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Aguardo com expectativa que o argumentário sicn-pintomonteirista-ferreira alves- sousa tavares…

1 Dezembro, 2014

Circo mediático. Clara e demonstrada violação do segredo de justiça. Tentação do popularucho. Coincidências. Linchamento. O que sabemos deste processo é apenas o que tem sido dado através de fugas de informação, o que também não está certo. Há uma condenação sistemática, um julgamento público. A sentença depois não muda para contrariar a opinião pública. Muitas vezes a pressão social é tanta que a própria justiça está encurralada, em que já não pode ilibar. A justiça portuguesa não me oferece garantias de procedimentos corretos, seguidos com a máxima verificação de que os pressupostos estão lá todos. Estamos a falar de acusações gravíssimas. Na melhor das hipóteses daqui a três anos vai ter uma sentença transitada em julgado. Até lá, você destruiu a vida de quatro pessoas, que são irrecuperáveis. Há aqui coisas que são irreparáveis.

Seja aplicado a este caso:

A Polícia Judiciária está a fazer buscas na diocese do Porto, nomeadamente em computadores de algumas paróquias, avança o Jornal de Notícias, que tem o tema como manchete na edição em papel desta segunda-feira. Cartas anónimas via email, assinadas por um tal de “M. Saleixo”, com acusações graves têm na mira vários membros de igrejas da Invicta. As cartas têm sido enviadas nos últimos dois meses e têm chegado a todo o clero e instituições católicas.

Segundo o JN, as cartas começaram a avolumar-se quando D. António dos Santos, bispo do Porto, decidiu mudar os padres das paróquias. O caso mais famoso é a troca do padre de Canelas, que deixou a população local furiosa. “O clima bélico já dura há alguns meses mas piorou quando D. António Francisco dos Santos decidiu, numa normal rotatividade do clero, retirar da paróquia de Canelas o padre Roberto Sousa”, disse um sacerdote ao Jornal de Notícias.

O padre Roberto, demitido e substituído nas suas funções por Albino Reis, recebeu em junho indicações por parte da Diocese do Porto para abandonar a paróquia em setembro, mas após várias ações de protesto da população recuou na sua decisão e apenas recentemente decidiu substitui-lo.

Mas a investigação não fica por aqui. De acordo com o mesmo artigo, os inspetores da PJ estão a seguir o rasto de uma conta de email criada, associada à diocese do Porto, que foi usada para denúncias de alegadas práticas pedófilas de Abel Maia, um sacerdote de Fafe. A carta foi enviada para um jornal e teria como fonte Roberto Sousa, o tal padre que foi demitido da paróquia de Canelas, que poderá ter oferecido o silêncio pela permanência no cargo. Os inspetores investigam os fundamentos das cartas e não estará fora da equação um caso de chantagem e/ou ajuste de contas.

26 comentários leave one →
  1. Jorge permalink
    1 Dezembro, 2014 12:28

    Os comentadeiros que andaram anos e anos a glorificar o chefe da quadrilha, fingindo que não sabiam das falcatruas que o chefe da quadrilha ia praticando, não admitem que erraram porque partilham com ele muitos defeitos de caráter. Os esquerdistas têm a boca cheia de combate à corrupção mas, quando os seus são apanhados, metem a viola no saco. A corrupção é uma realidade que, de acordo com os esquerdistas, só pode ser praticada pelos “maus”, os “neoliberais” que “empobrecem o país” e “aumentam as desigualdades”. Os esquerdistas são naturalmente bons porque são eles os “defensores naturais” da igualdade; logo, estão acima de todas as suspeitas em matéria de corrupção e de desigualdade. Os esquerdistas negam a realidade e constroem realidades paralelas. O Costa, como esquerdista que é, irá fazer o seguinte logo que chegue ao Governo (lagarto, lagarto!): mete a viola no saco, faz como o Holande, aumenta impostos, acusa os neoliberais de o obrigarem a fazer isso, continua a política de austeridade e diz que a Europa é a culpada porque se recusa a ser solidária, leia-se a pagar as dívidas dos socialistas. Ainda bem que estamos na União Europeia. Se não estivéssemos, a gatunagem socialista faria aquilo que sempre faz quando a deixam à solta: desvalorizar a moeda e colocar a inflação nos dois dígitos, imprimir notas e distribuir o saque pelos seus apaniguados. O que a gatunagem socialista quer é apenas continuar a roubar.

