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Notícias Sábado, 14 de Agosto de 2010

21 Agosto, 2010
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“Primeira lição de portugalidade

Numa praia ofereciam-se pequenos passeios a cavalo às crianças. A minha filha era uma das que aguardava a sua vez com a impaciência própria dos seus seis anos. A uma certa distância, vigiava a cena com um olho no jornal e outro nos papás que, pressurosamente, iam cercando a organizadora da coisa, que agitava uma lista na mão. «Quando é a tua vez?», perguntei. «Faltam só três meninos», respondeu, sorrindo, ansiosa. O zumbido dos zelosos progenitores fez-me antecipar o que iria acontecer. Aos poucos, a lista foi-se transmutando – os rebentos sob influência directa do lobby paterno iam passando à frente.”

Podia ter intervindo de imediato mas preferi esperar. A minha filha fez as contas e percebeu que a ordem natural das coisas tinha sido ultrapassada. Protestou e deram-lhe um motivo formal que não a convenceu. Depois correu para mim e pediu auxílio. «Se achas que tens razão, defende-te», disse-lhe, sabendo que estava a pedir o impossível para aquela idade e, sobretudo, para o contexto cultural em que a cena se desenrolava. Por isso, segui-a. Observei o tom indulgente com que a dona da lista lhe tentava explicar o injustificável. Depois viu-me e atrapalhou-se ao atingir que a miúda não estava sozinha. «É o pai da menina? Tive de pôr à frente aqueles dois rapazinhos porque eram irmãos. Ela é já a seguir». Não disse nada, não valia a pena.

Mais tarde, esclareci a minha filha sobre o modo de fazer as coisas num país como o nosso, dei-lhe uma leve noção de cunha e de chico-espertice, falei-lhe no desrespeito pela verdade que nos matiza. Disse-lhe que a senhora da lista era como o Governo que arranja sempre desculpas para justificar os favores que fez a quem não merecia. Não cheguei a falar nos PIN, nem nas isenções fiscais, nem no Freeport nem na Face Oculta nem em Vara nem na socrática desgraça ética que nos desgoverna – tem tempo para isso, para aprender a conhecer o país em que calhou, tentando, na medida do possível, não ganhar as colorações do meio envolvente.

Salazar e os milionários

A obra foi escrita por Pedro Jorge Castro e é imprescindível. A principal conclusão é que o ditador era venal. De um modo subtil, matreiro, feita de cumplicidades mútuas com os banqueiros e industriais beneficiários dos favores do regime, nisso tão análogo ao actual.

Depois, o ditador transbordava pequenez. O autor rediz a história de uma discussão com um governante sobre o aumento de verbas para melhoramentos rurais – Salazar era contra do progresso «de repente». E justificava: «Se acabarmos com as fontes e lhes levarmos a água a casa, as mulheres já não terão de ir todas as manhãs de cântaro à fonte: como é que elas hão-de poder pôr a conversa em dia umas com as outras?».

E foi esta figura que ganhou um concurso para melhor português de sempre…

Salvar Portugal?

Estava-se nos anos cinquenta do século passado, numa tertúlia em que participava Jorge de Sena. Discutia-se o tema recorrente: “Como salvar Portugal”. Nisto, o poeta espantou toda a gente: «O problema não é salvar Portugal, mas salvarmo-nos de Portugal». Pouco tempo depois partiu para o Brasil e daí para os Estados Unidos onde veio a falecer, em 1978, sem ter regressado à pátria.

Aqueles que estavam naquela reunião, há sessenta anos, julgavam que o obstáculo era Salazar. Mas depois veio Caetano, o PREC, Soares, Cavaco, Guterres, Barroso e agora Sócrates. O país ficou cada vez mais igual nos seus defeitos, a mesma “choldra”, como dizia o Eça, ainda que com novas embalagens. O problema não é Salazar nem os outros – somos nós, claro, que em conjunto não sabemos evoluir para além do fado da nossa mediocridade.”

117 comentários leave one →
  1. 21 Agosto, 2010 11:04

    Pois, mas os “seus republicanos” da Comissão, ocultam o salvador do regime: Salazar. Essa é que é essa. Ingratos!

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  2. Pedro C permalink
    21 Agosto, 2010 11:08

    Cada vez me convenço mais disso. E quando a “choldra & associados” for mais numerosa que os restantes, o que já deve ter acontecido, chegamos (chegámos?) ao ponto de não retorno.

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  3. Pedro C permalink
    21 Agosto, 2010 11:13

    Refiro-me a Sena. Nuno Castelo-Branco tem toda a razão: a 1º. República era uma choldrice completa e Salazar, na altura, salvou o País da insolvência.

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  4. Tiradentes permalink
    21 Agosto, 2010 11:17

    Suspeito que ainda vamos ter de elogiar a 1ª República, pelo menos em termos comparativos.
    Quanto à insolvência também….
    O resto não sei…..naquele tempo ainda podia aparecer um “salvador de pátrias”,hoje parece que está mais perto o caos.

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  5. Licas permalink
    21 Agosto, 2010 11:47

    Como político, considerando todas as qualidades requeridas para desempenhar o cargo, Oliveira Salazar foi medíocre . Poder-se-á dizer no entanto que teve de superar um tremendo * handicup * : não era como Deus – Nosso – Senhor – que – está – em – toda – a – parte como diz
    Almeida Santos de José Sócrates.
    (Como o premiado com a untuosa adulação não a repudiou temos que entendêr que a considerou aceite, agradecida e justa )

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  6. piscoiso permalink
    21 Agosto, 2010 11:55

    Sobre a lição de portugalidade nas bichas, tem toda a razão.
    Então neste mês de Agosto, em que aparecem emigrantes às resmas, tornam-se particularmente irritantes porque sabemos que na estranja, eles comportam-se com civismo.
    Mas olhe que já me aconteceu numa estação de CTT ser passado à frente por um senhor engravatado, que disse ser advogado. Se fosse também emigrante, saltava para dentro do balcão.

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  7. 21 Agosto, 2010 12:02

    E quem é que limpava as bostas dos cavalos?

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  8. 21 Agosto, 2010 12:03

    Se há possidonice foleira é esta de andar a cavalo na praia, largando bostas na areia.

    Mas os cães são proibidos.

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  9. Tiradentes permalink
    21 Agosto, 2010 12:16

    Isso das “bichas” gosto mais de filas.
    Até há quem peça crianças “emprestadas” para passar à frente.

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  10. Lekas permalink
    21 Agosto, 2010 12:17

    Em Sintra, alugam cavalos a turistas – as “bostas” vão para estrume e alimentam o produto interno da região, tudo se transforma

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  11. 21 Agosto, 2010 12:20

    Bem, bostas na praia vão para a água e creio que tomar banho em estrume não seja o mais apetecível.

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  12. 21 Agosto, 2010 12:20

    Caso não saiba, areia não é terra.

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  13. 21 Agosto, 2010 12:31

    No centro do actual alvo !, este seu artigo de opinião !
    Actual alvo que é a consequência ainda directa dos salazarentos tempos.

    Seria interessante colocar e assistir numa cápsula do tempo, a um diálogo, um debate, entre Salazar, Eça e Sena !!
    Bastariam sessenta minutos !

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  14. André.A.S. permalink
    21 Agosto, 2010 12:33

    O senhor não se sente, por sua vez, um bocadinho pequenino ao tentar caracterizar um regime com uma pequena gracinha?

    Olhe que, assim, é. Português e pequenino.

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  15. Pedro C permalink
    21 Agosto, 2010 12:37

    Zazie:

    Tivesse o actual 1º uma Lady Godiva disposta a baixar impostos e seria mais que desculpável vela passear com o seu cavalo em qualquer praia. E mais bosta, menos bosta, nem se notava…

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  16. Arnaldo Madureira permalink
    21 Agosto, 2010 12:46

    A senhora do papel era um agente privado ou público?

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  17. António P. Castro permalink
    21 Agosto, 2010 13:47

    Sem ter regressado à Pátria?
    Essa agora…
    Então foi um fantasma do Sena quem fez o até hoje melhor discurso do 10 de Junho post-25 de Abril, creio que na Guarda?

