isso mesmo. O mito da discriminação acaba por encontrar âncoras em perfeitos simulacros legalistas que não têm sequer ponte com a realidade.

    É o post-modernismo. Vive-se de palavras e criam-se necessidades por simulação de tudo.

    Ele tinha obrigação de entender isto. Há-de ter lido o Baudrillard, no mínimo.

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  4. 7 Janeiro, 2010 21:56

    Por outro lado este é a simulação da família sem história, sem passado, sem sequer família- apenas pela Lei, Pelo Poder, pela força dos media e pelo proselitismo de causa.

    Em nome do mesmo engano de sempre- de todas as utopias- a igualdade.

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  5. Dazulpintado permalink
    7 Janeiro, 2010 21:58

    Muito bem JM,parabéns.

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  6. 7 Janeiro, 2010 21:59

    João Miranda:

    Valia a pena repor aqueles posts que fez a tratar deste assunto.

    Na altura gostei muito e, ainda hoje penso que foi das coisas mais inteligentes que formulou.

    A cena ideal sem história, a sociedade por decreto, anti-natural.

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  7. 7 Janeiro, 2010 22:00

    Era para o outro post da pergunta do que têm em comum.

    Mas também cabe aqui. O assunto é o mesmo.

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  8. Ri Cardo permalink
    7 Janeiro, 2010 22:05

    A Zazie anda muito meiguinha.
    Cá para mim há por aí passarinho novo.

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  9. Pardal permalink
    7 Janeiro, 2010 22:05

    Este é o tempo de farsantes como este…

    Tudo é embuste e farsa.

    Tudo é mentira encoberta.

    E sentem-se bem…

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  10. 7 Janeiro, 2010 22:10

    Já há muito tempo que ando a dizer o mesmo, claro que sem esta erudição.
    O que o deputado ainda não percebeu é que uma boa Lei resolvia melhor os problemas dos LGBT.
    Na realidade o terem que ir a um cartório formalizar a união, em vez de recorrerem simplesmente a um decreto-lei vai inibir muitos de se formalizarem.
    Vocês estão a ver o (não se pode pôr o nome) ir com o (também é proibido de o escrever) entrarem de mão dada numa conservatória?

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  11. balde-de-cal permalink
    7 Janeiro, 2010 22:13

    Marcial
    «perdeu um escravo que contava uns 12 anos
    e cuja verga não media mais de pé e meio»

    «nem aos vergalhos de judeus circuncidados tu foges»

    levem no cu mas não me chateiem

    estou mais preocupado com o estado de degradação do rectângulo para a próxima década
    sempre pela rampa abaixo

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  12. 7 Janeiro, 2010 22:23

    é verdade. Há uns bons anos o JM fez posts sobre o assunto e eu dei-lhe os parabéns.

    É engraçado porque o JM sabe formular algumas questões pertinentes, possivelmente com base na sua experiência de biólogo, mas também é um facto que nunca as leva às últimas consequências.

    Neste caso sabe formular o simulacro jacobino e o engano contra-natura da igualdade.

    A própria mentira do “valor simbólico” que se quer “símbolo” se capacidade de agregar uma Ordem Natural (ou seja- um não-símbolo) e a família por partogénese de lei, sem passado nem futuro que a integre num sentido orgânico.

    Mas, se fosse mais longe, havia outros campos económicos em que era obrigado a tocar e a constatar o mesmo simulacro.

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  13. 7 Janeiro, 2010 22:25

    Sucinto e certeiro. Belo texto!

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  14. Tiago Oliveira permalink
    7 Janeiro, 2010 22:30

    “Feliz ano novo, adeus ano velho” lá dizia Bruno Aleixo, num dos seus talk-shows. Os Brunos Aleixos de hoje, amanhã, terão de entender que é apenas o fim de uma antiga discriminação e que nem em tudo, o nosso direito, não acompanha a evolução da nossa sociedade. É somente consagração da proibição constitucional da discriminação pela orientação sexual. Discutemos o OE, emprego, “o apoio às empresas exportadoras” e bla bla bla, não nos preocupemos com argumentos acéfalos, seus (se me permitem), polígamos informais.

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  15. 7 Janeiro, 2010 22:30

    No entanto, eu tenho dúvidas que os lobbies queiram apenas uma “conquista territorial” de valor simbólico.

