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“História” concisa, aproximada e descontraída de Portugal (4)

31 Janeiro, 2019

hispaniadiocleciano

 

Durante o longo reinado de Augusto, figura maior da implantação e alargamento do Império Romano, a Península Ibérica é dividida em três províncias: a Bética, que reunia uma grande parte da actual Andaluzia e uma parcela da actual província de Badajoz; a Lusitânia, que compreendia todo o actual território português a sul do rio Douro e uma boa parte da actual zona de fronteira ocidental de Espanha; e a Tarraconense, a gigante província limitada pelos Pirenéus, pelo Mediterrâneo e pelo Oceano Atlântico, que era aquela onde se encontrava o actual território português a norte do Douro. Todas as cidades que lhes serviram de capital falam, nos nossos dias, espanhol (Tarragona, que liderava a Tarraconense, gosta mais de falar catalão, mas isso é um outro assunto, tão complicado que acho melhor não me meter). Só com a reforma administrativa do Imperador Diocleciano, que dividiu, três séculos depois, a Tarraconense em três províncias – Tarraconense, Cartaginense e Galécia –, é que Bracara Augusta (Braga) assumiu esse estatuto. Com essa nova configuração, todo o futuro Portugal a norte do Douro passa a pertencer à Galécia, e Braga é a capital de todo o noroeste peninsular.

Temos assim que a Lusitânia, terra que tantos tentaram fazer coincidir com Portugal, tinha a sua capital, Mérida, no actual território espanhol. Além disso, e ainda mais sintomático, a pátria de Viriato nunca encerrou em si as áreas localizadas a norte do Douro, onde se encontram alguns dos lugares mais importantes no processo de fundação da nacionalidade. Guimarães, por exemplo, fez parte da província Tarraconense, primeiro, e da Galécia, depois; o Porto, de onde “houve nome Portugal”, também nunca pertenceu à Lusitânia; e Braga, cuja importância eclesiástica se revelou fundamental nas manobras independentistas, muito menos.

 

47 comentários leave one →
  1. 31 Janeiro, 2019 10:39

    A propósito da obra ‘Os Factores Democráticos da Formação de Portugal’, de Jaime Cortesão, o Guilherme de Oliveira Martins fez uma síntese muito boa do que se tem dito sobre esta problemática.
    Deixo o link e, com vossa permissão, transcrevo:

    «
    PENSAR NAS RAÍZES DE PORTUGAL
    É da origem de Portugal e do seu desenvolvimento que trata, falando das raízes do que designamos como liberdade e como patriotismo. Quem somos? De onde vimos? Para onde vamos? A democracia é um conceito moderno com bases antigas. E é de um patriotismo prospetivo que aqui se trata! Leia-se, assim, este livro com olhos de futuro. Manuel Braga da Cruz no Relatório de Investigação sobre Nacionalismo e Patriotismo na sociedade portuguesa atual publicado em 1988 pelo Instituto de Defesa Nacional, afirma que «Portugal parece ter saído do processo de descolonização sem particulares problemas de identidade nacional, e parece ter entrado no processo de europeização e de regionalização com uma consistente adesão à soberania nacional e com uma equilibrada e solidária consciência cívica e nacional. Não só a representação da identidade, a vontade de soberania e a consciência cívica dos portugueses não estão em crise, como surpreendem os elevados índices de adesão que suscitam e pelo equilíbrio que manifestam quando analisados comparativamente. O que revela porventura algum ‘paroquialismo’ e um estado pouco ‘cosmopolita’ do desenvolvimento social e político, mas indica, também, e sobretudo, que são profundas e antigas as raízes e as razões do nacionalismo e do patriotismo português». Partimos daqui para a consideração dos fatores de coesão social, que normalmente são apontados como característicos da realidade portuguesa, articulando-os com as limitações existentes no tocante à vida das instituições da sociedade civil e à respetiva mediação, capaz de favorecer a mobilização cívica em torno da participação cívica, da representação e da responsabilidade cidadã. E aqui há fatores contraditórios a considerar – que relacionam os aspetos positivos referenciados e as fragilidades patentes na participação eleitoral até à inexistência de uma forte mobilização de instituições da sociedade civil. Assim, continuando a citar o coordenador do estudo: “quanto à temática da soberania nacional, os fatores de adesão e de distanciamento parecem não ser tão uniformes nem unidirecionais”. A regionalização (entretanto suspensa por um referendo não vinculativo) e a europeização não deixam, contudo, de levantar receios relativamente à ideia de soberania nacional. E aí os níveis de instrução e de integração social apresentavam influências antagónicas na perceção de riscos de integridade e de meios de defesa nacional. Com efeito, a sociedade portuguesa apresenta, desde muito cedo, elementos caracterizadores de configuração complexa que nem sempre são bem compreendidos.