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  18. Alexandre Carvalho da Silveira permalink
    21 Agosto, 2010 14:11

    São milhentos pequenos fait-divers que todos os dias por cá acontecem que faz deste país a merda que ele é. Infelizmente a falta de civilidade é uma das nossas principais caracteristicas.
    Não temos de nos admirar do Socrates e da matilha de mabecos que o acompanha: eles são o retracto do portugues tipico: aparentemente simpatico, manhoso, mentiroso, e sempre a querer lixar os outros, para ficar bem na fotografia. Como dizia o Jorge de Sena, só temos de nos queixar de nós proprios.

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  19. piscoiso permalink
    21 Agosto, 2010 14:18

    Sobre Jorge de Sena, convém esclarecer que ele saiu de Portugal para o Brasil em Agosto de 1959, para evitar ser detido pela PIDE, por ter participado numa tentativa revolucionária abortada em 12 de Março do mesmo ano.
    Quando se deu o 25Abril/74, era catedrático efectivo de Literatura Comparada na Universidade da Califórnia, em Santa Barbara. Tentou regressar mas decidiu manter-se por lá, porventura usufruindo de condições que por cá nunca teria, apesar daquilo a que chamava a “medonha solidão intelectual da América”.

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  20. Alexandre Carvalho da Silveira permalink
    21 Agosto, 2010 14:23

    Salazar e os Milionarios.

    Li o livro há uns meses, e apesar de ter vivido bastantes anos sob a ditadura, este livro ajudou-me a compreender melhor como pensava, e como agia Salazar.

    Serve tambem para desmistificar como se fizeram certas fortunas em Portugal.

    O episodio acima descrito, que se passou com um jovem recem- nomeado secretario de estado que Salazar não conhecia pessoalmente, mas que quiz saber de viva voz como pensava, foi um dos que mais me impressionou, e ajuda a explicar porque Portugal foi ficando para trás. Ainda ontem jantando em casa de uns amigos que não leram o livro, tive ocasião de lhes contar este episodio tão elucidativo da personalidade do ditador.

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  21. e-ko permalink
    21 Agosto, 2010 15:12

    é, e foi a pior asneira que fiz na minha vida: voltar para o pântano da choldrice!…

    tenho também uma história de menina que faz a bicha, no fim dos anos cinquenta, não para os cavalos da praia, mas para os cavalos do carrossel, na altura devia ter 4 anos – sei porque, nessa altura, tinha essa idade quando morei na localidade onde se desenrolou o episódio e que no ano seguinte já morava noutra bem longe dali, assim vivi toda a minha infância, uma espécie de vida de ciganos sem o ser e que me permitiu conhecer o país e as suas gentes no que têm de bom e de medíocre; assim que o carrossel parou, a bicha deixou de ser bicha e adultos e maiores, que estavam muito atrás de mim, tomaram de assalto os lugares que ficaram disponíveis e com o meu pai tivémos de nos afastar pois não foi possível encontrar um lugar naquela volta. foi coisa que me chocou tanto que nunca mais esqueci, apesar da idade, e de nunca mais ter falado do assunto em casa. mas nesse tempo nem bichas ou listas de espera existiam.

    mais terde fui vendo que as ocupações profissionais mais interessantes eram ocupadas em primeiro lugar por filhos ou afilhados de alguém ou por quem tinha cunhas de alguém, num sistema de troca tácita de favores… não é só de agora.

    saí deste país alguns anos antes de 74, mas não me precipitei para voltar, sabia que a choldra, não deixa de ser choldra dum dia para o outro. fiquei algo impressionada, apsar de tudo, com as bichas disciplinadas para os transportes e serviços públicos… mas quando o bicho está na maçã não sai assim com a facilidade dum estalar de dedos.

    depois de voltar, fiquei a saber como são administradas as listas de espera dos hospitais; os médicos, que trabalham no público e privado fazem passar para o topo das listas os pacientes que recebam no privado depois de cobrarem consultas a peso de ouro, e um sistema de cunhas para familiares e amigos toma conta das atribuições de consultas e admissões… neste sistema, não morri, porque devo ter a pele muito dura, mas os tempos de espera, muito para além do que deveria ser admissível, deram cabo da minha vida durante os 5 anos que durou o circo e para o resto dos meus dias.

    até aqui ainda não falei da questão das batotas políticas, mas, essas, são comuns aos partidos do arco de governação, sem excepção… só podia, a choldra é toda a mesma!…

    Grande Jorge de Sena!…

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  22. José permalink
    21 Agosto, 2010 15:27

    Já li uma boa parte desse livro ensaístico que me parece muito útil para tentar perceber a personalidade, o estilo e o modo de vida no tempo de Salazar.

    O livro é uma recolha de textos na sua maior parte de outros autores mas está muito bem organizado e escrito.

    E tem alguns episódios reveladores de uma pessoa que merece ser estudada para se perceber melhor o tempo em que viveu e que nos moldou enquanto Nação.

    A história da amizade com o avô do actual Espírito Santo é no entanto reveladora de um carácter que gostaria de ver erigido em norma ética no Portugal actual, porque dá para entender muito bem onde se separa a amizade pessoal dos assuntos de Estado e da seriedade com que se tratavam certos assuntos. Se essa ética permecesse, o actual Ricardo Espírito Santo não faria o que faz e que envergonha o avô ou pelo menos a época em que o mesmo viveu.

    É esse aspecto de Salazar que muitos ( incluindo o autor do postal) parecem não compreender.

    E custa-me um bocado a perceber porquê. Gente minimamente inteligente tem o dever de perceber esses aspectos essenciais da personalidade e estilo de Salazar.

    Porque não entendem?

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  23. 21 Agosto, 2010 15:54

    Não entendem porque ficaria mal encontrar virtudes num ditador.

    Afinal de contas isto de ser democrata tem poucos anos no lombo e confunde-se com ética.

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  24. orabolas permalink
    21 Agosto, 2010 15:54

    “O problema não é Salazar nem os outros – somos nós, claro, que em conjunto não sabemos evoluir para além do fado da nossa mediocridade.”
    Devia ser nisso que Salazar pensava ao dar esse tipo de resposta…

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  25. 21 Agosto, 2010 15:56

    E o problema é que para frente é sempre melhor. Falar em passado, associado a ditadura, serve para se encontrar teias e tradições desgraçadas fundadas nesse passado.

    Seria lixado que as tradições do presente se fundassem precisamente no 25 de Abril.

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  26. 21 Agosto, 2010 15:58

    Acho que se chama a este dogma “progressismo”.

    O autor do post é um liberal progressista.

    Quem não é?

    Quem se atreve a não ser progressista se tem como estigma pela frente poder passar por essa vergonha de ser “reaccionário”?

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  27. 21 Agosto, 2010 15:59

    Mas, passado por passado, o autor do post podia ter recuado mais.

    Podia ter começado pela sua querida Primeira República.

    Ou não?

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  28. 21 Agosto, 2010 16:00

    Até porque o que é estrutural vem mesmo de muito mais atrás…

    E o que o não é, deve ser comparado nas suas diferenças, como bem recordou o José.

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  29. 21 Agosto, 2010 16:02

    O Nuno Castelo-Branco não se esqueceu e disse-o logo no primeiro comentário.

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  30. 21 Agosto, 2010 16:03

    «Porque não entendem?»

    Porque, simplesmente, não querem entender. Porque, mesmo aqueles que se não revêem na Esquerda, estão condicionados pela narrativa que ela, Esquerda, construiu.

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  31. 21 Agosto, 2010 16:06

    Olha, o Peluche disse uma coisa acertada.

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  32. 21 Agosto, 2010 16:07

    Mas neste caso é mais do que isso. Está condicionado pelo jacobinismo.

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  33. 21 Agosto, 2010 16:08

    António P. Castro 18,

    Foi um discurso memorável !
    De acordo: provavelmente o melhor até hoje, nas cerimónias do 10 de Junho.

    Os discursos de João Benard da Costa também foram óptimos.

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  34. 21 Agosto, 2010 16:17

    Eduardo F 31,

    Donde, pode-se (por enquanto fugazmente) concluir, que quem não se revê na “Esquerda” e (ainda) se sentem condicionados pela “Esquerda” (desde quando e qual delas ?), ainda não tiveram tempo ou talento, causa ou estratégia para se lhe opôr e ser alternativa — ser ‘condicionar’, claro está !

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  35. 21 Agosto, 2010 16:18

    Errata:
    “– sem ‘condicionar’

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  36. 21 Agosto, 2010 16:22

    A esquerda a que ele se refere é semântica.