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  2. Portela Menos 1 permalink
    1 Dezembro, 2014 12:39

    “Costa, esquerdista” ! esta malta nem sabe o que escreve. Com argumentos desta calibre Passos e Portas são .. de esquerda 🙂

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    • lucklucky permalink
      1 Dezembro, 2014 15:05

      Pois são, qual a dúvida? O PSD e CDS não têm aumentado o Poder do Estado?

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      • Tiradentes permalink
        1 Dezembro, 2014 16:41

        De esquerda e de esquerda só quem o Comité Central determinar e quando o determinar…ora bolas. E rapidamente pode deixar de o ser quando o mesmo comité assim o decidir, deportando, encarcerando, hospitalizando, ou executando, constituindo esta última parte pequenos desvios ao verdadeiro esquerdismo.
        O lucklucky precisa de umas aulas de materialismo-dialéctico? Ainda não entendeu o Portela?

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  3. 1 Dezembro, 2014 13:10

    Jorge,

    CalmeX ! ACosta, “esquerdista” ?? Sequer de “esquerda” ? — AC este P”S” são de “esquerda” ?

    Sobre o post : MSTavares, CFAlves e outros, quando esguicham opiniões sentenciosas sobre alguns casos e pessoas, estão a proceder como apressados “juízes” e a praticarem o que agora condenam. Mas compreendo-os bem — interesses pessoais & não só…

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    • Artista Português permalink
      1 Dezembro, 2014 15:59

      Gostava de ver o MST com a língua assm também solta, a comentar o Salgado

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      • 1 Dezembro, 2014 16:38

        O compadre Salgado ?
        (MST não sabe de nada…).

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      • 1 Dezembro, 2014 16:47

        Comentou.
        Disse que foi uma pulhice a maneira como o detiveram.
        Deviam ter esperado que ele se apresentasse devidamente barbeado e com o pequeno-almoço tomado no Campus da Justiça.
        Afinal não é foragido nenhum

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  4. LTR permalink
    1 Dezembro, 2014 14:13

    Parte dos artigos e comentários que se escreveram começam neste estilo: “eu nunca votei no PS, mas acho que o coitadinho”, “eu não gosto do Sócrates, mas isto não se faz”, etc.

    Mas a melhor ainda é a de um tipo que foi a um almoço para lhe oferecerem um livro em cuja apresentação já tinha estado há meses. O grande otário, caiu como um patinho.

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  5. LTR permalink
    1 Dezembro, 2014 14:20

    Se bem me recordo, do primeiro acto da Casa Pia constou o Bibi interceptado pelos jornalistas de um canal de TV (por acaso e salvo o erro foi o mesmo, não foi?), num parque de estacionamento, onde foi confrontado, logo ali e fugidio, na praça pública, com a sua acusação, o seu julgamento, a sua sentença. Tudo em directo. Teve azar. Não era um animal feroz nem estava filiado em merda nenhuma.

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  6. Artista Português permalink
    1 Dezembro, 2014 16:01

    Buscas às contas da Diocese, ao domingo e ainda por cima ao meio-dia? Cheira-me a cabala neo-liberal/maçónica…

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  7. manuel branco permalink
    1 Dezembro, 2014 16:49

    Helena matos parece continuar a tentar fazer uma conexão entre o caso Sócrates e abusos sexuais na igreja. Hoje o cm dizia que o homem tinha por vizinho um serial killer; só falta dizer que ele também o é por equivalência. Se estou errado corrija.

    quanto à igreja desconheço o caso de Fafe. O Bispo do Porto parece ser bom homem. Há no entanto um caso que ficou a pairar e do qual nunca mais se soube nada. Falo da ordem de são João de deus. antes de catalina Pestana falar no assunto, já corria na net que nos manicómios era uma festa com os doidos bem equipados. Se era ou não, não sei. Seria uma boa reportagem para o jornalismo de investigação.

