Que SNS é este?
Para perceber o que se passa hoje no SNS é preciso recuar-se no tempo. Aquando a sua “criação” – tal como o conhecemos hoje – António Arnaut, então ministro dos assuntos sociais, disse ao “O Jornal”: “A revolução de Abril vai chegar à saúde, uma saúde a que todos os portugueses têm igual direito. Não se trata de construir um hospital em cada localidade (…) mas de assegurar um serviço que responda eficaz e prontamente às necessidades do povo português, que dignifique o acto médico e evite o espectáculo degradante de longas filas de espera de consulta e a frustração daqueles a quem o funcionário diz para voltar no mês seguinte ou alguns meses depois (…). Numa sociedade democrática a caminho do socialismo não pode haver latifundiários de qualquer natureza e muito menos domínios da saúde pública por isso o SNS acabará com os exploradores da medicina“. Ou seja, o principal objectivo era estatizar a saúde usando o argumento de sempre: é tudo pelos pobrezinhos. Obviamente que houve oposição. A começar pela própria ordem dos médicos na época presidida pelo Dr. Gentil Martins que acusava o governo de querer estatizar a saúde e de acabar com o direito à livre escolha, posição igualmente assumida pelo CDS e PPD.
Ao contrário da propaganda esquerdista pós 25 Abril, o Estado Social nasceu no Estado Novo onde se decretou entre outros: o abono de família; a acção social escolar; a acção social no trabalho; a A.D.S.E.; as bolsas de estudo; as caixas de previdência; as caixas de reforma; as cantinas escolares; as casas do povo; as casas dos pescadores; a comissão para a política social relativa à mulher; a comissão permanente de reabilitação; os subsídios a diminuídos; o apoio social a emigração e imigração; o apoio a doenças profissionais; o contrato colectivo de trabalho; o apoio ao emprego e formação profissional e a habitação económica, são apenas alguns exemplos. Neste contexto, também o verdadeiro e efectivo pai do SNS foi, em abono da verdade, Baltasar Rebelo de Sousa, com a Reforma dos Centros de Saúde em parceria com Gonçalves Ferreira e Arnaldo Sampaio, que decorreu na década de 70 e que foi um considerável sucesso. No Centro de Saúde Pêro Pinheiro, por exemplo, havia pediatria, ginecologia, obstetrícia e dentista, com vários médicos de clínica geral, sempre disponíveis e sem marcação prévia. De salientar também que foi neste período que se iniciou a construção de inúmeros novos Hospitais , Sanatórios e beneficiação dos antigos, por todos os distritos.
A diferença é que durante o Estado Novo observou-se uma continuidade da política assistencialista, supletivista, caritativista, ao contrário do SNS actual, universalista suportado totalmente pelo Estado. O Estado Novo defendia que “ a assistência deve na mais larga medida possível ser exercida pelos particulares, cabendo ao Estado sobretudo a orientação superior e a coordenação de todas as actividades beneficentes.”
Ora, se o SNS veio revolucionar a saúde em Portugal com o seu “universalismo” e acabar com os “exploradores da saúde” porque razão observamos exactamente o oposto? Ao fim destes anos, temos um SNS degradado e caótico onde: se morre em longas listas de espera de meses ou anos para consultas ou cirurgia, consoante a especialidade; há legionella que mata em hospitais públicos; doentes com cancro sem poder fazer exames e que morrem à espera; equipamentos alugados a hospitais privados por serem obsoletos ou estarem avariados; não há roupas de cama lavadas nem material médico suficiente e faltam medicamentos; não há acesso aos melhores tratamentos oncológicos por serem caros; as instalações hospitalares estão degradadas por falta de manutenção; não há pessoal de enfermagem ou médico suficientes por isso centenas de doentes são tratados em corredores ou salas de espera por um único enfermeiro; a mortalidade infantil disparou; há centros de saúde que encerram; há inúmeras pessoas sem médico de família; há menos serviços prestados nos centros de saúde do que no regime anterior; os cuidados continuados não cobrem as necessidades; os idosos são abandonados em hospitais por falta de alternativas; a ala pediátrica do Joãozinho está há anos em contentores. Em suma, um serviço deplorável de saúde.
Mas há mais. Se o “verdadeiro” objectivo era combater os “exploradores da medicina” como foi possível tantos casos de corrupção que se multiplicaram no SNS? E já agora, por que razão há tantos candidatos a estudantes de medicina e poucas vagas, controladas pela Ordem dos Médicos, com tanta escassez de médicos em Portugal, sendo necessário recorrer a profissionais estrangeiros?
A verdade que ninguém ousa dizer é que o SNS está a morrer por via da “sovietização” do mesmo, que cria uma dependência total e absoluta no Estado. Um sistema que dá a ilusão do “direito universalista” à saúde mas não garante nem qualidade nem acesso a tratamentos, porque o Estado, sempre que não tem dinheiro para todos os seus desvarios com as elites, corta no essencial às populações, deixando-as sem qualquer poder de escolha. É a pura ideologia demagoga socialista posta em prática no SNS que conduz a estes resultados. Exactamente como em Cuba e na Venezuela.
É caso para dizer: mas que diabo de Serviço Nacional de Saúde universalista é este?
Bravo, Cristina! Como sempre. Ao ler o seu artigo, veio-me também à ideia esta magnífica ideia do actual governo de chamar para ministra da Saúde uma senhora que comprovadamente andou a eliminar gente das listas de espera só para “apresentar resultados”. Chama-se a isso “trafulhice premiada”.