    ENTRE O ATLÂNTICO E O MEDITERRÂNEO
    De que falamos? De uma homogeneidade identitária e linguística e da persistência de uma independência politica, caracterizada pela preeminência do Estado perante a Nação, pela força agregadora da costa marítima (por contraponto à continentalidade de Espanha, sobretudo depois de 1492), pela complementaridade entre o Atlântico e o Mediterrâneo, pela simultaneidade da construção da nacionalidade através de dois movimentos: um de Norte para Sul, característico da reconquista cristã, e outro de Sul para Norte, mercê da consolidação da influência moçárabe e moura (na expressão tradicional), o que fica bem patente na precoce consolidação do português como língua nacional e na confluência entre os falares do norte e do sul, sem a emergência de dialetos (já que o mirandês é uma língua, que resulta da influência do asturo-leonês. A decisão de D. Dinis ao adotar o português como língua oficial e dos tabeliães e ao criar o Estudo Geral revelar-se-á decisiva para a consolidação tão cedo do português como fator de unidade nacional – o que se soma às migrações internas devidas a uma distribuição irregular da população ao longo do território. Conhecemos o entendimento de Alexandre Herculano, segundo o qual a nação possuiria uma índole democrática (usando a expressão de Cortesão, que é algo anacrónica para o Mestre de “Eurico”), a qual proviria da organização municipal que durante a Idade Média se estendeu, favorecida pelas concessões dos monarcas, a todo o território nacional. No entanto, o historiador nunca terminaria esse estudo, faltando a demonstração das origens do nosso poder local no município romano e das continuidades nos impérios visigótico e árabe. Isto, enquanto diversas pistas eram seguidas e associadas à pergunta sobre as origens municipalistas, descentralizadas de Portugal.

    AS CLASSES POPULARES E A NAÇÃO
    Afinal, para Jaime Cortesão “o acesso das classes populares à administração local e pública e a sua ingerência na política da nação não representam herança ou doação, mas sim conquista revolucionária. Ao lado do carácter universalista que marca a Nação desde as origens, vamos encontrar na base das suas liberdades públicas e da própria independência nacional, a vivificá-las, a renovação das condições de trabalho e um espírito de autonomia em luta e oposição permanente contra o estrangeiro”. Esta ideia de conquista deve-se a uma evolução da economia e do funcionamento da sociedade, que obriga a assumir responsabilidades pelos novos agentes económicos, mercadores e mesteirais. Há o nascimento de uma aliança, na qual o reino de Portugal se baseia, entre o poder real e os municípios, numa lógica de reconhecimento da liberdade, que coexiste com o centralismo político do monarca. E S. Tomás de Aquino proclama que o atributo essencial da soberania “é o poder de fazer as leis, e este pertence a toda a multidão ou àquele que a representa. Num bom governo é necessário que todos tomem a sua parte”… Ora, com uma adequação da população ao território, como a organização do governo, com a definição dos poderes locais e com o surgimento das bases do Estado moderno são lançadas as bases do que Cortesão designa como “caboucos da democracia em Portugal”. Estamos perante os prolegómenos de uma legitimidade nova – e esses fundamentos não descem às profundidades da administração romana. As tendências universalistas foram desenvolvidas durante a Idade Média e eclodiram e triunfaram, em Portugal, durante a revolução que levou ao trono o Mestre de Avis, determinando a formação social predominante, a missão histórica e o carácter ideal da Nação. E é este humanismo universalista de raiz franciscana, também próximo de Joaquim de Flora, que Cortesão considera entre as razões do sucesso da independência portuguesa, das instituições, da mediação e do respeito pelas diferenças. E assim pode superar as profecias do Bandarra – proclamando, como o fará o Padre António Vieira, que o “Desejado” não é um morto e que o futuro português não é puro sonho. O “Desejado” era um vivo e existia, era D. João IV e as saudades do futuro exigiam a reconstrução audaciosa do País… E sem idealizações abstratas o que Cortesão faz, num caminho crítico, é dizer que estão no código genético de Portugal a exigência da liberdade e de uma articulação de esforços no sentido de um projeto de futuro, seriamente planeado e não sujeito ao improviso.

