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OKUPAS: brevemente numa casa perto de si

22 Outubro, 2019

Esta semana o Correio da Manhã dava-nos conta de que em Portugalete, no país Basco em Espanha, uma senhora de 94 anos que ficara sem sua casa por esta ter sido invadida por “okupas”, pôde finalmente retornar à sua propriedade depois dos vizinhos se terem unidos para expulsar os intrusos. Mas que fenómeno é este que não pára de crescer?

É um movimento que nasceu na Europa nos anos 60 por anarquistas que se julgam no direito de invadir propriedades privadas desocupadas para uso próprio à revelia dos donos. São ocupações políticas e não por necessidade. É a perseguição ao direito de propriedade. É o combate declarado à sociedade capitalista. Dizem eles que estão a “lutar contra a especulação imobiliária” tomando de assalto os espaços vazios. Tretas.

O programa ” Okupas” no Perdido e Achados da SIC em 2008 dava conta que Paula Parreira e Paulo Martins “deixaram para trás o emprego, um apartamento e um empréstimo de 50 mil euros. Ocuparam uma casa abandonada em Cascais para lutar contra os luxos e as obrigações de uma sociedade de consumo”. Este é o verdadeiro perfil dos assaltantes de casas e prédios privados. Gente que não quer fazer sacrifícios mas antes viver às custas de outros que não se coibiram de lutar para terem o que têm hoje.

Esta praga está em crescimento em Espanha e transformou-se numa autêntica epidemia. Em 2017 eram 90 000 vivendas “okupadas” e 7000 processos por invasão. Barcelona possui a taxa de “okupações” mais elevada do país, 23%, que se converteram em negócios muito lucrativos para os “okupas” porque muitos, podendo pagar rendas não o fazem e as máfias organizadas dedicam-se a “okupar” para logo “revendê-las” a outros ou a exigir quantias avultadas para as abandonar. São profissionais da “okupação” por via da impunidade da lei para este tipo de delitos e a cumplicidade das autoridades locais. Totalmente fora de controlo, há edifícios inteiros “okupados”. O desespero tem tomado conta dos proprietários que vêem os processos arrastarem-se durante anos para no fim assistirem a sanções ridículas de 3 euros por dia de “okupação” o que dá uma coima de 270 euros por 3 meses de assalto à propriedade. É um negócio em que muitos recebem cerca de 5000 euros de alguns fundos imobiliários só para que abandonem as casas. Os investidores estrangeiros já se acostumaram ao fenómeno que fez desvalorizar os preços, em especial na Catalunha, onde se regista o maior risco sem que a administração local intervenha para defender os proprietários, muito pelo contrário.

Nós por cá, como “somos muito mais à frente”, além desses grupelhos ( sim! eles existem! ) temos um Governo “okupa”.

As novas leis da habitação que vêm aí são um “bom” começo para a “expropriação legalizada” simplificada que dá ao Estado mais liberdade para se tornar dono de edifícios alegando necessidade de habitação social. Espreite o que diz o artigo 229 do OE 2019 quanto ao novo conceito de casa devoluta:

i) Alargar a aplicação do conceito de devoluto a outras finalidades, designadamente políticas de habitação, urbanismo e reabilitação urbana, quando a lei o preveja;
ii) Considerar como indício de desocupação a existência de contratos em vigor com prestadores de serviços públicos essenciais com facturação inferior a um valor de consumo mínimo a determinar.

Mas há mais. A nova Lei de Bases da Habitação vai permitir requisições forçadas de habitações – onde basta “uma situação de défice habitacional, falha ou disfunção de mercado ou risco de declínio demográfico” (art.º 39), aprovado por uma assembleia municipal; a prorrogação forçada de contratos de arrendamento; a suspensão dos processos de despejo e ainda incute o dever do proprietário “de fazer uso do seu bem, de forma a que o exercício da propriedade contribua para o interesse geral” (art.º 4, nº1).

Mas por que razão é que têm de ser os proprietários a “promover” casas para habitação? Com que direito o Estado me vem dizer o que devo ou não fazer às casas que possuo? Com que autoridade me impõe obras quando me congela as rendas durante décadas para as tornar “acessíveis” reduzindo a minha capacidade financeira de poder intervir na conservação dos edifícios e me obriga a colocar as minhas casas vazias para arrendamento quando ele próprio tem neste momento 4500 edifícios vazios outros devolutos e em vez de os colocar para habitação social, andou a vender a privados para obter fundos?

