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A propósito do alojamento local que expulsa os habitantes do centro da cidade

23 Junho, 2019

Vera Gouveia Barros: “Eu sei que uma pessoa vai ao Ikea, vê aqueles simulacros de apartamentos com 25 m2, com ideias geniais de arrumação e de aproveitamento de espaço, e até lhe apetece trocar o seu T2 por um cafofo. Mas vamos ser realistas: a maioria de nós não consegue que a suas coisas caibam em tão pouco espaço, pois não? Nem com a ajuda da Marie Kondo. No entanto, para servir de alojamento temporário a quem vem com uma mala que a companhia low-cost garantiu não ser mandada para o porão, aquelas casas, em ruas estreitas onde os prédios distam dois metros do da frente, estão perfeitas.”

Ps. Como a autora lembra ainda que a Baixa, a Graça ou a colina de Santana hajam perdido habitantes durante a última década – afirmação para a qual não há dados estatísticos a confirmar (ou a desmentir) –, não se encontra aqui nenhuma inversão da tendência dos últimos 50 anos, em que a cidade se foi esvaziando de gente a morar nela, sendo as casas convertidas em escritórios, em consultórios, em sedes de organizações várias (onde se incluem partidos e sindicatos). De modo que responsabilizar o alojamento local pela expulsão dos habitantes do centro de Lisboa é teoria a carecer de factos. Nem opinião informada chega a ser. É mais uma questão de fé. Ou fezada, vá.

34 comentários leave one →
  1. Luís Lavoura permalink
    23 Junho, 2019 11:51

    É um efeito indireto. O alojamento local faz aumentar a procura por casas no centro da cidade, logo, faz aumentar os preços dessas casas, logo, afasta as pessoas que quereriam lá viver.
    Além disso, sim, há muita gente que aceita viver em casas muito pequenas. Hoje em dia é cada vez mais normal pessoas não casadas viverem em quartos ou em casas partilhadas, onde efetivamente só têm 20 metros quadrados por sua conta.

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    • Luis permalink
      23 Junho, 2019 17:19

      Você conhece alguma capital europeia onde a classe média exija viver no centro ou onde tenha classe média no centro da cidade? Conhece? Eu não conheço todas, mas não vejo estudantes a viver em apartamentos nas zonas nobras das cidades, nem famílias remediadas, nem pensionistas com pensões baixas. Os centros são genericamente para edifícios públicos, museus, embaixadas, hotéis, escritórios, comércio mais refinado.

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      • Luís Lavoura permalink
        24 Junho, 2019 12:04

        Eu quando visito capitais europeias não indago quem vive no centro delas.

        Tenho ouvido dizer que noutras grandes cidades europeias (Barcelona, por exemplo) o alojamento local em exagero no centro também é contestado.

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      • 24 Junho, 2019 13:12

        tu não indagas nada- tu és um idiota faccioso que só sabe fazer a onda pela comandita canhota.

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    • 24 Junho, 2019 13:10

      Se apenas pedes opinião ao Podemos e nem notas qualquer descaracterização na generalidade das cidades europeias- de Londres, a Paris, passando por todas as de Itália e por aí fora, na equiparação turística passível de ser feita, qual o problema?

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      • Andre Miguel permalink
        24 Junho, 2019 13:40

        Não indaga, mas tem “ouvido dizer”… é cá um idiota chapado.

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  2. 23 Junho, 2019 11:58

    Pessoas abastadas não votam na esquerda, a menos que sejam pessoas que se abastaram precisamente por andarem a manter as outras pessoas pobres, caçando o seu voto.

    Porque é que em Portugal a escarralhada não quer que se explore lítio, petróleo, têxteis ou turismo? Porque em todos os países que enriqueceram a esquerda tradicional reduziu-se aos saudosistas.

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    • André Miguel permalink
      23 Junho, 2019 13:24

      Ora bem.
      O desenvolvimento económico não é um desígnio deste regime, pois sem pobres a esquerda deixa de fazer sentido. Por isso eles odeiam o AL, porque permite às pessoas ganharem dinheiro pelos seus meios e sem o aval de sua santidade o Estado.

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      • Luis permalink
        23 Junho, 2019 17:39

        O PS é o herdeiro do Marquês de Pombal e das suas companhias monopolistas. Gosta de grandes empresas a monopolizarem todo um negócio. Os portugueses que abram cafés e restaurantes, ou emigrem. Neste caso, prefere que meia dúzia de hoteleiros controlem o turismo. É muito mais difícil controlar milhares de proprietários. Sabem que em Portugal o ser proprietário está associado ao voto ao Centro ou na Direita, daí as diferenças entre Norte e Sul.