    O discurso está aqui:

    http://www.facebook.com/note.php?note_id=124295707607029

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  37. 21 Agosto, 2010 16:24

    Repare nas palavras. Se alguém falar em progressismo qual é o conceito que se lhe opõe?

    É ou não é “reaccionário”?

    Quem inventou isto?

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  38. 21 Agosto, 2010 16:25

    Agora há outros da moda e a palavra “ódio” é a mais usada. Ninguém pensa que está a usar um bordão mal amanhado vindo dos lobbies politicamente correctos, numa má tradução do “hate” americano.

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  39. 21 Agosto, 2010 16:26

    “É”… O Tony Carreira também é “semântico” porque deriva de romântico.
    Não inova, mas é mântico.

    A propósito: vou ouvir já os últimos “trabalhos” do Tony-o-maior !

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  40. 21 Agosto, 2010 16:26

    Mas este estigma do “reaccionário” é tremendo. Hão-de passar séculos e ainda vai estar activo.

    O papão de se poder ser reaccionário é o mesmo da invenção do “facista”.

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  41. 21 Agosto, 2010 16:29

    V. falou em opor estratégia a uma questão

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  42. 21 Agosto, 2010 16:29

    Zazie,

    Hoje, em Portugal, já ninguém usa o termo e aponta o dedo: “reaccionário” !
    (Nem no PC…)

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  43. 21 Agosto, 2010 16:32

    ups!

    que nada tem a ver com isso. Não se trata de “opor estratégia” à esquerda ou “alternativa”.

    Trata-se de ser necessário desmontar os mitos que passam pelas palavras.

    Sem isso é possível nada porque o principal condicionamento está no “tom”. Não se atinge o significado sem perceber a força do significante.

    Vivemos de automatismos e o verbal é o maior deles todos. Confunde-se palavras com pensamento.

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  44. 21 Agosto, 2010 16:33

    MJRB #35,

    Para que se consiga fazer uma oposição à Narrativa Oficial é necessário a adopção de um discurso e uma reinterpretação “radical” (no sentido de oposição frontal à narrativa instalada).

    Dei-me conta, há dias, que mesmo durante o consulado de Reagan, o peso do Estado na economia americana não cessou de aumentar, ainda que a uma taxa de crescimento inferior. Aliás, o mesmo aconteceu, só que em grande escala, com Bush filho.

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  45. 21 Agosto, 2010 16:34

    Usa pois. Está muito enganado.

    Não só usa como se replicou geracionalmente. Faça um inquérito.

    Eu por acaso sempre gostei de morder essas coisas e nunca perco oportunidade para fazer mini inquéritos.

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  46. 21 Agosto, 2010 16:35

    Progressista é uma palavra “boa” porque tem como oposto a palavra má- “reaccionário”.

    É ou não é assim? Há alguma outra palavra sem ser “reaccionário” que possa contrapor-se a “progressista”?

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  47. 21 Agosto, 2010 16:38

    Claro que o Peluche julga que entende estas coisas mas não entende.

    Ele serve para ilustrar o erro de quem não larga os tiques e não se limpa primeiro das ideologias.

    Ele salta logo para outra. É este um dos grandes problemas de quem não quer ficar colado a essa “ideologia dominante”- tem a tentação de agarrar logo outra cartilha antes de desmontar tudo.

    E isso dá o que está à vista. Esta palhaçada de não haver alternativas porque as que aparecem são coisas neo-tontas à Amazon.

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  48. 21 Agosto, 2010 16:40

    A blogosfera é até um excelente laboratório para se topar estas coisas.

    A quantidade de arrependidos de esquerda que andam por aí só conseguem dizer-se anti-socialistas por cartilha liberal.

    Como se mais nada existisse ou pudesse existir entre um passado e a última moda.

    E é por isso que depois até temos estes paradoxos tão engraçados à CAA- um jacobino progressista e liberal.

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  49. 21 Agosto, 2010 16:41

    Zazie,

    Hoje, isso são só remanescentes sonoridades… Ressonâncias !
    (Que vão ressurgir na Festa do Avante! ou na Universidade do BE, mas passados dias esvaem-se ! De vez em quando, as câmaras de eco ainda emitem uns fluídos sons “reaccionários!” até ao anos seguinte).

    É como certa poesia concreta, Zazie: “puf !”.

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  50. 21 Agosto, 2010 16:41

    Ocorre-me uma frase dita por uma das personagens do filme “Mistérios do Organismo” do sérvio Dušan Makavejev: «não erejas monumentos que não possas destruir».

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  51. 21 Agosto, 2010 16:43

    Para completar, tentem lá enfiar o outro dogma no retrato: o jacobino progressista e liberal é “de esquerda” ou “de direita”?

    Onde está a diferença que essas palavras alcançam?

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  52. 21 Agosto, 2010 16:45

    # 50

    Está enganado. Nem pouco mais ou menos. Já dei com esses chavões em malta nova perfeitamente apolítica.

    Basta terem a escolaridade mínima que lhe ensinam isso nas aulas de formação complementar ou “para cidadania” ou coisa assim que lhe chamam.

    ( O Peluche ficou marcado pela Nicolle do chocolate)

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  53. 21 Agosto, 2010 16:46

    Por acaso era linda.

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  54. 21 Agosto, 2010 16:48

    Eduardo F 45,

    Não basta nova linguagem, é necessária inovadora, consistente, correcta e atractiva proposta política para formar uma oposição à “Narrativa Nacional” — que eu não a conheço assim tão forte e só identificável com o actual regime político-partidário… A linguagem do CDS-PP de Portas e o PSD desde Nogueira ‘fundem-se’ com a “narrativa instalada”…

    Criatividade ! — não pode haver, se os líderes partidários são culturalmente fracos, com um pensamento condicionado, e, sobretudo, SEM ENTENDEREM A CONTEMPORANEIDADE !

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  55. 21 Agosto, 2010 16:49

    Estava a confundir com o Sweet Movie e a Carole Laure.

    Tinha encasquetado que as memórias de peluche vinham daí.

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  56. 21 Agosto, 2010 16:50

    Náo tem nada a ver com “narrativa nacional” e ainda menos com partidos.

    É pura semântica. Coisa que entra pelo ouvido e se torna discurso a inventar memórias (como lhe chama o José).

    O José tem os melhores escritos sobre o assunto. Podia publicar que são únicos.

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  57. 21 Agosto, 2010 16:52

    Memórias Apagadas e Memórias Inventadas.

    Um dia destes dedico um post gigante a estes escritos fabulosos que o José tem largado na blogosfera.

    São únicos. Não há nada que se lhe aproxime academicamente.

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  58. 21 Agosto, 2010 16:52

    Zazie 53,

    Contacto e sou contactado por “malta nova”, e garanto-lhe que nos últimos anos (seis, sete?) nunca lhes ouvi essa acusação sobre ninguém, político incluído. Outros “nomes”, sim, mas “reaccionário”…

    (Mundos porventura diferentes, claro, proporcionam-lhe essas reacções).

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  59. 21 Agosto, 2010 16:54

    Eu sou apenas uma amadora com o mesmo bichinho desde miúda.

    Mas falta-me o “ouvido musical” do josé para agarrar o que ele agarra com a maior facilidade.

    E falta mais. Falta-me a cultura política que ele tinha em muito novo.

    Mas é das coisas que mais me fascina desde sempre e cheguei a fazer pequeno trabalho de faculdade sobre o assunto.

    (dois, aliás. Em pleno PREC era isso que mordia- o verbo. O novo verbo).

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  60. 21 Agosto, 2010 16:56

    Ninguém falou em acusações.

    Está a ver como v. próprio cai no mesmo erro e acha que a palavra oposta a progressista só pode ser uma “acusação”?

    É disso que estava a falar.

    Diga lá se alguma vez pensou no assunto. Porque é que se chama ou pensa na palavra reaccionário, quando se afirma ser-se “progressista”?

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  61. 21 Agosto, 2010 16:58

    E pode contactar com milhares de pessoas e não “morder” a semântica.

    É uma arte, acho eu. Ou uma mania. Eu sei que a tenho desde miúda.

    Sempre me interessei pelo poder das palavras e por aquilo que ainda hoje chamo: “viver-se delas”.