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  8. 1 Dezembro, 2014 16:50

    Sousa Tavares tem desculpa.
    Ele adora o Bill Clinton e achava que o Sócrates iria ser o Bill Clinton Português (tirando a cena do charuto que ele não usa aquele molho) e por isso elogiava-o.
    Agora não pode dizer que se enganou.
    Elementar.

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  9. Baptista da Silva permalink
    1 Dezembro, 2014 17:32

    Off Topic, hoje no Sol:

    http://sol.pt/noticia/119570

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    • Kubo permalink
      1 Dezembro, 2014 18:05

      Grato pela informação.
      Excelente prosa de José António Saraiva!

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  10. LTR permalink
    1 Dezembro, 2014 17:52

    Estou mesmo a ver o chefe supremo metido nisto:
    «Armindo desespera para sair da cadeia
    Há um mês que outro homem assumiu homicídio de idosa. Jovem revoltado com demora.»

    Como não seria!

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  11. Marquês Barão permalink
    1 Dezembro, 2014 18:49

    Relatório emoldurado suporte de acusação frente a habeas corpus de libertação
    É preciso esclarecer se Sócrates a ter prevaricado, o fez valendo-se das funções de Secretário do partido e de 1º ministro em proveito próprio.
    Acrescentar ainda, caso se verifique a situação explicitada, ser curial apurar cumplicidades de que tenha beneficiado. Haverá mãos sujas nas suas cercanias?
    Inqualificável cegueira, quando muitos comentadores que inundam as televisões se mostram indignados com o circo mediático á volta de Sócrates. Sacudam da cara o ridículo da triste e hipócrita figura que estão a levar a cena e saiam do circo. Nunca se viu esta espécie de gente incomodar-se com o aparato das televisões a seguir um autocarro com futebolistas durante uns quilómetros do estágio para o estádio e outros que tais.
    Nada de ilusões para quem defende que Sócrates é apenas um cidadão como outro qualquer, só a contas a justiça sem quaisquer implicações políticas. Trata-se de mais um descarado sofisma que veiculam, porque estes advogados do diabo fazem não perceber que são figurantes assíduos em palco, precisamente pelas fortes implicações na vida política que o assunto tem.
    A prática boa ou má, é a que tem sido frequente no âmbito dos passos da justiça com câmaras em riste, onde outros notáveis já foram grelhados em igual braseiro sem que se tenham notado grandes clamores.
    De muitos quadrantes tem chovido lágrimas por Sócrates, muitas delas hipocritamente entornadas. Outras despudoradamente enxugadas como se, a confirmarem-se os crimes de que é suspeito, apenas o próprio seria atingido por alegadamente se tratar de questões pessoais. Se tais actos a serem reais foram praticados na qualidade de alta figura do Estado e do partido para favorecimento de terceiros e colheita de benefícios próprios outro galo terá que cantar.
    Poderá em tal caso merecer cabimento uma teoria conspirativa calculando que alguns dos seus próximos não poderiam lavar daí as mãos no primeiro charco em qualquer valeta da estrada? A companhia fidelíssima do agora eleito secretário do partido também não se apaga num estalar de dedos, será bom lembrar.
    Anda por aí uma tal indignação pelo método utilizado para caçar o homem, que é caso para perguntar por onde tal gente tem andado ou se tem estado a dormir. Inúmeras situações de pessoas que já levaram na pele com toda a espécie de emporcalhamento devem ter passado despercebidos.
    No eixo do mal só faltou a versão bondosa de que estávamos a viver um sonho e que apenas tinha sido o tigre á solta em Paris a ser enjaulado por cá.
    Levantar alguém politicamente morto e enterrar vivo quem o substituiu no topo da governação é uma febre que por ai anda.
    Temos comunicação ou contaminação social?
    Para o compor o ramalhete, no congresso e fora dele algumas pérolas intragáveis.
    Como é costume por aquelas bandas aos costumes dizem nada. Quando uma proeminente figura nos vem dizer que tudo o que Costa rejeita é por si só um verdadeiro programa de governo está tudo mais que dito.
    Mas não chegando isso, o Secretário empossado ainda vem desabafar que não fará acordos com quem tem conduzido a actual política.
    Conviria contudo acrescentar que a prioritária e inadiável tarefa de limpar sarjetas agora, deriva do facto de alguém as ter deixado entupir antes.
    Ao que não se aventuram, é em dizer-nos de que forma fariam se um dia vierem a ter que fazer.
    Segundo um recente ex presidente da república poderia concluir-se que Sócrates seria culpado até prova em contrário. Em 2005, o então Presidente da República defendia: “ inversão do ónus da prova deveria ser aplicada a medidas de natureza fiscal e de natureza penal que devem ser introduzidas no combate à corrupção”. (…)
    Das mesmas bandas, outro ex presidente mais antigo, depois de um abuso ofensivo, arrogante e prepotente á porta de uma prisão não poderia ter sido chamado á justiça? Ou trata-se de estatuto vitalício de inimputável?
    Eles aí estão na grandeza da própria pequenez.
    Deixarem este preso nas circunstâncias que se conhecem falar com rodadas de amigos e companheiros, não pode constituir forte contributo para perturbar e contaminar a investigação? Mesmo sendo legal não se afigura convincente.
    “É possível falar de Sócrates e da Justiça sem uma chuva de pedras?”
    Claro que pode e deve.
    Os estilhaços da pedreira sempre ocorrem quando se detona um rebentamentos, que
    nunca deve assustar quando se procura a justiça.
    “Para quem já foi lobo é difícil ser sacrificado como um bode”.
    Há pedradas no charco que moem e até matam. E põem muita gente
    á volta a sacudir-se.
    “É muito mais difícil matar um fantasma do que matar uma realidade”
    “Há pessoas neste mundo que gastam todo o seu tempo à procura da justiça, não lhes sobrando tempo algum para a praticarem.” – Billings Brown
    Está dado o mote: Amigo aparece que em Sócrates não se mexe.