Cabe ao Estado fazer habitação social. Foi assim no Estado Novo onde nunca foi necessário recorrer à apropriação de casas privadas para que nascessem bairros sociais. Ironias. Afinal quem são os ditadores?

Veja mais aqui:

42 comentários leave one →
  1. Daniel Ferreira permalink
    22 Outubro, 2019 16:52

    Ter casa é Capitalismo Dª Cristina?

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  2. Daniel Ferreira permalink
    22 Outubro, 2019 16:55

    E em sítios onde esta palhaçada já vai bem mais adiantada, só de referir que há países que pegam em casais que morem sozinhos mas têm 3 quartos e os EXPULSAM de casa para dar lugar aos “novos europeus”. Que é o que está ali escrito em palavras ambíguas, como sempre, “risco de declínio demográfico”. Já que é uma imposição haverem demografias da minoria, usam-se palavras para desalojar pessoas.

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    • Os corruptos que se cuidem permalink
      22 Outubro, 2019 18:38

      Alguns destes “pisos” (andares, casas) transformaram-se me “narcopisos”. E a maior parte é ocupada por ciganada e por imigrantes com aquela corzinha de pele dada pelo sol subsaariano. Muitos destes últimos são os tais MENAs, a trabalhar para as máfias das respectivas terras com filiais nas nações invadidas. Se ninguém fizer frente a isto, vão ver…

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  3. Jornaleca permalink
    22 Outubro, 2019 17:05

    Eu li algures, uns meses atrás, que os asnos da esquerda porca e fascista, mudaram as leis de tal modo, que agora é mais ou menos assim, salvo erro, na tal Espanha.

    O proprietário tem só (!) 48 horas, depois dos criminosos e mentirosos ocuparem a propriedade ou a casa, para fazer queixa, à polícia ou ao tribunal. Quem o não fizer a tempo, igual porquê, está entregue, ainda mais a essas putas da esquerda fascista.

    Mas quem é que está admirado?

    E quem é que não sabe a linguagem que eles muito bem percebem?

    Porque é que os porcos da esquerda fascista não fazem nada ao crime organizado? Pois, porque levam logo um tiro na cabeça. Ou porrada no corpo. Ou uma facada do cigano.

    E nós temos que ter muito cuidado. Eles querem guerra.E a tal esquerda foi sempre, SEMPRE, profundamente malvada e muita burra.

    Porque isto vai acabar mal para a esquerda puta e fascista e traidora. A esquerda e a tal burguesia podre quer levar nos cornos. Assim seja.

    Ocupar a casa de uma senhora de 94 anos, é ser pior que os animais da selva. A Colau deve ter estado a mijar algures, no meio duma rua, ao lado de uma mesquita, para treinar o medo que ela ainda tem, essa cabra falsa e incompetente.

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  4. lucklucky permalink
    22 Outubro, 2019 17:14

    Resultado do jornalismo Marxista.
    Esperem pela fome agora que o ataque é à agricultura e pecuária.

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    • André Miguel permalink
      22 Outubro, 2019 23:58

      E das políticas públicas para as quais trabalhas não vai nada?!

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    • lucklucky permalink
      22 Outubro, 2019 17:40

      Note como o “sistema” : polícia etc estava do lado dos Okupas.
      Lembram-se da plantação de milho destruída com a protecção da GNR?

      Nenhum jornal achou por bem informar como aconteceu. É melhor censurar.

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      • 22 Outubro, 2019 17:52

        Exato! A população queixa-se precisamente disso! A polícia apareceu para proteger os sacripantas ladrões de velhinhas (não estou a ironizar) da justa ira dos cidadãos. E protegeu a fuga de todos os caramelos da povoação que se apoderaram daquilo que não lhes pertencia.
        Fica o aviso. Cuidado com as suas poupanças se pensar comprar um T1 na Isla Canela.
        Fica a observação (precipitada, muito provavelmente…): ora aí está um possível motivo para que tantos estrangeiros optem por comprar casa em Portugal em detrimento da Espanha…

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      • Jornaleca permalink
        22 Outubro, 2019 18:26

        Ler o “El País” significa sempre sofrer.

        Uns tempos atrás queriam dar aos macacos da selva direitos humanos. Os macacos, que são mais inteligentes, que os que lá trabalham, riram-se e a coisa ficou como estava, por enquanto.