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  62. 21 Agosto, 2010 17:00

    E politicamente ter-se vivido o antes e o PREC é uma fonte gigantesca de força da semântica a moldar uma sociedade.

    Não perdia os discursos e acho que até fixava melhor essas palavras novas que depois toda a gente repetia, que propriamente os factos históricos.

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  63. 21 Agosto, 2010 17:01

    E ainda agora faço o mesmo. Até aqui com o Blasfémias e com o liberalismo, a primeira coisa que mordi foi isso.

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  64. 21 Agosto, 2010 17:02

    Estou plenamente convencido que muita da (boa) vida usurpadora de bens e rasuradora de éticas (ai !, a ética 1926-1974…) durante o regime salazarista (empresários, banqueiros, políticos, padralhada&bispos, polícias –marítima sobretudo–, etc, etc), nunca será correctamente conhecida.
    Não convém — e assim se criam mitos e salvadores da pátria…

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  65. 21 Agosto, 2010 17:08

    Acha então que o povo português, dessa altura, era um povo com menos ética?

    Diga lá?

    O que era o tuga dos tempos do Salazar (com todos esses compadrios que ninguém nega)?

    Era algo eticamente vergonhoso que depois desapareceu melhorou graças à dita democracia, ou é o oposto?

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  66. 21 Agosto, 2010 17:09

    Adenda a 65:

    “Aqui e além-mar”, obviamente não foi só desde os Açores à raia de Espanha…

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  67. 21 Agosto, 2010 17:10

    Não me referi ao “povo”. Mas sim, se quiser, ao polvo. Que engordou e muito.

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  68. 21 Agosto, 2010 17:11

    O José insiste no exemplo do avô e neto “BES”. E com as diferenças entre as amizades e favores do Salazar e as do presente.

    Onde está a diferença nestas gerações?

    Acaso será como v. julga que o que ficou escondido foram as promiscuidades e falta de vergonha na cara do passado ou o oposto?

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  69. jofly permalink
    21 Agosto, 2010 17:11

    Mas por isso e tudo o mais é tão agradável de ver certos links a vermelho, que encontra por aí
    http://arrastao.org/sem-categoria/isto-promete/
    http://www.esquerda.net/node/6194

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  70. 21 Agosto, 2010 17:12

    O “povo”, Zazie, foi anestesiadíssimo !!!
    (E assim continua, embora com outro tipo de doses…cavalares).

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  71. 21 Agosto, 2010 17:13

    Pois, mas o que está em cima tende a ser igual ao que está em baixo e vice versa.

    E a pergunta mantém-se. Era isto o povo tuga e eram estes- que agora temos, os promíscuos e desenvergonhados capitalistas do passado da ditadura?

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  72. 21 Agosto, 2010 17:15

    Muito raramente a história escrita entre banqueiros e regimes relatam e revelam a realidade !
    Uns precisam dos outros !

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  73. 21 Agosto, 2010 17:15

    MJRB #55,

    Quando falava na necessidade de um novo discurso pressupunha-o fundado na reinterpretação da história resgatando-a da Narrativa Oficial.

    Significa isto ter a coragem de assumir que a I República foi um desastre; que o 28 de Maio de 1926 foi desejado pelo país; que Sinel de Cordes não conseguiu, em ditadura, endireitar as finanças do país enquanto Salazar o fez em três tempos; que foi durante o regime salazarista que o país observou – durante as décadas de 50 e 60 – as mais altas taxas, consecutivas, de crescimento da sua história e que Portugal se abriu ao exterior (com a adesão è EFTA em 1960); que Salazar separou, à exaustão, o exercício das funções de estado das relativas à vida pessoal, ou do seu círculo de amigos.

    É isto que a Esquerda não quer assumir como verdadeiro. É isto que é preciso opor à Narrativa Oficial.

    Mais: quando a Esquerda vem falar da “pesada herança” (que deu origem a alguns trocadilhos engraçados quando, em democracia, foi necessário vender parte do ouro entesourado por Salazar), do analfabetismo, da mortalidade infantil, etc., há que dizer que não se pode confundir a “fotografia” de um momento (24 de Abril de 1974) com todo o “filme” desenrolado até à obtenção dessa fotografia (desde 28 de Maio de 1926) e que a sociologia da treta, que veio pretender opor “desenvolvimento” a “crescimento”, não passa de uma falácia monumental pois faz supor que se possa distribuir riqueza sem previamente a criar.

    Esta é (parte) da nova narrativa. As novas políticas deverão construir-se sobre ela.

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  74. 21 Agosto, 2010 17:15

    Não é disso que se está a falar.

    A pergunta pode ser outra que o José também morde (e bem).

    Acaso nesses tempos, alguém deixava de saber o que se deve e não deve fazer pelo facto de não haver legislação a dizê-lo?

    Acaso alguém precisava que fosse proibido pela lei para que um acto imoral fosse condenável?

    Ou, de outra forma, muito mais na moda- acaso algo imoral deixava de o ser e não era ostracizado se juridicamente escapasse a algum veredicto?

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  75. 21 Agosto, 2010 17:17

    Mais: acaso nesse tempo- uma vergonha assim considerada socialmente, poderia passar automaticamente ao inverso, se a fosse decretado pela lei que tinha caducado a sua imoralidade?

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  76. 21 Agosto, 2010 17:19

    Acaso seria possível transformar-se em conquista de humanismo, de progressismo e de liberdade, algo como o aborto?

    Só para dar um exemplo.

    E depois tornar-se estigma inverso, quem mantivesse a condenação ou quisesse seguir um código de ética milenar como o dos médicos em nome do juramento de Hipócrates?

    Seria possível isto?

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  77. 21 Agosto, 2010 17:20

    E a corrupção, como era? E os escândalos de costumes, como a pedofilia? tornavam-se o inverso, descaradamente, pelo facto da tal justiça não ter condenado o político?

    E o ditador? apadrinhava este simulação e ainda fazia discurso público a apoiar entalados?

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  78. toni permalink
    21 Agosto, 2010 17:21

    Se calhar todos estes que espigardam aqui tambem metem os filhos a frente dos dos outros ou usam cunhas, o problema é que é que ninguem aprendeu a ser autocritico

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  79. 21 Agosto, 2010 17:35

    Eduardo F 74,

    Ocasionalmente de acordo com os seus primeiros três parágrafos.
    Salazar, quando pressentia ou soube de “manhas” ou trafulhices de gente do seu círculo mais chegado, “atirava” para a populaça uns ‘filmes’… E António Ferro foi expedito…

    Essa, do “ouro NO Banco de Portugal” deixado por Salazar/Caetano e vendido pela “abrilada” e por Soares, ainda está por contar verdadeiramente… Havia assim tanto ouro ? Quanto ? Quanto foi vendido ? Quanto restou ? — alguém já fez essas contas e as revelou ?
    Desde 1961 não ocorreu uma dispendiosíssima guerra colonial ? E o país vivia de quê ? — ainda dos bens vindos do Brasil, de África, da Índia, da Ásia ?

    Entâo, não houve uma “pesada herança” ? É, foi, uma constatação exclusiva da “esquerda” ?
    E os elevados índices de mortalidade infantil e de analfabetismo, a censura, o atraso cultural, os mercados territorialmente condicionados, etc, etc, etc, não ocorreram entre os Açores e a fronteira espanhola, nas “províncias” ultramarinas ?

    Venha essa “nova narrativa” !…Se forte, consubstanciada e, progressiva.

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  80. 21 Agosto, 2010 17:43

    Zazie 78,

    O António Ferro, a PIDE/DGS, a SEIT, a comunicação social controlada (exceptuando o República, Diário de Lisboa, O tempo e o MOdo, a Seara Nova, o Jornal do Fundão), encarregaram-se de tornar “a pátria una” e inatacável… Logo, um regime só com “pessoas de bem” na governação: desde Belém às câmaras municipais, ‘passando’, necessáriamente pelo crivo de S.Bento…

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  81. 21 Agosto, 2010 17:51

    Conclusão: o período salazarento&remanescente revelou um dos ADN’s da populaça tuga e de detentores do poder — incultura, indiferença, laxismo e o…favorzinho, a cunha, a corrupção.
    (A vida tuga, hoje –e não se culpe o 25 de Abril por isso, porque o tal ADN vem de tempos imemoriais– não é diferente).