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  3. Luis permalink
    23 Junho, 2019 17:24

    Por altura das eleições, recordo-me de ouvir na TSF um membro de uma conhecida associação hoteleira dizer que estava muito satisfeito com o resultado do PS pos assim haveria perspectivas de alterar a lei dos alojamentos locais. O que sei é que as zonas de contenção aplicam-se apenas aos alojamentos locais e não à hotelaria. Eu não acredito em bruxas, mas…

    Já agora, conheci vastas áreas do centro do Porto despovoadas. O despovoamento começou logo nos anos 80. Não há muito tempo havia estrangeiros que chamavam ao Porto a Detroit da Europa. Antes de aparecerem turistas já o Porto tinha perdido cerca de um terço da população. A grande causa do despovoamento está nas heranças indivisas, nas rendas congeladas, nos impostos e leis do arrendamento.

    Esta cruzada contra o turismo não tem qualquer base racional e serviu apenas para favorecer os interesses de alguns hoteleiros que não querem concorrência. Se estivessem realmente preocupados com o tema habitação falariam do problema das heranças que não se dividem, dos receios que as pessoas têm em arrendar ou dos impostos que pagam.

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  4. Luis permalink
    23 Junho, 2019 17:29

    Um proprietário acaba por pagar ao Estado 28% do valor da renda. Depois ainda paga IMI, e em muitos casos paga condomínio. Do dinheiro da renda tem de descontar o necessário para cobrir custos de manutenção do imóvel, e se for um prédio terá também de contribuir ocasionalmente para a manutenção do edifício. Além disso é preciso ter em conta riscos, como o não pagamento de prestações ou danos causados ao imóvel pelo arrendatário. E haverá certamente meses que o imóvel não está arrendado. Disto isto, frequentemente ao fim de 12 meses o proprietário fica com menos de 50% do valor da renda. Por isto, para ganharem algum dinheiro, os proprietários inflacionam bastante os preços para compensar as despesas que têm em impostos ou condomínio. E com ou sem turismo isto vai acontecer.

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  5. Luis permalink
    23 Junho, 2019 17:35

    A escandaleira e o delírio por causa do turismo nem tem razão de ser pois o número de turistas já estagnou. E o de turistas europeus até parece estar a cair, o que num país normal deveria ser motivo de preocupação. Portugal até nem tem muitos turistas, por habitante a Grécia, Croácia, Espanha ou França têm muitos mais. E Lisboa tem 4 ou 5 vezes menos turistas que Dublin ou Barcelona.

    Antes das low cost e companhias de viagem investirem em Portugal nós estávamos a milhas da Grécia e de Espanha. Barcelona já era uma das cidades mais visitadas da Europa nos anos 80. Nos anos 70 e 80 Espanha fazia grandes campanhas de publicidade em revistas internacionais. Portugal nunca fez nada disso. Na realidade estamos atrasados em relação aos espanhóis décadas. O Estado Novo fez o Algarve que no início dos anos 70 até era invejado pelos espanhóis mas a coisa parou uma série de anos por causa do PREC. O Álvaro Cunhal e o PCP já nessa altura eram contra o turismo

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    • Jornaleco permalink
      23 Junho, 2019 18:14

      Em Coimbra, tudo a apostar pelo turismo.

      Numa das ruas mais belas e lindas, lojas a abrir dedicadas ao turismo, vendendo o material do costume. Sobressai uma marca que abriu seis ou sete lojas!! Tudo a mesma cantiga. E nas ruas transversais vazio, lojas vazias. Triste.

      Na mesma cidade, essa canalha altiva, que não vale um corno, por serem asnos perfeitos, ninguém pode saber mais que aqueles porcos, não é nenhum insulto, porque é infelizmente verdade, a investirem, a queimarem dinheior em camionetas eléctricas, que são um insulto a qualquer inteligência. Porquê?

      Eles fazem aquilo por causa do ambiente. Mas é provado, que o carro eléctrico polui mais o ambiente que uma máquina não-eléctrica. O transporte torna-se muito caro. A manutenção mais cara. Etc.

      Isto é um crime económico.
      Acresce, que gastar dinheiro para o ambiente é uma perversidade, desnecessário.

      Muitos a apostar e a perderem algum dinheiro bom. Não sabem calcular, separar a verdade da mentira. Analfabetos económicos.

      Portugal precisa de muito mais pessoas como você.

