Os subsídios e a qualidade dos deputados: uma perspectiva lógica
Um dos argumentos mais utilizados para defender a abundância de subsídios a deputados é que o salário é baixo e estes subsídios escondidos são a melhor forma de atrair os melhores valores para a política. Não irei discutir se tem resultado. Proponho apenas fazer um teste rápido a esta teoria.
De uma forma simplificada, existem três tipos de deputados na Assembleia da República:
1) Os presidentes da Junta: Particularmente relevantes no grandes partidos, estes são deputados que entraram nas listas por uma quota qualquer (representantes da concelhia, da distrital, da juventude partidária, etc). São pessoas cujo único mérito é dominar algum sindicato de voto interno. O salário de deputado é o máximo que alguma vez conseguirão na vida porque ninguém cá fora lhes pagaria o mesmo (por actividades legais).
2) Os lobistas: pessoas que vão para o parlamento defender um certo grupo. Normalmente advogados ou activistas, cujo objectivo é defender o interesse de algum cliente ou grupo de clientes que já lhes pagam bem ou pagarão bem terminado o seu mandato.
3) Visitantes: são profissionais de sucesso relativamente bem pagos fora da Assembleia da República. Muitos ganhariam mais fora da Assembleia da República do que dentro dela. Fizeram o percurso para entrar na Assembleia da República por convicção ideológica ou em busca do prestígio pessoal do cargo.
Contas por alto, diria que neste momento o primeiro grupo representa 60% dos deputados e os outros dois grupos 20% cada um. Com o passar do tempo, alguns elementos do grupo 1 mais resistentes acabam por ir para o grupo 2. Apesar de serem uma minoria, os grupos 2 e 3 deverão ser responsáveis por grande parte da legislação que sai da Assembleia da República.
Aceitando estes pressupostos, ficam então as questões para discussão:
– Qual destes grupos estaria menos interessado em ir para a Assembleia da República se o salário completo baixasse dos actuais 7 mil euros (com subsídios) para algo como 2 mil euros?
– Com menos representantes desse grupo, o parlamento ficaria melhor ou pior?
….e mesmo assim so atraem lixo toxico.
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O primeiro grupo
Não faria nenhuma falta .
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Mais antigamente bastava o candidato pronunciar-se
como um indefectível Salazarista
(tão só…)
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Onde está o grupo 4 ?
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O grupo 4 não está, nem quer lá estar. Usa avental bordado, leva a efeito cerimónias catitas, tem polícia privada e puxa os cordelinhos. Não precisam de votos, limitam-se a influenciá-los a bel prazer controlando habilmente os merdia.
Ainda há o grupo 5, mas esses nem têm tempo para cá vir.
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Esses sao 60%….
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Totalmente de acordo com este post.
A meu ver faria todo o sentido que o salário dos deputados e restantes cargos políticos fosse indexado ao salário médio português. Caso o salário médio português suba o salário dos políticos iria subir também. Caso desça aconteceria o mesmo. Depois seria uma questão de definir qual o multiplicador para cada uma das funções.
Neste caso o autor propõe um vencimento de aproximadamente 2,5x o salário médio que (846 euros), corresponde a 2115 euros.
Concordo com o autor quanto ao facto de o salário demasiado elevado dos deputados ter ao longo do últimos 40 anos atraído pessoas menos sérias, motivadas e competentes.
A prova disso tem sido o facto de os deputados serem optimamente pagos face ao salário médio nacional nas últimas décadas e podemos comprovar que a sua prestação não foi muito boa. O que efetivamente contraria a tese “mainstream” de que os nosso políticos não são bem pagos e que se pagássemos melhor aos políticos iríamos ter melhores políticos.
A forma de termos melhores políticos é através de uma melhor educação do população em geral, que permita à população ter a capacidade de escrutinar melhor a ação dos políticos e selecciona-los melhor.
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Isso e círculos uninominais para acabar com o monopólio dos partidos. Com a merda actual que abunda nos partidos, se o povo fosse esclarecido a AR estava às moscas.
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A ideia dos círculos uninominais é vendida como uma solução “milagrosa” porque supostamente o problema estaria nos partidos. Sinceramente não concordo. Acredito que com círculos uninominais teríamos mais Tiriricas,, Valentins Loureiros, Tinos de Rans e atores/apresentadores/ex-futebolistas no parlamento. Não me parece que seja assim uma solução tão boa só por ser “diferente” da que existe atualmente.
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Como diria o Dr. Alberto João Jardim, quando o Sócrates reduziu os vencimentos dos políticos, um senhor deputado tem que ter dinheiro para comer, vestir, calçar e ir para o trabalho.
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Óptimo post, CGPinto.
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