vasco, pedro, weber e a riqueza das nações…
Vasco Pulido Valente é, sem qualquer hesitação, o tipo que há mais anos melhor pensa e melhor escreve na imprensa portuguesa. Há, porém, coisas em relação às quais nem a melhor inteligência é capaz de superar a formação provinciana da Universidade portuguesa dos anos 60. Aqui, nesta passagem da sua crónica de hoje do Observador, na qual Vasco insiste na leitura weberiana sobre o capitalismo e a religião («a Europa protestante, onde o capitalismo encontra um leito macio, e a Europa católica (Portugal, Espanha, França e a maior parte de Itália – a Grécia ortodoxa por definição não conta), onde a Igreja por séculos e séculos habituou as gentes à irresponsabilidade pessoal e à dependência do padre»), percebe-se que, afinal, ele não conseguiu ultrapassar a conversa de que a Igreja era uma coisa linear, apostada no obscurantismo das massas e no pauperismo das nações. Tivessem-lhe falado, nos bancos da Universidade, em Covarrubias, Molina, Suarez, Mariana, Azpilcueta e ele certamente faria, hoje, outra ideia sobre as origens do capitalismo moderno.
É, aliás, um registo muito semelhante, e eivado dos mesmos vícios, ao que tem feito, nos últimos anos, o meu amigo Pedro Arroja, para quem as conclusões sobre a influência do sentimento religioso no pensamento económico são, embora ele julgue que não, iguais às do VPV: o capitalismo não funciona nos países católicos, porque é coisa inventada pelos protestantes. Embora, no caso do Pedro, ele conheça muito bem os escolásticos de Salamanca. O que adensa mais ainda o mistério…
O Doutor Vasco Pulido Valente, além da licenciatura em Lisboa é Doutorado (Ph.D) por Oxford, onde residiu vários anos.
GostarGostar
E já leu o artigo dele sobre como gastou a bolsa de estudos em Oxford, publicado, vai para mais de vinte anos, na K?
GostarGostar
ehehehehe
GostarLiked by 1 person
Mas fez o doutoramento, em Oxford – uma das três grandes universidades mundiais. E fê-lo com Carr.
Na atmosfera de Oxford onde, numa semana o programa cultural suplanta o de Portugal inteiro.
Sobra pouco para o provincianismo que lhe assaca. Aliás, VPV não era o português típico: o seu avô, Prof. Doutor Pulido Valente, além de médico era um intelectual de mérito – e que viajava.
GostarGostar
E, aliás, acha que o Pulido Valente subscreve a tese de Weber? Parece-me apenas que regista o facto.
Quanto à escola de Salamanca está muito na moda. Infelizmente, para a moda, a economia de mercado moderna não nasceu da universidade.
Quanto à tese de Weber nunca consegui aderir, talvez por via de leituras de adolescência – onde apareciam os banqueiros de Lombard Street…
O que não quer dizer que Weber esteja totalmente errado, ou aqueles que lembram que a fronteira entre valões e flamengos são a fronteira do antigo império romano.
GostarGostar
O senhor deve andar com problemas de exegese literária, porque anda por aqui a tresler. Mas, por acaso, o texto menciona, quanto mais qualifica, em algum sítio, a Universidade de Oxford? O senhor é que se pôs para aí a falar dela. Ou chamou «provinciano» ao VPV? Era à formação dada, pelos idos de 60, na Universidade portuguesa, senhor!
E, já agora, quanto ao avô do VPV, tocava piano e falava francês?
GostarLiked by 1 person
> Doutorado (Ph.D) por Oxford
Lá vem outro com o ‘ad hominem’. É escusado vir com o passado escabroso do homem.
Dentre a quantidade de asnos que por lá dissertaram as maiores asneiras, não é decerto o pior, e até escreve umas coisas divertidas nos jornais.
É um bocado progressista auto-flagelado, mas aí não há nada a fazer, é feitio.
GostarLiked by 1 person
Estará a confundir as faculdades, certamente.
GostarGostar
Quem leu, ao longo de anos, o que este homem escreveu sobre si e a sua família, logo compreende que ele não é mais que um ‘saloio’ que viveu na cidade e andou, sempre, a disfarçar a deficiência. Cavaco Silva, igualmente ‘saloio’, nunca disfarçou o que era.
Como ‘saloio’ embasbaca-se com a História. História que ele nem sabe apreciar, nem comentar. É tão fácil ‘arrasar’ os pulhas, sobretudo quando se vive, desde puto, no universo da pulhice. Desde criança viveu dentro da ‘sinistra’ e, por ela, foi formado — um aleijadito. Formaram um puto de alma aleijada. Claro que os aleijados são úteis, para se poder saborear os que são bem formados.
