Texto progressista para sexta-feira chuvosa
Nem sempre é fácil encontrar textos que definem o pensamento progressista. Por ter encontrado um que considero bastante exemplificativo, deixo aqui a sua tradução do original em Inglês, para que possam passar aos vossos amigos progressistas que, decerto, concordam com ele. Boa leitura.
Moralidade é um padrão que a sociedade criou para si própria para distinguir entre o “certo e o errado”. O que é então certo ou errado? Sobretudo, é tudo que conforma ou não com os diferentes sistemas de crenças que nos foram doutrinados pelas religiões durante dois mil ou mais anos.
Retirem-se os sistemas de crenças e deixam de existir certos ou errados. A maioria das acções são neutras, como comer, beber, sexo, caminhar, etc. Estas coisas não são nem boas nem más. Então e sexo inter-geracional, é errado? Bem, aqui chegamos novamente à palavra “errado”. Reparou como é fácil cair no julgamento de tudo através do sistema de crenças de “certo e errado”? Poderá então interrogar, que se causa dano, decerto tem que ser errado, certo? Escrevi propositadamente as frases anteriores para ilustrar o quão presos estamos ao julgamento pelo paradigma de “certo” e “errado”. Carregamos com esta forma de pensar, entre “certo e errado”, desde que somos crianças.
Quando não se usa o paradigma de “certo ou errado”, como se julga então seja o que for? Boa questão! Eu penso que a questão do julgamento moral tem que ser enquadrada de forma diferente: em vez de questionarmos se é “certo” ou “errado”, devemos perguntar antes se causa dano. Na minha opinião, essa é a verdadeira questão moral. De volta ao sexo e à intimidade, afirmei acima que são actividades neutras como comer ou beber. Como determino então que alguns actos sexuais não são aceitáveis, como violação, sexo não-consensual, etc? A questão a colocar deve ser então: causam dano?
A questão moral que devemos colocar a nós próprios é a da busca pelo dano ou pela sua possibilidade. Por exemplo, quando numa situação sexual acabamos a avançar uma mera fracção além do que é confortável para a outra pessoa, então vejo-o como um acto imoral que causa — ou pode causar — dano. Se penso apenas na minha própria satisfação sexual e ignoro o bem-estar do outro, não estou consciente das suas necessidades. Em tal situação, posso facilmente ir além do que a outra pessoa sente como confortável. Fazer amor ou ser íntimo é um jogo de equilíbrio com o bem-estar do outro.
Estou certo que concordam comigo que sexo não-consensual não é aceitável, que é uma violação da outra pessoa passível de causar dano psicológico ou de outro tipo. Se virmos bem, não estamos realmente a descrever um acto sexual e sim uma violação de outra pessoa — i.e. um acto de violência — em que o sexo é apenas a ferramenta usada para violar o outro. Tudo pode ser usado para violar alguém. No entanto, não podemos atribuir à própria ferramenta, ao sexo, o aspecto de culpa na situação. Este é o erro que é frequentemente feito através do paradigma de “certo e errado”, já que no pensamento religioso a maioria dos actos sexuais são classificados como “errados”. Isto reflecte-se nas leis, que são baseadas no antigo sistema de crenças de “certo e errado” e, consequentemente, sobretudo anti-sexuais e não anti-violência.
A nossa sociedade cometeu um erro básico há muito tempo. As religiões e os poderes instituídos estiveram sempre envolvidos em violência e continuam a estar. Ainda hoje procuram desculpas para as suas guerras e encarceramentos injustos. Então, levantando nuvens de fumo para esta violência, apontam os dedos ensanguentados a actos sexuais que não conformam com os seus paradigmas (i)morais ou com os sistemas de crenças. Caracterizam-os como errados e pecadores e, com esta atitude, lavam as mãos dos seus pecados de violência através da perseguição de inocentes.
Não há nada que cause dano em sexo consensual e intimidade. Pessoalmente, vejo sexo e intimidade como a glorificação do divino, porém vejo muito dano a ser causado pela nossa violenta sociedade. Actualmente, ainda se curva perante o passado para justificar o seu nojento comportamento violento.
Então, sempre que der por si a dizer os termos “certo” e “errado”, ou sempre que ouvir alguém a dizê-los, corrija e questione: “causa dano?” Esta é a verdadeira questão moral e, ao colocá-la, mudará a sua perspectiva moral.
© Gerald Moonen, 2006. Originalmente publicado no website da Ipce – International Pedophile and Child Emancipation
C’a nojo. Mas aina não abriram delegação cá
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Encontra alguma diferença na argumentação deste e a argumentação dos modernaços portugueses?
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Nenhuma- E de onde nasceram eles? Acaso não foi de dentro da ILGA?
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Claro. A única diferença em relação aos anos 70 é que a receptividade popular ao “progresso” era menor por necessitarem de obter subsistência. Com a generalização do ensino superior e a consequente absorção dos justiceiros sociais pela academia, disseminam a mensagem muito mais facilmente a uma sociedade dependente da segurança social e do subsídio. Ou seja, saíram da academia mais obscura para o espectáculo televisivo e entretenimento “humanista” do 1º mundo.
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Essa argumentação já eu a tinha lido em meados dos anos 70 ao Foucault
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Pois é. Isto começou tudo no marxismo cultural dos anos 70 e agora chegou à plebe.
Lembro-me de um outro texto do Foucault que até tinha uma entrevista por causa de uma violação a uma criança. E a ideia geral era que até os pais acabaram por admitir que tinha havido consentimento entre a criança e o ogre.
