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Eucaliptofobia em força

19 Junho, 2017

Com a simpática tentativa levada a cabo pelo governo e seus gabinetes — a que normalmente chamamos “comunicação social” — para nos explicar que é perfeitamente normal encerrar uma estrada dando como alternativa um fogueiro onde as pessoas acabam por morrer, veio também um excesso de explicações (perfeitamente plausíveis) para a catástrofe, como a estreia de uma trovoada sem chuva em Portugal, a desvinculação dos Estados Unidos do tratado de Paris, o excesso de vacas que comemos, o de-vez-em-quando-tem-que-ser da senhora que recebeu o dom divino de Sócrates (refiro-me ao pénis) e, a minha preferida, os eucaliptos.

A eucaliptofobia é uma doença. Tem que ser combatida. Não compete ao Estado defender qualquer forma de discriminação na flora. Se uma árvore quer reproduzir-se ou abortar é da sua inteira responsabilidade, ninguém tem nada a ver com isso. Esta mania de tratar árvores pela sua espécie indica um país preconceituoso, ainda dominado pelo heteropatrarvorado ultramontano que nos afasta do progresso.

Exijo ao PAN uma tomada de posição. O eucalipto também é árvore e, consequentemente, também é gente.

40 comentários leave one →
  1. Alain Bick permalink
    19 Junho, 2017 17:50

    ardem os pinheiros
    culpam os eucaliptos.

    na biblioteca da AR há documentos cientificos que desmentem esta fobia.
    já tive fotocópias em meu poder há 25 anos

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    • 19 Junho, 2017 22:40

      Meu caro.

      A mim basta-me uma questão simples. Se o eucalipto é australiano, se a Austrália é um continente quente, a autocombustão dos eucaliptos é um facto ou é uma falácia?

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  2. 19 Junho, 2017 18:28

    Bem, se não fossem os “mirones” (como lhes chamaram) que se enfiaram na estrada, o incêndio tinha feito 16 mortos…

    Estranho como nem um jornalista questiona isto.

    Quem foram então os tais mirones que anunciaram logo que tinham morrido para irem ver para a estrada?

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    • 19 Junho, 2017 19:22

      O Paulo Baldaia diz que a culpa é nossa. Para ouvir isso ia à missa de um padre velho, ouvir falar do Pecado Original.

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    • 19 Junho, 2017 22:48

      Eram mirones e curiosos quando eram “apenas” 19 mortos. Depois, como o número aumentou muito, deixaram cair a teoria da “curiosidade que matou o gato” e falaram em “turistas”. Sei de pessoas que eram de Lisboa, Sesimbra, Loures e estavam lá a passar o fim-de-semana e isso o que interessa? Querem passar a ideia de que eram turistas, não conheciam as estradas, enganaram-se no caminho e morreram, é isso? E as 11 pessoas de Pobrais, que fugiram da aldeia de carro e morreram na estrada? Anda mas é muita gente com responsabilidade no assunto que está com o cú tão apertadinho que nem piam.

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  3. 19 Junho, 2017 18:29

    Incluem-se nos mirones os viajantes que foram desviados pela GNR para a mesma estrada onde morreram essas 47 pessoas?

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    • 19 Junho, 2017 22:39

      Até já disseram que não morreram todos queimados ou asfixiados, mas alguns atropelados (?!?!)

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      • sam permalink
        19 Junho, 2017 23:43

        É bem possível. A pouca visibilidade aliada à atrapalhação originada pelo pânico resultou em vários despistes e choques entre veículos. Dos que conseguiram (e quiseram) sair dos carros acidentados, alguns terão sido vítimas de atropelamento por parte de outros automóveis que procuravam furar a todo o custo.
        Pode-se comparar de certa maneira àqueles choques em cadeia sob intenso nevoeiro que de vez em quando se produzem.

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      • 20 Junho, 2017 00:13

        Claro que sim, atropelados. A culpa é sempre das vítimas. Atropelamento é perfeito, dá para distribuir as culpas por todos. Até podem “descobrir” (através de entrevistas a carbonizados) de que se tratavam de mirones curiosos.