        Mas o “El País” não desiste.

        E de acções o El País nada percebe. Nadinha.

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      • 25 Outubro, 2019 10:16

        Ainda a legislação espanhola face aos detentores de imobiliário; ainda os okupas (mas em versão mais soft (i.e. mais cínicazinha)); ainda uma péssima razão para investir a herança da tia solteirona, ou a poupança do trabalho, em imobiliário espanhol:

        https://elpais.com/politica/2019/10/24/actualidad/1571930093_515874.html

        Como dizia o outro: ´come antes uma peça de fruta, que te faz melhor…’

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  5. Weltenbummler permalink
    22 Outubro, 2019 17:38

    20 ministros + 50 secretários + x sub-sec + + x motoristas
    okupam o dinheiro dos contribuintes
    vão ter de oKupar a praça de rouris do Campo Pequeno para as reuniões

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    • Jornaleca permalink
      22 Outubro, 2019 18:45

      Ainda vai ser melhor.

      Esses que nos vão querer obrigar a andar de carro eléctrico que não vale um corno ou é muito caro e também não vale um corno, vão continuar a andar com os carros limosinas enormes e vaidosos deles, pagos por nós, a gasolina ou gasóleo.

      O culto da morte ligou o motor. Agora vem o mau tempo.

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  6. 22 Outubro, 2019 19:44

    Cristina, fui ver quem poderia tratar disto, existe uma empresa chamada Desokupas, que é atacada por toda a imprensa, já são extrema-direita e lembraram-se do VOX, isto é de loucos, eles okupam milhares de casas, mesmo habitadas e não saem, o governo, para cumulo, protege-os e se tiverem filhos, é você que dorme na rua.

    Extrema direita o carvalho, deviam era dar porrada da velha nessa gentalha.

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    • Jornaleca permalink
      22 Outubro, 2019 21:21

      Saem, pois. O Desokupas fala a tal linguagem que esse esterco entende e não, nada gosta, odeia, para assim dizer.

      Como desarmar um asno da esquerda fascista, sem disparar uma chapada?

      Pedir ao asno para definir o que ele entende debaixo do termo “extrema direita” ou “direita”. E o burro vai se ver aflito. Esses cretinos malvados nem sequer sabem o que isso significa. Sem a “nossa” ajuda, eles vão precisar milhares de anos, para responder correctamente. E depois o mesmo asno malvado vai ficar boca aberta e não acreditar o que ele andou a perseguir, sem direito qualquer. Muitos vão ter vergonha, mas não todos.

      Não é toda a imprensa que critica os sábios do Desokupas. É só a imprensa da esquerda fascista. Só essa. Mas essa nada vale, é lixo. Quem manda não é o lixo, mas os inteligentes. E é super-inteligente o que o Desokupas faz. Muito inteligente.

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  7. Filipe Bastos permalink
    22 Outubro, 2019 21:16

    Bem. Vamos lá blasfemar.

    Uma casa não é, não deve ser um investimento; é uma necessidade básica. Uma criança, um velho, um casal, uma família, toda a gente precisa de casa. Ter casas desabitadas, quando há escassez de casas, quando há gente a pagar rendas exorbitantes – e chulas – devido à falta de oferta, e quando até há gente a viver na rua, é obsceno.

    Contra-argumento habitual: também comida ou roupa são necessidades básicas, e ninguém as espera de graça. Mas há comida e roupa barata por todo o lado. Casas não. É diferente. E a haver falta de comida ou de roupa, também isso seria racionado pelo Estado (quem mais?); e também é obsceno o desperdício quando tanta gente passa frio e fome.

    Depois temos o velho mito direitalha: “Gente que não quer fazer sacrifícios mas antes viver às custas de outros que não se coibiram de lutar para terem o que têm hoje”.
    Há sem dúvida gente assim; mas quantos dos que têm casas, sobretudo segundas e terceiras casas, não as herdaram? Quantos não são trafulhas? Quantos não ganharam umas lecas em ‘investimentos’ sem sacrifício algum? Quantos não são fundos mamões? Será que 1 em 10? Nem tanto?

    A subida do valor das rendas e das casas em Portugal nos últimos anos, especialmente em Lisboa e Porto, é absurda e insustentável. É ganância e chulice em roda livre. A solução não será os Okupas, mas alguma terá de ser.

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    • Jornaleca permalink
      22 Outubro, 2019 21:25

      Vá passear. Você quer roubar. Justiça é outra coisa.