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  82. 21 Agosto, 2010 17:58

    Caro MJRB #80,

    A sua resposta deixa-me descoroçoado pois revela a minha incapacidade argumentativa no que escrevi em #74.

    De qualquer modo, aprestava-me para alinhavar o seguinte, pelo que aqui fica:

    Ainda há pouco (#74), não referi que a massificação (“democratização”) do ensino se iniciou com Inocêncio Galvão Teles (criação do Ciclo Preparatório em 1968/69) e se prestava para dar um novo grande passo, com a criação do ciclo unificado do secundário (que só se viria a concretizar-se em 1975/76), para além da promoção de maior facilidade no acesso ao ensino superior por parte daqueles que frequentavam o ensino técnico.

    O Estado Social, não foi uma invenção da democracia. Pelo contrário, ele iniciou-se com Salazar e, especialmente, com Caetano, para além da educação, através do progressivo alargamento dos subsistemas de Segurança Social, apesar de, em simultâneo, termos mantido uma guerra em três frentes desde 1961.

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  83. 21 Agosto, 2010 18:08

    Caro Eduardo F 83,

    Não se sinta “descoroçoado”. Compreendi bem o seu argumento no # 74, que não foi, nem podia ser, exclusivamente para mim, tal como o meu # 80 foi escrito a pensar em muitas pessoas.

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  84. 21 Agosto, 2010 18:15

    Caro MJRB,

    Quanto às reservas de ouro, penso que aqui encontrará uma explicitação suficiente.

    Aconselho também, caso esteja interessado em conhecer os primeiros anos da ditadura salazarista, a leitura do livro de Helena Matos Salazar- a Construção do Mito (1928-1933) onde, nomeadamente, se aborda a chegada das primeiras remessas de ouro e prata a Lisboa.

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  85. 21 Agosto, 2010 18:31

    Caro Eduardo F,

    Grato, mas tem-me bastado outros autores/historiadores e “fontes”, alguns que nada têm a ver com a “esquerda”.
    Talvez compre o livro de HMatos. Se por ele passar numa livraria, porque não estará na minha lista de compras.

    Provavelmente vou deixá-lo mais “descoroçoado”: esperam-me para jantar numa fiável marisqueira e como entrada, garantidamente, uns perceves ao nível dumas trufas…

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  86. 21 Agosto, 2010 18:37

    Caro Eduardo F,

    Para terminar por ora: em 1987, um inatacável político –raridade, eu sei !– contou-me umas ‘estórias’ e parte da história do ouro “deixado por Salazar NO Banco de Portugal”.

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  87. 21 Agosto, 2010 18:47

    Caro MJRB,

    De facto, descoroçoado voltei a ficar com tão supinas iguarias! Bon apétit!

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  88. 21 Agosto, 2010 18:48

    Há até umas línguas negras que dizem estar o tal ouro da “pesada herança” a ser alvo de pressões várias. O primeiro passo? A mudança do articulado que a isto diz respeito no Banco de Portugal.

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  89. Rosbife permalink
    21 Agosto, 2010 19:17

    CAA, a 1ª lição de portugalidade ? Não é por nada, mas por exemplo de todos os países europeus onde já passei, por exemplo as filas para transportes públicos são em Portugal das mais civilizadas. Mas pronto, falo de Lisboa, se calhar aí no Porto será diferente …

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  90. João Moreira permalink
    21 Agosto, 2010 22:32

    CAA, você é obrigado a viver em Portugal? Obrigam-no? Está um guarda de pistola na fronteira a ameaçá-lo com um tiro na cabeça se se atrever a sair deste país? Presumo que não. Em sendo assim, porque perde o seu tempo com a «choldra» cujas «colorações do meio envolvente» espera que a sua filha não ganhe? Porque se auto-impõe o cárcere nesta parvalheira retardatária? Porque não vai por uma vez para uma qualquer civilização superior onde o entendam e não haja quem ouse preterir-lhe a prole em passeios a cavalo? Evocando uma mítica personagem da série Simpsons «can you at least think about tuhe children?». Salve a sua superior personalidade, o seu magno intelecto, e o futuro da sua descendente, desta coisa obnóxia a que chamamos país. Ainda vai muito a tempo.

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  91. Licas permalink
    21 Agosto, 2010 22:37

    Agora andamos em competição de quais são as *bichas* mais civilizadas da Europa.
    REALMENTE!

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  92. Licas permalink
    21 Agosto, 2010 22:49

    91.João Moreira disse
    21 Agosto, 2010 às 10:32 pm
    CAA, você é obrigado a viver em Portugal? Obrigam-no? Está um guarda de pistola na fronteira a ameaçá-lo com um tiro na cabeça se se atrever a sair deste país? Presumo que não. Em sendo assim, porque perde o seu tempo com a «choldra» cujas «colorações do meio envolvente» espera que a sua filha não ganhe? Porque se auto-impõe o cárcere nesta parvalheira retardatária? Porque não vai por uma vez para uma qualquer civilização superior onde o entendam e não haja quem ouse preterir-lhe a prole em passeios a cavalo? Evocando uma mítica personagem da série Simpsons «can you at least think about tuhe children?». Salve a sua superior personalidade, o seu magno intelecto, e o futuro da sua descendente, desta coisa obnóxia a que chamamos país. Ainda vai muito a tempo.
    ****************+
    João Moreira
    OU SENTE-SE QUENTINHO NA MERDA, QUANTO MAIS ESPALHADA ESTIVER MAIS OONFORTÁVEL SE SENTE.
    PELOS VISTOS, ATÉ PRECONIZA A EXPULSÃO DE QUEM SE SENTE INCOMODADO
    DO * NESTE MEIO AMBIENTE * PARA QUE DEPOIS, POR REPETIÇÃO DESTAS * DEPURAÇÕES * SE RESTABELEÇA
    A SALAZARISTA PAZ NAS RAS E NAS CONSCIÊNCIAS, OU SEJA,
    OUTRA VEZ O PARAÍSO NA TERRA .

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  93. 21 Agosto, 2010 23:51

    Licas 92,

    Ao ouvir essa, das “bichas civilizadas”, também pensei que já vale tudo para enaltecer o “exemplo” tuga socrático… “Exemplo” retardado e ocasional se comparado com outras latitudes…

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  94. 21 Agosto, 2010 23:57

    João Moreira,

    Parabéns ! V. sente-se bem, confortável, reverente e agradecido ao “sistema”.
    Falta-lhe isto: pensar também nos outros, sobretudo nos desfavorecidos, injustiçados, enxovalhados, enganados. E, nos que tendo mérito, veem qualquer palhaço militante do partido no poder ocupar lugares de chefia ou, instalar-se no local de trabalho que deveria pertencer aos competentes.

    As pessoas não têm o direito de viver aqui, e exigir lisura de processos e respeito ?

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  95. João Moreira permalink
    22 Agosto, 2010 00:30

    Licas,

    Não lhe responderei com recurso à mesma grosseria de termos e de modos que mobilizou para falar comigo. Tenho nível, e ao contrário de si, que é um suburbano mal alfabetizado, sei ser duro sem ser malcriado. Respondo-lhe que não propus purgas nem expulsões nem coisa similar: CAA é que diz que o problema não é do regime, não é da classe política, não é da conjuntura, imputa-o ao país, a um qualquer onthos português irremediavelmente atreito ao compadrio, à pequenez, ao desrespeito pelas regras, à canalhice maior ou menor. Se CAA efectivamente considera, medina-carreirescamente, que «isto não tem solução» porque a malevolência está inscrita na alma lusitana, pode sair. Não é obrigado a estar cá. Estando, é dever dele não me enfiar no mesmo saco da senhora que lhe preteriu a filha. É que eu também sou português, e os meus pais, e os meus irmãos, e os meus amigos, e somos todos sérios e honrados. O CAA não me atira para cima esse labéu, tanto menos quando o faz para dar uma de cosmopolita cheio de spleen pelo atraso pátrio e cobrar uns pontinhos de popularidade entre os amigos chiques. Não lho admito.