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Se tudo se tivesse passado como a Cristina (sem pudor conta)
já teria havido uma Revolução pós 25A.
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Hahaha! Será ignorância, inocência ou (mais provável) pura imbecilidade?
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“Ao contrário da propaganda esquerdista pós 25 Abril, o Estado Social nasceu no Estado Novo onde se decretou entre outros: o abono de família; a acção social escolar; a acção social no trabalho; a A.D.S.E.; as bolsas de estudo; as caixas de previdência; as caixas de reforma; as cantinas escolares; as casas do povo; as casas dos pescadores; a comissão para a política social relativa à mulher; a comissão permanente de reabilitação; os subsídios a diminuídos; o apoio social a emigração e imigração; o apoio a doenças profissionais; o contrato colectivo de trabalho; o apoio ao emprego e formação profissional e a habitação económica, são apenas alguns exemplos.”
Faltou talvez por lapso a “exemina”
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adelinoferreira45 PERMALINK
16 Maio, 2019 19:55
em compensação estás repleto de propaganda Salazarista, União Nacional
Legião Portuguesa e PIDE/DGS.
PASSA BEM (se puderes) porque agora, por muito tempo, tens que viver à
Democracia Europeia: so sory.
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adelinoferreira45 PERMALINK
16 Maio, 2019 19:55
em compensação estás repleto de propaganda Salazarista, União Nacional
Legião Portuguesa e PIDE/DGS.
PASSA BEM (se puderes) porque agora, por muito tempo, tens que viver à
Democracia Europeia: so sory.
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@licas, você é um autêntico licas. Já entregou grande parte do seu ordenado ao partido?
O Cunhal foi parar à prisão com mérito. Eu nunca o deixaria de lá sair. E a você também não. Crime após crime, que você aqui comete.
Não existe ditadura pior que a sua.
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De doença crónico cardíaca estou á espera de consulta externa já faz onze meses com sucessivos adiamentos!!
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Viva o 25 abril!!
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Viva o 24 de Abril!
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os serviços são organizados em função de quem trabalha lá e não em função do doente: começa logo aí o problema. nem vos passa no que aquilo se tornou, às vezes nem compressas há, médicos novos horríveis a mato, apetece fugir a sete pés.
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E depois o que está a acontecer é uma afluência enorme aos hospitais privados para todos os que podem, e são muitos. O SNS ficará só para os pobres, e são muitos em Portugal.
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Licas
Ó Zira vais presa? Não? Vou com o chefe
Ruas estreitas onde o sol nunca entrou. Pavimento de paralelipipedo escorregadio e um casario velho e insalubre. De janelas e varandas cai água da roupa que se quer secar, tarefa dificil pois o astro não ajuda
Às portas dos prédios de 4 e 5 pisos o mulherio dispara: ó jeitoso vem que não te arrependes.
Era o tempo do criminoso AOS
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Dizer “a mortalidade infantil disparou” parece-me exagerado
https://www.pordata.pt/Portugal/Taxa+bruta+de+mortalidade+e+taxa+de+mortalidade+infantil-528-2950
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Não é exagero. Foi denunciado nos jornais
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O licas foi daqueles que também emprenhou pelos ouvidos
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Cristina Miranda
Mais um excelente texto.
Mais uma vez a Verdade é reposta pela sua mão.
Permita-me que, como aditamento ao seu texto lembre o enorme esforço que o Estado Novo fez na construção, apetrechamento e pleno funcionamento das FACULDADES DE MEDICINA DE LISBOA, PORTO E COIMBRA, hoje ainda em pleno funcionamento mais de sessenta (60) anos depois de criadas.
E as ESCOLAS DE ENFERMAGEM, e a ASSISTÊNCIA NACIONAL AOS TUBERCULOSOS e o HOSPITAL DA TOCHA para os leprosos e o INSTITUTO PORTUGUÊS DE ONCOLOGIA?.
E as Maternidades e as Casas da Criança e as Colónias Balneares?
DISTO É QUE A ACTUAL DEMOCRACIA SE DEVIA GABAR se fizesse mais e melhor.
Mas, em compensação, fez dez (10) estádios de futebol que são “equipamentos de primeira necessidade” !!!
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Cm_ atenção às fontes
aqui
e mais esta
Cfr lembradas aqui
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CM- Cristina Miranda, era o que queria escrever.
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E tudo isto enquadrado numa sociedade, que está a envelhecer, e muito fora do equilíbrio.
Projeccões prevêem uma descida da população de 10 para 7 milhões, até ao ano [..].
Qual os culpados? Aqueles que andam a matar “bebés”. Os mesmos que deram cabo do SNS. Muitos vivem no Restelo e são puros cretinos, autênticos porcos.
Ser ateu é mesmo isto. Mal feito.
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O povo tuga está a ficar muito “betinho”, sempre a queixar-se .
Estou curioso para ouvir o Santana, sobre o atendimento que teve em Coimbra 🙂
Tenho muitas dúvidas que se vá queixar (do SNS), já sobre outros … a ver vamos.
Só por curiosidade, alguém sabe se os airbags dispararam ?
Pelas fotos que pude ver parece que não !!!
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Não abriram.
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Se não fosse o SNS o que seria de Vs. Exªa.?
Vão para os EUA, Venezuela ou Brasil e vão ver o que é bom para a tosse! 🙂
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Não referiu a Venezuela por lapso, ou por ter um SNS ainda melhor que o nosso ?
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Erro meu, afinal referiu … 🙂
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