        Qualquer jornalista substitui o médico legista.

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      • sam permalink
        20 Junho, 2017 00:44

        Esperemos então as autópsias para ver se os mortos morreram.

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  4. Carneiro permalink
    19 Junho, 2017 18:44

    A culpa é das pessoas que decidiram viver num local daqueles tão perigoso. A Senhora Ministra não pode ter um Bombeiro de serviço para cada cidadão estúpido que decide viver num local daqueles. As pessoas têm locais muito mais seguros para viverem. Muito já faz ela com os radares de excesso de velocidade. Uma Ministra não pode fazer tudo. Deixem a mulher em paz, caramba. Cambada de cretinos, nunca hão-de reconhecer qualidade governativa. Por isso é que este país não vai para a frente.

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    • 19 Junho, 2017 18:50

      A questão é que dos 63 mortos a maioria nem vivia “naquele local”

      Continuo sem perceber a irracionalidade dos portugueses que não fazem a pergunta mais básica:

      Porque é que morreu tanta gente naquela estrada?

      Que estrada era aquela que nem fica em Pedrógão e porque morreram nela viajando nos 2 sentidos?

      Há, pelo menos, dois testemunhos de quem escapou que conta:

      Foram desviados para lá pela GNR e iam apenas de viajem e nunca se meteriam naquele inferno se a polícia os não tivesse desviado para lá.

      Resta saber a que horas isso aconteceu e quantas depois da famosa notícia (da qual também nunca mais se falou) logo no início- no ´sabado- que a maioria eram mirones dos mortos que tinham ido ver o fogo

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      • 19 Junho, 2017 18:50

        64, pelos vistos.

        64 mortos sendo 47 os que morreram numa única estrada fora da povoação.

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      • 19 Junho, 2017 19:26

        Ontem passei o tempo a pensar nisso. Como me sentiria se fosse eu o GNR a receber a ordem de os desviar para ali?

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      • 19 Junho, 2017 19:43

        Seintia-se como um calhau com olhos. E foi um calhau que mandou desviar.

        Resta saber quantas horas depois do incêndio deflagar.
        E qual a razão para não terem prevenido ninguém.
        SIRESP abaixo?

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      • Carneiro permalink
        19 Junho, 2017 22:44

        1. Da questão da GNR o que percebi dos testemunhos que ouvi é que a GNR impediu a passagem por determinada estrada e as pessoas escolheram a fatal. Fiquei na dúvida se haveria outras hipóteses – como voltar para trás, por exemplo. Interpreto o contexto como uma intenção de seguir em certa direcção, o que secundarizou a hipótese de voltar para trás. A recomendação por parte da GNR para se meteram por aquele caminho não ficou clara para mim.

        2. Claro que quem morreu vivia naquele local. O sarcasmo era esse. As pessoas têm o direito de viver onde escolhem, não é o Estado que as faz migrar.

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  5. Carneiro permalink
    19 Junho, 2017 18:46

    Daqui vai um abraço fofinho para a Senhora Ministra, que o Senhor Presidente certamente por descuido ainda não lhe deu um bem apertado em frente das camaras de TV. (que eu tenha visto)

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  6. 19 Junho, 2017 19:06

    Prevejo que no relatório final e oficial desta catástrofe, o caso da estrada onde morreram 47 pessoas surja muito mal “explicado”. Culpados ?– “ninguém”.

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  7. Arlindo da Costa permalink
    19 Junho, 2017 19:26

    Se você gosta de eucaliptos não se esqueça de os plantar à porta de sua casa. Ou então peça à sua autarquia para arborizar a sua rua com tão nobre plantio…

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    • 19 Junho, 2017 19:27

      Os eucaliptos bebem mais água que o Arlindo. Devia experimentar eucaliptar-se um bocado.

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      • 19 Junho, 2017 22:35

        O Arlindo, em vez de água, prefere estrume: come-o às pazadas!