    E tenho precisamente por este “valor simbólico” ser de natureza ditatorial, com base na lei positiva.

    Ou seja, acho que têm coisas mais terrenas na manga e duas delas tratam de contornar precisamente a possibilidade de poderem ser “família” à custa de terceiros que não entram no dito casamento monogâmico.

    Os lobbies fazem isto à escala mundial e a ideia é usar a lei para PMAs, barrigas de aluguer, filhos fornecidos pela “mão-de-obra de imigrante” – que não tem direitos nesse casório- pois a farsa apenas incluir o par que não se propaga naturalmente apenas a 2.

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  16. aquasky permalink
    7 Janeiro, 2010 22:32

    “Vale de Almeida … pretende capturar esse valor para os gay.”

    Eu já desconfiava que esse Vale Almeida era um ladrão. Agora perdeu a vergonha e quer CAPTURAR uma coisa que é nossa!!

    “Mas bastar-lhe-ia pensar nas expectativas habituais dos pais dos noivos para perceber que a heterossexualidade é capaz de ter contribuído bastante para o valor simbólico do casamento”

    Claro. Eu que tencionava casar-me na próxima semana já não o vou fazer. Se até os gays já se podem casar, o casamento para mim perdeu todo interesse.

    “Vale de Almeida parece acreditar que o valor simbólico do casamento pode ser transferido para as uniões gay por decreto, como se a sociedade fosse constituída por pessoas acéfalas…. ”

    Este Vale Almeida é um pândego. Então ele não tem olhos na cara para ver que um casamento inter-racial tem muito menos valor simbólico que um casamento entre dois brancos!!!’ Imagine-se agora um casamento gay. santa inocência.

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  17. anónimo permalink
    7 Janeiro, 2010 22:33

    um investigador especulador na semiótica da utizadora zaida.

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  18. 7 Janeiro, 2010 22:33

    Este assunto é mil vezes mais importante e com consequências civilizacionais que não tem essas tretas de mercearia.

    Isto é o mundo às avessas, a uma escala que nunca existiu, apesar de muitas tentaticas milenaristas.

    Leiam o Normam Cohn que as estudou e vão ver como o fio da meada é o mesmo.

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  19. 7 Janeiro, 2010 22:34

    tentativas.

    Não é semiótica, é um tema que eu também me interessa, por outras vias.

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  20. 7 Janeiro, 2010 22:38

    Mas é estranho que não haja ninguém capaz de os encostar à parede apenas de forma teórica.

    Eles leram todos Guy Debord e Baudrillard, caramba. Isto é simulacro posmoderno a 100%.

    Isto é até bem perto de um Alpahville de Godard, mas às avessas, com a linguagem a criar simulacros que são mais reais que a realidade.

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  21. anónimo permalink
    7 Janeiro, 2010 22:39

    para las vesgas é multiópticas.

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  22. anónimo permalink
    7 Janeiro, 2010 22:43

    para mim era mais forever young

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  23. Anónimo permalink
    7 Janeiro, 2010 22:53

    16 ,
    não precisa casar para por os seus pais contentes , basta que lhes dê uns netinhos com os seus genes.

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  24. 7 Janeiro, 2010 23:00

    Mesmo aqueles que defendem o casamento homossexual, como eu, têm de admitir o excelente post de JM.

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  25. Ana C permalink
    7 Janeiro, 2010 23:12

    O valor simbólico (amor, sentimento, assistência, fidelidade, etc) do casamento é uma aquisição recente das sociedades.

    A origem da familia tem cariz económico (2 pessoas em conjunto têm mais do que uma) e político (defendem-se melhor 2 ou 3 ou 4 ou 5 pessoas do que uma sózinha.

    Foi assim até à idade média quando apareceram os sonhos românticos dos amores trovadorescos acarinhados pela Igreja Católica.

    Eu hoje perguntei à minha vizinha D. Fernanda com 78 anos que diferença lhe fazia que as nossas viznhas do 10º F assinassem um contrato entre as duas, combinando que iam viver juntas, comprar uma casa em conjunto e que essa casa ficava para uma delas (e não para a irmã) quando a outra morresse e

    a D. Fernanda disse-me que não lhe fazia diferença nenhuma.