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  96. João Moreira permalink
    22 Agosto, 2010 00:34

    MJRB,

    Eu não me sinto bem com o «sistema», mas o «sistema» não é Portugal, nem é a portugalidade. Português sou eu, e não sou mentiroso, nem vigarista, nem meto cunhas, nem obtive nenhuma prebenda porque pertenço ao lóbi x nem ao partido y. Há em Portugal quem esteja nessa situação? Há. É da natureza das coisas, é inevitável à nação portuguesa ter entre os seus quem assim proceda? De duas uma: ou CAA julga que não, e nem por blague pode dizer semelhante coisa, que não lhe assiste o direito de me chamar burlão indirectamente (é que entre «eles, os portugueses» também estou eu…); ou CAA julga que sim, e se é esse o caso não vislumbro porque vive num país irremediavelmente pervertido.

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  97. 22 Agosto, 2010 00:51

    João Moreira,

    Então…V. , porque “entre ‘eles’ os portugueses também está”, também se ofende quando houve ou lê acusações, deixe cá ver…ao banqueiro detido, a um ex-presidente do SLBenfica, a Sócrates, a Teixeira dos Santos, ao polícia corrupto, à tal pessoa que organizava o passeio a cavalo ?
    É muito sensível, carago !

    Uma vez, vi num excerto dum programa televisivo “Os Últimos da Liga”, um espectador que chorava quando o árbitro era justamente insultado ou assobiado. Espero que JMoreira não fique tão sensível por justamente se acusar A ou B…

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  98. 22 Agosto, 2010 00:52

    Errata:

    primeiro parágrafo, “ouve”

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  99. Licas permalink
    22 Agosto, 2010 01:02

    Digo outro tanto. . .
    O tráfico de influências, a cunha, o favor em troca de favor, o compadrio têm como consequência a ascensão a cargos de decisão de pessoas destituídas das qualidades (até das qualificações escolares/técnicas) exig+iveis para ocupar eficientemente esses lugares.
    ORA COMO ESTE PANORAMA ME INCOMODA João Moreira prescreve um remédio: a Emigração.
    Ora , não será muito melhor para o país que a selecção de valores se faça exclusivamente pelo MÉRITO ?
    E nisto concordo completmente com CAA, que decidiu viver connoco e NÃO ABDICA DO DIREITO/DEVER DE PROPUGNAR UMA REGENERAÇÃO PROFUNDA NO TAL DNA NACIONAL, QUE VIVEU DEMASIADO TEMPO DAS ESMERALDAS E SAFIRAS, DOS DIAMANTES, DA PIMENTA E OUTRAS ESPECIARIAS DA ÌNDIA E ARREDORES, DO OURO, DO AÇÚCAR DO BRASIL E DE ESCRAVOS DE MUITAS LATITUDES.

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  100. Licas permalink
    22 Agosto, 2010 01:23

    96.João Moreira disse
    22 Agosto, 2010 às 12:30 am
    Licas,

    Não lhe responderei com recurso à mesma grosseria de termos e de modos que mobilizou para falar comigo. Tenho nível, e ao contrário de
    *************

    Sabe, é que possuindo todas essas excelsas virtudes que enumerou, porque não as põe ao servico de Portugal justamente apontando os abusos tanto em termos de Ética, como até da Lei?
    VAMOS A ISSO, OU NAO SE ACHA OBRIGADO?
    É que no último caso pense um pouco no significado de CIDADANIA.
    Quanto ao semi-alfabetizado que me
    acusa, bem, possuo Licenciatura e subi a Investigador em Laboratório Nacional, quando no activo.

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  101. 22 Agosto, 2010 03:16

    “Primeira lição de portugalidade”

    Seria interessante, se fosse possível (não é, creio), um estudo sobre o estádio de desenvolvimento moral colectivo.

    Dilemas morais.

    Teoria do Desenvolvimento Moral de Kohlberg

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  102. Ana C permalink
    22 Agosto, 2010 13:21

    «É o pai da menina? Tive de pôr à frente aqueles dois rapazinhos porque eram irmãos. Ela é já a seguir». Não disse nada, não valia a pena.”

    Com todo o respeito que tenho por si, acho que fez muito mal CAA.

    Primeiro porque a sua filha perdeu a oportunidade de reclamar – o que é dos poucos direitos inestimáveis que nos restam – e de ver fazer justiça – que é um valor básico da nossa formação e essencial para a nossa vida em sociedade.

    Por outro lado, porque é incoerente com a nossa posição aqui no blog que é a de reclamar e insurgirmo-nos quanto ao que está mal e injustiças.

    Nunca – mas nunca – nós ou os nossos filhos devemos prescindir de exercer os nossos direitos e de os fazer valer: só assim a sociedade se aperfeiçoa e se torna mais justa, e melhor no tempo em que a sua filha for adulta.

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  103. 22 Agosto, 2010 14:38

    Os portugueses foram avisados pelos professores (…) os bombos de festa desta “especifidade” da portugalidade indígena.

    E agora?

    Agora, é provável que já seja (demasiado) tarde …

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  104. 22 Agosto, 2010 15:00

    Novas Fraudes

    http://1.bp.blogspot.com/_xAb1Z1hNf_s/TG0Fz4_SUWI/AAAAAAAAEpI/IVQEhoF-XUY/s1600/i.19.8.10

    O programa Novas Oportunidades é a imagem aperfeiçoada do sistema de Educação que o governante da imagem “tinha em mente” como objectivo: tipo licenciatura domingueira por correspondência. Uma fraude corresponde a outra, com o aplauso generalizado dos apaniguados que mesmo sendo professores de cátedra, batem palmas ao facilitismo e à fraude previsível.
    Não querem ver porque o panorama lhes estraga o tacho e os réditos.
    http://www.portadaloja.blogspot.com/

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  105. 22 Agosto, 2010 15:03

    Sobre o financiamento da Educação: condicionantes globais e realidades nacionais *

    “O subfinanciamento do ensino português parece ter sido uma quase constante desde que o Estado português, em meados do século XVIII, foi um dos pioneiros em assumir a responsabilidade pelo ensino popular. Este subfinanciamento crónico é ainda mais evidente quando comparado com a situação ocorrida noutras países em período análogo.”

    “Em traços gerais, Portugal é um dos países europeus com os mais baixos índices de investimento educativo nos 150 anos que separam o meio do século XIX (1850) e o fim do século XX, período este que foi decisivo na construção dos sistemas educativos europeus. Na década de 1960, Portugal investia na Educação entre 1/4 e 1/3 daquilo que investia a generalidade dos países europeus, situando-se, face a estes, no último lugar das despesas com o ensino. Foi a ruptura democrática de 1974 que iniciou uma visível e sustentada alteração nesta situação.”

    “Verifica-se que a II República, nascida da revolução de Abril, aumentou a parte da despesa pública dedicada à educação ainda que com oscilações sensíveis ao longo de trinta anos. Relativamente à relação dessa despesa com o Produto Interno Bruto (PIB) per capita regista-se uma subida mais ou menos constante, que quase quadruplicou neste período.”

    “Quanto aos anos mais recentes, a OCDE apresenta Portugal na quinta posição entre os países que mais aumentaram as suas despesas com a educação entre 1995 e 2001.”

    “Todavia, no período seguinte, esse crescimento parece regredir consideravelmente, remetendo o país para a 17ª posição quanto ao conjunto do crescimento no período compreendido entre 1995 e 2004. De facto, entre 1995 e 2000, Portugal tem um aumento de investimento entre os seis melhores, mas de 2000 a 2004 tem o pior crescimento.”

    “Esta quase paragem no crescimento do investimento na Educação teve provavelmente várias razões. As dificuldades orçamentais e as medidas decorrentes da subordinação ao “Pacto de Estabilidade e Crescimento” da UE influíram neste processo, assim como a mudança de governo ocorrida em 2002.”

    “Todavia, parece importante considerar algum discurso político-ideológico que se afirmou, em Portugal, neste período e que teve importância na fundamentação de medidas de desinvestimento financeiro na Educação.
    Correspondendo ao propósito de limitar as despesas com o sistema educativo, foi produzida uma retórica, que subsiste ainda hoje, assente essencialmente em dois argumentos: o primeiro, que Portugal investe muito na Educação, ‘como se fosse um país europeu rico’ e, o segundo, que os resultados educativos não correspondem a esse elevado investimento.”

