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Um País suicidário e sem emenda

5 Julho, 2013
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Pois é, são as elites que temos, não apenas agora, mas desde a revolução dita liberal de 1820. Existem apenas em função do Estado, a que estão umbilicalmente ligadas e a ameaça de corte do cordão é, naturalmente, uma questão de vida ou de morte. Por isso resistirão, agora e sempre, a qualquer mudança que ponha em causa o status quo.

O “folhetim Portas” deve ser entendido nesta perspectiva. Podemos encontrar lógica em todas as teorias da conspiração que por aí se vão construindo, que elas não têm, como sempre, grande consistência. Desde atribuir ao Portas veia especulativa e fazê-lo beneficiário de “shortagem” com a queda no mercado que ele próprio provocou (pouco provável em alguém que, em pose blasée, já se vangloriou em não saber preencher cheques), à sua incapacidade em apresentar o famoso Guião para a Reforma do Estado, que provavelmente jamais conheceremos, passando por um repasto na Comporta “presidido” por Ricardo Salgado e onde se teria definido a grande estratégia para o País.

A questão é bem mais prosaica e tem sobretudo a ver com o verdadeiro conflito que atravessa de forma transversal a sociedade e que Vítor Gaspar e a Troika despoletaram com a política de ajustamento implementada. Não é uma luta de classes (é vê-las “irmanadas” na mesma causa aquando da última greve geral), mas uma luta de modelos económicos e, naturalmente, mexe com interesses. Gaspar atacou-os fortemente quando deu uma machadada na procura interna para equilibrar as contas externas, criando assim o melhor incentivo para que as empresas ganhem competitividade e diversifiquem mercados. Tinha do seu lado a economia dos bens e serviços transacionáveis, designadamente PMEs exportadoras que vão conseguindo competir internacionalmente, que se sentem melhor com uma moeda forte, sendo dos raros agentes económicos que dão um contributo positivo para o PIB. Não têm porém tempo nem estrutura para fazer o seu lobbying e a sua audiência na opinião pública é nula ou quase. Colocou contra si toda a economia rentista dependente da procura interna, da despesa pública e do crédito, que vai das grandes empresas incumbentes com capacidade de pressão e de acesso aos media, à ainda afluente classe da função pública e todo o conjunto de pequenos negócios (vg., a restauração) que ela sustentava, passando pelos sindicatos da dita e, claro, por toda a plêiade de cortesãos, fora do poder mas que não desdenhariam a ele voltar. Estes, maioritariamente a atingir o prazo de validade, vão enchendo quotidiana e enjoativamente os écrans e as páginas dos jornais, erigidos como únicos opinion-makers, vociferando contra um governo liderado por um ex-jota sem pedigree e por um estrangeirado e que, “forte com os fracos”, ousou temerariamente afrontá-los amputando-lhes as reformas em 50% ou mais.

Paulo Portas tem-se protagonizado no governo como o representante efectivo desta economia rentista e vem tentando fazer a impossível quadratura do círculo: assumir-se hipocritamente como o partido do contribuinte, dos pequenos agricultores e pensionistas (que não têm sido penalizados, sublinhe-se), como o arauto da redução da despesa pública mas, na prática, obstaculizando reformas que visem alterações efectivas da política económica (vd. o affaire TSU) ou cortes visíveis na despesa, como se está a ver na sua intransigência em reduzir as reformas mais elevadas, embora se refira sempre às dos pobrezinhos e coitadinhos. A responsabilidade que lhe foi cometida de apresentar um “Guião para a Reforma do Estado”, representou um presente envenenado que ele se mostrou incapaz de digerir. Do que se vai conhecendo nos “mentideros”, as suas propostas são uma mão cheia de nada e outra de coisa nenhuma, os habituais lugares comuns escritos em “politiquês” e que não passam de belíssimas intenções destinadas apenas a títulos mediáticos. Mas para a Troika isso representava zero e o tempo jogava contra si. Chegar à 8ª avaliação sem nada de consistente para apresentar, revelaria o perfeito bluff de Portas enquanto governante numa situação de resgate internacional, incapaz de assumir que a austeridade é incontornável e durável e que deita por terra todo o discurso baseado em ficções destinadas apenas ao “mercado dos votos”.

