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dívida pública para totós

22 Junho, 2018
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Despesa pública é aquilo que o estado gasta para desempenhar e suportar um conjunto de actividades e funções que entende só poderem ser desempenhadas por si (segurança, justiça, educação, segurança social, etc.).

Dívida pública é a quantidade de dinheiro que, entre despesas e receitas do estado, fica por pagar.  Aqui há a considerar as despesas correntes do ano e as despesas com o passivo, isto é, com a dívida acumulada. Esta, por sua vez, é aquilo que o estado deixou de pagar ao longo dos anos.

Como o estado não é produtivo e, inclusivamente, destrói, com reiterada frequência, recursos que poderiam ser muito melhor geridos (veja-se, por exemplo, o relatório deste ano da Gulbenkian sobre o SNS) por uma entidade cuja finalidade fosse o lucro e não, por exemplo, a retribuição de favores partidários (veja-se, de novo, o citado relatório…), suscita-se o seguinte problema: donde lhe vem o dinheiro para pagar a sua despesa?

Quando os estados fabricavam moeda, o recurso habitual para suportar o aumento da dívida era pintar com cores garridas folhas de papel em branco e dar-lhes o nome de «dinheiro». A consequência imediata disso era a inflação, um processo normal de correcção do mercado pelo qual os produtores ajustam o valor de venda dos seus produtos ao valor (real) de mercado das unidades monetárias de troca. Bastaria conhecer um pouco de História Medieval para saber que «a quebra da moeda» nunca dá bons resultados. Mas, infelizmente, os governantes têm pouco tempo para ler História.

Em situação de desespero, alguns países fabricantes de moeda de fraca qualidade optavam por uma segunda medida «correctora» das «injustiças» económicas: tabelar os preços. Resultado? Falência dos produtores, que não conseguiam receita para suportar os custos da actividade, ou desvio de investimento de capital produtivo para países que permitissem uma melhor remuneração dos investimentos. Também a História ensina que, pelo menos desde o «máximo» da Revolução Francesa, essas medidas só servem para destruir um país.

Como, felizmente, já nada disto é possível (e, verdadeiramente, no plano dos resultados, nunca o foi…) em países civilizados, por exemplo, os que pertencem à União Europeia, o dinheiro para sustentar a conta dos estados tem de vir, necessariamente, numa percentagem esmagadora, dos impostos cobrados aos cidadãos e às suas empresas.

E donde vem este dinheiro cobrado pelo estado aos particulares? Do seu trabalho, da sua poupança e do investimento produtivo que fazem, obviamente, se valer a pena investir, isto é, se tiverem uma perspectiva de estabilidade económica e de obterem lucro. Pelo que qualquer governo minimamente racional tudo fará para que estes possam ganhar muito dinheiro e desenvolver as suas actividades produtivas.

Ora isto é o exacto contrário do aumento de impostos, das medidas que restringem as actividades económicas dos indivíduos e das empresas, em suma, de um clima económico incerto e inseguro para os investidores e para os que querem ganhar dinheiro com o esforço do seu trabalho e/ou das suas poupanças.

A solução que o governo do PS, com o Bloco e o PCP, apresentaram ao país, no início da legislatura, foi outra: ir buscar mais dinheiro aos contribuintes que ainda o têm e dá-lo a quem tem menos, para aumentar o consumo interno e, assim, desenvolver a economia. Só que nem esse dinheiro cobrado a mais foi entregue a quem tem menos (vd. os ridículos aumentos de pensões e salários do estado), nem o sofrível crescimento económico dos últimos anos lhe foi devido. Pelo contrário, ele resultou, essencialmente, de reformas do governo de Pedro Passos Coelho feitas sobre o imobiliário e o arrendamento, que transformaram essas actividades em actividades lucrativas, o que permitiu fazer renascer a construção civil, e, com isso, ganhar capacidade para receber turistas em grande quantidade, e desenvolver a restauração, a hotelaria, e aumentar a compra de imóveis e de produtos nacionais, etc.. E quais têm sido os resultados das novas medidas tributárias do actual governo: menos dinheiro no bolso dos portugueses ficarem para que eles possam poupar e investir.

Pois bem, quando ficamos a saber que a dívida pública portuguesa continua a subir exponencialmente e que o governo actual está a criar entraves ao arrendamento e aos negócios turísticos que têm sustentado o país, é de adivinhar o quê? Um enorme estoiro, a prazo, e o regresso do FMI. Preparem-se, pois então.

14 comentários leave one →
  1. 22 Junho, 2018 17:08

    Na próxima vez que quiser ilustrar um texto sobre este martelador de números, sugiro que opte pela selfie que o dito-cujo tirou com a Lili Caneças no último reveillon (qualquer motor de busca lhe dará o resultado pretendido). É uma imagem que ilustra na perfeição este “parvenu”.