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  12. beirão permalink
    1 Dezembro, 2014 18:49

    O grande e carismático defensor do povo Daniel de Oliveira escreve no Expresso “(…) que o PSD não vai largar o “oço” (…)” (sic) – referindo-se, naturalmente, à criatura que está de cana no estabelecimento presidencial de Évora. Isto e, claro, vários outros mimos… Esta maltosa de esquerda não é o máximo!?

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  13. marrazes permalink
    1 Dezembro, 2014 19:15

    Só espero que se houver um castigo divino, tipo terramoto telúrico porque político já houve, paguem apenas e só, os pecadores.
    .
    Do telúrico o padre Malagrida, qual juíz, apontou as causas todas, do outro, este juíz não aponta nada.
    .
    Oh Marquês anda cá baixo outra vez!
    .

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    • manuel permalink
      1 Dezembro, 2014 19:28

      Ao misturar Malagrida com Marquês pode ser premonitório de desgraça. Recomendo que se encomendem umas missas, pelo sim pelo não. O pecado é muito.

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  14. Lápis lazuli permalink
    1 Dezembro, 2014 19:24

    Quanto ao post aplica-se, de facto, a mesma regra. Os amigos dos visados no caso da diocese, hão-de estar aborrecidos com os autos-de-fé. A diferença é que os jornaleiros de serviço não querem perder mais que uma coluna com o caso. E os amigos dos padrecos não têm acesso ao prime time, para se indignarem.