Esta fixação dos políticos no “mercado dos votos” é também uma realidade incontornável dos nossos dias e representa quiçá o principal custo das democracias. Custo esse suportável numa conjuntura normal, mas incomportável num país debaixo de ajuda externa, necessitando de reconstituir a credibilidade perdida para um regresso permanente aos mercados. Como a fixação nos votos abstrai os políticos de todo o restante contexto, convencidos que ele se subordinará sempre aos ditames da política, assiste-se a atitudes totalmente irresponsáveis como a que Portas tomou, autêntica birra de catraio. Os mercados reagiram logo no dia seguinte, alertando com estrondo que o dinheiro não abunda e se pode tornar caríssimo e incomportável. E foi preciso esse alarido para assistirmos a estas justificações caricatas, bem demonstrativas da inconsciência da maioria dos políticos e da sua deficiente ou nula percepção do buraco em que o País está metido. A outro nível e de quem seria de esperar uma maior clarividência, releva a cegueira dos ódios figadais e assiste-se a esta ridícula (e deliberada?) confusão entre volatilidade dos mercados e despesa pública.

Neste momento Portas está isolado e mesmo a extrema benevolência de que goza nos media – foi muito engraçado assistir às reacções no dia da sua demissão, as tentativas insidiosas de culpabilizarem principalmente Passos Coelho – irá fatalmente esgotar-se. Mas bem pior, erodiu a sua base de apoio pondo o partido em polvorosa, com o aparelho a antecipar já as penalizações eleitorais pela imputação ao CDS do ónus da crise política. Para além de ter o parceiro de coligação a ranger os dentes e a ameaçar em surdina com o desfazer de várias coligações locais, o que varreria o CDS do mapa autárquico.

Quaisquer “pazes” que eventualmente se venham a fazer, se Portas permanecer no governo jamais se restaurará a relação de confiança exigível numa coligação e que foi irremediavelmente minada. Como as eleições atrasariam o cumprimento dos objectivos definidos com a Troika, elas serão o último recurso e este governo terá de se manter. Como o PR “exige” a presença do líder do CDS no governo, Portas, esse grande estratego (!!!), pode ter cometido um hara-kiri político.

Enfim, as elites mantêm os vícios seculares que faliram o País várias vezes nos últimos 200 anos. Entre outras razões, porque os Sistemas e Instituições políticas têm denotado sempre capacidades escrutinadoras assaz débeis. A grande diferença face às falências anteriores, é o escrutínio cada vez mais implacável dos mercados globalizados. Isto, associado à escassez de capitais, vai forçar a mudança para um modelo económico mais sustentável. Por muito que estrebuchem os lobbies, “senadores”, “comentadores” e outras “elites”.

48 comentários leave one →
  1. YHWH permalink
    5 Julho, 2013 16:26

    «OLHÓ MAPA COR-DE-ROSA!…»

    «Ultimato: Portas só permanece no governo se Maria Luís Albuquerque sair (DD)

    O líder do CDS, Paulo Portas, só aceitará ficar no Executivo liderado por Pedro Passos Coelho caso a recém-empossada ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque, abandone o cargo, que previamente estava nas mãos de Vítor Gaspar.»

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  2. pedro viegas permalink
    5 Julho, 2013 16:34

    Touche!

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  3. 5 Julho, 2013 16:34

    Concordo quase a 100% consigo.
    Dito isto, e porque fala de élites – há no seu texto erros de português tão relevantes quanto nos conduzem ao problema da formação das mesmas, que é grave. Por exemplo, um francês ou um inglês com a sua formação nunca escreveria “vangloriar em” em vez de “vangloriar de” ou “despoletar” quando é mais exactamente espoletar ou escrever neologismos como “obstaculizar” ou de construções erradas: “Como a fixação nos votos abstrai os políticos de todo o restante contexto”. A fixação nos votos não abstrai nada, os políticos é que se abstraem das outras questões.
    Não publique, mas medite.

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  4. YHWH permalink
    5 Julho, 2013 16:35

    Portas é do piorio?

    Pois seja.

    Mas Passos é da mesma igualha senão pior.

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    • 6 Julho, 2013 00:59

      “Portas é do piorio? Pois seja. Mas Passos é da mesma igualha senão pior.”

      Porquê? Passos Não é certamente o cobarde que Portas revelou ser. A única saída airosa de Portas deveria ser agora demitir-se da liderança do CDS e sair do Governo, para permitir uma coligação mais credível. Confundir Portas com Passos que é precisamente o oposto, só o faz quem tem dor de cotovelo e mau perder. E nenhuma clarividência política. Sugiro-lhe um blogue sobre futebol.

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  5. Joaquim C. Tapadinhas permalink
    5 Julho, 2013 16:36

    É triste que estejamos entregues a gaiatos, que não compreendem a responsabilidade que é governar um país.

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    • alberto permalink
      5 Julho, 2013 16:45

      Refere-se exclusivamente aos que estão, ou inclui os que ( não esquecendo os promotores da “política de rua” e mandantes dos sindicatos) nos trouxeram à situação em que nos encontramos?