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  26. 7 Janeiro, 2010 23:13

    O que leva à minha defesa (com um twist conservador) de retirar a figura do casamento do código civil. Cada um se case na cerimónia que entender acompanhado ou não com um contrato civil no formato que entender. È a única forma de salvar o tal “casamento” simbólico e tradicional com a mais que provável predominância a prazo da religião. De certa forma, a chamada do Estado legislativo para o casamento civil no séc.18 dá-se para retirar a predominância da Igreja, tal como a formatação compulsiva das herança pretendia destruir a carácter da família como conceito de continuidade reunida à volta de propriedade transmitida e não vendida.

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  27. o demo do crato permalink
    7 Janeiro, 2010 23:17

    É muito intressante a observação de Vale de Almeida sobre a procura de mero”valor simbólico” a fundamentar a pretensão a “casamento”, em todo o caso virtual, como pretendem gays e paralelas na disfunção sexual.
    Penso, porém, que, no estado de pré-falência económica, objectivo oculto, também importante, estará na caça de mais emolumentos, directos no Registo Civil e indirectos nos festanços, ampliando a área de ceifa!
    Devia ser abolido o registo civil obrigatório!
    Que se casassem de acordo com a religião professada ou se “amigassem” como antigamente! Que o Estado deixe de ser sacrista das consciências!

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  28. 7 Janeiro, 2010 23:24

    É um excelente post porque diz o que há a dizer, de forma sintética e clara.

    E é tema que o JM pensou, a sério, e há muito mais tempo, sem ser sequer a propósito do casório.

    O outro post com as perguntinhas do que há em comum entre todos aqueles decretos anti-maturais era uma introdução a este.

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  29. 7 Janeiro, 2010 23:27

    Lembro-me aí de 3 temas em que o JM foi bom: nas utopias (em que este se integra) – foi uma série de verão muitíssimo interessante; num abordagem do nazismo que, na altura, até me fartei de contrariar mas que reconheço que teve grande pertinência e no caso dos snipers que mataram o brasileiro do assalto ao banco.

    Foi depois deste que ele até fez artigo no jornal que deixou de escrever no Público (acho que era Público).

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  30. 7 Janeiro, 2010 23:30

    ah, e ainda foi maior surpresa depois dos posts do assalto quando escreveu umas coisas muito bonitas a propósito de investimento económico em meninas-mães.

    Foi uma onda pacifista fora da cientoinice mais habitual.

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  31. Anónimo permalink
    7 Janeiro, 2010 23:36

    “A união do homem e da mulher no casamento é uma maneira de imitar na carne a generosidade e a fecundidade do Criador.” lamechas ou não , a verdade é que o casamento simboliza fecundidade (de aí casais sem filhos voluntáriamente serem olhados como esquisitos-o que é parvo , mas enfim) . e até a “degradação” do casamento anda a par com a queda de natalidade.
    vai-lhes ser difícil capturar a simbologia do casamento fecundo. nem com adopção chegam lá.

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  32. Ana C permalink
    7 Janeiro, 2010 23:39

    Caro CN

    O problema é esse mesmo: afinal o que mesmo o casamento hoje, no Séc XIX?

    As figuras da doação, sociedade, acordo livre de partilha e compropriedade, etc, não resolvem o mesmo que o contrato civil de casamento?

    O problema do casamento não é ser um contrato, porque podemos fazê-lo terminar quando já não gostamos da pessoa, nem suportamos pensar que a temos na cama.

    O problema do “simbolo” casamento é a ideia que nos incutiram de que temos de honrar um compromisso (muitas vezes com alguém que já não suportamos ver à frente. Não há maior violentação que essa).

    Sendo assim, que diferença é que pode fazer a alguém que o Paulo e o João assinem um papel entre eles para viverem juntos na paz da casa deles?

    E que o Paulo jure ao João que o vai amar eternamente e ser-lhe fiel?

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  33. Confucio permalink
    7 Janeiro, 2010 23:57

    Eu acabava era com o casamento.
    Para que é que essa merda serve?