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    • 19 Junho, 2017 22:43

      Até fazia uma plantação, caso os deseucaliptados, me deixassem, mas parece que não se pode fazer plantações onde queremos…

      Ó arlindo pá mete ai uma cunha na tua concelhia para me deixarem plantar um eucaliptos.

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    • Carneiro permalink
      19 Junho, 2017 22:50

      Ai, Arlindo, caraças…..dizes cada parvoíce…. és tão poucachinho……A tua infância deve ter sido li9xada, com os outros miúdos todos a gozarem com o tijolo da turma.. De certeza que não és aquele que aparece nas manifs dos indignados com um coelho pendurado, revelando desse modo, a subtileza e a profundidade do teu pensamento político ?

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  8. Raghnar permalink
    19 Junho, 2017 19:29

    Só falta vir um responsável político afirmar que “é a vida normal num pequeno país” e que “temos de nos habituar” e está a narrativa completa…

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  9. 19 Junho, 2017 19:34

    VCunha,

    houve mesmo uma inesperada trovoada seca oriunda de Espanha (veja imagens colocadas no SAPO há 30 minutos). E não foi nenhuma “estreia de trovoada sem chuva em Portugal. Esse tipo de trovoada pode gerar incêndios. Como aconteceu.
    Quanto à desvinculação dos EUA do Tratado de Paris, claro que o Trump é que sabe, ele sabe tudo e a culpa da alyteração (e aquecimento) do clima é treta “dos chineses”…

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    • 19 Junho, 2017 19:37

      Não sou climatologista, mas garanto que já vi várias trovoadas secas, que só o são pela baixa humidade relativa. Nada disso – e é duvidoso, pelos relatos de locais que tenha acontecido – explica que se desvie gente de uma estrada de 4 faixas para um sinuoso pinhal de 2.

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      • 19 Junho, 2017 19:56

        Também não é novidade para mim presenciar (sob baixa humidade) uma trovoada seca, duas delas com raios.
        Houve gente que na área em que o incêndio começou não soube da trovoada ? Não acredito. Ou então, são surdos.

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      • 19 Junho, 2017 20:07

        Não tenho aqui link, decerto que alguém o facultará. Sobrevivente explica que ouviu trovoada mas distante, “para os lados da Sertã”.

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  10. 19 Junho, 2017 20:03

    Ó c’um carago ! Hermínio Loureiro ex-presidente de câmara de Oliveira de Azeméis, ex-presidente da Liga de Futebol e actual vice da FPFutebol, mais o actual presidente de OAzeméis, detidos pela PJ. Abuso de poder, peculato, etc.

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  11. lucklucky permalink
    19 Junho, 2017 20:06

    Esta é a frase principal:

    “…tentativa levada a cabo pelo governo e seus gabinetes — a que normalmente chamamos “comunicação social”

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  12. 19 Junho, 2017 20:36

    VCunha,

    conheço relativamente bem aquela zona, a Sertã ou Cernache não fica muito longe de Pedrógão. Ouve-se bem uma trovoada “distante”, mesmo para além da Sertã.
    Acresce que uma trovoada seca (exemplo, no sábado com aquele clima isento de interferências sonoras embora haja por lá uma rota aérea mas muito alta) tem um impacto sonoro diferente e mais intenso se comparada, surgida com tempo chuvoso.
    Houve mesmo trovoada seca, acredite. Até na zona norte do Ribatejo foi audível.

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  13. A. R permalink
    19 Junho, 2017 21:06

    A notícia saída do governo vai ser “fogo passou e deixou 64 mortos”: à maneira da BBC

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  14. Euro2cent permalink
    19 Junho, 2017 21:43

    > senhora que recebeu o dom

    alegada, alegadamente – não há provas, e há muito quem duvide de ambas as coisas.

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  15. sam permalink
    20 Junho, 2017 10:09

    Se alguém quiser ter uma pálida ideia do que se deve ter vivido naquela estrada:
    https://www.liveleak.com/view?i=eb0_1442390654

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  16. O Patriarca permalink
    22 Junho, 2017 03:56

    “As árvores”??? Estás a assumir o género dys eucaliptxs?

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