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      • PiErre permalink
        5 Julho, 2013 18:41

        Entregues a gaiatos desde o tempo de Afonso Henriques, pelo menos.

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    • und permalink
      5 Julho, 2013 18:47

      e a velhos xéxés desde egas moniz?

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    • und permalink
      5 Julho, 2013 18:51

      e alguns dos gaiatos dos 69 aos 88 anos não mudam de fraldas desde que andavam a querer rebentar as pontes para o deserto

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    • 6 Julho, 2013 01:01

      Passos, ao não aceitar a demissão de Portas, revelou uma genuina preocupação com o país.

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  6. YHWH permalink
    5 Julho, 2013 16:39

    Este governo começa a lembrar-me este caricato episódio hoje noticiado:

    «Vale e Azevedo torna-se sacristão da igreja da prisão da Carregueira.»

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    • und permalink
      5 Julho, 2013 18:54

      caricato? um tipo com sentido do estado a que chegámos

      já sabe que vai ser o único condenado por fazer o que todos os da sua classe fizeram

      logo resigna-se e entrega-se a deus

      ou ao seu representante

      uma dessas

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      • nunomts permalink
        6 Julho, 2013 08:58

        Triplo touché, dos avoengos até Vale. Grande inspiração, Und. Vale a pena.

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  7. anti-comuna permalink
    5 Julho, 2013 16:48

    Caro LR, parabéns pelo seu bom artigo.

    Vc. toca na ferida. Há demasiada gente que na hora da verdade está ao lado da gamela estatal. E outros que querem imitar o Marcelo Rebelo de Sousa mas falta-lhes capacidade.

    Abraço.

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  8. Carlos Dias permalink
    5 Julho, 2013 16:53

    Só lido!!
    “o país pára oito meses” (uma patetice sem qualquer correspondência com a realidade)”
    Este Pacheco está ao nível dos velhos hippies constantemente flipados.
    Deve julgar que comprar uma gravata de seda ou um livro antigo é um investimento.
    Os investimentos que interessam à nossa pobre economia demoram meses a ser elaborados para levarem anos a ser recompensados.
    Num país que ninguém sabe o que vai acontecer na próxima semana só mesmo o horizonte de inteligência do comentador Pacheco é que pensa que alguém perderá tempo com Portugal.

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  9. 5 Julho, 2013 16:54

    Bom é a simbiose e o mutualismo.
    Haja solidariedade.

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  10. Zé Paulo permalink
    5 Julho, 2013 16:59

    “Enfim, as elites mantêm os vícios seculares que faliram o País várias vezes nos últimos 200 anos. Entre outras razões, porque os Sistemas e Instituições políticas têm denotado sempre capacidades escrutinadoras assaz débeis. A grande diferença face às falências anteriores, é o escrutínio cada vez mais implacável dos mercados globalizados. Isto, associado à escassez de capitais, vai forçar a mudança para um modelo económico mais sustentável. Por muito que estrebuchem os lobbies, “senadores”, “comentadores” e outras “elites”.”

    Completamente de acordo. Mas a questão é: Terá este governo capacidade e competência para levar isso a bom porto?
    É que – falando agora como um simples cidadão que sofreu a austeridade na pele – fazer sacrifícios e ver a situação do piorar em relação a 2011, não dá.

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  11. Fincapé permalink
    5 Julho, 2013 17:01

    Vamos supor que o texto está repleto de razão (na verdade contém várias razões). Neste caso, teremos sempre de questionar uma infinidade de coisas, desde todo o discurso de Passos Coelho até aos falhanços de Gaspar.
    Mas coloco uma questão envolvendo Paulo Portas. Se “as suas propostas são uma mão cheia de nada e outra de coisa nenhuma”, agora, o que diacho andaram a fazer Vítor Gaspar e Passos Coelho nestes dois anos?
    E já agora outras questões ligeiras.
    Porque colocaram nas mãos do ministro dos Negócios Estrangeiros a maior razão para a ação do ministro das Finanças?
    E, no fundo, como é possível tentar-se desculpabilizar o líder de um governo que nunca teve discurso, nunca mostrou liderança, nunca cumpriu o que dizia e, segundo se consta, nunca tratou como deveria o seu parceiro de coligação e também a oposição?
    E porque apresentou ele medidas, como a TSU, sem o parceiro de coligação ao lado, sendo depois obrigado a recuar? Como negociou ele este assunto e todos os outros que saíam para a comunicação social como se fossem coisas de franco-atirador?
    E porque permitiu que Paulo Portas fosse para o bem-bom dos Negócios Estrangeiros?
    E…
    .