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  2. Colono permalink
    22 Junho, 2018 17:15

    Não há nenhuma frase com 2.073 anos mais actual do que esta:

    Autor: Marco Túlio Cícero – Roma ano 55 a.C

    ” O orçamento deve ser equilibrado, o Tesouro Público deve ser reposto, a dívida pública deve ser reduzida, a arrogância dos funcionários públicos deve ser moderada e controlado, e ajuda a outros países deve ser eliminada para que Roma não vá à falência. As pessoas devem novamente a aprender a trabalhar, em vez de viver à custa do Estado”

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  3. Raghnar permalink
    22 Junho, 2018 17:37

    Ora, se depois vem a direitinha fazer o frete ao se assumir em comissão liquidatária do país, qual é a surpresa?

    Como “há outro remédio” que não a gestão rigorosa de receitas e despesas é fazer com que a malta o tome até ao fim…

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  4. Castrol permalink
    22 Junho, 2018 18:11

    A impressão sem regra de papel moeda por parte dos Estados e a consequente inflação, não passa de mais um imposto indireto sobre os Cidadãos. Com a agravante de, sendo indireto, ser um imposto cego e injusto, não diferenciando ricos e pobres.

    A Geringonça, mesmo sem poder imprimir papel moeda, tem sido pródiga em impostos indiretos, taxas e taxinhas.

    No dia em que se lhes acabar a ganza e ficarem sóbrios, os militantes do BE deviam pintar a cara de preto e morrer de vergonha.

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  5. Arlindo da Costa permalink
    22 Junho, 2018 19:26

    A Grécia, governada pelo Syriza, teve uma saída limpa. Ao contrário da saída suja com que o governo neo-comunista de Passos Coelho nos brindou.

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    • Colono permalink
      22 Junho, 2018 23:52

      Camarada Arlindo

      Na inpossibilidade de o convidar pessoalmente para o nosso Acampamento (bi-sexual,) vimos por esta via,, com a devida vénia ao Blasfémias,informá-lo que já pode levantar a credencial na sede do partido.Pedimos o favor de não se esquecer de levar a Bandeira Gay.
      Cumprimentos
      Sua Catarina

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    • António Castro permalink
      23 Junho, 2018 11:45

      É verdade Arlindo! O Syriza coligado com a direita, e, executando um programa neo-liberal, apoiado pelo FMI. Tal como o B.E. o Syriza já mostrou bem que apenas quer o poder, pelo poder.

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    • 23 Junho, 2018 12:18

      Sim e a Merkl perdou 50% da dívida que por acaso tem mais ou menos o valor da totalidade da dívida tuga. É muito “fassismo”

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  6. carlos alberto ilharco permalink
    22 Junho, 2018 23:09

    Excelente lição, sem pedantismos.
    O título devia ser “Como os socialistas governam um País”

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  7. André Miguel permalink
    23 Junho, 2018 08:15

    Este texto nunca passaria o crivo dos editores dos nossos jornais. Iria contra a corrente.

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  8. André Miguel permalink
    23 Junho, 2018 08:20

    O verdadeiro artista:

    https://www.sapo.pt/noticias/economia/baixa-do-isp-costa-aponta-para-a-constituicao_5b2d40a4bba3be9a30201461

    Palavra dada era o quê?
    É deixar arder em lume brando…

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  9. Arlindo da Costa permalink
    24 Junho, 2018 01:27

    Está provado que a esquerda é aquela que defende melhor as economias dos seus países e principalmente os seus cidadãos.

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    • Manuel Dias permalink
      24 Junho, 2018 14:55

      Vê-se. Este ditador dá-se ao luxo de nem respeitar uma decisão aprovada pelo Parlamento, democráticamente eleito pelo Povo. A esquerda, pois – Venezuela, Cuba, Coreia do Norte… sem dúvida as melhores economias do mundo.

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  10. JCA permalink
    24 Junho, 2018 07:54

    .
    Pode-se estar a contar com o ovo na cloaca da galinha:
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    “It’s A New Chapter For Europe”: Merkel, Macron Unveil Plan To Reform Europe
    https://www.zerohedge.com/news/2018-06-20/its-new-chapter-europe-merkel-macron-release-plan-reform-europe

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    12 European States Revolt Against Merkel, Macron Plan To Reform Europe
    https://www.zerohedge.com/news/2018-06-22/12-european-states-revolt-against-merkel-macron-plan-reform-europe
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    Se no jogo do acaso da roleta por acaso a galinha puser ovo …..
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    É o esquema que ao longo de dezenas de anos se tem escolhido em eleições nacionaisdos comandos de todo o espetro partidario. Nada contra, são opções.
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