Eu é mais Nelson Ned, sinceramente
Os dois filhos de Édipo, Etéocles e Polinices, dois tipos talhados pelo nome de baptismo para serem mariquinhas (a meu ver), arranjaram um entendimento para governarem rotativamente o reino, antecipando o sistema em vigor na Jugoslávia de Tito, o que tinha uma das seis repúblicas a fingir governar a coisa até à carnificina final que se verificou nos anos noventa, uma espécie de União Europeia mas com marechais. Como é normal nestas coisas, mal um tipo chega ao poleiro, trata logo de arranjar maneira para lá se manter indefinidamente, afastando o outro, coisa que Etéocles fez com a mesma pinta com que Soares afastou Cunhal em definitivo na Fonte Luminosa, relegando-o para um ícone pop que perduraria mais em nostalgia do que por mérito artístico, mais ou menos como a Madonna.
Contudo, a parte importante da história de Etéocles e Polinices não é terem cometido suicídio assistido mútuo, um direito que lhes assistia segundo a ética progressista da época: é, sim, que as terras a governar continuaram a existir muito para além da passagem para o plano poeirento da existência terrena dos manos. É por isso que, apesar da inerente beleza tradicionalista da mitologia – as histórias que devem ser conservadas em vez de adaptadas para o paladar dos tempos que correm –, a minha grande base intelectual para o liberalismo, sem desprimor para Pedro Arroja, que muito admiro por ir contra a fátua sedução do presente, é essa figura incontornável da ciência política internacional, Nelson Ned. É que, olhando a influências de estilo, nada consegue bater “mas tudo passa, tudo passará; mas tudo fica, tudo ficará”.
“… a mesma pinta com que Soares afastou Cunhal em definitivo na Fonte Luminosa, relegando-o para um ícone pop que perduraria mais em nostalgia do que por mérito artístico, mais ou menos como a Madonna.” Adorei. Ainda me doem os maxilares de tanto rir. Obrigado Vitor Cunha por mais um texto delicioso.
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“mas tudo passa, tudo passará; mas tudo fica, tudo ficará”.
Sou mais tudo passa, ficarão as cinzas.
Quem vai ser Adrasto? Há um pretendente, mas o Alzheimer espreita e não perdoa. De resto Tebas continuará a ser ingovernável.
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Excelente post.
Este Verão destrambelhado está a apurar a verve de Vitor Cunha.
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Outra em grande
“:O)))))))
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“mais em nostalgia do que por mérito artístico, mais ou menos como a Madonna.”
Esta do Soares é para emoldurar
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