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  12. Basilio Pincel permalink
    5 Julho, 2013 17:20

    De uma lucidez estonteante muitos parabens pelo seu artigo.Porque será que as televisões privadas estão tão contra o governo?Será por causa da privatisação da rtp?

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  13. JDGF permalink
    5 Julho, 2013 17:52

    Não inteligível a insidiosa ligação de todo o mercado interno a um modelo rentista.
    Na verdade, a análise passou a lado do que Vítor Gaspar fez (conseguiu) no combate às onerosas parcerias publico-privadas. Se compararmos o âmbito e a profundidade das medidas de ‘ajustamento’ nesta área com os diversos confiscos de sectores economicamente mais débeis , por exemplo, os pensionistas (para me circunscrever aos oriundos do sector privado), percebemos que a lógica do novo modelo económico não é tão transparente como a pintam.

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  14. Fernando S permalink
    5 Julho, 2013 18:48

    EXCELENTE !!

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  15. PiErre permalink
    5 Julho, 2013 19:01

    “…vai forçar a mudança para um modelo económico mais sustentável.”
    .
    E qual é esse modelo, pode saber-se? Ou é tabu?

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    • Fernando S permalink
      5 Julho, 2013 23:19

      Por exemplo, …
      …. que não assente num Estado que gasta quase metade da riqueza criada no pais e que, como se não bastasse, ainda se endivida em excesso, sobretudo face ao exterior …
      … que não corresponda, pela razão anterior, a uma economia desequilibrada, com excesso de consumo e falta de poupança e investimento produtivo, com um sector não transaccionavel hipertrofiado virado para o consumo interno à custa de um sector transaccionavel atrofiado o que por sua vez limita a capacidade de exportação e abre caminho para importações excessivas …
      … que não tenha, pelas razões anteriores, contas externas cronicamente deficitarias …
      … que não prejudique, pelas razões anteriores, a competitividade dos sectores produtivos …
      … que não seja, pelas razões anteriores, a causa de um desemprego estrutural elevado …
      … que não seja, pelas razões anteriores, socialmente injusto e economicamente ineficiente, favorecendo as categorias sociais menos produtivas e penalizando as mais produtivas …
      …. etc …
      Poderia continuar a listar outras rubricas do “tabu” mas é capaz de ser cansativo !!…

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  16. 5 Julho, 2013 19:10

    ah sim , é os blasfemos e o gaspar e o passos tão bons o paraíso na terra não fosse o brutus do portas e os corporativos e o socras e os pec tão bons o paraíso na terra não fossem o brutus do psd e be e pcp.. my god ! e ainda são capazes de se espantar com os ferrenhos antipartidos. que andam a aparecer aos magotes.

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    • ora permalink
      5 Julho, 2013 19:21

      aos magotes com este calor?

      nem the maggots aparudecem

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    • 6 Julho, 2013 04:06

      Ferrenhos antipartidos? Boa piada. Muito gostam de se proclamar independentes, veja só os da coligação Por Lisboa (apenas um exemplo entre muitos).

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  17. Colono permalink
    5 Julho, 2013 19:27

    A pior corja que diariamente nos atormenta é chusma de comentadores televisivos… politólogos… adivinhos… economistas … traidores..chulos…. sádicos… cambada de filhos da p*****

    Esta crise é que os sustenta…

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  18. Elmano permalink
    5 Julho, 2013 19:37

    Não posso estar mais de acordo. Nem Salazar conseguiu. Que mais nos vai acontecer.

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  19. Portela Menos 1 permalink
    5 Julho, 2013 23:42

    a nota mais interessante sobre o post de LR é o ressurgimento de alguns comentadores que andavam perdidos em combate desde segunda-feira; escreve-se sobre PPortas e os amigos de ontem, juntamente com os traidores de hoje batem palmas! andaram 2 anos ao colo uns dos outros, empobreceram o país, desfizeram cerca de 500.000 empregos em 24 meses, aumentaram o défice para dois (2) dígitos e eis que agora nos atiram à cara com a chantagem das eleições e o medo dos mercados – encabeçados por essa figura triste chamada Barroso. Um segundo resgate vem a caminho – para voltar a salvar a banca – e vamos levar com esta gente mais 2 anos, por teimosia de um palhaço.

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    • 6 Julho, 2013 01:23

      Se se cortassem os tais 4700 Milhões não haveria segundo resgate.

