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A propósito de rendas excessivas

15 Abril, 2013

Os manuais escolares são uma renda  imposta às famílias pelo Estado. Já o escrevi vezes sem conta: os manuais deviam ser reutilizados, boa parte deles é absolutamente desnecessária, muitos têm qualidade mais que duvidosa e o seu preço é claramente inflaccionado. No próximo ano   “O preço dos manuais escolares pode aumentar até 2,6%  (…) um valor bastante acima da inflação prevista para 2013 (de 0,7%). (…) 38,92 euros é quanto vai custar o manual mais caro para o próximo ano letivo. É este o limite fixado para a disciplina de Literatura Portuguesa do 10.º ano. Mas a fatura aumenta no caso dos livros que se vendem com cadernos de exercícios, como acontece a Matemática.» Não se percebe como pode um livro de Língua Portuguesa atingir tal preço pois boa parte dos textos usados não pagam direitos de autor – aliás as famílias poupariam dinheiro se comprassem os livros dos autores citados pois dessas obras existem edições excelentes e muito económicas e ainda ficavam com livros em vez de excertos num manual. Quanto aos exercícios e grelhas de análise que constam nos manuais o caso é os seguinte: se os professores não sabem conceber exercícios estão lá a fazer o quê? E as reuniões de preparação das aulas destinam-se a quê?  Comprá-los em segunda mão é a opção cada vez mais em voga. Progressivamente os livros novos a todas as disciplinas vão ficando restringidos àquelas famílias a quem o dinheiro não custa  a ganhar ou nos agregados em que os livros são dados. No desperdício dos extremos tocam-se.

 

33 comentários leave one →
  1. 15 Abril, 2013 08:15

    “O preço dos manuais escolares pode aumentar até 2,6% (…) um valor bastante acima da inflação prevista para 2013 (de 0,7%). ”
    Helena,

    Deixe-me adivinhar, os preços dos manuais escolares não são impostos pela quadrilha que você defende mas pelos comunistas…certo???
    Não atine não que vai ver onde vai parar

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  2. 15 Abril, 2013 08:19

    Mas os manuais já são reutilizados…nas escolas privadas.
    Nas do Estado não, evidentemente.

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  3. 15 Abril, 2013 08:46

    Reutilizar? Mas a Helena não sabe que com as metas todos os manuais escolares têm que ser mudados?

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  4. helenafmatos permalink
    15 Abril, 2013 08:52

    A alteração das metas obrigará a mudar manuais mas não todos – a Língua Portuguesa do 10 ou 11º por exemplo não faz sentido sequer ter manual – sobretudo não obriga a que não sejam posteriormente reutilizados

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  5. YHWH permalink
    15 Abril, 2013 09:00

    Mais demagogia para as massas.

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  6. PDias permalink
    15 Abril, 2013 09:10

    Há razões económicas, ecológicas e morais para se acabar com este sistema do livro sempre novo. Este ano, os meus três filhos em idade escolar usam livros em segunda mão, através de um eficiente sistema de trocas que não foi promovido pelas escolas, nem por qualquer entidade oficial, ainda que haja Câmaras municipais empenhadas a fazê-lo. No entanto, todo o esquema está montado para sabotar iniciativas como esta: os exercícios são escritos nos manuais, muitas vezes a caneta, e gasta-se muita borracha e tempo a apagar o que o utilizador anterior escreveu. Isso é o menos. Pior é o manual manter-se, mas o caderno de exercícios, ou as fichas, ou os mil e um anexos mudarem todos os anos, e não se venderem em separado. Depois, todos os anos mudam as ilustrações, os esquemas, aquela coisa mínima que obriga os pais a estarem atentos quase diariamente às “desconformidades” do material, severamente apontados pelos professores, muitas vezes com a atroz “falta de material”. A escola pública, de que sou utilizadora, tem horror à ideia de usar material em segunda mão à ideia de partilha de recursos entre os envolvidos e à ideia de que o livro escolas pode e deve usar-se, evidentemente, mas sem que o indivíduo se torne dele proprietário.
    O que se economizaria se assim fosse! em lugares de estante, pelo menos. Em famílias numerosas encavalitadas em apartamentos exíguos, os livros escolares acumulam-se ao longo dos anos, ocupando o precioso espaço que podia caber aos “verdadeiros livros”, dando, às famílias que os possuem, a errónea ilusão de que “até têm livros em casa”. Pior do que sermos um país pobre só mesmo sermos um pobre país.