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  34. Xico permalink
    8 Janeiro, 2010 00:02

    ———————
    Em tempos, num jornaleco qualquer, li uma patetice desse pateta Vale de Almeida e, por conhecer alguém com apelidos iguais, soube que não era a mesma família. Por isso, terei fixado.
    Creio que, em Portugal, nenhum estrato social aceita o convívio, nem na sua casa, com casais de larilas ou fufas.
    Aparentemente, esse Vale Almeida é pretencioso e, se calhar, julga que nas famílias de “melhor condição” essa gentinha é bem recebida. Bem pelo contrário, é notório que é rejeitada e que apenas a imprensa cor-de-rosa tira partido disso para delírio da ralé e de alguns “snobs” feitos à pressa.
    Os jornalistas fazem parte dos produtores e dos que querem parecer o que não: são rescas e querem ascender à nobreza.
    De resto, este fenómeno é comum em Portugal. Basta ver as peneiras que os importantes do desgoverno se apresentam desde os presidentes desta republiqueta, aos ministros, aos chefes de qualquer coisa. Todos pretendem a corôa e fingir-se superiores.
    Vamos a ver a história de todos esses personagens e, afinal, são
    humilíssimos tanto na origem como no que têm de seu. Às vezes, até sem educação nenhuma…

    Xico

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  35. Xico permalink
    8 Janeiro, 2010 00:06

    —————
    É um facto que também há muita gente desiludida que, depois de desastre, só querem é libertinagem.

    Xico

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  36. 8 Janeiro, 2010 00:06

    no fundo o que está em questão é uma tentativa de normalidade por decreto… e isso, será sempre difícil! naturalmente repugna-me, profundamente, a união de dois seres do mesmo sexo, pondo o género onde queiram.
    desculpem…

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  37. Anónimo permalink
    8 Janeiro, 2010 01:37

    O casamento por decreto: Gênesis 2:24

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  38. José Barros permalink
    8 Janeiro, 2010 02:26

    Excelente texto do JM.

    A argumentação de Miguel Vale de Almeida é a mais espatafúrdia de todas: se, como ele reconhece e bem, o casamento – despido, portanto dos seus efeitos legais – redunda numa questão de valor meramente simbólico, então é evidente, não só que o casamento gay irá depreciar esse valor, como também o próprio Estado, ao negar a parentalidade aos gays, por via da proibição da adopção e da procriação medicamente assistida, se encarrega disso ao instituir casamentos de primeira e casamentos de segunda. Nem é preciso que o cidadão comum não seja destituído de inteligência; o governo encarrega-se de dizer que os casamentos gay não são como os outros casamentos.

    Além do mais, Vale de Almeida presta um mau contributo à causa gay, porque é cúmplice de uma proposta socialista que coloca os homossexuais entre a espada e a parede: mais concretamente, entre a parentalidade e o casamento. Em razão de os gays só poderem ser pais se forem solteiros, não o podendo ser se forem casados. Donde um gay que case aos 25 e aos 30 ou 35 decida que quer ser pai ou mãe só tenha uma coisa a fazer: divorciar-se.

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  39. 8 Janeiro, 2010 03:30

    É isso mesmo, relativamente a esse “ingénuo” argumento do valor simbólico-social (digo ingénuo, porque o irrealismo do argumento, por vezes, não deixa margem para não se considerar que isso é atirar areia para os olhos):

    “2. Vale de Almeida parece acreditar que o valor simbólico que o casamento tem é independente de ser uma prática heterossexual. Mas bastar-lhe-ia pensar nas expectativas habituais dos pais dos noivos para perceber que a heterossexualidade é capaz de ter contribuído bastante para o valor simbólico do casamento”.

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  40. 8 Janeiro, 2010 07:06

    E eu? Tenho uma mulher, uma amante, uma namorada e estou de olho na minha nova vizinha. Porque é que não me posso casar com todas, como o presidente da África do Sul e o panilas do meu vizinho poder ir casar com o leiteiro? Que culpa é que eu tenho do primeiro-ministro ter os mesmo gostos do leiteiro?

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  41. Sérgio permalink
    8 Janeiro, 2010 07:59

    Zé Preto, e porque não? Se existe uma minoria de poligamos infelizes por não poderem celebrar um contrato de casamento pode ter a certeza que também apoiarei essa iniciativa. Se 2, 3, 4, 5 ou 60 pessoas se amam e querem ver esse vinculo celebrado aos olhos do estado e usfruir das mesmas vantagens que quem escolheu apenas estar a a 2 porque não hão-de ter esse direito. Estando a falar de adultos que fazem as suas escolhas por mim não há problema. Pessoalmente não gosto de poligamia nem de poliandria a minha ideia de relação é a 2 e com uma pessoa de sexo diferente. Mas não sou arrogante (ou matarruano como preferir) para assumir que a minha escolha de vida é a moralmente correcta e a dos outros não.

