Tens falta de dinheiro? Torna-te em “leitura obrigatória”
Acabei de comprar um livro com 16 páginas (inclui as “intencionalmente deixadas em branco”). Custou 8,80€, ou, em linguagem de saloio, 1.47% do novo salário mínimo nacional (o equivalente, em linguagem de gente, a oito cheesburgers no McDonalds e um café). Trata-se da 15ª edição de uma obra que diz na capa “leitura obrigatória” e “6º ano”. Fora a capa, a contra-capa e a biografia dos — ahem — autores, possui, no seu corpo de texto, exactamente 852 palavras, pelo que cada uma delas tem, naturalmente, para mim, o custo de 1,033 cêntimos.
Não sei quantos alunos frequentam o 6º ano. Vou supor que o número de alunos em 2017 se distribuem uniformemente do primeiro ao nono ano, originando então uns 95 mil a frequentarem o 6º. Vou supor que a 15ª edição da obra foi vendida 50 mil alunos durante os 15 anos em que eventualmente foi “obrigatória”, orginando, então, um total de vendas de 750 mil unidades a 8,80€ ou seja, 6,6 milhões de euros. Isto dá 7746€ por cada palavra da obra até ao momento, um lucro de aproximadamente 7500% por palavra.
Obrigado, Leya. Obrigado Ministério da Educação. O Manuel Alegre e o filho também têm direito a uma renda. E assim se aprende, em “As Naus de Verde Pinho”, para não mais esquecer, o quão a viagem de Bartolomeu Dias foi uma valente asneira (mas lucrativa).
Se possível o miúdo deveria transitar o mais rapidamente possível para a ST. JULIANS SCHOOL ou o ST. PETER’S INTERNATIONAL SCHOOL, seguir o programa que lhe permitirá ser gente, aceder ao mercado internacional.
Se não puder, tá lixado, a menos que o pai ingresse na maçonaria. Se as portas tiverem fechadas, ou se for acometido pela vergonha, o puto, tá mesmo lixado, coitado do puto, não tem culpa nenhuma. Vai andar a queixar-se toda a vida. Sim, poderá tentar a sua vez de ingressar na maçonaria já adulto… “Mas porque é que o meu pai não tentou a sua vez, só o tempo e a trabalheira que me poupava”!
GostarGostar
Nunca pensei que fosses tão longe na estupidez.Os livros de leitura obrigatória estão na Biblioteca para serem lidos na sala de aula.
GostarGostar
ahahahahahahahahahaha…… só se for na sua.
GostarGostar
Não fazia ideia.
GostarGostar
Estupidez pelos vistos é não promover a “superestrutura”, pôr em causa o livro único, escolhido a dedo, lambusado de ideologia caduca. Inteligência será pois “promover o debate intelectual para aumentar a consciência” da prole em jeito de prepotência.
A “hegemonia” tem que ser invertida, a favor dos “iluminados”. E está a ser.
Nem sempre se pode governar pela coerção e pelo medo, embora haja dinossauros que apoiassem o método consagrado dos sovietes. Lideraram a tentativa de golpe de estado voluntarista do 25a quebrada pelos patriotas do 25n, caídos no esquecimento. Chiu, caluda!
O golpe não resultou em cheio. Há quem se canse de esperar. Cabecinhas mais espertas começaram a apostar na “transformação da consciência de massa” do corcundinha da Sardenha. Inspiram-se na batalha prolongada de “guerra de posições”. Os sindicatos a assumir papel relevante, os programas escolares a inspirar ignorância e desmotivação confrangedoras. Uma guerra em que os chamados intelectuais orgânicos, colados ao ministério ao longo dos anos, desempenham papel significativo, apoiados por jornalistas vagabundos, chefes de redacção e por filósofos caducos.
O resultado é o que se vê, uma multidão de tótós, benvindos os tótós que vão votar em nós, perguntem-lhe o que pensam das escolas.
Uma minoria lá se vai safando na hecatombe celebrada pelo programa Pisa, muitos deles emigram logo que podem. Proibi-los? Estou cá para ver.
GostarGostar
“benvindos”? Creio que Benvindo é um nome próprio…
GostarGostar
Para vitorcunha, excelso poeta e prosador, a literatura vende-se a metro. Mas coitado, compreendo-o, apenas com a 4a classe não deverá ter meios para adquirir tão caro livro.
Não se preocupe, o seu filho encontra-lo-á certamente na biblioteca da escola, e caso ele deseje possuir uma cópia pessoal (pois deve ter um pouco mais de testa do que o pai), bastar-lhe-á fazer uma pequena busca na internet, para encontrar um pdf da obra.
GostarGostar
vitor, pode estar descansado, com o pdf tudo se resolve.
GostarGostar
Mais 3 posts destes e o VC já pode escrever um livro.
GostarGostar
Pode mas não o obriga a comprar. Na existência ou não de coerção está a diferença.
GostarLiked by 1 person
lucklucky, acha que esta tropa fandanga percebe isso?
GostarGostar
A análise parece-me interessante, mas como sou mesmo saloio, agradecia um pequeno esclarecimento :
– Na indexação ao “salário mínimo nacional” usou o “privado” ou o “público” ?
É que parece que agora há dois SMN! Finalmente assumem que de facto não somos todos iguais, e por isso há os cidadãos de 1ª (funcionários públicos) com um salário mínimo de 635€ , horário de 35h, ADSE, direito a greve sem despedimento, enquanto que os cidadãos de 2ª (privado) com salário mínimo de 600€, horário de 40h e se quiser algo mais que o SNS pode sempre tentar fazer um seguro de saúde (se o patrão não o oferecer), mas se tiver mesmo falta de saúde o mais certo é a seguradora o mandar bujiar.
Como ainda não mudaram a constituição, será que não por aqui umas inconstitutus…?
GostarGostar
O IRS é inconstitucional o artigo 13 proíbe a discriminação devido a capacidade económica por exemplo.
É até bem provável que partes da Constituição sejam Inconstitucionais tais as contradições dos nossos “sábios” de letras…
GostarGostar