Saltar para o conteúdo

Negócio da revolução

9 Setembro, 2018

Por entre diáfano tecido urdido para militante socialista ver, Rui Rio mostra as lascivas formas da fogosidade nacional pelo estado de peneirice que blasona a pátria na autenticidade de um chiqueiro. Quem não estiver bem com a magnificência do audaz líder na sua condução do partido à condição de gueixa do Partido Socialista, ora bem, que saia e feche a porta, que Rio compromete-se a ficar para apagar a luz. Há dias queixava-me que Rio não falava, com a ressalva de que isso, dadas as circunstâncias, só podia ser positivo; hoje, verifica-se que, mais ainda que prejudicar o partido quando fala, nunca descobriu porque venceu a câmara municipal do Porto. Uma pista: teve a ver com o hilário fracasso de um político regional do PS que imaginou ser possível lidar com todo o país como se de uma autarquia um bocadinho maior se tratasse.

A denominada Direita portuguesa tem, e para não complicar muito, um triste complexo de derrota desde Cavaco Silva. Para tal, em muito contribui o que, doravante, designarei por “negócio da revolução”, aquela actividade que a esquerda trauliteira (inclui Bloco, mas também inclui PS) exerce em gritar “Che Guevara” enquanto escolhe móveis IKEA para o seu negócio de aluguer de alojamento local. De Varoufakis a Catarina Martins, de Pablo Iglésias ao ainda mais sinistro Louçã, o que conta é a puta dizer que é mulher séria, não o número de homens que diariamente enfia na cama com janela escancarada. Também se poderia denominar por política de Instagram, aquela coisa onde toda a gente parece viver uma vida idílica de férias e comida, como se as pessoas fossem de plástico, ninguém encornasse ninguém e as doenças fossem um resquício de uma realidade antiga, pré-histórica.

O eleitorado PSD não é esse, ó doutor Rio. Isso é gente que nem vota ou, se o faz, escolhe o partido pela sensação de bem-estar que a exibição de persona de Bem, de esquerda, permite auferir. É bastante fácil “ser de esquerda” porque não há relação qualquer entre “ser de esquerda” e comportar-se como tal, como se comprova com a crónica necessidade dos artistas se afirmarem assim. Não precisamos disso, doutor Rio. Precisamos de alguém que nos conheça, a nós, a gente. A última sondagem dá 24,1% de intenções de voto ao seu PSD, doutor Rio: é um número astronómico para esta liderança. Resta saber se até às eleições consegue o feito de ainda ter deputados dispostos à lúgubre presença de vultos de costas arcadas, os yes men do regime alimentado a lentilhas.

 

17 comentários leave one →
  1. Andre Miguel permalink
    9 Setembro, 2018 12:42

    “o que conta é a puta dizer que é mulher séria, não o número de homens que diariamente enfia na cama com janela escancarada”

    É todo o regime numa frase. Lapidar.

    Liked by 1 person

    • Mário Fernandes permalink
      10 Setembro, 2018 18:29

      Caro comentador, permita-me discordar: não é lapidar, é lupanar.

      Gostar

  2. Adriana Lima permalink
    9 Setembro, 2018 14:58

    “É bastante fácil “ser de esquerda” porque não há relação qualquer entre “ser de esquerda” e comportar-se como tal, como se comprova com a crónica necessidade dos artistas se afirmarem assim.”
    Disse tudo – TUDO – nessa frase simplesmente genial. Deduzo que os artistas a que se refere são entre aspas e também a generalidade dos sem aspas.
    Por que espera o “Observador” para juntar Vitor Cunha a Alberto Gonçalves, Paulo Tunhas, etc, etc? Por que espera?
    E estarei enganada ou – tal como eu, orgulhosamente – os atrás referidos são todos gente do NORTE? Não acredito em coimcidênciaa.

    Gostar

    • 9 Setembro, 2018 15:04

      Obrigado, Adriana. Confirmo: tudo gente da grande nação nortenha.

      Gostar

      • A.lopes permalink
        10 Setembro, 2018 17:48

        Não há mesmo a mais pequena dúvida:o rio é um flop! Um verdadeiro sacana!Um vendido! E ainda por cima, ao monhé!

