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25 de Abril de 2017

24 Abril, 2017

Carnation isolated on white background

Chegou aquela altura do ano. Aos 43, ainda restam alguns anos até que a menopausa aniquile a vontade de se relacionar com ele com genuíno entusiasmo. Passou tão depressa. Para já, está no que considera ser o pico sexual, desprovida de pruridos, disposta a experimentar novas posições e, bolas, antes que mude de ideias, o tal ménage à trois que ele acabou por confessar que há muito desejava. São adultos, estão juntos há tanto tempo, não faz qualquer sentido sentirem ciúmes por algo que nem sequer envolve afectos, que não passa de luxúria inconsequente.

Ah, mas os miúdos… Sempre com problemas. Tiram a vontade a qualquer um. Não há contraceptivo mais eficaz que os dispositivos extra-uterinos que dormem no quarto ao lado. Deviam passar um fim-de-semana a sós, sem filhos. Um restaurante agradável, nada de fast food e happy meals, uma refeição sem brinde de plástico e uma garrafa de vinho para os dois. Este mês não dá: há o torneio de futebol e, no Domingo, as compras para a mãe dele, que foi operada à anca. Para o próximo também não, que é o da certificação lá na repartição e terá que trabalhar horas extraordinárias. Depois vê-se. Agora é que era bonito, que é Primavera. Talvez no Verão.

Não é que sejam infelizes, mas discutem muito. Falam muito e escutam pouco. Um dia que os filhos saiam de casa, continuarão juntos? É cedo para saber, ainda são pequenos. Mas, depois, será tarde para arranjar outro, não? Para se apaixonar outra vez? Além de que é uma canseira e as feições começam a enrugar, além do cabelo, o que exige tinta semanal para afastar as raízes brancas como cal. Não se pensa nisso. Espera-se que corra pelo melhor. É confortável acreditar que ficarão sempre juntos, nem que a paixão esmoreça.

Festeja-se o aniversário, que os miúdos ficam contentes, mesmo que não apeteça lá muito. O que saberia bem mesmo era passar o dia no sofá sem que ninguém chateasse.

31 comentários leave one →
  1. Alain Bick permalink
    24 Abril, 2017 11:45

    adaptação
    ‘ na vida sum viandante
    há sempre uma revolução que passa
    só tu passaste impante,
    causate a nossa desgraça’

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  2. 24 Abril, 2017 12:57

    As primeiras fodas até foram perfeitas, inesquecíveis. Algumas posteriores também. Sem preservativos. Surgiram duas gerações magníficas.
    Mas há quem, nostálgico, ainda prefira usar ceroulas na Primavera, no Verão e durante a foda. Com preservativos ou só de quando em quando, como o Morgado, para fazer filhos. Admiradores destes ainda os há.

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  3. piscoiso permalink
    24 Abril, 2017 14:15

    Olhe, a 5 de Outubro comemora-se a implantação da República, que já tem a bonita idade de 107 anos, apesar de haver bastantes monárquicos. O 25 de Abril ainda é um jovem, nem meio século tem. Ainda há fascistas? Claro que há. Fazem parte do folclore.

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    • 24 Abril, 2017 14:19

      Duvido que hajam “bastantes” monárquicos.

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    • 24 Abril, 2017 14:36

      Se você estivesse atento perceberia que há mais fascistas agora do que antes. Mas, pronto, prefere sair despenteado à rua.

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      • piscoiso permalink
        24 Abril, 2017 14:56

        Acredito que a sua rua ande cheia de fascistas penteadinhos.

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      • 24 Abril, 2017 19:29

        Só aqui no blasfêmias há buè

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      • 24 Abril, 2017 20:18

        Eu sei, a gente topa-os pelo avatar.

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      • Euro2cent permalink
        24 Abril, 2017 23:00

        > há mais fascistas agora do que antes.

        A coisa mais verdadeira já aqui escrita.

        Em 1974, o país era anti-salazarista.

        Agora não.

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      • Tiradentes permalink
        25 Abril, 2017 05:14

        Os fascistas de amanhã se chamarão de anti-fascistas (Winston Churchil)
        Com a quantidade de “anti-fascistas” fora das ruas do VC as palavras dele são proféticas

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    • Democrata com larga experiência — Vende-se permalink
      24 Abril, 2017 15:03

      Concordo com o comentário de MJRB. Nomeadamente no que toca à qualidade.

      Quanto aos seus comentários mais recentes, e não menosprezando a questão estética aflorada pelo autor, parece-me que o senhor está a tentar lançar algo que me apetece designar como »iliteracia caviar«.

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      • 24 Abril, 2017 15:40

        Quando saboreio excelente caviar esqueço-me de tudo mais, inclusivé ocasional iliteracia.

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      • Democrata com larga experiência — Vende-se permalink
        25 Abril, 2017 00:13

        Caro MJRB,

        O problema é que, como escrevi acima, a quase totalidade dos recentes comentários do Sr. Piscoiso tendem para a tal »iliteracia caviar«. Problema nada ocasional.

        E atrevo-me a desconfiar que, no caso do Sr. Piscoiso, é mais sucedâneo do que um carregado Ossetra.

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    • 25 Abril, 2017 02:18

      Hoje é o dia de Natal dos comunistas.