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  15. Pinto permalink
    1 Dezembro, 2014 20:00

    Prisão do presidente do B. Munique. Imprensa alemã: http://www.spiegel.de/panorama/justiz/uli-hoeness-revision-vollzug-haftdauer-wie-es-jetzt-weitergeht-a-958487.html

    Os jornalistas alemães também têm este tique feio de fotografar presumíveis inocentes. Que jornalismo rasca e pidesco.

    Vou deixar aqui alguns excertos de um acórdão recente (21-10-2014) do Supremo Tribunal de Justiça, para pôr algumas pessoas ao corrente da forma como a Europa civilizada vai encarando este dilema entre liberdade de imprensa e segredo de justiça:

    IV – Embora seja difícil estabelecer o equilíbrio ténue entre o princípio da presunção de inocência, de que todos os cidadãos devem gozar, mormente na fase de inquérito, e o direito à informação, é inderrogável o interesse em dar a conhecer aos cidadãos uma matéria que, encontrando-se porventura sujeita ao segredo de justiça, releva do cometimento de irregularidades graves passíveis de configurar a prática de crimes. Há interesse público.
    V – O Tribunal Europeu dos Direitos do Homem (TEDH) tem acentuado que a liberdade de imprensa constitui um dos vértices da liberdade de informação, não podendo as autoridades nacionais, por princípio, impedir o jornalista de investigar e recolher as informações com interesse público, e de as transmitir, o que é inerente ao funcionamento da sociedade democrática.
    (…)
    Mais a mais, no que toca ao confronto do segredo de justiça com a liberdade de expressão, o próprio Tribunal Europeu dos Direitos do Homem (TEDH) tem-se pronunciado contra restrições à liberdade de expressão (e de informação) que não considera serem necessárias – DuRoy e Malaurie v. França (2004) –, nomeadamente por as informações em causa já serem públicas – Weber v. Suíça (2005) –, sendo incontestável que, in casu, a notícia do II de 08/12/2006, transmitiu factos que já eram do conhecimento público desde, pelo menos, o ano de 2001.
    Rejeita-se, igualmente, a conclusão do acórdão, segundo a qual a “recorrente ao publicar uma notícia que apontava como conclusão de um inquérito criminal a dedução de uma acusação e considerava que teria ficado provada a prática de crimes que descreve violou ainda a obrigação de respeitar a presunção de inocência prevista no art. 14.° n.° 1 al. c) da Lei n.° 1/99 (Estatuto do Jornalista)”, pois, como já antes dissemos, a jornalista se cingiu ao relato do que constava do processo em que o autor foi arguido.
    Acresce que o TEDH, como dá nota o Conselheiro Henriques Gaspar, considerou já, num caso com algumas semelhanças – Campos Dâmaso v. Portugal (2008) – “que o interesse em informar o público prevalecia sobre o dever de respeitar a presunção de inocência, uma vez que os artigos vinham na sequência de outras referências anteriores, que haviam mesmo determinado a abertura do inquérito, e não tomavam posição sobre a eventual culpabilidade da pessoa visada, limitando-se a descrever o conteúdo da acusação do Ministério Público”.
    (…)
    Como frisado por Henriques Gaspar, “na jurisprudência do TEDH, a liberdade de expressão tem sido considerada como super liberdade e um dos direitos mais preciosos do homem, condição sine qua non de uma verdadeira democracia pluralista, necessária ao desenvolvimento do homem e ao progresso da sociedade; a sociedade democrática repousa precisamente sobre o pluralismo de ideias e opiniões livremente expressas” (…) Neste Supremo Tribunal, o Acórdão de 30/06/11, Proc. n.º 1272/04.7TBBCL.G1.S1, após efectuar uma resenha breve da jurisprudência do TEDH, no tocante à interpretação do alcance do art. 10.º da CEDH, relembra que a CEDH se situa num plano superior ao das leis ordinárias internas, por força dos arts. 8.º e 16.º, n.º 1, da CRP, concluindo que o direito à honra não é tutelado, no plano geral, pela Convenção, a ele se reportando apenas como possível integrante das restrições à liberdade de expressão enunciadas no n.º 2 do art. 10.º.
