Mais respeito, se faz favor
Iniciamos a manhã com o anúncio da morte do tenente-coronel Arnaud Beltrame, o policia que substituiu uma refém no sequestro terrorista de Carcassonne de ontem. Os epitáfios dirão que foi um herói, o que só indica o estado decrépito da ética europeia: o homem cumpriu a sua função, executou o seu trabalho com zelo, dedicação e perdeu a vida, como a um militar compete, por inerência da sua função, não por heroísmo.
Ouve-se constantemente que o bombeiro Sicrano e o polícia Beltrano foram heróis após se colocarem em situação de perigo. Já os que foram mandados para o Ultramar são uns bandidos para a esquerda pensante (adoro oxímoros).
Só um mundo asfixiado na sua própria banha de confortavelmente infantilizado poderia achar que lidar com a sujidade, com tudo o que é feio, com a ameaça à paz, com a revolução, é um acto de heroísmo. Não é: é uma necessidade. Tratar o tenente-coronel como herói é desrespeitar o que estes homens representam, porque não representam heroísmo, representam a obrigação que têm para com os outros, os seus compatriotas e os seus companheiros, os que sobrevivem para escreverem romances de Facebook.
Mais respeito, se faz favor.
os canalhas nunca morrem no desempenho das suas disfunções
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Muito bom post.
Acho particularmente delicioso “esquerda pensante (adoro oxímoros)”. De facto ser de esquerda e ser pensante é uma contradição insanável.
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Não me consta que haja filas de voluntários para substituírem reféns.
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Excelente, Vítor Cunha. Excelente!!
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Há duas coisas que me apraz dizer em relação a este polícia. Uma já o afirmei noutro local. Enquanto é de louvar o acto de profissionalismo do polícia em causa, seria primeiro necessário conhecer o refém que ele substituiu. Se fosse um defensor da vaga migratória para a Europa e um apoiante de vigílias à luz das velas e acérrimo combatente contra a islamofobia, o polícia fez mal em o substituir. Por um lado o refém estava precisamente onde sempre desejou estar, por outro lado o polícia corre o risco de ser acusado de islamofobia por combater actos terroristas em curso através da mentira e subterfúgio, próprios das medidas anti-sequestro que qualquer polícia aprende na academia.
A segunda coisa é que este polícia vai ter dois funerais. Um, nós conhecemos bem. É o funeral circense em que o polícia é vestido de palhaço e exposto para as multidões largarem as suas lágrimas de crocodilo. Isto é, até ao próximo argelino ser abatido a tiro nas ruas de Paris enquanto disparava contra a polícia. Aí somos lembrados que os polícias são uns porcos. Este funeral que o Vitor Cunha chama a atenção de forma magistral já o estamos a ver nos media. O outro funeral, esse é o que os seus colegas lhe vão fazer. A bandeira francesa, a salva de tiros, a fotografia e o nome para sempre lembrado de mais um combatente caído. Um militar e um irmão. Esse funeral é o que qualquer polícia deseja quando lhe entregam a farda pela primeira vez. O outro funeral, esse o pobre desgraçado não se conseguiu livrar.
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É uma realidade, este novo pensar decrépito europeu que acha que em vez de combatermos os inimigos que nos juraram a morte, devemos acomodarmos ao “seu estilo de vida” e subsidiar-lhes a vidinha com dinheiro e casinhas após o retorno da Síria onde mataram e degolaram em nome do estado islâmico. Este pensar europeu medroso está aos pouco a por em risco a vida de todos os europeus como os que ontem morreram em França.
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Quem nunca fez serviço militar, poderá pensar doutra maneira. Este irmão de armas fez o que lhe competia, pensou no próximo.
Honra e glória
Mais que isto é conversa de pocilga.
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Vá lá que, atendendo ao facto de se ter oferecido para trocar de lugar com uma refém, ainda não apareceu ninguém a considerar que foi um acto de paternalismo machista
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