    Guilherme d’Oliveira Martins
    »

    LINK: https://www.e-cultura.sapo.pt//artigo/23504

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  2. Astrolábio permalink
    31 Janeiro, 2019 10:41

    Excelente resenha histórica.

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  3. Viriato Viseu permalink
    31 Janeiro, 2019 12:44

    Excelente. Tudo o que me cheire a História, estou lá!

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  4. Jornaleco permalink
    31 Janeiro, 2019 12:53

    Para historiadores e amantes, muito bem.

    Agora: o que é que ganhamos com esse saber? Para hoje?

    Eu amo a minha pátria, a minha história.

    V. Exas estão conscientes das forças, que querem acabar, com violência e sem perguntar ao povo que ordena, com a nossa augusta nação?

    Toda a esquerda foi ensinada para odear a tradição. A tradição é a cúmulo (cumulação) de toda inteligência do passado.

    Toda a esquerda está preparada para queimar a tradição.

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  5. Maria da Luz Moutinho permalink
    31 Janeiro, 2019 13:57

    Gostei!
    Que momento interessante da história de Portugal!!
    Além de contar uma história …e um país em construção, qual seria o ano aproximado e nada descontraído em que nasceu Portugal? entre batalhas…e domínios dos espanhóis e algumas fábulas …temos uma rica história que os políticos dos nossos dias tentaram eliminar as suas datas!! Que a memória nunca se apague!!
    De Viseu a Guimarães vão uns Kms de distância??
    Se num país com tantas mudanças e depois de tantos séculos de evolução…
    Contêm a experiência humana de séculos e, por isso, merecem ser lidas e admiradas, devem ser analisadas com critério e senso crítico, em busca da história e da moral da história!!! Não seria lógico imaginar que as lições já estariam aprendidas?
    Estará alguém ainda à espera que surja de um nevoeiro…um D. Sebastião?

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  6. 31 Janeiro, 2019 15:56

    Óptimo, SBCosta.

    Se alguma vez escrever um texto exclusivamente sobre a importância de Lisboa nos olisiponenses e no país, não se esqueça Elefante Branco, ontem reaberto e renovado com festarola em grande, carago !

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  7. Olympus Mons permalink
    31 Janeiro, 2019 21:33

    O post mais estúpido que alguma vez li.
    Sergio barreto, sobre este assunto você não entende a ponta de um proverbial corno.

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    • Jornaleco permalink
      1 Fevereiro, 2019 11:15

      O que é que ele não entende?

      De que ponto é que V. Exa critica? Você é o novo Mário Soares? A Catarina Martins II? O Jerónimo 83.900.001.901?

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  8. Olympus Mons permalink
    1 Fevereiro, 2019 00:13

    E agora que li os outros 3…
    Meus Deus, que ignorância, que calão porque ainda não passou dos anos 90, ainda não saiu da narrativa esquerdoide da internacional Socialista desenhada para destruir as identidades nacionais. Patético. De onde saem vocês tugas provincianos e pequeninos?

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    • 1 Fevereiro, 2019 02:28

      Você está falar com um dos inteligentinhos que se diz da “direita”, da turminha do observador . Aquele pasquim do partido americano da discípula do “direitista” Saul Alinski. Cujos colunistas liberais conservadores, afirmavam que o bolsonaro era da extrema direita e o PSDB coligado com o partido dos “trabalhadores” da Dilma, a “direita tradicional”. E que preferiam votar no Haddad, aquele direitista do PT, autor de livros como : “Trabalho e linguagem: para a renovação no socialismo”, “Sindicatos, cooperativas e socialismo” , e coisas assim apologistas da “direita”.

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    • 1 Fevereiro, 2019 02:44

      A unica diferença que separa estes inteligentinhos de “direita” dos da esquerda, é no tipo de governação globalista que desejam.

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    • Velho do Restelo permalink
      1 Fevereiro, 2019 09:34

      É sempre bom ter um marciano parido dum vulcão, com pose de superioridade. Mas melhor ainda era termos a oportunidade de poder criticar a escrita dele.
      Por isso oh marciano duma figa, eu nasci numa aldeia da beira litoral, logo sou provinciano, e respondendo à tua questão, nasci pelo lado da frente, e sim era bastante pequeno quando nasci ! E tu figurão, onde podemos ler os teus textos ? Onde nasceste ? Na Alfredo da Costa ou na Estefânia ? Pelo lado de traz certamente e bem grandinho e mal cheiroso …
      Não sou advogado do Sérgio, nem sequer o conheço, mas tenho lido bons textos dele.
      Ainda não tinha visto tamanha crítica por aqui, apesar de se ver por cá muito lixo …

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      • Olympus Mons permalink
        1 Fevereiro, 2019 10:00

        Velho do Restelo.
        ser português, em 2019, e escrever estas coisas que o Sérgio escreve sobre Portugal … tem camadas… tem infusão de esquizofrenia, ignorância e provincianismo que só se encontra em Tugice pura.