    Especificamente, o TEDH, no caso Lingens v. Áustria (1986), sublinhou o papel de cão de guarda (watchdog) exercido pela imprensa, sustentando que a liberdade de imprensa é essencial numa sociedade democrática, tendo reforçado, no caso Thorgeirosn v. Iceland (1992) que a condenação de um jornalista é susceptível de desencorajar o debate aberto de questões de interesse público. O TEDH postulou, ainda, que não se pode exigir à imprensa que publique apenas factos provados ou prováveis, porque, se assim for, a imprensa estaria impedida de publicar praticamente tudo.
    Detendo-se na análise da jurisprudência portuguesa, pelo TEDH, Rodrigues de Brito, tece os seguintes considerandos: “Em matéria de liberdade de expressão, o Estado português tem sido condenado pelo TEDH, por violação do art. 10.º da CEDH, com base na falta de verificação do requisito da necessidade da restrição numa sociedade democrática. Com efeito, como salientou o TEDH no caso KK e SIC v. Portugal (2007), as instâncias judiciais nacionais não encontraram um justo equilíbrio entre a necessidade de proteger os direitos dos jornalistas à liberdade de expressão e a necessidade de proteger os direitos e a reputação do visado. Sustentou, ainda, que a motivação avançada pelos tribunais portugueses para justificar a condenação, embora pertinente, não era suficiente, nem correspondia a qualquer necessidade social imperiosa. Concluindo, assim, que a condenação não representou um meio razoavelmente proporcional à prossecução do interesse legítimo em causa, tomando em consideração o interesse da sociedade democrática em assegurar e manter a liberdade de imprensa, pelo que tinha ocorrido uma violação do art. 10.º do CEDH”.
    Subsequentemente a este caso, o TEDH produziu variadíssima jurisprudência similar, visando o Estado português, considerando que ocorreu postergação do art. 10.º da CEDH, designadamente, nos casos (i) Campos Dâmaso v. Portugal (2008), (ii) Público – Comunicação Social e Outros v. Portugal (2010), (iii) Pinto Coelho v. Portugal (2011), (iv) Bargão e Domingos Correia v. Portugal (2012), (v) Amorim Giestas e Jesus Costa Bordalo v. Portugal (2014).
    Da análise de todos esses processos, deflui que o TEDH tem acentuado que a liberdade de imprensa – caracterizada como cão de guarda/watchdog/ chien de garde – constitui um dos vértices da liberdade de informação, não podendo as autoridades nacionais, por princípio, impedir o jornalista de investigar e recolher informações e de as transmitir, constituindo a “ingerência” das autoridades – nas condições enumeradas no parágrafo 2.º do art. 10.º da CEDH – o epicentro do controlo jurisprudencial daquela instância jurisdicional.

    http://www.dgsi.pt/jstj.nsf/954f0ce6ad9dd8b980256b5f003fa814/5dd9ef4e1d17b9da80257d78004be572?OpenDocument

    Depois destes reparos sucessivos por parte do TEDH a Portugal, quem é que neste país continua a teimar pela restrição à liberdade de imprensa, quem é? Pois , os tiques da matriz ideológica são uma impressão digital. O socialismo é o que sempre foi: avesso à liberdade. Eis mais uma prova límpida, neste caso.

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    • LTR permalink
      1 Dezembro, 2014 20:50

      Tudo matérias a julgar pelos juízes do Eixo do Mal e dos telejornais.

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  16. Juromenha permalink
    1 Dezembro, 2014 20:26

    Henrique Neto , em entrevista ao “I”, sobre o bicharel 44 : “Há anos que esperava que isto acontecesse.Os indícios eram mais que muitos .”
    “Pormaior” : O conhecimento de Neto em relação à criatura é muito anterior à ribalta pulhítica do cujo…

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