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  42. Sérgio permalink
    8 Janeiro, 2010 08:07

    “Mas bastar-lhe-ia pensar nas expectativas habituais dos pais dos noivos para perceber que a heterossexualidade é capaz de ter contribuído bastante para o valor simbólico do casamento.”

    Se o João Miranda apenas se casou para satisfazer as expectativas dos papás, outros casam porque se amam.

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  43. 8 Janeiro, 2010 08:22

    Ana C “Sendo assim, que diferença é que pode fazer a alguém que o Paulo e o João assinem um papel entre eles para viverem juntos na paz da casa deles?”

    Não faz nenhum, como pode ler no meu comentário, as pessoas podem ser livres de celebrar o contrato civil que entenderem e chamar-lhe “casamento”.

    Porque sequer tipificar a figura de “casamento” no código civil?

    Ainda para mais quando essa tipificação estabelece um não-contrato dada a possibilidade de renúncia unilateral imediata por uma das partes?

    A tradição continental (não tanto no caso anglo-saxónica) de tipificação expressa de novas formas de contratos civis e comerciais dá-se quando um determinado tipo de contrato (exemplo: leasing) estabelece um novo tipo de contrato com contornos bem definidos.

    No caso do “casamento” já não se percebe qual a motivação de tal tipificação dada na verdade tipificar um quase vazio.

    É estupidificante que depois tal vazio de conteúdo sequer sirva depois para ser reivindicado por causas anti-discriminação (e é de antever e compreender que a poligamia por exemplo possa reivindicar o acesso a tal não-contrato ).

    As pessoas simplesmente devem ser livres de estabelecer “casar-se” na cerimónia que bem entenderem e fazer acompanhar (ou não) tal cerimónia de um dado contrato com dadas cláusulas civis que bem entenderem.

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  44. Ricardo permalink
    8 Janeiro, 2010 08:35

    O João Miranda continua a tratar o casamento como um certificado de competência para gerar/criar filhos.

    Se o casamento fosse um certificado de competência para gerar/criar filhos :
    – não se poderiam casar pessoas inférteis.
    – não se poderiam casar pessoas em idade não procriativa.
    – o casamento seria dissolvido assim que se atingisse a idade não procriativa e os filhos tivessem já as suas próprias famílias.

    Tudo isto seria tão absurdo como é absurda essa concepção do casamento. E como o casamento não é um certificado de competência para gerar filhos, mas sim uma declaração social da vontade de criar uma família, o Miguel Vale de Almeida tem toda a razão. Para derrubar o casamento entre pessoas do mesmo sexo, tem que demonstrar que uma família constituída por pessoas do mesmo sexo é menos família do que um dos três exemplos que dei acima. Coisa que evidentemente não consegue fazer. Razão pela qual a lei deve ser mudada.

    Por último : Miguel Vale de Almeida não quer roubar nada aos heterosexuais. Quer é que a lei deixe de roubar algo aos homosexuais. As famílias constituídas por pessoas do mesmo sexo existem independentemente da lei ou do entendimento que quem quer que seja tenha acerca do tema. E não têm menos dignidade, nem têm menos valor, nem têm menos relevância social do que as restantes.

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  45. Xico permalink
    8 Janeiro, 2010 10:02

    Xico do 34 e 35
    Acontece que não sendo dono do nome, pretendo informar que o xico que escreveu em 34 e 35 não é o mesmo xico que tem comentado neste e noutros blogues, inclusive no do deputado Miguel Vale de Almeida.
    Estou em profundo desacordo com este deputado, mas jamais escreveria de forma insultuosa como aquele xico o faz.

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  46. Conde Venceslau Joaquim Fernandes permalink
    8 Janeiro, 2010 10:04

    Para derrubar o casamento entre pessoas do mesmo sexo, tem que demonstrar que uma família constituída por pessoas do mesmo sexo é menos família do que um dos três exemplos que dei acima.