        Se o Sérgio vai falar de um assunto num blog que considero de referencia, então é bom que perceba os mínimos olímpicos sobre o assunto. Nem sei se tenho pachorra para explicar algo sobre o assunto aqui.

        Quanto a si propriamente, obrigado por ser a representação do que escrevi. É assim, dá-se uma oportunidade e levam segundos a falar de cóco. Não dá para mais.

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      • Jornaleco permalink
        1 Fevereiro, 2019 11:20

        @Non-Olympus Mons???????????????????
        Qeu droga é que V. Exa fumou? Está parvo de todo??

        O que é que é ser português nos seus olhos?

        Antes de criticar os outros, deve dizer, qual a sua posição?

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    • Jornaleco permalink
      1 Fevereiro, 2019 11:17

      @Non-Olumpus Mons?
      Diga em palavras simples o que é que critica. Nem V. Exa percebe do que fala. Qual é o seu problema? Tem dificuldades na cama?

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    • Velho do Restelo permalink
      1 Fevereiro, 2019 11:21

      Olympus, dado que o tom agora está mais consentâneo com um blog dito “de referência”, proponho que quando tiveres mais disponibilidade, leias também o “PUB” (08-01-2019) onde o Sérgio anuncia a intenção de publicar esta série de artigos, e assume-se como “não historiador”, e sim previu que iam aparecer bastantes “tolices” (dele e dos comentadores certamente).
      Eu pessoalmente, desconhecia que neste blog (de referência), só podem publicar autores seleccionados com base numa “Olimpíada da Escrita” ! Onde está a classificação ? Um pouco de transparência ficava bem. Já gora, quando estiveres mais disponível, indica-nos a lista dos teus posts e enquanto não tens tempo o melhor é baixar a crista!

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  9. Olympus Mons permalink
    1 Fevereiro, 2019 11:48

    Ok,
    Nivel 1: para principiantes.
    Vamos começar pelo xeque-mate.
    Os Portugueses, nos 65% que são R1b (+df27), ou seja que possuem esta mutação, estes SNP (single nucleotide polymorphisms) nos genes (ou seja que são filhos daquele homem ancestral) possuem uma diferenciação dos espanhóis porque estes, os espanhóis, tem quase todos a mutação Z196. O TMRCA (time most recent common ancestor) do DF27 é de 4300 anos, o TMRCA do Z196 é de sensivelmente o mesmo tempo. Ou seja, o DF27 conheceu o “neto” Z196.
    Para quem não percebeu: Os portugueses são uma linhagem patrilocal especifica que se distanciou dos espanhóis à 4300 anos atras! Portugal não existe porque um ou uns malucos quaisquer acharam piada fazer um pais. Como o patriarcado, o patrilocal, ou seja a ancestralidade dos Homens (versus a feminina) e as relações entre eles sempre definiu as estruturas socio culturais nos espaços geográficos. Ainda mais especifico, significa que espanhol não fornica portuguesa á 4300 anos! E para espanhol não fornicar portuguesa é porque os homens do lado de cá olhavam para os homens do lado de lá como o outro.
    Já entenderam? Portugal tem 4000 anos, quer se chama-se assim ou qualquer outro nome. Na verdade, e esse seria o nível 2, Portugal tem 5300 anos.

    Conseguem perceber o distanciamento entre esta realidades e as parvoíces que o Sergio escreveu?!!

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  10. Olympus Mons permalink
    1 Fevereiro, 2019 11:50

    correções ao “á” e ao “chamasse”… estou ocupado.

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  11. Olympus Mons permalink
    1 Fevereiro, 2019 12:01

    Já agora. ainda ao nível 1…
    Portugal é singular também porque o número de R1bs que são M269 (muito antigos) mas que NÃO são P312 (o “pai” do DF27) é muito grande e não faz sentido. 12% de M269(XP312) só encontra paralelo nos países que sabemos serem “germânicos” no DNA, porque são filhos do S21 ( o “irmão” do P312). Se no Porto soubessem fazer alguma coisa de jeito , o Ipatimup do porto ao testar teria analisado os SNP intermédios. Porque se, como outros estudos indicaram no passado, esses portugueses forem só descendentes do L51 ( o pai de 80% de todos os EUROPEUS) então ainda mais peculiar os portugueses são.