E ia jurar que foi publicada numa revista de Filosofia de cá, na altura liderada pelo Carrilho
ehehe
Ainda hei-de procurar isso. Estas coisas são mais bafientas que o dito bafiento salazarismo mas a gentalha escardalha acha que é progressismo.
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A teoria que defendia a merda chegou cá nos anos 70 por via francesa. Uma série de revistas altamente teóricos.
O curioso é que a teoria não mudou mas trocou de poiso e língua. Agora é anglo-saxónica- tem estudos de bio-ética em Cambridge e depois vai para a prática na Holanda e na Bélgica
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Na Assembleia da República um deputado do CDS indignou-se com salários de 12 000 euros nas agências de regulação.
Logo se levantou um deputado do BE (“Progressista”) a chamar ao deputado do CDS de Extrema -Direita demagógica.
E estamos nisto.
Há 40 anos atrás quem dizia o que o CDS diz hoje era esquerdista.
E quem defendia os salários milionários era a Direita.
Inverteram-se as posições políticas e o povo, em geral, não topa os de Esquerda porque é ponto assente que a Esquerda é boa e a Direita é má.
Oh larilas!
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É o internacionalismo socialista.
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Não está muito distante da aplicação de um certo «princípio da não-agressão» e da separação entre «moral» e «direito», que também nos desafia a pensar para além do bem e do mal…
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Uma pessoa corre o risco de se tornar marginal pelo facto de não ser religioso.
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Um “perigoso” texto a, encapotadamente, promover a pedofilia! Se nem sempre os critérios de “certo” e “errado” poderão funcionar em todas as situações, também o critério de “causar dano” não consegurá resolver todas as questões sobre a moralidade ou não moralidade das nossas decisões. Esse critério, a meu ver, passará sempre pela própria consciência bem formada.
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Tanto podia ter aparecido nesse site como num discurso dum qualquer presidente da AR.
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O que normalmente causa DANO a uns, causa PROVEITO a outros. Em que ficamos?
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Ficamos onde sempre estivemos: depende de quem tem o proveito, se domina os sindicatos, a função pública e os reformados. Aplica-se a muita coisa.
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Diria que depende de quem tem cracia.
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Ficamos na Gagá Land!
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É uma tentativa de racionalização muito básica. Então se se usasse este critério os divórcios estavam praticamente proibidos porque causa sempre dano a alguém. Ele bate-lhe, está errado porque causa dano. Ela divorcia-se para deixar de apanhar, está errado porque lhe causa dano a ele. Enfim… e se a leitura do texto me causar dano posso considerar que o autor errou ao publicá-lo…
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Ninguém disse que os “progressistas” não eram básicos.
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Mais marxista que isto é difícil de encontrar. Qual a diferença neste texto entre “ópio do povo” e “sistema de crenças”? Vai tudo dar ao mesmo; são filtros. Eles não desistem.Mesmo depois de ter desabado a URSS. Agora é a retoma através do “politicamente correcto” em substituição da luta de classes.
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Ora aí está . . . (essa aproximação marxismo ~ politicamente correcto
até tem a sua lógica, pela imposição à força do “dever de solidariedade”,
digo eu)
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Matar decapitar e esquartejar o gajo que produz esta diarreia é certo ou errado? não é uma coisa nem outra segundo ele próprio.
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Sobre certo e errado vou citar um personagem televisivo que pronunciou uma acertada frase.
Dr. House dirigia-se a um doente: “Ao contrário do que vos ensinam na escola há certo e errado. E a prova disso é que se eu errar no diagnóstico da tua doença vais morrer.”.
Para mim, esta singela frase do personagem interpretado por Hugh Laurie diz tudo.
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Imaginem o texto, e o autor, na terra do Czar e do Patriarca Ortodoxo…
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A Associação Martijn, fundada em 1981, defende os «contactos íntimos» entre adultos e menores a partir dos 12 anos, sempre e quando estes sejam prazerosos para as duas partes, não impliquem violência e não sejam feitos pelos seus pais.
Percebem agora o progressismo?
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Se a criança estiver a dormir ou drogada e não se lembrar não causa dano …
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Já reparei que os pedófilos encontraram na Extrema-Direita o seu porto de abrigo…
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Vai pró caralho, troll de merda.
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Ver blogue aberração jurídica sobre a abjecta defesa do “crime continuado” por parte dos deputados do PS. A norma, entretanto, já foi revogada. (Na minha opinião nunca chegou verdadeiramente a entrar em vigor, por ser inconstitucional. Nota: em Portugal, ao contrário do que é crença generalizada dos leigos, os tribunais NÃO PODEM aplicar normas inconstitucionais, mesmo que estas ainda não tenham sido declaradas como tal pelo TConstitucional. Perguntam: então quem é que decide se a norma é ou não constitucional? Ora… o próprio juiz do caso! Em cada caso que tem, o juiz não pode aplicar normas que considere inconstitucionais. Se uma das partes ou o MP discorda desse entendimento, há sempre recurso até lá acima. O Tribunal Constitucional sufragará então a posição do juiz – ou não.)
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Que caos.
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Isso de não haver certo ou errado chama-se relativismo moral e com isso tudo é permitido, até o canibalismo.
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A mim causa-me dano que se permita eutanasiar uma adolescente que sofre de depressão! Acho que está errado!
Arlindinho, nossa riqueza, serei um monstro de extrema direita? O Arlindo fica a fazer xixi às pinguinhas com a possibilidade de se ver ao espelho e encontrar lá o Arlindo de extrema direita (não se preocupe, é tão esparvoeirado como você).
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