    Uma família como potencial gerador de descendência tem um valor social que é ordens de grandeza superior ao valor social de uma família que logo à partida se sabe não ser capaz de a produzir. Uma união deste tipo é sempre necessariamente mais isolada do resto da sociedade, pelo que não traz as mesmas mais valias para o todo. Já repararam que todos os argumentos dos interessados gay se baseiam no eu e no parceiro, e nunca no nós social ? O casamento gay é e será sempre uma relação socialmente egoísta. É por isso que os gays acabam sempre por ser tão mal tolerados na esmagadora maioria das sociedades humanas. Do ponto de vista de preservação de cultura e até de transmissão de valores sociais para as gerações futuras, estas uniões são normalmente encaradas como oportunidades perdidas e becos sem saída para o futuro, pois não são capazes de produzir descendência capaz de as preservar.
    Já agora o mesmo mecanismo explica porque é que as solteironas sem filhos também são tão socialmente mal aceites, a não ser claro que sejam freiras. Os solteirões hetero já são mais socialmente tolerados porque sempre podem andar a fazer filhos em casas alheias, pelo que acabam sempre por ser capazes de cumprir o seu papel de machos reprodutores ;-).

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  47. Colonizado permalink
    8 Janeiro, 2010 10:52

    O sócrates para além de GRANDE AFRICANIZADOR é a partir de hoje também CASAMENTEIRO INTERESSADO em gays…

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  48. EMS permalink
    8 Janeiro, 2010 10:53

    “Já agora o mesmo mecanismo explica porque é que as solteironas sem filhos também são tão socialmente mal aceites”

    È sempre agradavel ler alguma literatura do seculo XIX.

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  49. Colonizado permalink
    8 Janeiro, 2010 10:56

    O panasca assumido Vale de Almeida é um emérito membro do ISCTE, a nossa ACADEMIA DAS CIÊNCIAS do politicamente correcto para a AFRICANIZAÇÃO e PANELEIRAGEM

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  50. Colonizado permalink
    8 Janeiro, 2010 11:06

    Mas deixem-nos casar para nós sabermos quem são…

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  51. Colonizado permalink
    8 Janeiro, 2010 11:08

    Hoje na assembleia da república vai haver de certeza um cheiro intenso a merda das comemorações da noite…

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  52. Anónimo permalink
    8 Janeiro, 2010 11:14

    Brilhante raciocinio, com inumeras aplicações.

    Por exemplo : permitir a negros (judeus, anarquistas, ciganos, deficientes, investigadores em biologia, etc.) aceder a postos da função publica, também não oferece nenhuma garantia de que eles deixem de ser considerados como seres inferiores, nomeadamente por pessoas que atribuem à função publica um certo prestigio precisamente porque não é (ou porque não foi durante muito tempo) acessivel a pessoas que eles consideram inferiores.

    Logo, é contraditorio e absurdo permitir o acesso à função publica a negros (judeus, anarquistas, ciganos, deficientes, investigadores em biologia, etc.).

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  53. Almansor permalink
    8 Janeiro, 2010 12:31

    Os casais gays são incapazes de procriar mas apesar disso querem aceder ao valor simbólico do casamento associado á procriação e à sobrevivência da espécie.

    Fazem-me lembrar os alunos burros que não sabem para passar, mas apesar disso querem aceder ao valor simbólico dos diplomas universitários através de passagens administrativas e do abaixamente pós-moderno das fasquias de avaliação.

    Decadentismos…

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  54. Almansor permalink
    8 Janeiro, 2010 12:39

    O Vale de Almeida é um (d)aputado de agenda única e anuscêntrica.
    Não há mais nada de importante e relevante, para ele e seus amigos, além das respectivas peidolas e correlatvas angustias existenciais.

    Na peida, Almeida, na peida !

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  55. lucklucky permalink
    8 Janeiro, 2010 15:21

    “E não têm menos dignidade, nem têm menos valor, nem têm menos relevância social do que as restantes.”

    Isso depende do valor que as pessoas lhe dão. Eu não dou o mesmo valor e muitos outros não dão. O que se passa é simplesmente uma tentiva de roubo de identidade em vez de darem um nome específico à União entre duas pessoas do mesmo sexo respeitando assim todos os outros. Assaltaram uma Instituição existente.

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  56. Licas permalink
    8 Janeiro, 2010 16:10

    4.zazie disse
    7 Janeiro, 2010 às 9:56 pm
    Por outro lado este é a simulação da família sem história, sem passado, sem sequer família- apenas pela Lei, Pelo Poder, pela força dos media e pelo proselitismo de causa.