    Alguém entendeu alguma coisa? Sérgio?

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    • Jornaleco permalink
      1 Fevereiro, 2019 12:49

      @Olympus Mons

      Interessante.

      E agora em palavras claras e sem curvas. Qual a sua mensagem?

      V. Exa é especialista nessa área, porque se especializou. Nós outros também somos especialistas noutras áreas. E isso pode ser o seu desaire, no caso que cometa erros, o que eu não quero insinuar.

      O cérebro é a coisa mais complexa que o ser humano conhece, em toda a parte do universo conhecido. Ninguém sabe como é que funciona. Ninguém. E para o construir é preciso, diz a cibernética, algo muitíssimo mais complexo e muito mais inteligente, do que o próprio cérebro. Quer dizer, que uma evolução, como a esquerda fascista, a igreja dos macacos e das putas sem provas sempre reclama e reclamou, não é possível. A probabilidade é zero!!

      O respeito pelo próximo e a verdadeira inteligência são irmãos, o lado da mesma moeda. Falo claro?

      Onde deseja chegar? Eu tenho sonho.

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  12. Luis Lavoura permalink
    1 Fevereiro, 2019 12:30

    Muito interessante.
    Porém, há que ter o cuidado de não confundir divisões administrativas dentro de um império, ou de um país, com divisões substantivas.
    Ou seja, trata-se somente da forma como o império, ou o país, decide administrar-se a si mesmo. Não se trata de uma delimitação em função de caraterísticas diferenciadas da geografia física ou humana.
    (Isto é tão importante de levar em consideração para o Império Romano como para a Jugoslávia ou a URSS.)

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  13. Velho do Restelo permalink
    1 Fevereiro, 2019 16:03

    Muito bem Olympus Mons, deu para perceber que estamos perante um expert em investigação genética!
    http://www.eupedia.com
    De qualquer modo, como já referido pelo Luis Lavoura, é um outro ângulo de análise, bastante interessante por sinal, e que dispensava a forma “dura” como entraste.
    Temos de ter cuidado com este sujeito, se nos apanha uma amostra de ADN ainda consegue demonstrar que somos parentes do ti Jerónimo ou da Catarina, ou pior ainda do Maduro … 🙂

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    • Velho do Restelo permalink
      1 Fevereiro, 2019 16:07

      O link não saíu bem :

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      • Velho do Restelo permalink
        1 Fevereiro, 2019 16:10

        última tentativa :

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    • Velho do Restelo permalink
      1 Fevereiro, 2019 16:19

      Link : https://www.eupedia.com/forum/threads/33645-R1b-M269-PF7562
      (tem nº limitado de acessos como guest)

      (Sérgio, se puder retire p.f. as tentativas falhadas do link)

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      • Jornaleco permalink
        1 Fevereiro, 2019 19:35

        @Restelo
        E agora em palavras claras e sem curvas.
        Qual a sua mensagem?
        Qual o ganho?
        Para que efeito?

        O sol anda à volta da terra ou a terra à volta do sol?

        Sem drama. 😉

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      • Velho do Restelo permalink
        1 Fevereiro, 2019 19:53

        Não temos que ter todos os mesmos interesses. Também vejo por aqui muitos artigos que não me suscitam qualquer interesse, e por isso passo ao lado! Até há pouco tempo, o estudo genealógico era feito com base em documentos. Muito trabalhoso e limitado no alcance. A abordagem genética tem uma escala mais alargada, e não deixa de ser interessante deduzir as origens de cada povo, e a sua propagação ao longo do planeta.
        Eu sei, pode ser um pouco assustador. Segundo dizem, o Hitler era descendente de judeus, o que não era nada bom para a “saúde” dele.

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  14. Rui Silva permalink
    1 Fevereiro, 2019 20:06

    Aproveitando a presença de um especialista em genética, gostava do seu comentário em relação aos habitantes de Mértola.

    cps

    Rui Silva

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  15. Jornaleco permalink
    1 Fevereiro, 2019 20:16

    @Restelo,

    sim é muito interessante. E o resumo é?

    O que é que o mapa significa?

    O que é que quer dizer “Hittite lineage”? O povo que lutou contra o do Egypto? Que ninguém sabie que existia e que só era mencionado na Bíblia? Até fazerem as descobertas não faz assim muito tempo? Uns séculos atrás?

    As explicações para leigos são fracas, nesse site. E isto nada tem de haver com inteligência.