      O problema que deseja resolver, não se resolve assim.

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    • Jornaleca permalink
      22 Outubro, 2019 21:48

      Olhe lá? Quem (!) é que lhe meteu essa autêntica porcaria na cabeça? De economia política nada percebe, nadinha. De finanças também não. De justiça ainda muito menos.

      Onde foi aprender isso? Diga-nos, por favor.

      Faça você casas, para as depois dar aos outros. Vá lá!

      Você deve ser um dos maiores hipócritas, que anda por encima da terra. Quem é que vai ficar com a sua herança?

      Quem é culpado das rendas aumentarem em Lisboa e no Porto? Eu acho bem, que esses socialistas, que são os causadores dos aumentoss, levem nos cornos. O escândalo é esses camelos negarem a culpa que claramente têm. Não é? É pois. Porque é que nega isto tudo?

      Gente como você é pôr a mesma na prisão. Você quer é roubar quem trabalha. Se é assim, como o senhor ditador projecta, ninguém faz casas e depois são todos pobres. E depois?

      Você é doido!! Vá mas é para Espanha. E o Desokupas depois trata de si.

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    • 22 Outubro, 2019 22:07

      Oh parvalhão, eu trabalho 12 horas por dia para pagar a casa, quem és tu ou outro porco para me entrar na minha casa e okupar? Levas no focinho com força, ti e os teus amigos.
      A habitação social é paga por mim, os albergues são pagos por mim, ainda pago o meu pedaço e pago renda ao estado.

      Vai roubar outro.

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  8. Luís Lavoura permalink
    23 Outubro, 2019 10:06

    Eu tenho uma casa desocupada (vou lá de vez em quando) na minha aldeia, e tenho muito mais medo de um dia a encontrar ocupada por um ninho de vespas asiáticas do que por seres humanos.

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  9. Filipe Bastos permalink
    23 Outubro, 2019 13:52

    Filipe Costa, se não vive na tal casa não precisa dela. A menos que seja ubíquo, como o pai do carpinteiro, só pode estar num sítio de cada vez. Há quem precise mais dela do que o Filipe. Num mundo mais justo não deveria comprá-la; nem tê-la desocupada; nem poderia, como muito chulo por aí, viver de rendas.

    Jornaleca, compreendo a frustração contra esquerdas e comunas, até aprecio o seu tom frontal, aqui e ali boçal, mas está a pregar ao coro: vem aqui para ouvir o eco da sua voz? É lá consigo, mas sem contraditório não dá tusa, e se destrata toda a gente ninguém está para o aturar.

    Quem vai ficar com a minha herança? As heranças deviam ser reduzidas ao mínimo. Como dizem os ingleses, level the playing field. Não é a direita que enche a boca com o mérito? Não há mérito numa herança.
    Quem é culpado das rendas aumentarem? 1) O mercado: como disse alguém, a lei da oferta e da loucura. 2) O Airbnb e outros mamões. 3) Leis inadequadas para lidar com tanta especulação e tanta ganância.

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    • Jornaleco permalink
      23 Outubro, 2019 14:17

      Tanta verborreia e nem um argumento que convence.

      Quer guerra? Com muito bom gosto, seu mentiroso.

      Você é pretentioso, e nada sabe da vida.

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    • Jornaleca permalink
      23 Outubro, 2019 14:17

      Tanta verborreia e nem um argumento que convence.

      Quer guerra? Com muito bom gosto, seu mentiroso.

      Você é pretentioso, e nada sabe da vida

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      • Filipe Bastos permalink
        23 Outubro, 2019 14:30

        De diarreia verbal sofre o Jornaleca, e não é pequena.

        Argumente e talvez o ouça. Insulte e será ignorado.

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  10. Os corruptos que se cuidem permalink
    23 Outubro, 2019 15:31

    Filipe Bastos, quem define o que é precisar ou não da casa a mais que tem? Se eu tiver uma segunda habitação fechada à espera que o meu filho se case para lha entregar, isso é ser um porco proprietário capitalista inimigo das massas proletárias deserdadas e do povo em geral? E se a tiver para ir respirar fundo (faz-me bem à saúde e à produtividade) um mês por ano? Ou semana sim, semana não? Foi comprada com o meu trabalho e informo desde já que não sou um explorador de operários ou de outros oprimidos assim…

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    • Filipe Bastos permalink
      23 Outubro, 2019 18:42

      O seu filho comprará a casa dele, quando precisar dela. Para respirar não falta hotéis, pousadas, uma cabana, uma tenda. Não é preciso (des)ocupar uma casa que serviria a alguém. Não é uma razão moralmente defensável para ter duas ou mais casas, quando há quem precise delas.