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      • Luis permalink
        23 Junho, 2019 18:28

        Eu vivi em Coimbra quando era adolescente. E aquilo não tinha um turista. A excepção eram os turistas portugueses que iam ao Portugal dos Pequeninos. Quando tinha 15 anos fui a Cambridge no Verão e fiquei impressionado. Centenas e centenas de turistas asiáticos e europeus. Não me parece que Cambridge tenha alguma vez perdido a identidade por causa do turismo. Coimbra é que nunca foi divulgada pois face à sua dimensão é uma das cidades mais monumentais da Europa. Portanto se há turismo em Coimbra chegou com décadas de atraso. O que tirou a identidade à cidade não foram os turistas. Foram os construtores que fizeram mamarrachos nos arredores da cidade e são os proprietários que restauram os edifícios com materiais descaracterizantes. A cidade já perdeu parte do património com a nacionalização dos conventos, basta ver o que fizeram os Liberais à rua da Sofia no século XIX e ao património da Universidade. Outro evento terrível foram as demolições da Alta no Estado Novo, totalmente desnecessárias, um crime contra o património da cidade.

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      • Jornaleco permalink
        23 Junho, 2019 21:23

        Correcto, a identidade não se perdeu.

        Mas como eu disse, há uma diferença em relação aos anos anteriores. Muitas lojas tradicionais, que davam a belaza à cidade, fecharam, por não conseguir competir. Essas que fecham são substituidas por lojas que vendem só a turistas que vêm do estrangeiro. E actualmente, nas tal ruas transversais, muitas dificuldades em arrendar. Lojas vazias.

        Não tudo corre bem. Por causa do pessoal do costume de agora.

        Mas uma cidade muito adorável.

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    • André Miguel permalink
      23 Junho, 2019 18:58

      Estagnou e vai diminuir. Os turistas não sao estupidos e comparam preços, somos estupidamente mais caros que Espanha, Italia ou Grécia. E o norte de África já está a dar cartas novamente. Não aprendemos nada. Temo que dentro de um par de anos a bolha imobiliária rebente por causa desta diminuição.

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  6. 23 Junho, 2019 17:54

    “Como a autora lembra ainda que a Baixa, a Graça ou a colina de Santana hajam perdido habitantes durante a última década – afirmação para a qual não há dados estatísticos a confirmar (ou a desmentir) –,”
    Claro que há dados. Há dados dp census. De facto o INE sabe quantas pessoas viviam e vivem em cada habitação

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    • Jornaleco permalink
      23 Junho, 2019 18:28

      Eles fingem não haver dados. Senão, abriam as portas à crítica.

      A esquerda fascista vira sempre as coisas, a seu favor, para ficar bem vista.

      Os “santos” do diabo foram sempre assim. Profundament falsos e incompetentes. Roubar é o ofício deles. Mandar nos outros, o desejo desses perversos.

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      • Paulo Valente permalink
        23 Junho, 2019 18:54

        Quem é que finge não haver dados? A esquerda? A esquerda fascista?
        Primeiro, o fascismo é de direita, não é de esquerda (de acordo com o próprio Mussolini em “La Dottrina del Fascismo”).
        Segundo, quem finge não haver dados é a Helena Matos.

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      • Jornaleco permalink
        23 Junho, 2019 21:11

        @ Paulo Valente, 23 Junho, 2019 18:54

        Quem é que finge não haver dados?
        Os seus amigos, esses cabrões e fascistas da esquerda!!

        A esquerda? A esquerda fascista?
        Primeiro, o fascismo é SEMPRE e SÓ da esquerda!! Lógico!

        Citar um burro (de acordo com o próprio Mussolini em “La Dottrina del Fascismo”) prova o quê, por favor?

        Segundo, quem finge não haver dados é a Helena Matos?
        Mentira!! Veja acima.

        Como é que se define na ciência exacta?
        Aprenda a definir correctamente e não venha com as suas mentiras da esquerda fascista.

        E o Estaline era o quê? Um palhaço?
        E Mao?
        E aqueles de Cambodia? Que assassinaram um terço da população?
        Quer mais fascismo?

        Você não tem privilégios nenhuns. As regras são para todos iguais.

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      • Paulo Valente permalink
        24 Junho, 2019 02:08

        Citar Mussolini “prova o quê”? Como parece carecer de cultura política, informo-o de que foi Mussolini quem cunhou o termo “fascismo” e foi ele quem definiu o que é o “fascismo” e qual a sua doutrina. Mas se prefere insistir na sua ignorânica, esteja à vontade.
        Mas a sua resposta, demonstra que não só carece de cultura política como carece também de conhecimentos de português. Leia e releia o texto de Helena Matos até perceber quem é que afirma não haver dados. Se necessário, e receio que para si seja realmente necessário, peça ajuda ao seu professor da escola primária.

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    • Vera Maria Gouveia Barros permalink
      1 Julho, 2019 12:50

      Repare no “durante a última década” que está na minha frase. É que faz toda a diferença. Os Censos realizam-se de 10 em anos. Os últimos foram em 2011.