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  7. piscoiso permalink
    15 Abril, 2013 09:19

    E não há ninguém que ponha os manuais na net para download?

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  8. ti miguel antonio permalink
    15 Abril, 2013 09:40

    Dra. Helena Matos desejo-lhe um bom dia e que tenha pachorra para aturar esta gentalha que a ataca apenas pela sua capacidade de pensamento coerente e capacidade de analise e de discurso acima desta esquerdalha de buiças. deite as bolotas aos porcos e continue com o seu discurso corajoso pois como sabe tem muita Gente do seu lado. parabens e força.

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  9. sinaizdefumo permalink
    15 Abril, 2013 09:48

    Uff até que enfim, plenamente de acordo com hfm.

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  10. trill permalink
    15 Abril, 2013 09:54

    toda a gente sabe que há um lobby poderoso que controla a edição de livros escolares, negócio que representa milhares de milhões.

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  11. trill permalink
    15 Abril, 2013 09:59

    “Não se percebe como pode um livro de Língua Portuguesa atingir tal preço pois boa parte dos textos usados não pagam direitos de autor – aliás as famílias poupariam dinheiro se comprassem os livros dos autores citados pois dessas obras existem edições excelentes e muito económicas e ainda ficavam com livros em vez de excertos num manual. ”
    .
    Se os professores preparam as aulas para que é necessário livro escolar, para além das obras que devem ser lidas? Claroq eu há um lobby, e os srs e sras das cc da educação estão nesse lobby (alguns serão os autores dos tais manuais escolares, “comendo” duplamente: do Estado que lhes paga os bons salários – e a carga horária fantástica de 4 a 6 horas semanais, duas para os catedráticos – de profs doutores, nas Eses’s e fac’s de cc de educação e similares, e dos direitos de autor dos manuais escolares que publicam).

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  12. trill permalink
    15 Abril, 2013 10:16

    ” 38,92 euros é quanto vai custar o manual mais caro para o próximo ano letivo. É este o limite fixado para a disciplina de Literatura Portuguesa do 10.º ano. Mas a fatura aumenta no caso dos livros que se vendem com cadernos de exercícios, como acontece a Matemática.» ”
    .
    isto é um escândalo num país onde o salário mínimo é menos de 500 euros.

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  13. balde-de-cal permalink
    15 Abril, 2013 10:25

    são mais baratos que as cotas do Glorioso ou do Dragão

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  14. pedro permalink
    15 Abril, 2013 10:26

    Tudo certo dra Helena.No ponto trill. E depois a culpa é da merkel!

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  15. Renato permalink
    15 Abril, 2013 10:30

    Nas escolas há que começar a não adotar manuais escolares. A relação qualidade (seja em que prisma for) / preço é tão elevada que se torna um puro desperdício.

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  16. imperador permalink
    15 Abril, 2013 11:04

    Parabens HM . Os governos incluindo este são medrosos e incapazes de acções concretas

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  17. 15 Abril, 2013 11:18

    “A relação qualidade (seja em que prisma for) / preço é tão elevada ” – suponho que o comentador das 10:30 pretendia escrever “tão baixa”. É efectivamente um desperdício e um escândalo. Produto do cruzamento de interesses comerciais de editoras, do lobby dos “cientistas” do “ensino-aprendizagem” e das políticas ineficientes dos ministérios de educação, os manuais e seus caderninhos de “actividades” constituem, na sua maioria, um imenso lixo tóxico de consumo obrigatório despejado no mercado com frequência insensata.

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  18. Duarte permalink
    15 Abril, 2013 11:18

    Façamos como na Finlândia onde o ensino obrigatório é de graça para todos os alunos. Isso inclui materiais escolares, merenda, atendimento médico, atendimento dentário e transporte. No ensino médio, só fica a cargo do aluno o material escolar.

    Deixemos a escolha do material escolar aos professores e às escolas .

    O resto é demagogia para enganar pacóvios.

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  19. Renato permalink
    15 Abril, 2013 11:53

    Lino, tem razão. Pretendia de facto dizer “relação qualidade (seja em que prisma for) / preço” muito baixa.
    Obrigado pela rectificação

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  20. tric permalink
    15 Abril, 2013 11:57

    é uma roubalheira!!! é o que é…as pessoas sem dinheiro e estes gajos…que podridão!!

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  21. PiErre permalink
    15 Abril, 2013 12:27

    “E não há ninguém que ponha os manuais na net para download?”
    .
    Ora aqui está uma boa ideia.

