“Engenheiro, engenheiro…”
Um indivíduo respondendo pelo substantivo “engenheiro” foi entrevistado na TVI24 sob o pretexto de que lançará um livro. Não é o autor, não é o editor, é só um indivíduo que responde pelo título de “engenheiro” e que paga isto tudo só para aparecer na televisão em vez de ficar em casa a acariciar a sua masculinidade ao som da voz frágil que sussurra pelo “buraco”, como fazem as pessoas normais.
O livro é sobre a vergonha da justiça e a infâmia da perseguição política, a julgar pelo que lhe disseram para dizer, e que ele disse. Menciona-se um marquês e uma operação. Desejo imediatamente convalescença tranquila para o incógnito nobre, porque sou boa pessoa, sinto empatia imediata pelos outros. Mas este texto não é sobre mim, é sobre ele. Talvez seja sobre mim, mas não quero pensar que seja.
Como naqueles directos com a presença do emplastro, a entrevistadora foi repetindo o substantivo “engenheiro” como se de um adjectivo se tratasse. Talvez até seja. Na Grécia antiga, era prática commumente aceite, que remédio, a de ter aprendizes jovens que iam sendo instruídos para a realidade dura da vida. A rigidez da estrutura, hirta, como uma barra de aço. Por trás de um grande homem havia sempre um homem maior ou, na falta deste, um mais pequeno: um genuíno comboio de sabedoria inoculada pelo atrito de uma locomotiva que nunca perde o vapor até chegar ao destino, quando chegar, se chegar, por engenho e alguma consequência imprevista da condição humana.
“Engenheiro…”
“Engenheiro…”
Sou levado para a adega onde a personagem do Herman José conspira na presença de pessoas magnetizadas pelo erotismo do poder. Não tinha poder algum, mas era “o engenheiro”, isso basta, na presença estática de quatro ou mais cadeiras silenciosas.
Moderando sem visível êxito os trejeitos abichanados que lhe são naturais, a transmutação do organismo em extinção na personagem do animal selvagem ocorre por osmose com as câmaras de televisão. Nasceu para isto, o homem. Ao menos, ter-lhe-á sido dito por outro indivíduo a quem pagara para o dizer. Um amigo dos que o “engenheiro” conhece, os únicos que o querem conhecer. O amigo placebo.
Ainda havia quem achasse boa ideia comprar a TVI. Não é preciso, eles entrevistam qualquer coisa que queira parecer o que não é. Afinal, é a mesma casa da Quinta das Celebridades, onde pessoas que animam discotecas na terceira vila do concelho por quatrocentos euros por uma festa da espuma se pavoneiam como sendo celebridades. “Props people, tudo a saltar para o Engenheiro”. A espuma brota, o DJ mete brita, a explosão simbiótica acontece, corpo-a-corpo, espaço-a-espaço.
Estas prosas estão cada vez mais subtis e subliminares… Felizmente, temos “engenheiros” famosos… E conhecêmo-los de ginjeira…
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mesmo sério que não havia outro filme de terror menos mau na tv ? como é que se sacrificam a ver isso é que não percebo. ainda vai ter pesadelos.
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A estação faz o que lhe mandam. É só ver por onde anda e aparecem as entrevistas nos jornalixos cá do burgo.
Moços de fretes
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«Senhor Engenheiro», acho mais apropriado para quem foi PM deste país e que lidou e privou com as maiores individualidades deste nosso Mundo, desde Obama, Putin, Merkel, etc, etc.
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Veja lá se não se arrepende de chamar alta individualidade a Merkel, uma senhora que só nos empresta dinheiro para comprarmos Mercedes.
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O arre lindo está a esquecer-se de outros com quem o “engenheiro” privou ainda mais o Chavez, o Lula e o kadhafi.
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“…privou com as maiores individualidades …”
Privou com o Arlindo da Costa e com o Tino de Rans.
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e não esquecer o amigo molusco do Brasil…aquele que roubou biliões da Petrobrás e que nunca leu um livro.
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Quem? O preso 44?
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Que Deus nos livro.
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Nós por aqui já podemos ver como a TVI chega às fontes de notícias como as do Banif 🙂
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Fiz o meu comentário sem ler o teu. Estamos totalmente de acordo.
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Excelente prosa do VC. Passei por lá, mas não consegui ouvir dois minutos seguidos, tudo no homem parece falso e às vezes chego a pensar se não existem duplos pagos pelo “fundo fechado” do amigo. É demasiado burlesco e ridícula a sua filosofia de vendedor de banha da cobra, só faltou lá a jibóia. Como já não acredito em inocências, acompanho com particular preocupação a agenda para Portugal do principal grupo empresarial da TVI, é necessário tentar perspectivar para além do visível.
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Se fizerssem um Tootsie 2 , este gajo metia o Dustin Hofman num chinelo .
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Podiam ter convidado a trupe mais próxima e faziam uma mesa redonda. Armando Vara, Penedos, Maria de Lurdes,o Pedrosa da casa pia, todos tb injustiçados em tribunal, o criado do Costa que afinal tb não é ingenheiro, o amigo barriga de aluguer, a ex-sogra do sócas etc. A família xuxalista qdo se junta é um espectáculo,
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Vi a entrevista e fiquei até ao fim à espera de que a locutora lhe fizesse uma pergunta que seria:
Já tem data marcada para o julgamento?
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Por favor deixem de tratar o sr. por engenheiro. Não pretendo questionar a legalidade da licenciatura obtida a um domingo, mas o título de engenheiro é concedido pela respectiva ordem profissional (já sei, corporativa à semelhança das restantes), e da última vez que verifiquei, o sr. não consta das listas de membros efectivos da Ordem dos Engenheiros.
Se querem mostrar alguma deferência pelo indivíduo então é começarem a tratar por sr. Sousa.
Raios partam a nossa comunicação social sempre cheia de “lambe-cus”.
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O que faz comichão aos Victor Cunha é que, seja para o ver entrar numa prisão seja para assistir a uma entrevista, toda a gente olha. Ninguém fica indiferente. Nem vocês.
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Estou a sentir uma grande tensão da sua parte. Deve assegurar que se alivia antes de escrever, MP.
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