Como hamsters na rodinha
Terça-feira, Junho de 1986, ainda durante o tempo de aulas, terceiro dia do mês, estava aqui o miúdo de onze anos a ver o jogo, às 22h00 (hora de Gondomar), entre Portugal e Inglaterra, o primeiro da participação portuguesa num mundial de futebol desde que nascera. Aos setenta e seis minutos, Carlos Manuel enfiava a bola na baliza de Peter Shilton, aquele que viria a sofrer o golo marcado com a mão por Maradona pouco antes da véspera do São João. Íamos ser campeões: a primeira selecção a derrotar a Alemanha Federal na sua própria casa acabara de vencer a Inglaterra. Perderia com a Polónia e com Marrocos e concluiria a sua participação com os jogadores mais entretidos a acalmarem as mulheres após umas (alegadas) sessões com ninfas de ocasião, uma farsa em repetição da Ilha dos Amores.
Hoje, Portugal entrou a vencer o jogo com a selecção campeã de 2010. “Vamos ser campeões!”, exultou o filho de onze anos do puto desiludido com Saltillo. Acabou a festejar um empate, o que, feitas as contas, até não é nada mau.
É que Portugal é assim: passa de geração em geração a expectativa de que desta é que é, desta é que vai ser. Ocasionalmente, graças a um ou outro português com um talento a roçar o sobrenatural, lá se concretiza qualquer coisa. Uns chamam-lhe D. Sebastião, outros chamam-lhe Cristiano Ronaldo, outros ainda chamaram-lhe Salazar. E depois volta tudo ao mesmo, às geringonças, aos Louçãs, às Iniciativas Liberais, às malucas do feminismo psicopata e ao livre trânsito para a patifaria do Partido Socialista. E não, nunca estive verdadeiramente a falar de futebol.
na mouche.
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Impedido de postar, outra vez…
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Muito bem!
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Grande ( e sentido…) texto.
E desculpar-me-à “agradecer” a honestidade intelectual e o RIGOR histórico , bem servidos pela gramática, na óbvia menção a Salazar – e a coragem que isso demonstra aqui e agora.
Cpmts.
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É mesmo, a coragem que é preciso ter para, nesta época de censura omnipresente, falar de Salazar dessa forma! Eh, eh… qualquer dia é preciso ser herói para remar contra esta maré de obscurantismo militante e galopante em que o nome do enorme estadista só pode ser mencionado depois de se lhe cuspir em cima 3 vezes e chamar o demo uma dúzia delas. Não há palestra universitária em área de letras ou ciências humanas onde a m*** do tema não venha à baila só para mandarem uma mensagem subliminar ao poder a dizer “financia-me os projectos, que eu também alinho na campanha da mentira histórica”. Chiça!!
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VCunha,
no post anterior, só 3 horas depois saíu um meu comentário, reescrito.
Neste seu post (muito bom), veremos se isto sai…
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Perfeito, um bocadinho inferior ao sortudo livre do CR7.
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