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      • und permalink
        6 Julho, 2013 02:03

        se se cortassem 5000 milhões estávamos no escudo….

        aí cortavam-se até 30 mil milhões

        mas o resultado era parecido no nível de vida dos indígenas

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    • und permalink
      6 Julho, 2013 02:01

      ó filha os 500 mil acabavam-se com as restrições de crédito

      excepto se se refizessem 14 mil km dalcatrão e mais 500 mil casarios ao ano

      o déficite mental na portela anda nos três dígitos?

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  20. murphy permalink
    5 Julho, 2013 23:58

    Excelente post… demonstra como a actual crise atinge essencialmente aquele Portugal “que vive à mesa do Orçamento de Estado”.

    Eis o desafio da próxima década:
    será possível implementar as mudanças que Portugal precisa, as quais passam inevitavelmente pelo corte nos recursos que sustentaram nas últimas décadas o modelo de riqueza das “elites” da capital, quando será precisamente esse grupo – que domina completamente a opinião pública e a agenda mediática – o mais prejudicado por essas mesmas medidas?
    http://jornalismoassim.blogspot.pt/2013/06/portugal-o-bastiao-da-equidade.html

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  21. 6 Julho, 2013 00:32

    Ainda vamos assistir à defenestração do Portas.
    LS Oliveira

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  22. 6 Julho, 2013 01:19

    O artigo é muito interessante e acertado. Nunca tinha olhado para o CDS como um partido Conservador ao ponto de tudo fazer para manter a economia dependente do Estado e do respectivo poder político. Partilho a perspectiva reformista do governo. De facto, o CDS opôs-se à reforma política das autarquias, reforma essa que conferia ao vencedor a opção de governar sem os apêndices dos partidos vencidos; e Pires de lima condicionou directamente a lei que não proíbe o consumo de cerveja a menores de 18 anos num país onde a juventude sofre crescentes e dramáticos problemas de alcoolismo. Acrescentaria a forte oposição do próprio PSD (os ditos cavaquistas) a este governo mais liberal (o que é uma qualidade e não um defeito) e as abusivas interpretações dos comentadores partidários à carta de Vitor Gaspar que se queixa sobretudo de quem lhe tem impedido de aplicar as suas medidas: O TC e o partido da coligação. Enfim, gostei muito da sua análise LR. Obrigado.

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    • ora permalink
      6 Julho, 2013 02:31

      análise? é mais catálise…..

      A FUNDAÇÃO MÁRIO SOARES É A PONTE SALAZAR DESTE REGIME

      E ISSO DIZ MUITO DA NATUREZA DO REGIME

      AS ÚNICAS DIFERENÇAS NOTÁVEIS

      SÃO QUE ÀS OBRAS DO ESTADO NOVO PASSAMOS POR CIMA DELAS

      E SEGUIMOS VIAGEM

      OU POR BAIXO SE SOMOS DAQUELES GAJOS COM MANIAS MARINHEIRAS

      DE DAR MUNDOS AO MUNDO PELO LADO DA TRIPA FORRA

      E NAS OBRAS DO NOVO ESTADO A CAIR DE VELHO

      EM VEZ DE LHES PASSARMOS POR CIMA E EXORCIZARMOS OS DEMÓNIOS

      PASSAM ELAS POR CIMA DE NÓS

      E AINDA POR CIMA MONTADAS NUMA TARTARUGA MAIS VELHA

      QUE AS VELHAS OBRAS

      AO MENOS COM SÓCRATES PASSAVAM MAIS RAPIDAMENTE..

      OU PARECIAM PASSAR

      MEDIDAS? APLICAR?

      ESTE GAJO DEVE VIVER NUM REGIME ANALÍTICO….

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    • Aladdin Sane permalink
      6 Julho, 2013 04:11

      Não é chavão: por cá, até a direita é socialista.

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  23. Unix permalink
    6 Julho, 2013 01:39

    Há muito tempo que não lia um comentário tão acertado nas razões das nossa atávica desgraça.

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  24. magma permalink
    7 Julho, 2013 10:15

    Pese embora o acerto do juízo sobre as nossas élites e algumas ” blasfemices”, entendo que Passos Coelho não é melhor do que Portas. Passos Coelho já estava farto de saber o que esperar de Portas, pois que conhecia o local exacto onde este lhe traçou a linha vermelha. Apesar disso Passos ultrapassou-a despudorada e arrogantemente. Assim de que é que estavam à espera? Que Portas recuasse nos princípios com que se apresentou nas eleições? Foi a isto que Portas se ateve. Compreendeu o País, mas não aceitou Passos, convencido de poderia fazer de Portas o que quisesse. Pacheco Pereira errou mais uma vez na sua análise. O seu pêpêdismo está de pedra e cal, contra tudo e contra todos. Assim não…

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