o nó górdio do libertarianismo
Um dos problemas das filosofias libertárias é o de presumir que as pessoas querem a liberdade. Ora, a História e a realidade dos factos dizem-nos frequentemente o inverso: entre um mundo sem qualquer forma de coerção e outro em que alguma (por vezes, muita) coerção é compensada por certos serviços e bens, a esmagadora maioria das pessoas preferirá o segundo. A ânsia da liberdade anda quase sempre de braço dado com o desejo de segurança e com a percepção da falibilidade e da fragilidade existenciais. Nas sociedades plurais, isto é, naquelas em que todos os indivíduos possuem um status político e social, e pensam de forma diferente uns dos outros, como (felizmente) é próprio da espécie, haverá sempre quem queira trocar generosas parcelas de liberdade por segurança e bem-estar, ainda que as entidades (públicas ou privadas) que prestam esses serviços serviços o façam deficientemente ou oferecendo produtos de fraca qualidade.
A demonstração desta evidência tê-mo-la nos apelos crescentes ao intervencionismo do estado e do governo para resolverem, ou minorarem, os problemas e os efeitos das crises que eles mesmos em boa parte provocaram. Apesar disso e de todos dizerem mal dos políticos e dos governos, a maioria das pessoas continua a presumir que será melhor contar com eles, do que prescindir deles. Ou, de forma mais esclarecedora, no exemplo do actual referendo sobre o Brexit, onde os termos da questão se colocam em reforçar a liberdade da Inglaterra e dos ingleses, retirando-os da tutela dirigista e intervencionista das autoridades supranacionais de Bruxelas, ou mantê-los sob a sua protecção, evitando males – que se presumem maiores – com a saída da União Europeia. Apesar do que possam dizer as sondagens, aposto que, no lavar dos cestos, o Reino Unido permanecerá na União Europeia. O medo é um fortíssimo sentimento individual e social. Tão ou mais forte que o desejo da liberdade. Esse é o nó górdio do libertarianismo. A não ser que, como pretendia o outro, queiramos impor aos outros a nossa liberdade. Mas, nesse caso, já não será bem de liberdade que estaremos a falar…
Completamente verdade. A segurança fala mais alto e nem sei se quem assim pensa não acaba por ser mais esperto.
E quem prefere a segurança também funciona em manada. Só arriscam a magote e com as costas protegidas.
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A sociedade humana vive em completa anomia e a democracia não dá respostas.
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Quanto ao resto, sim. Também penso que vai vencer a permanência, tal como venceu o referendo da Escócia por medo de perderem as reformas.
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Zazie está tudo muito perto do ponto de rotura.
Guerra Civil larvar na Europa e nos EUA está a uns anos de distância se um milagre não acontecer.
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uma guerra civil de veteranos de bengala em vez de metralhadra , non ?
tenho ideia que guerras só se for ao dómino no jardim da estrela 🙂
se nem um assassinatozinho há . impensável há cem anos atrás , este comer e calar.
progresso às arrecuas 🙂
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Acho que não mas, pela minha parte deixei de ficar calada e respondo sempre que me vêm com essas merdas.
Incluindo a colegas. Já sou conhecida por ser politicamente incorrecta a um ponto a que os que se dizem politicamente incorrectos acham mal.
Por exemplo- aquela cena das mulheres barbudas de ambos os sexos que invadiram a barbearia do Chiado, e ainda quiseram ilegalizar a loja, por dizerem que era discriminação de género.
Colegas meus ficaram a saber o que eu pensava e um ainda se atreveu a dizer que nem era bem assim, porque tinha letreiro à porta a proibir a cães e a mulheres e isso era insulto.
E eu disse-lhe que insultada me considerava se estivesse letreiro a dizer que tinham promoções nesse dia para cabelo e barba a mulheres.
😛
Calaram e agora é assim. Respondo a dobrar
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enganei-me no comentário ehehehe
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Bom texto. O problema é que as pessoas querem liberdade tirando a dos outros.
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Eu não tenho nada contra quem queira prescindir da sua liberdade me prol de segurança. Tenho contra quem não me deixe a mim decidir pela minha preferência de mais liberdade, mesmo no risco de menor segurança.
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Se o Reino Unido ficar na UE vai ter que beijar a mão ao boche do Ministro das Finanças, Wolfang Schäub….
Não estou a ver os súbditos de Sua Magestade a obedecer aos totalitaristas continentais….
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