      Ninguém é perfeito, todos somos egoístas nisto ou naquilo. Mas a habitação é um bem demasiado limitado e essencial para ficar à discrição de egoísmos e caprichos pessoais. Fala do seu trabalho; muita gente trabalha, se calhar até mais, e não tem casa. V. pode ter uma casa maior ou melhor que a dos outros; mas só precisa realmente de uma.

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      • Os corruptos que se cuidem permalink
        23 Outubro, 2019 19:52

        Só o meu filho é que está autorizado a comprar a casa dele e só quando precisar dela? Voltamos às definições. O que será “precisar”? Quer-me parecer que esse raciocínio deu frutos lá para as bandas dos sovietes e do presidente Mao e ainda dará, se calhar, na Coreia do gordo que come nitidamente mais do que aquilo que precisa de comer. A alimentação e os bens alimentares também devem, nessa óptica, ser distribuídos criteriosamente em função das necessidades? Filipe, não vejo como não, se o seu princípio ideológico for aplicado. Por redução ao absurdo, facilmente se vê que ninguém consegue definir as necessidades alimentares de cada indivíduo. Seria demasiado meticuloso e casuístico e iria requerer uma quantidade de informação de que os Estados não dispõem. Mas não o fazer seria uma contradição nos termos. Como justifica um Estado a sua discricionaridade sobre necessidades habitacionais mas não sobre as alimentares (ou mesmo outras)? Como se justifica a alçada e poder do Estado sobre essas, mas não sobre outras necssidades? As filosofias políticas têm de possui alguma coerência, não? É à papo-seco?

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      • Os corruptos que se cuidem permalink
        23 Outubro, 2019 19:55

        Estou aqui a rir com os meus botões. Uma tenda? O Estado quer que eu deixe a minha segunda habitação para ir respirar numa tenda?! Eh, eh… o Estado é um bacano.

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  11. castanheira permalink
    23 Outubro, 2019 18:16

    Filipe Bastos
    Aquilo que advoga , se fosse aplicado , conduziria ainda a mais escassez de habitação pois ninguem mais contruiria senão para si proprio .
    As politicas de controle e de inveja , que levam os comunistas e socialistas as lançarem altos impostos sobre edificios de habitação conduziram , a par com a escassez , ao aumento do valor das rendas , pois estas incorporam imediatamente os aumentos de IR ,IMT, IS , IMI e AIMI ( este é o imposto mortégua) .

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    • Filipe Bastos permalink
      23 Outubro, 2019 18:50

      Sim, castanheira, em geral as pessoas são egoístas. Por isso é que o socialismo não depende da generosidade; por isso há uma entidade, no caso o Estado, que constrói, regula e distribui. Mas não é preciso vir o socialismo, basta algum bom senso e razoabilidade. Porque havemos de ser tão gananciosos? Porque se há-de chamar inveja a qualquer sugestão em contrário? Se me basta ter 100, e se há quem tenha 10, porque hei-de ter 1000?

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      • Os corruptos que se cuidem permalink
        23 Outubro, 2019 19:45

        Filipe Bastos, se bem percebo e de acordo com o seu ponto de vista, o Estado não me permite ser egoísta com a habitação. É um defeito social muito feio e o bom cidadão não pode enfermar de tão pernicioso vício. É isso? Para começar, o Estado não é ninguém para me educar ou converter (seja lá ao que for). Por outro lado, esquece-se que eu estou a ser egoísta com aquilo que é meu. E se tiver eu construído com as minhas manápulas ambas as casas? Não posso, ainda assim, chamar-lhes minhas e ocupá-las segundo os meus desejos e pretensões? Filipe, isso já releva do pensamento religioso… assim não podemos debater. Quer dizer que eu não posso fazer coisas para mim, para as possuir. Já viu o que afirma?