    “Mais rigoroso é verificar qual a despesa que Portugal tem com cada aluno (desde a educação pré-escolar até ao ensino superior), comparativamente com a média da OCDE em USD convertidos para o mesmo padrão de poder de compra. Esses dados permitem comparar a despesa que Portugal tem, em cada ano, com a média da OCDE (gráfico 3). Podemos, assim, verificar que Portugal continua a investir anualmente, em cada aluno, significativamente menos do que a média dos países da OCDE. Tanto em 2004 como em 2003 Portugal, quanto a este indicador de despesa por aluno, ocupava o 23º lugar, em 34 países, com uma despesa por aluno inferior a metade da realizada pelos EUA (gráfico 4).”

    “Os dados do PISA parecem assim indicar que, dentro dos condicionalismos sócio-económico-culturais existentes em Portugal, a escola portuguesa realiza uma acção meritória, designadamente na sua capacidade de valorizar a aprendizagem dos alunos, sobretudo quando estes têm um ESEC mais desfavorável.
    O PISA 2006 apresenta um quadro comparativo entre 4 países onde estes factores estão sintetizados (gráfico 8).”

    “Dentre as várias implicações destes dados a que parece merecer uma especial atenção é, de facto, o significativo impacto que a grande desigualdade sócio-económica-cultural tem sobre os resultados académicos dos estudantes portugueses. Tal é consistente com os dados da OCDE (2008) acerca do índice de desigualdade que situam Portugal como um dos países onde a desigualdade é mais acentuada, apenas ultrapassado pela Turquia e pelo México (ver gráfico 9). É também consistente com o atraso educacional e cultural existente em Portugal há 30 anos, isto é, na geração dos pais dos actuais alunos.”

    “É, essencialmente, a partir de 2000 que se assiste a uma ofensiva ideológica de um conjunto de forças diversas, directa ou indirectamente ligadas aos interesses económicos, que defendem uma determinada agenda para a educação.”

    “Esta corrente teve representação directa, eventualmente mais retórica do que efectiva, no governo da educação portuguesa entre 2002 e 2004.
    Por outro lado, emerge um discurso mais articulado com os interesses económicos directamente referenciados ao ideário neo-liberal que defende um conjunto de reformas estruturais para a Educação portuguesa.”

    “O baixo nível, à partida, da população portuguesa (como está reflectido na muito baixa percentagem das gerações mais velhas, incluindo a de 35-54 anos de idade, que completou o ensino secundário) tem sido o maior obstáculo para a realização de progressos na educação. Em 2003, 62,8% dos alunos com 15 anos avaliados pelo PISA tinham a mãe que não havia completado o ensino secundário (25,7% na OCDE). Os resultados do PISA também mostram que as variáveis sócio-económicas (estatuto ocupacional dos pai, nível educativo dos pais, etc) contam em 21% para a variação dos resultados dos estudantes, o que é uma das maiores percentagens na OCDE. Uma vez introduzida a correcção relativa à educação dos pais, os resultados obtidos pelos estudantes portugueses no “ranking” do PISA são comparativamente bons.”

    “Pelos próprios dados divulgados pela OCDE neste seu relatório (cf. gráfico 14) podemos verificar que os salários dos docentes, no início de carreira, estão em 24º lugar, em 30 países, sendo apenas mais elevados do que os dos professores da Nova Zelândia, do México e de quatro países do antigo ‘bloco da influência soviética’. Após 15 anos de serviço, portanto a meio da carreira, o salário dos professores portugueses continua a ser dos mais baixos da OCDE (20º lugar) e apenas melhora significativamente no fim da carreira, o que provavelmente decorre de se tratar de uma carreira mais longa do que a generalidade das outras e com os impulsos salariais mais significativos nos últimos patamares (8º, 9º e 10º). Um estudo rigoroso teria que considerar quanto é que efectivamente os professores auferem ao longo de toda a sua carreira”

    “As despesas com a função educação, em termos reais (considerando o valor da inflação indicado pelo INE e, para 2008, pelo Banco de Portugal) cresceram até 2002, tendo vindo a diminuir consideravelmente desde então. Assim a variação anual verificada neste período de tempo teve uma regressão especialmente acentuada nos três últimos anos.”

    “o peso das despesas com pessoal no conjunto das despesas do Ministério da Educação baixou entre 2003 e 2008 de 83,4% para 77%.”

    “Esta evolução das despesas com pessoal poderia ter como explicação possível um eventual decréscimo do número de professores os quais constituem o essencial do pessoal do Ministério da Educação. Todavia as estatísticas disponíveis no site do Gabinete de Estatística e Planeamento da Educação não comprovam esta hipótese. De facto, considerando o período entre 2003 e 2007, terá existido um ligeiro decréscimo no número de docentes da educação pré-escolar (de 10.644 para 10.123) e do 1º CEB (de 34.516 para 31.209), mas nos restantes ciclos houve um aumento no número de docentes, pelo que, globalmente, em todo o Ministério da Educação, o número de docentes aumentou de 152.340 para 156.522.
    Assim, a significativa diminuição verificada nas despesas com pessoal na Educação, num período em que existem mais cerca de 4.000 professores, parece só poder ser explicada com a existência de uma significativa diminuição dos salários reais dos docentes e de outro pessoal da Educação. Os dados parecem mesmo indicar que esse é o factor determinante para a diminuição global das despesas com a Educação.”

    “Poderíamos pensar, se a ingenuidade nos fosse consentida, que a hipervalorização que tem sido feita da percentagem da despesa com a Educação que está afecta ao pagamento dos professores também se baseia num insuficiente conhecimento da realidade.”

    “De facto, a percentagem do orçamento educativo necessário para os salários dos professores é ligeiramente (1 ou 2%) acima da média da OCDE, mas isso tem bastante a ver com o facto de o Orçamento educativo português ser, em termos reais, significativamente inferior à média da OCDE. Conforme verificámos anteriormente, só quando esse orçamento é relacionado com o baixo PIB per capita português é que Portugal parece ocupar uma situação média de financiamento educativo.”

    “No entanto, o discurso preponderante nos anos recentes tem apontado os vencimentos dos professores como um factor central no bloqueio do progresso educativo. José Manuel Fernandes, director do Público, defendia, em 2001, a necessidade de «suspender as progressões automáticas, proceder à avaliação (das escolas e dos profissionais), distinguir os bons dos maus, premiar os que merecem e quebrar a engrenagem infernal que faz crescer os custos sem correspondência nos resultados é o mínimo que se poderia exigir a qualquer ministro da Educação»
    Igual visão parece ter tido a OCDE”

    “Ora, contrariamente ao que vulgarmente é difundido, o sistema educativo português, também em virtude do secular sub-investimento na educação, não tem margens significativas de manobra. Como se pode ver pelos dados anteriormente referidos, o essencial das verbas utilizadas assegura as despesas de funcionamento mínimo da educação pré-escolar e dos ensinos básico e secundário.”

    “As verbas para inovações ou para medidas de desenvolvimento curricular são muito reduzidas, assim como o são, efectivamente, as despesas com a administração do sistema.”

    “Então, nestas circunstâncias concretas, como corresponder às orientações e metas globalmente traçadas para o país sem proceder a um aumento de investimento na Educação ?

    “A resposta dos governos portugueses nos anos recentes parece ter sido a de poupar nas despesas com os professores o suficiente para realizar algumas reformas,mesmo que tal seja dificultado pelo facto de o ensino secundário carecer ainda de se expandir implicando um crescimento no número de docentes.”

    “A análise da evolução das despesas por acções mostra-nos que as reformas que mobilizaram algum investimento entre 2005 e 2008 foram os complementos educativos (ensino de inglês no 1º ciclo), o ensino profissional e as “Novas Oportunidades” (EFA e CRVCC).”

    “Em conjunto, estas três medidas terão custado em 2007 e 2008 cerca de 543 Milhões de Euros (a preços de 2006). Nos mesmos anos de 2007 e 2008, o Estado poupou, relativamente a 2006 (também a preços constantes), cerca de 1099 Milhões de euros em pessoal.”