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  7. Albano Silva permalink
    23 Junho, 2019 19:30

    Uma coisa necessita ser explicada: afinal, quem está interessado/a em alugar casa, geralmente pequena e acanhada, em ruelas onde nem sequer há lugar para estacionar uma bicicleta sem estorvar?

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  8. Luis permalink
    23 Junho, 2019 20:03

    É curioso que os algarvios sofrem há decadas com a «invasão» turística de lisboeta na segunda quinzena de Julho e em Agosto e os senhores jornaleiros nunca foram ouvir o que os algarvios têm para dizer das elites da capital. O turista português enche os serviços públicos, os estacionamentos, os centros de saúde, e o algarvio não consegue governar-se. Nos restaurantes e cafés, o português tende a consumir muito menos. E o português endivida-se para comprar apartamento o moradia no litoral algarvio, que usará por vezes apenas 15 dias por ano, ao contrário do pensionista alemão ou holandês, que vive na região mais de 6 meses por ano. Por causa da pressão do turista português, os nativos algarvios não têm casa para arrendar a preço decente, e em lugarejos como Altura ou Santa Luzia um T1 não fica por menos de 500 euros, numa região onde domina o emprego sazonal no turismo e na agricultura. Nunca vimos os algarvios a reclamar, nem a ter artigos com uma certa linguagem a criticar o turismo, como os que vemos em Lisboa, com senhoras que reclamam de ouvir línguas estrangeiras nos prédios ou de ver turistas em chinelos e com pouca roupa. Não tenho nada contra o povo de Lisboa, que deve ser distinguido das suas elites. Essas permanecem genericamente estúpidas, burras, provincianas, pelintras, vaidosas, arrogantes e inimigas do país, tal como nos tempos de Eça de Queirós, salvo as devidas excepções.

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  9. 24 Junho, 2019 13:16

    Quanto à questão, sou pelo meio-termo. O nosso problema é a chico-espertice ser sempre maior.
    E temos um dos países mais descaracterizados por isso mesmo. Se as casas dos imigrantes descaracterizaram muitas terras do Norte, a verdade é que o Algarve foi destruído pela chico-espertice pós abrilista.

    Sempre a panca de ser tudo o “maior da Europa”- tudo à “amaricana-rica”.

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    • Luis permalink
      24 Junho, 2019 15:07

      O Algarve foi descarecterizado, diga-se, pelos próprios portugueses. Não foram os estrangeiros que o estragaram.

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    • Luis permalink
      24 Junho, 2019 15:14

      Mas diz bem. Tirando o Interior ou o Alentejo, Portugal não parece um país europeu do ponto de vista urbano. É o país mais desordenado e descaracterizado que conheço. Somos uma espécie de país da América Latina enxertado na Europa. E tudo isto foi feito em poucas décadas, entre os anos 70 agora.

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  10. 24 Junho, 2019 13:19

    A propósito- sabem o que vão fazer daquele prédio enorme ao Areeiro (Marechal Gomes da Costa) que era da Segurança Social onde fecharam tudo?

    Está desabitado e despejaram mais gente e mais imigras a serem feitos tugas-à-pressa para as outras que já estavam a abarrotar, como a da Av de Berna.

    Se fosse hotel tinha a sua piada. Porque é prédio do Estado que encerra serviços sem se saber o motivo nem haver uma único jornaleiro/a a indagar.

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    • Luis permalink
      24 Junho, 2019 15:12

      Eu gostaria de saber o que se passa nas escolas de arquitectura portuguesas desde os anos 60/70, porque sempre que vou a Lisboa vejo aqui e acolá uma mamarracho novo com pretensões de parecer coisa moderna. Em Londres têm surgido muitos edifícios novos mas para mim genericamente têm qualidade. Em Lisboa não, parece-me tudo muito feio, pretencioso, pindérico. Ao menos fizessem imitações de edifícios do século XIX, ou imitações de art deco ou art nouveau, como já vi em França.

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    • 24 Junho, 2019 18:42

      O da Seg Social na esquina da Alameda com a Manuel da Maia já foi vendido e vai ser um hotel.

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      • 24 Junho, 2019 23:06

        ahahahaha

        Eu devo ser bruxa porque já tinha apostado nessa.

        Mas há notícias nos jornais e manifestações de indignados?

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  11. Andre Miguel permalink
    24 Junho, 2019 15:59

    “Em Lisboa não, parece-me tudo muito feio, pretencioso, pindérico”

    Se o Lisboeta é pindérico, o que poderia sair dali? Eça descreve-os de forma perfeita n’Os Maias e n’A Capital.

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