Seu parente (Prof. Francisco Pulido Valente) era um homem que sabia ‘umas coisas’ de medicina. Usava uma arrogância ordinária, suja, para lidar com os ‘outros’, até com os seus Pares. Ele era o enviado. Ter sido exonerado por Salazar, como dezenas de outros académicos, só lhe foi benéfico: deixou de ter que aturar as intrigas da faculdade e passou a ter o consultório cheio porque ‘era do contra’.
GostarGostar
Eles reduzem a Holanda ao calvinismo e esquecem que por lá houve muito mais variantes – como o arminianismo do Grócio e o poder político pragmático sobrepunha-se ao “multiculturalismo religioso”.
GostarGostar
Mas o capitalismo funciona muito bem em Espanha… Vêm daí os crescimentos d emais de 3% ao ano dos últimos anos.
GostarLiked by 1 person
Os Espanhóis não tiveram Governo durante uma data de tempo por isso cresceram.
GostarGostar
VPV é um tipo brilhante e conhece bem o pântano.
Com mais religião ou menos religião os ladrões vão roubando quanto podem e podem muito.
As leis foram feitas para os protegerem e os seus advogados conhecem bem a cartilha. Por isso eles andam aí nas calmas e ainda arrotam por fora. Dou só um exemplo entre muitos.
Factura da electricidade:
– 7% de Taxa para a RDP e RTP (para que os jornaleiros possam receber 17.000 e mais €/mês);
– 3% são a harmonização tarifaria para os Açores e Madeira, ou seja, é um esforço que o país (TODOS NÓS) fazemos pela insularidade, dos madeirenses e açorianos, para que estes tenham electricidade mais barata.
– 10% para rendas aos Municípios e Autarquias. Renda sobre os terrenos, por onde passam os cabos de alta tensão.
– 30% para compensação aos operadores. EDP, Tejo Energia e Turbo Gás.
– 50% para o investimento nas energias renováveis. Aqueles incentivos que o 44 deu para o investimento nas energias renováveis e que depois era descontado no IRS, também o pagamos. Ele sabia o que fazia.
– 7% de outros custos incluídos na tarifa, Custos de funcionamento da Autoridade da Concorrência, custos de funcionamento da ERSE (Entidade Reguladora dos Serviços Eléctricos), planos de promoção do Desempenho Ambiental da responsabilidade da ESE e planos de promoção e eficiência no consumo, também da responsabilidade da ERSE. – Para nomeação de uns tantos boys que ganham… ganham… para inventarem como podem sugar mais e mais
Querem mais? Onde houver dinheiro aparece um ladrão, um advogado para o defender, uma data para prescrever. Há alguma esperança para o sítio destes? Há sim a esperança da parte deles para nos distrair do essencial e nos esfolar vivos geração após geração.
As leis protegem-nos. Por isso eles andam aí nas calmas, dão entrevistas e ainda arrotam por fora. O espectáculo é degradante tendo em conta as virgens ofendidas.
GostarLiked by 4 people
Penso que a questão se coloca mais ao nivel da influência das igrejas no poder politico, que promove mais facilmente a captura e dominio dos agentes economicos pelas corporaçoes instaladas.
Os regimes tornam-se “capitalismos de estado” onde o poder politico, por via da regulamentaçao, distribui o grosso dos beneficios por grupo restrito de entidades.
Apesar de alguma ilusao de liberalidade, há um controlo central da economia pelo estado.
GostarGostar
http://observador.pt/opiniao/tristezas/
Parece que ele ficou triste como verme cenoura sem paio… Mas alguém ainda esperava algo de jeito desse verme nojento?
GostarGostar
As igrejas há muito deixaram de ter influência sobre os aspectos mais relevantes do Estado.
GostarLiked by 1 person
O acreditar na Politica substituiu o acreditar na Religião desde o séc XIX
A Política substituiu a Igreja.
E os Jornalista é guardião da moral que constroí a Overon Window https://en.wikipedia.org/wiki/Overton_window substituindo o Padre.
O Telejornal substituí a ida à Igreja.
A SIC Notícias é um canal religioso, proselitista, existe para promover a religião oficial no Ocidente do Séc.XXI: existe para fazer as pessoas acreditarem na Política.
GostarLiked by 2 people
Overton window.
GostarGostar
Esta sua observação, LL, tem fundamento. Permita-me.
Em Portugual fora das grandes cidades e esquematicamente claro, temos o Sul em que prevalece um formato de fé política, laica, pragmática, vivenciada como que uma muito respeitada religião.