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  12. Os corruptos que se cuidem permalink
    23 Outubro, 2019 20:00

    O Filipe Bastos coloca a interessante questão do poder do Estado e da liberdade individual. Não creio que possamos ir longe a debater nessa linha de fractura essencial. Posso advogar que uma parte dos meus impostos sirvam para ajudar quem não se soube ajudar a si próprio, por razões várias. Mas nunca poderei compreender que o Estado me tire o que eu ganhei com o meu trabalho e sem faltar às minhas obrigações fiscais e sociais. Nem vale a pena invocar Nozick, o Estado mínimo (que também não vou ao ponto de defender) nem nenhum tipo de doutrina. O bem comum não é o que Filipe Bastos defende, de forma nenhuma! E há provas históricas disso.

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  13. Os corruptos que se cuidem permalink
    23 Outubro, 2019 20:04

    Como classificaria o Filipe os seguintes modelos de sociedade? 1) Todos têm 100 mil, o que dá para uma boa vida, mas há 100 fulanos a ter 10 milhões. 2) Todos têm 10 mil mas não dá para uma boa vida. Vai responder que a sociedade igualitária 2) é que é, não é assim? Conheço o argumentário. É ensinado nas faculdades quando ensinam as teorias da justiça de Rawls. Mas responda, OK?

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  14. Filipe Bastos permalink
    24 Outubro, 2019 02:20

    Boas questões. Pela mesma ordem:

    O que é precisar? Neste contexto, é uma necessidade básica. Como uma casa. Já vimos que comida é algo também básico, mas diferente: há muita comida barata disponível. Casas não. E ainda assim, é também imoral desperdiçar comida quando há quem passe fome.

    Se visse uma pessoa a deitar fora um pão de quilo, porque ‘o tinha comprado e podia fazer-lhe o que lhe apetecesse’, sabendo que ao lado alguém morria de fome, que pensaria dessa pessoa? Isto acontece todos os dias. O capitalismo e o consumismo tornam-nos imorais e amorais. Perdemos a noção. Vemos pessoas a dormir na rua e compramos casas de férias.

    E se for v. a construir a casa com as suas manápulas? Entendo o exemplo, mas uma casa é também o terreno que ocupa. E o espaço é limitado. Se a sua casa for num monte longínquo, ainda vá. Mas nas cidades e vilas, que é onde há empregos, hospitais, escolas, onde é a vida das pessoas, não é correcto açambarcar casas e espaço precioso.

    Modelo de sociedade: claro que seria melhor todos terem o suficiente, mesmo que 100 fulanos tivessem demasiado. Mas isso não é real. Na prática, a maioria das pessoas é pobre. Muitas são muito pobres. Uma em dez passa fome. E oito fulanos têm tanta riqueza como meio planeta. Como classificaria v. este modelo de sociedade?

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  15. Os corruptos que se cuidem permalink
    24 Outubro, 2019 22:52

    Podemos também considerar que uma casa não é uma necessidade básica. Há quem sobreviva em tendas. Os índios do Oeste americano não tinham casas, os esquimós têm iglos. Se calhar a casa é uma necessidade empolada, um luxo capitalista.

    Mas indo ao ponto: se o Estado recebe impostos dos cidadãos para mais do que as funções de um Estado mínimo à la Nozick, então é ao Estado que cumpre arranjar as tais casas de que há gente a precisar, não a mim pessoalmente com o meu património ganho de forma legítima (isto é, trocando a minha força de trabalho ou competências por rendimento).

    Ainda assim, há uma divisão inultrapassável nestas concepções do papel do Estado e do indivíduo. O Filipe quer que o Estado ponha a mão por baixo a toda a gente, uma espécie de paizinho dos povos, a corrigir desequilíbrios roubando aos ricos (e onde poderia levar-nos a discussão do que é ser rico) para dar aos pobres (coisa que já faz por via fiscal). Uma protecção do berço à sepultura, negando a autonomia e o livre-arbítrio de cada ser humano como condição para a sua realização pessoal. Nem vou aqui defender o extremo oposto, pois já referi que não vivemos num Estado mínimo e admito que se possa ajudar alguns desvalidos que, por razões várias, não puderam ou não souberam valer-se a si próprios. Defendo a solidariedade, mas não a chulice.

    Portanto, há, de facto, dois pontos de vista quase irredutíveis sobre, por um lado, o poder e a esfera de intervenção do Estado e, por outro, a liberdade do indivíduo, que a pode usar para ser pobre, remediado, bem sucedido, meter-se nas drogas, etc. Não há qualquer amoralidade ou imoralidade em aceitar que não conseguimos nem temos a obrigação de ajudar todos e que ninguém nasce para se esforçar por si e pelos demais.