    Qual a mensagem, por favor?

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  16. Olympus Mons permalink
    1 Fevereiro, 2019 21:53

    Jornaleco,

    Não ia dizer mais nada. Mas não resisto porque você fala no “Hittite lineage”…
    Não é, ou não deve ser, “Hittite lineage” mas sim hittite LANGUAGE.

    Metade do planeta fala IE. Indo-Europeu. Hittite, ou Anatolian, é a primeira língua IE atestada e que se terá separado do PIE (proto-Indo-Europeu) ou seja a língua falada por uma tribo ou cultura que criou o PIE e cujas línguas todas as línguas IE descendem. A isso chama-se o Urheimat dos Indo-Europeus. Mas seria uma longa história essa…

    Ora, quando alguém como o sérgio Barreto Costa fala dos Lusitanos nos termos como falou é no mínimo irritante, para não dizer ofensivo e quiçá digno de uns belos acoites!
    A língua Lusitana (dos Lusitanos) é :

    • das poucas línguas Indo-Europeias que não está categorizada. E acredite que nada faria os Linguistas mais felizes do que mete-la na categoria celta e arrumar o assunto. Mas não podem.
    • À altura, toda a ibéria falava línguas ibéricas que NÂO ERAM IE (indo-europeias)… excepto os lusitanos.
    • A razão pela qual o Lusitano não foi enfiado como língua Celta é porque o Lusitano possui arcaísmos que antecedem em muito a língua celta. Nomeadamente não tinha ainda perdido o -P que ainda se atesta no lusitano quando todas as línguas IE já o tinham perdido. Por isso, os Lusitanos não eram Ibéricos. e continuam envoltos em misterio …

    Para o Sérgio. Tenha respeito. Tenha respeito pelas gentes, a sua gente, que dizia…

    OILAM TREBOPALA
    INDO PORCOM LAEBO
    COMAIAM ICONA LOIM
    INNA OILAM USSEAM
    TREBARUNE INDI TAUROM
    IFADEM REUE…

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    • Velho do Restelo permalink
      2 Fevereiro, 2019 10:28

      E de Águas Frias {é correcto citar as fontes 🙂 } temos :

      DEIBABO
      NEMUCEL
      AICABO
      FUSCINUS F
      ULAS

      (as minhas desculpas se ofendi alguém …)

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    • Jornaleco permalink
      2 Fevereiro, 2019 14:12

      @Olympus Mons,
      obrigado, e muitíssimo interessante.

      Quer dizer, só para perceber. Porque eu não estou dentro desses métodos.

      A essa conclusão chegou-se só através dos resultados da investigação na área da genética? Sem a genética chegaria-se a outra conclusão?

      O site é de 2017. E a conclusão é recente ou o que V. Exa acabou de dizer já tem alguns anos?

      Obrigado pela sua preciosa atenção!

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    • 2 Fevereiro, 2019 17:43

      Nem sequer existe “língua celta” como algo unificado. Existem uma série de dialectos entre povos a que os romanos chamaram celtas.
      O estudo desses dialectos chega a ser feito por sons dos instrumentos musicais.
      Vi espantosa exposição acerca disso, há uns 3 anos, em Edinburgo.

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  17. Olympus Mons permalink
    2 Fevereiro, 2019 14:50

    Jornaleco
    Língua é língua. O Lusitano é efectivamente uma língua Indo-europeia não categorizada que possui arcaísmos surpreendentes que à altura as línguas IE contemporâneas já não possuíam (proto celta, proto Italico, iraniano, sânscrito, etc). Isto numa Ibéria que estava pejada de línguas não IE: Iberian languages, Proto-basco, aquitanian,etc.
    Aliás Portugal não era marcado por ser Lusitano. Não que houvesse diferença entre eles mas nós portugueses somos na verdade, se tivermos que escolher uns, os descendentes dos…. Túrdulos. Dos Turduli: Turduli (os primeiros, do Alentejo e parte da Andalusia), Turduli Bardili (Setúbal), Tuduli Oppidani (fortificações dos turduli desde Lisboa a Coimbra) e turduli Veteres (Veteres- os veteranos que viviam na zona Gaia/Porto). … mas isso era outra história.
    Lusitanos ficaram conhecidos porque deram porrada aos romanos e foram eles a escrever a historia. Falava o Sérgio Barreto dos cartagineses a caminho de roma… nunca entraram em Portugal pois não? Na verdade quando se aproximaram dos turdulos (Turduli) mataram-nos e colocaram os cabeças cortadas em paus. … Asdrubal, pai de Hanibal dos elefantes, achou melhor deixar aqueles malucos em paz.