A Norte constata-se um certo tipo de militância religiosa, típica de meios transmontanos, insubstituível mesmo quando exposta a outras, agressivas, militâncias laicas.
Ambas pressupõem enraizadas hierarquias sociais.
Nas cidades, em ambiente culturalmente mais pulido, um valente escriba obrigará sempre a sua inegável presença. Nem é obrigatório concordar. Sem prejuizo de que na província se encontram, também, “refugiadas” magníficas almas. Saudações.
GostarGostar
VPV precisa de um pouco de lições de história! :))))
Por exemplo os Bancos começaram em Itália por definição o país mais Latino e sede da Igreja Católica.
O Banco mais antigo do mundo é o Monte dei Paschi di Siena fundado em 1472.
Os Florentinos, os Genoveses, Venezianos. forem sempre grandes comerciantes.
E a Itália sempre foi definida pelo Individualismo do seu Capitalismo. A pequena empresa que consegue vender um produto milhares de km de distância antes da globalização,e que é excelente no seu pequeno domínio de know how.
GostarGostar
http://www.newyorker.com/magazine/2017/03/20/are-liberals-on-the-wrong-side-of-history
Samuel Johnson’s eighteenth-century parable “Rasselas,” a Persian prince asks a philosopher, Imlac, an essential question:
“By what means,” said the prince, “are the Europeans thus powerful? or why, since they can so easily visit Asia and Africa for trade or conquest, cannot the Asiaticks and Africans invade their coasts, plant colonies in their ports, and give laws to their natural princes? The same wind that carries them back would bring us thither.”
“They are more powerful, Sir, than we,” answered Imlac, “because they are wiser; knowledge will always predominate over ignorance, as man governs the other animals. But why their knowledge is more than ours, I know not what reason can be given.”
…Joel Mokyr is an economic historian at Northwestern, and “A Culture of Growth,” though rather plainly written, is a fascinating attempt to answer that essential question. He reminds us that the skirmishing of philosophers and their ideas, the preoccupation of popular historians, is in many ways a sideshow—that the revolution that gave Europe dominance was, above all, scientific, and that the scientific revolution was, above all, an artisanal revolution. Though the élite that gets sneered at, by Trumpites and neo-Marxists alike, is composed of philosophers and professors and journalists, the actual élite of modern societies is composed of engineers, mechanics, and artisans—masters of reality, not big thinkers.
The real upheavals in minds, he argues, were always made in the margins. He notes that a disproportionate number of the men who made the scientific and industrial revolution in Britain didn’t go to Oxford or Cambridge but got artisanal training out on the sides. (He could have included on this list Michael Faraday, the man who grasped the nature of electromagnetic induction, and who worked some of his early life as a valet.) What answers the prince’s question was over in Dr. Johnson’s own apartment, since Johnson was himself an eccentric given to chemistry experiments—“stinks,” as snobbish Englishmen call them.
As in painting and drawing, manual dexterity counted for as much as deep thoughts—more, in truth, for everyone had the deep thoughts, and it took dexterity to make telescopes that really worked. Mokyr knows Asian history, and shows, in a truly humbling display of erudition, that in China the minds evolved but not the makers. The Chinese enlightenment happened, but it was strictly a thinker’s enlightenment, where Mandarins never talked much to the manufacturers. In this account, Voltaire and Rousseau are mere vapor, rising from a steam engine as it races forward. It was the perpetual conversation between technicians and thinkers that made the Enlightenment advance. TED talks are a licensed subject for satire, but in Mokyr’s view TED talks are, in effect, what separate modernity from antiquity and the West from the East. Guys who think big thoughts talking to guys who make cool machines—that’s where the leap happens.
(…)
Demonstra mais o vez o desastre que as revoluções são, incluído o 25 de Abril separando o artistas da economia, os pensadores do criadores.
Mais uma citação do texto para explicar o 25 de Abril e como o crescimento económico da da Ditadura provou o 25 de Abril e o sustentou devido à baixa dívida:
Tocqueville’s most brilliant insight(…) was that revolutions are produced by improved conditions and rising expectations, not by mass immiseration…
GostarLiked by 1 person
O texto omite a Universidade de Oxford – que seria relevante na formação de qualquer pessoa.
Já dou de barato o provincianismo da universidade portuguesa – presumindo que se refira ao marxismo reinante na década de sessenta, a par com o provincianismo regimental.
Quanto ao Prof. Pulido Valente, creio que falava francês e alemão. Não sei se tocava piano.
GostarGostar
O Sr. Pedro Arroja faz-me pena.
Vou rezar por ele. Estamos na Quaresma, não se os senhores senhoras blasfemas e e ateus sabem disso…
GostarGostar