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  22. tric permalink
    15 Abril, 2013 12:39

    Na Grécia os manuais foram oferecidos aos alunos dentro de um CD…mas enfim, as Editoras em Portugal estão na mão da Judearia…tal como o Estado…Ladrões!!!

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  23. Tiro ao Alvo permalink
    15 Abril, 2013 13:20

    Pergunta o Bolota, dirigindo-se à Helena e fazendo de conta que quer adivinhar:
    “Os preços dos manuais escolares não são impostos pela quadrilha que você defende mas pelos comunistas… certo???”
    E eu respondo:
    Quem deu o pontapé de saída para a o maná das editoras, com a substituição de todos os manuais escolares, a propósito (à pala) do acordo ortográfico, dava pelo apelido de ALÇADA.
    Conhece?

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  24. Filipe permalink
    15 Abril, 2013 14:33

    Os manuais são feitos em papel de qualidade elevada. Estão cheios de fotos, desenhos, esquemas e conteúdos desnecessários.

    Sugiro que os leitores consultem manuais antigos. Quase sem imagens, muito texto e apenas exercícios-modelo. Papel mais barato, também. E alguns eram a preto e branco.

    Actualmente muitos professores não usam o manual. Leccionam com materiais feitos por si. Comigo sucedeu a várias disciplinas, estudava apenas pelo caderno e pelo material do professor.

    Se o Ministério disponibilizasse manuais gratuitos,em PDF, seria óptimo para as famílias. E ficaria muito mais barato que pagar os livros ou que o sistema de empréstimos. Cada um depois ia imprimindo o que precisava ao longo do ano lectivo.

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  25. Filipe permalink
    15 Abril, 2013 14:36

    Quando fiz o 12.º comprei DOIS livros de Biologia porque o da Porto Editora não tinha toda a matéria. E comprei ainda um livro de Exercícios, o guia de acesso para preparar os exames. A Química também comprei vários, bem como a Português e a Matemática. Nesse ano gastei mais de 500 euros em manuais.

    Se o Estado disponibilizasse um guia único de preparação para os exames, com toda a matéria e todos os exercícios-tipo teria poupado… 500 euros!

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  26. Fincapé permalink
    15 Abril, 2013 14:39

    Helena, Se não fosse tão mazinha não dizia isto:
    “…se os professores não sabem conceber exercícios estão lá a fazer o quê? E as reuniões de preparação das aulas destinam-se a quê?”
    Então, acha que são os professores a pedir para os livros trazerem exercícios? Acha que quando os livros não trazem exercícios nenhum professor os faz?
    Não será porque os autores querem propor exercícios sobre aquilo que consideram mais significativo? Ou porque consideram que os exercícios valorizam os seus manuais?
    ——–
    Quanto ao resto dou-lhe (quase) razão. E sobre os preços, acrescento-lhe esta, podendo depois obter melhor informação: nos anos de escolha, chegam a aparecer, para o mesmo nível e ano, mais de uma dezena de livros de editoras diferentes (ou até da mesma editora) para escolha. Esses livros são distribuídos pelas escolas do país. Assim, para um determinado nível, os professores têm de analisar mais de uma dezena de livros, para escolher um.
    Quem é que acha que paga as dezenas de milhar de livros que não são escolhidos? São os pais dos alunos quando compram os que foram escolhidos. Pessoalmente, considero um brutal crime económico e ecológico, que a lei permite, e que tem uma solução facílima: das propostas de manuais apresentadas uma qualquer comissão selecionaria dois ou três por disciplina e só esses poderiam ser propostos aos professores.
    Mas o “seu” governo liberal não quer saber desta destruição de dinheiro e de árvores e permite que isto aconteça. Os pais pagam e com isto já ninguém se importa porque é uma moda liberal.

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  27. Balio permalink
    15 Abril, 2013 16:18

    Parece-me que não se pode falar de “rendas” neste caso, na medida em que não existe (creio eu) nenhuma lei do Estado que proíba a reutilização de manuais, obrigue as escolas a mudarem constantemente de manuais, ou obrigue as escolas a exigirem um grande número de manuais e de cadernos de exercícios.
    Ou seja, há de facto um sistema perverso, mas esse sistema não é imposto e garantido por nenhuma lei do Estado.

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  28. @!@ permalink
    15 Abril, 2013 17:47

    Pró ano manual único: o livro preto do Gaspar

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