    Quanto à separação genética pelo cromossomas Y, pelas subclades dos haplogrupos entre Portugueses e os espanhóis são coisas recentes reveladas pela genética. Muito motivadas pela nova Archeo-genética que quase todos os meses publica dados genéticos sobre culturas imemoriais.
    Não em Portugal claro. Portugal, na verdade os portugueses (nós!) são umas crianças, prorrogadas e imberbes, fans de mecanismos psicológicos rudimentares. Aliás somos treinados e premiados por essa maneira de ser…

    Nota: Atenção. Do ponto de vista autossomal (totalidade dos genes) somos relativamente parecidos aos espanhóis. Melhor dito ainda, os portugueses e galegos são do mesmo stock (o reino de leão existia mesmo como “identidade genética”) e irmãos dos restantes espanhóis. Irmãos mas somos de “tribos” diferentes à pelo menos 5000 anos.

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  18. Sérgio Barreto Costa permalink
    2 Fevereiro, 2019 16:17

    Estou a ler os vossos comentários com toda a atenção, podem continuar…

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  19. 2 Fevereiro, 2019 17:01

    V. devia saber que o mito fala mais alto que a realidade. E isso é citação cinéfila, até.

    Para o caso, a identidade de um povo é uma construção histórica. E a nossa tem todo esse tempo de língua própria.
    A construção de um país pode ser muitas outras coisas e nem coincidir com território e povo único e ser até uma construção de reconhecimento na política internacional. De modo natural, de modo geográfico ou de modo mais ou menos artificial.

    Os problemas internacionais também se explicam por este desajustamento entre família-> clã- > tribo -> povo-> Pátria-> Nação -> nacionalidade.

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  20. 2 Fevereiro, 2019 17:05

    Por outro lado, a língua não é a Pátria de um povo. A língua dá a especificidade ao grupo diferente de outro. Depois a identidade histórica é uma construção muito mais complexa com partilha de valores, formas de ser, formas de aglutinação diferentes de outrem, instintos de defesa contra até os mais próximos se forem diferentes.

    Isto é tão óbvio em África ou na Àsia como cá, apesar da nossa identidade ser quase um feito único, em termos de povo e de país.
    Mais que nós só os judeus e Israel

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  21. 2 Fevereiro, 2019 17:08

    Nós somos os nomes dos dias da semana.

    Assim acho que fica tudo dito.
    Mais nenhum povo tem um léxico diferente do pagão que é comum a todos os outros.
    Nós temos a segunda-feira e a terça feira e por aí fora que nada tem a ver com constelações ou planetas, ou deuses ou sentidos primordiais.

    Temos os dias de trabalho para o Senhor e os dias de descanso dedicado ao Senhor e o sabath da Antiga Lei.

    Mais ninguém tem isto. Foi um panónio que conseguiu converter a corte sueva pela Palavra e nos deu uma identidade de base católica até aos nossos dias.

    Por isso as revoluções querem sempre mudar o nome do calendário.

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  22. 2 Fevereiro, 2019 17:09

    S. Martinho de Dume

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    • Velho do Restelo permalink
      2 Fevereiro, 2019 18:58

      “…Mais ninguém tem isto.” A não ser os chineses, que também usam uma seriação : 1º dia , 2º dia … Desconheço se foi sempre assim, ou se foram influenciados por nós !!!

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      • 2 Fevereiro, 2019 19:02

        Esqueci-me dos principais que têm ainda mais que isto e que são o último reduto de uma grande civilização- os japoneses.

        Fechados ao que importa fechar, abertos ao que importa abrir- com uma identidade ímpar, frutuosa, inteligente, moderna, próspera, linda.

        Nunca deitaram fora a História, como os chineses fizeram

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      • 2 Fevereiro, 2019 19:06

        Ah, isso tem piada é poderá ter sido ou não influência. Nunca estudei.

        Os nomes dos dias da semana são mesmo o exemplo que melhor me ocorre para comparar com o que nos rodeia, incluindo em termos da mesma civilização. E não foram os dos meses porque o Martinho não teve tempo.

        E tudo pela inteligência da palavra. Pela força do verbo. Uma corte a aceitar os “espelhos dos príncipes” e a educação “aos rústicos” de quem estava a par da grande teoria cristã e católica da época.

        E foi assim em todo o lado- anões às costas de gigantes. Até o Carlos Magno era analfabeto e foi educado por um sábio eclesiástico. Mesmo quando os sábios ainda eram “criados do príncipe” ou do Imperador.