    * Vasco Graça
    http://www.scielo.oces.mctes.pt/pdf/rle/n13/13a04.pdf

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  106. 22 Agosto, 2010 19:28

    Orçamento do Ensino Superior cresce 30%

    O orçamento do ensino superior de Israel vai aumentar 30% ao longo dos próximos 6 anos, atingindo nessa altura os 7500 milhões de shekels (1541 milhões de euros). O anuncio foi feito ontem em Jerusalém pelos ministros Gideon Saar (Educação) e Yuval Steinitz (Finanças), que se congratularam por 40% do aumento ter origem num corte de despesa do Ministério da Defesa. Os ministros realçaram que o sucesso económico de Israel é impressionante e se baseia em grande parte num capital humano fruto do sistema de ensino superior do país. Saar e Yuval referiram também que a finalidade é melhorar as instituições universitárias israelitas e aumentar a qualificação da população. É aliás por este último motivo que parte do aumento da despesa se destina às populações árabe e ultra-ortodoxa judaica (500 milhões de shekels – 103 milhões de euros).
    http://www.lisboa-telaviv.blogspot.com/2010/08/orcamento-do-ensino-superior-cresce-30.html

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  107. 22 Agosto, 2010 19:35

    Jogo pelos professores
    Vitor Serpa
    A Bola, 2006

    Os professores andam em pé de guerra. Como os professores são normalmente distantes uns dos outros, os seus pés de guerra andam por aí semeados como pés de salsa, espalhados pelo País. De Norte a Sul. Os professores estão descontentes. Com a vida que lhes corre mal, porque ninguém os valoriza; com os colegas , que só se interessam por resolver a sua vidinha; com os alunos que os desconsideram e maltratam; e, acima de tudo, com o Governo da Nação, que os desvaloriza, os desautoriza e os desmoraliza.

    Nunca fui um estudante fácil e sabia que um professor desautorizado era um homem ( ou uma mulher ) morto na escola. Não quero dizer fisicamente mas profissionalmente. Como sempre fui bom observador, conhecia de gingeira os professores fortes e os professores fracos. Os fortes resolviam por si próprios, a questão. Alguns pela autoridade natural do seu saber e da sua atitude, outros de forma menos académica. Os fracos eram defendidos pelos reitores. Ir à sala de um reitor era, já por si, um terrível castigo. Mas bem me lembro que professores fortes e fracos, bons e nem por isso, se protegiam, se defendiam e se reforçavam na sua autoridade comum.

    Já nesse tempo se percebia que tinha de ser assim, porque, se não fosse, os pais comiam-nos vivos e davam-nos, já mastigados, aos filhos relapsos. E isso a Escola não consentia. Os pais, dito assim de forma perigosamente genérica, sempre foram entidades pouco fiáveis em matéria de juízo sobre os seus filhos e, por isso, sobre quem deles cuida, ensina e faz crescer. Os pais sempre foram o pavor dos professores de natação, dos técnicos do futebol jovem, dos animadores das corridas de rua. Os pais, em casa, acham os filhos umas pestes mas, na escola, no campo desportivo, no patamar da casa do vizinho, acham os filhos virtuosos e sábios.

    Os pais são, insuportáveis e, colectivamente, uma maldição. Claro que há pais… e pais. E vocês sabem que não me refiro aos pais a sério, que são capazes de manter a distância e o bom senso. Falo dos outros, dos pais e das mães que acham sempre que os seus filhos deviam ser os capitães da equipa e deviam jogar sempre no lugar dos outros filhos.

    O trágico disto tudo é que são precisamente esses pais os que, na escola, se acham verdadeiramente capazes de fazer a avaliação, o julgamento sumário dos professores dos seus filhos, achando que eles só servem para fazer atrasar os seus Einsteinzinhos.

    Por isso eu aqui me declaro a favor dos professores. Quero jogar na equipa deles contra a equipa dos pais e ganhar o desafio da vida real e do futuro deste país contra o desafio virtual dos pedagogos de alcatifa.

    Um abraço
    José Victor

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  108. Licas permalink
    22 Agosto, 2010 21:10

    Acerca da disciplina nas Escolas.
    A única irmã do meu Pai (a tia Ilda)foi professora primária durante toda sua a vida, sempre na Província.
    E contava das mães (em geral)dos meninos que entravam na 1ª classe(crianças de 7 anos de idade concluídos) que lhe rcomendavam : se o João se portar mal a senhora professora chegue-lhe que é o que fazemos lá em casa.(. . .)
    Pensem bem e tirem as consequências:
    ___Confiança absoluta de que a docente não empregaria violência DESNECESSÁRIA.
    ___a Escola complementar da educação
    geral da criança (além da cultural)
    ****
    COMPARAI COM O QUE SE PASSA AGORA EM QUE OS PROFESSORES, JÁ NÃO SEQUER DEVIDO A CASTIGOS CORPORAIS: SÃO ENXOVALHADOS,ATÉ AGREDIDOS PELOS
    EXTREMOSOS PAIS DOS REBENTOS . .
    .

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  109. 23 Agosto, 2010 01:13

    Gostei bastante do artigo, aborda também a paternidade, e é bastante exemplificativo de grande parte da população portuguesa.
    Mas o Comentário 103 de Ana C, é também certeiro. Com efeito, devia e nisso concordo com ela, e na minha opinião, ter reclamado da situação, frente à dita “senhora da lista”.
    Quem sabe ela é uma feminista radical, e precisa desde já começar a ser posta na ordem. A Ana C, como se vê, e mesmo a “senhora da lista” ser uma mulher, soube ver uma injustica.

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  110. Nuno permalink
    23 Agosto, 2010 05:44


    Posted by CAA em 21 Agosto, 2010

    1. Primeira lição de portugalidade
    Os verdadeiros portugueses não vão e muito menos levam os filhos a praias com merda de cavalo.

    2. Salazar e os milionários
    Salazar, como todos os bons governantes e exactamente para se inteirar mais dos negócios da Nação, que só quis bem servir, rodeava-se das pessoas que mais podiam contribuir para o melhor desenvolvimento do País.

    3. Salvar Portugal

    Como é evidente, a maioria da maralha estava errada. Ignorância que demonstrou Jorge de Sena, um cretino mentiroso que o que queria era viver no estrangeiro e não fazer nada por Portugal.

    Está a entender-me, CAA? Ou não percebe pevas?

    Nuno

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  111. 23 Agosto, 2010 12:24

    Foi gentalha desta (#111) a quem o CAA deu (e dá) gás, quando lhe dão a palavra nos meios de comunicação social.

    Retire as suas próprias conclusões CAA e páre de se queixar – tem responsabilidades acrescidas pelo que se está a passar em Portugal.

    Segui de muito perto, por exemplo, a perseguição que fez a MFL que nada tem a ver com toda esta “gentalha”…

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  112. Licas permalink
    23 Agosto, 2010 15:34

    UMA LOÇÃO DE PORTUGALIDADE

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  113. Licas permalink
    23 Agosto, 2010 15:39

    UMA LIÇÃO DE PORTUGALIDADE é um texto
    que poderia ser incluído ao lado de AS FARPAS de Ramalho Ortigão.

    Lisonja à parte: Para que conste nunca vi CAA ao vivo e nem sempre concirto com as auas opiniões.

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  114. Licas permalink
    23 Agosto, 2010 15:40

    . . . concordo.

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  115. 24 Agosto, 2010 02:51

    «Só há um grande problema em Portugal, todos os outros derivam dele e serão resolvidos por acréscimo: a educação.
    No entanto, a solução deste problema fundador foi deixada a um grupo de pessoas de duvidosa formação, chocante insensatez, gritante incapacidade de gestão, desígnio ideológico inconfessável. Durante mais de trinta anos.» Guilherme Valente

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  116. 24 Agosto, 2010 05:14

    Hoje ouvi uma brasileira dizer que os portugueses, em certas zonas, para disfarcarem que vão passear, levam um cão. E chamou-lhes a estes que fazem este disfarce, cobardes.

    Já antes tinha dito, que um povo que desiste tão facilmente dos filhos (Nomeadamente e concretamente em Poder Paternal), não vai existir como povo mto mais tempo.
    Lógico, porque nem deixa descendencia.
    Digna desse nome.

    É notável, que dias depois de ter escrito isto, ter sabido que apesar do grande número de emigrantes, portugal é dos paises com menor taixa de natalidade da UE. Ou seja, até medo de terem filhos têm. Evidente, porque viram os pais a NÃO lutarem por eles.

    LUTAREM, FORA DOS TRIBUNAIS.
    Protestarem, fazendo pressão, sei lá.
    Porque não se luta nos tribunais, isso é estupidez , uma das grandes dos portugueses. Se sabem que é lá que perdem os filhos, como podem afirmar que vão lutar para lá ?
    Credo, que estupidez.

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