        Gostar

    • mg42 permalink
      9 Setembro, 2018 15:56

      Não me diga que a Adriana ainda anda com a cabeça na lua e acredita que o “observador” é “anti-esquerda”.

      Liked by 1 person

      • Adriana Lima permalink
        9 Setembro, 2018 20:42

        De todo. Mas no mundo de hoje basta não ser ostensivamente “de esquerda” para, além de uma absoluta raridade, ser meritório e de louvar.

        Gostar

      • mg42 permalink
        9 Setembro, 2018 21:33

        Olhe que esses são os piores, são os camaleões. E o objetivo é óbvio, encaminhar as ovelhas rebeldes de novo para o rebanho.

        Gostar

    • 9 Setembro, 2018 15:56

      Completamente de acordo.

      Gostar

  3. Carlos Conde permalink
    9 Setembro, 2018 15:59

    Adriana
    A tua despeita em relação ao sul terá certamente justificação.
    Agora a quantidade de fdp que surgem com sotaque do norte não é pequena não.
    Talvez um otorrino possa ajudar-te

    Gostar

    • Adriana Lima permalink
      9 Setembro, 2018 20:40

      Só no cérebro muito pequenino de alguém igualmente pequenino é que o elogio implícito que eu fiz a algumas pessoas do Norte (onde eu) significou em simultâneo uma depreciação directa (ou sequer implícita) às do Sul, ou de que no Norte é só gente boa ou melhor do que noutro lado qualquer.
      Talvez um neurocirurgião lhe possa ajudar. Ou, muito provavelmente, já nem irá a tempo. Lamento – por si, mas principalmente por quem consigo é obrigado a (con)viver.

      Gostar

  4. Aónio Lourenço permalink
    9 Setembro, 2018 19:54

    É por isto que gosto de ler o cunha. É de uma riqueza lexical inigualável

    Por entre diáfano tecido urdido para militante socialista ver, Rui Rio mostra as lascivas formas da fogosidade nacional pelo estado de peneirice que blasona a pátria na autenticidade de um chiqueiro.

    Gostar

  5. Aónio Lourenço permalink
    9 Setembro, 2018 20:07

    O cunha não percebe que a turba, desde a Antiga Roma, se demove por sentimentos muito simples e diria mesmo até primários: rendimentos e “bem-estar” que lhes permite levar a vidinha simples e pueril que a economia caseira vai permitindo. Haja um político “popular” que “distribua” a riqueza alheia, que cai imediatamente nas graças do “eleitorado”. Tivesse o PS governado no período da troika, como fez o congénere PASOK na Grécia, e o PS acabaria como este, com 3% nas intenções de voto. Enquanto houver circenses para entreter e panem para distribuir, as hordas anuem e aplaudem! Por conseguinte, a direita só lá vai (e tem ido) com sentimentos primários e evolutivos da mesma ordem de grandeza, como a xenofobia ou a islamofobia. É que a carcaça provinda da “distribuição” socialista, jamais pode ser partilhada com alienígenas. E assim, os extremos tocam-se! Atinge-se a demagogia e primarismo finais: o nacional-socialismo!

    Gostar

  6. A. R permalink
    9 Setembro, 2018 20:56

    Rio do Rio! É um flop, ou antes um flipflop à retaguarda.

    Gostar

  7. José Ramos permalink
    10 Setembro, 2018 00:31

    “Gueixa do Partido Socialista”, é de mestre.

    Gostar

  8. JgMenos permalink
    11 Setembro, 2018 12:59

    O que o Rio deva fazer é também matéria pouco desenvolvida por sapientes e inspirados retóricos.
    Se mais pão e circo é a solução para mais votos, prefiro esperar pelo fim do pão à mão de especialistas em derreter riqueza.

    Gostar

    • 11 Setembro, 2018 13:02

      Devia dizer que isto é uma choldra, que o parlamento parece o de uma nação africana dos anos 80 e que o desígnio dos portugueses deve ser correr com esganiçadas hipócritas do governo e, inclusivamente, da assembleia.

      Diz o contrário.

      Gostar

Indigne-se aqui.