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  23. 2 Fevereiro, 2019 19:00

    E, quando disse “nós”, o “nós” ainda hoje não é quem tem o Poder, como nem era a monarquia ou os clãs da nobreza.

    O “nós” era o todo nas variadas estratificações, desde a Idade Média, até ao presente. E esse nós foi sendo também uma construção que muda por conquista territorial e sentido de pertença- a terra dos pais, a terra dos antepassados. Depois chama-se Pátria.

    Esse nós, a dada altura, foi o que elegeu o Mestre de Avis, foram os que correram com os espanhóis, foram os que sempre quiseram, mesmo pequenos, serem “nós” e não os “outros”.

    E por isso nunca estivemos englobados em qualquer Império Europeu. Por isso até a neutralidade na II GG foi mais um marco da nossa independência a interesses e partidos mais globais.

    E esse nós nunca teve feudalismo; nunca teve regiões, nem por decreto republicano no que se passou a chamar “províncias”.

    Esse “nós” só tem algumas pancas bairristas que até têm piada
    E tem algumas outras pancas insulares daqueles que nem entre as próprias ilhas se entendem, detestando-se mutuamente ainda mais que aos do “contenente”.

    Agora que esse nós seja o mesmo do início é que não acredito.

    Esse “nós”, enquanto povo, já nem eu o reconheço na minha memória de algumas décadas e não sou propriamente uma múmia.

    As revoluções podem estragar também os povos.

    Estragam sempre. Por cá espatifaram a economia, o ensino, a honradez da tradição do bom povo português, a sabedoria das gentes das aldeias- mesmo analfabetas eram mais ´sabias que agora de papel de Dr. passado.

    E estragaram a juventude que vai nascendo desta ruptura imbecil.
    Nenhum povo pode manter-se com um hiato histórico e memórias apagadas por vencedores de uma trampa revolucionária interrompida- Se calhar mais valia nem ter sido interrompida para recuperarem o que os do Leste recuperaram. E ostracizarem para sempre o que esses ostracizaram- os comunas destruidores de tudo.

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  24. 3 Fevereiro, 2019 10:50

    Para o SBC- um bem texto:
    Uma identidade especial do Jaime Nogueira Pinto que serve de explicação a questões mal colocadas neste.

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  25. Velho do Restelo permalink
    3 Fevereiro, 2019 11:03

    A ideia que somos singulares, é um bom aconchego para o ego, e de facto encontramos na nossa longa história vários factos, que nós conhecemos e que sustentam essa ideia. Mas será que conhecemos e valorizamos os factos que os outros povos invocam para também eles serem “singulares”? Claro que não, naturalmente conhecemos melhor a nossa história que a deles (excepção feita a alguns estudiosos).
    Será que essa singularidade persiste mesmo depois dos descobrimentos o tuga se ter “espalhado” por todo o mundo?
    E quando digo “depois” inclui a actualidade, pois ele continua a ser um viajante, não tanto por curiosidade da descoberta de novos mundos, mas por necessidade de procurar melhor vida, que não consegue realizar no pequeno rectângulo !
    Quando a “blogosfera” se fazia escrevendo num bloco de pedra, as mensagens eram curtas e persistentes (> 2000 anos), agora para dizermos uma banalidade precisamos de centenas de palavras que daqui a 1 mes já ninguém lê, e passado 5 anos já não existem!
    Para quem não teve a curiosidade de pesquisar a mensagem que o Olympus referiu :

    OILAM TREBOPALA INDO PORCOM LAEBO COMAIAM ICCONA LOIMINNA OILAM USSEAM TREBARUNE INDI TAUROM IFADEM REUE…

    é uma inscrição encontrada em Cabeço de Fráguas (Guarda), e cujo significado é qualquer coisa do tipo :

    { Uma ovelha para Trebopala e um porco para Laebo outra ovelha para Iconna Loiminna e uma maior para Trebaruna e um touro fértil para Reve …}
    

    (com alguns retoques pessoais na tradução …espero que o autor não se importe 🙂 )

    Mas na actualidade esta mensagem teria uma redacção do tipo :
    “15 milhões via Barroca para Carlos Silva
    21 milhões via Salgado para Socas
    14 milhões via Carlos Silva para Socas
    30 milhões via Socas para PS ”

    (o resto foi para fotocópias, armani …)
    
    Um dia ainda vou gravar esta msg num penedo ali para os lados da Covilhã …
    

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