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  4. 24 Abril, 2017 15:44

    VCunha,

    (…)”há mais fascistas agora do que antes”. Esse “antes” é, quando ?

    Quanto aos “penteadinhos”, Piscoiso 1 – 1 VCunha.

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    • 24 Abril, 2017 15:46

      Venha o cabeleireiro/a para desempatar.

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    • 24 Abril, 2017 15:46

      “Antes” é quando o Piscoiso não usava o termo.

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      • 24 Abril, 2017 16:03

        Se não é ingerência minha a mais no vosso penteado, é “antes”, ou depois do 25 de Abril de 1974 ?

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      • 24 Abril, 2017 16:06

        Depois. Em 2005 morreram os fascistas, em 2011 ressuscitaram em força. Agora estamos naquele ponto em ainda dá gozo usar a palavra quando achamos que quem a ouve sabe tanto disso como nós.

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  5. 24 Abril, 2017 16:17

    VC, 16:06,

    2005-2011: sempre o JSócrates como charneira, epicentro, porra ! Duvido que “o menino de ouro do P’S'” aguente tanta desconsideração e crescentes acusações…

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  6. Arlindo da Costa permalink
    24 Abril, 2017 17:02

    O 25 de Abril ainda está com as hormonas a pinchar e numa fase perigosamente reprodutiva.

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  7. 24 Abril, 2017 17:07

    Para o Vitinho com amor e carinho

    António de Oliveira Salazar.
    Três nomes em sequência regular…
    António é António.
    Oliveira é uma árvore.
    Salazar é só apelido.
    Até aí está bem.
    O que não faz sentido
    É o sentido que tudo isto tem.
    Este senhor Salazar
    É feito de sal e azar.
    Se um dia chove,
    O sal,
    E sob o céu
    Fica só azar, é natural.
    Oh, c’os diabos!
    Parece que já choveu…
    Coitadinho
    Do tiraninho!
    Não bebe vinho.
    Nem sequer sozinho…
    Bebe a verdade
    E a liberdade.
    E com tal agrado
    Que já começam
    A escassear no mercado.
    Coitadinho
    Do tiraninho!
    O meu vizinho
    Está na Guiné
    E o meu padrinho
    No limoeiro
    Aqui ao pé.
    Mas ninguém sabe porquê.
    Mas enfim é certeiro
    Que isto consola
    E nos dá fé.
    Que o coitadinho
    Do tiraninho
    Não bebe vinho
    Nem até
    Café.

    Fernando Pessoa

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  8. 24 Abril, 2017 17:18

    retriver,

    esse poema é do génio MAlegre que o escreveu com 3 anos de idade ! Um dia veio com os pais a Lisboa, deixou-o à porta do Palácio de São Bento. O polícia de giro encontrou-o, leu-o e entregou-o ao chefe. Este era comensal habitual do Martinho da Arcada, mostrou-o ao FPessoa e este publicou-o como se fosse o autor.

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  9. Rocco permalink
    24 Abril, 2017 22:12

    Esta gaja é a São? Diminutivo de Revolução d’Abril? Está cada vez mais acanaviada, parece muito mais velha, já só os que não arranjam melhor lhe pegam, e é uma vez por ano…

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  10. Barão Marquês permalink
    24 Abril, 2017 22:58

    Os que celebram o 25 de Abril como se de um fóssil de estimação se tratasse, acabam por nega-lo feitos autênticos fósseis.
    Como se esse episódio não tivesse acontecido naquele dia, nunca mais seriamos capazes de sacudir a carapaça.
    Empedernidas, agrilhoadas e sombrias estátuas.

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  11. licas permalink
    25 Abril, 2017 08:04

    SEMPRE !

    Naquela leda ilusão
    D´habitar o Paraíso,
    Afinal falta de sizo
    Já que escassiava o pão:
    Nem toda a gente o comia
    Muita fome e agonia.

    De escassez basta havia,
    Salazar é quem mandava
    A Economia travava,
    Nesta terra calma e pia:
    Indústria condicionada
    CUF, Mellos e mais nada.

    Os sabões do Ultramar
    Mais os óleos da Guiné
    A Agricultura até
    Era a horta e o pomar:
    Assim íamos vivendo
    Com poucas ambições tendo.

    O vinte cinco d´Abril
    Nem tudo trouxe acessível
    A coisa é discutível,
    Livou-nos da vida vil?
    Pois há quem de tal duvide:
    Não chega matar a PIDE. . .

    licas fecit

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  12. carlos alberto ilharco permalink
    25 Abril, 2017 08:35

    Hoje a senhora doutora Paula Ferreira EDITOR-EXECUTIVA-ADJUNTA no Jornal de Notícias, chama fascista à Le Penn.
    Ontem comendo uns caracóis com uma amiga ela chamava-lhe nazista.
    Estas duas senhoras no tempo do fascismo e do nazismo andavam de fraldas e alimentavam-se a biberão.
    Pessoas com menos de 40 anos o 25 de Abril é igual ao 5 de Outubro e ao 1º de Dezembro.
    É um feriado para aproveitar da melhor maneira.
    Continua a haver o folclore dos desfiles este ano sem tesão porque não há reclamações.
    Nunca acabará, ninguém deita fora um feriado que este ano de canonizações, deu o milagre de calhar numa segunda-feira.
    Mais uma ponte 25 de Abril.

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