    ***********************

    É exactamente como diz, zazie.

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  57. Ricardo permalink
    8 Janeiro, 2010 18:56

    “Isso depende do valor que as pessoas lhe dão. Eu não dou o mesmo valor e muitos outros não dão”

    O valor que o Lucklucki lhes dá, é irrelevante. A lei não serve para reflectir estados de alma particulares : nem o seu, nem o meu. Se têm menos valor, isso pode ser demonstrado. Não basta ser enunciado. Que eu saiba ninguém fez a demonstração.

    “O que se passa é simplesmente uma tentiva de roubo de identidade em vez de darem um nome específico à União entre duas pessoas do mesmo sexo respeitando assim todos os outros.”

    Efectivamente, a lei roubava identidada aos casais homosexuais. Já não rouba.

    Se não se sente confortável com o novo formato legal de casamento, se não se revê nele, tem bom remédio : divorcie-se. Ninguém é obrigado a casar. A partir de hoje também ninguém é impedido.

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  58. Joaquim Amado Lopes permalink
    8 Janeiro, 2010 19:28

    57. Ricardo:
    “Ninguém é obrigado a casar. A partir de hoje também ninguém é impedido.”

    1. Há muitos que são impedidos de casar: p.e. os menores.
    2. Os homossexuais, tal como os heterossexuais, podem-se casar. Só, também como os heterossexuais, não se podem casar com pessoas do mesmo sexo.
    3. Não são apenas os homossexuais que estão impedidos de casar com quem bem queiram. Todos (homossexuais, heterossexuais e bissexuais) estão impedidos de casar com (p.e.) familiares directos, menores, mais do que uma pessoa.
    4. A votação de hoje não alterou nada. A Lei tem que ser promulgada pelo Presidente da República e regulamentada. Até lá, muito gel lubrificante vai ser usado em actos sexuais extra-matrimoniais. (*)

    O mais engraçado é que quem mais defendeu o divórcio-na-hora, desvalorizando objectivamente o valor do casamento, seja quem com mais veemência clama contra a impossibilidade de os homossexuais terem acesso ao “valor simbólico do casamento”.

    Antes de alterar a legislação relativa ao casamento devia-se definir exactamente o que é suposto ser o casamento. Depois, alteram-se os aspectos da Lei que se revelem desadequados.

    (*) Peço desculpa pela imagem mas não resisti. E, para quem esteja a pensar em acusar-me de homofobia, um pedido: deixem de ser parvos ou pelo menos de agir como tal.
    De qualquer forma, o gel lubrificante não é apenas usado por homossexuais e não são estes os únicos a terem sexo fora do casamento.

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  59. 8 Janeiro, 2010 20:26

    Esta discussão já enjoa. Ninguém a teria nestes termos se não achassem que há algo de anormal com a homossexualidade.

    O problema não está nas sociedades nem nas tradições, ambas já contemplaram a homossexualidade,durante longos períodos, sem nenhuma espécie de problema. Retirem da nossa “matriz judaico-cristã” aquilo que de bom nos trouxe e cortem o que é claramente retrógado.

    Sempre com o credo na boca para a liberdade económica mas para a liberdade sexual até lhes dá um fanico. Enxerguem-se seus tristes, que com posts destes, sempre a discorrer sobre assuntos laterais, só parecem dizer “ganharam esta batalha, mas nunca ganharão a guerra”. Mas qual guerra pah???????????

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  60. lucklucky permalink
    8 Janeiro, 2010 22:40

    “O valor que o Lucklucki lhes dá, é irrelevante. A lei não serve para reflectir estados de alma particulares : nem o seu, nem o meu. Se têm menos valor, isso pode ser demonstrado. Não basta ser enunciado. Que eu saiba ninguém fez a demonstração.”

    Você não percebeu. A sociedade é que vai dar valor ou não e dentro de 20 anos já muitas coisas mudaram. A Europa como a conhecemos provavelmente já não existirá.

    “Efectivamente, a lei roubava identidada aos casais homosexuais. Já não rouba.”

    Não roubava porque é uma União diferente. Logo deve ter um nome diferente.

    “A partir de hoje também ninguém é impedido.”

    Joaquim Amado Lopes já respondeu à sua Mentira.

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