    Se vir com atenção os vídeos de okupas em Espanha, perceberá rapidamente qual é a fauna que okupa e como. Nunca são os necessitados, mas os que decidiram livremente viver à margem da sociedade mas explorando-a para os seus interesseiros e ilegítimos fins.

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    • Jornaleca permalink
      25 Outubro, 2019 03:45

      Muito bem, caro @”os corruptos que se cuidem”!!

      Para quem QUER APRENDER, o seu comentário foi e é bom.

      Mas, discursar com mentirosos, pessoas malvadas, é em vão.

      O seu parceiro, para qual está também a discursar, põe-se muitas vezes à noite a uivar para a lua, dizendo: torna-te quadrada, torna-te quadrada.

      Como nós já sabemos, a lua não obedece. E a lua, que é um mistério científico, que muitos não se apercebem, não reage à burridade da esquerda fascista. Bem feita, lua.

      Aquele, para qual discursou directamente, iria arruinar qualquer país em pouco tempo. Você sabe-o.

      Mesmo debaixo da premissa, que ele queira falar honestamente, o que eu não acredito, ele desconhece a alta complexidade da economia. Que é muito mais difícil, muitíssimo mais, do que a disciplina simples da física.

      O nosso inimigo nem sequer percebe o que é uma premissa e as suas implicações atómicas, para qualquer pensamento.

      Eu sei o que essa malta quer: PORRADA NO CORPO. E se eles tenteram roubar o que é meu, eu não vou hesitar em dar-lhes o que eles verdadeiramente querem. Quem não respeitar o bom senso, as leis dignas, quer guerra, e guerra terá.

      Falar para burros é em vão, foi sempre assim e será assim, até ao fim do mundo, que a ciência burra e ateia, já diz ter visto ao fundo do horizonte. Os tais ambientalistas. Etc.

      Os asnos continuam a querer mandar naqueles que provaram saber e conhecer a matéria. Eles vão perder também esta batalha, claramente.

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    • Jornaleca permalink
      25 Outubro, 2019 03:58

      Só mais esta.

      O ser humano excelente ajuda só a aquele, que verdadeiramente precisa ou está em perigo, urgência e assim. E faz-o de livre vontade, a tal liberdade.

      Mas esse Filipe falso quer-me obrigar a ajudar aos meus piores inimigos, que só querem o meu mal, mas nunca na vida estão dispostos a esforçar-se tanto como eu.

      E o mesmo Filipe não me permite ajudar aos meus amigos. Isso ele não quere. O dinheiro só se gasta uma vez, depois desapareceu no bolso do outro, do PeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeSSee ladrão e corrupto.

      E eu já fiz mais para o meu próximo na minha vida, já ajudei a mais pessoas, do que esse Filipe falso alguma vez vai conseguir na vida dele, com essa atitude cobarde e criminosa.

      O PCP (CDU), eu lembro, é o partido mais rico de Portugal. Porque é que eles não dão as casas deles a quem precisa? Os cabrões comunistas, a coisa mais podre e falsa e mentirosa e incompetente, que anda por encima desta terra, pregam água e bebem vinho, esses filhos da puta e do diabo.

      Temos é que roubar ao PCP o que acumulou, contra as próprias regras deles.

      Esses filhos da puta nem sequer QUEREM PAGAR IMI. Isto é pior que qualquer bomba atómica. Muito pior. A derrota total intelectual.

      Se a nossa comunicação social funcionasse, fosse sã, o PCP já teria fugido deste país. Com um pouco de vergonha na cara.

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    • 25 Outubro, 2019 20:07

      Eu também pensava que o Estado deveria ajudar as pessoas que estão desvalidas, com limites, etc..

      Tendo uma esposa assistente social mudei de opinião. Vendo a chulice que grassa pela chusma quando ouve falar de coisas gratuitas, mesmo dos que poderiam valer-se, acho que o Estado deve ajudar ZERO. Os partidos que se constituam como comunas, criem os seus sistemas de segurança social privada e ajudem a quem queiram e como queiram. Do mesmo modo como as igrejas fazem há séculos, e que funciona melhor do que o Estado.

      Os programas de apoio à pobreza não visam ajudar os pobres, mas apoiar a pobreza, criando mais pobres.

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  16. Filipe Bastos permalink
    25 Outubro, 2019 19:33

    @ Os corruptos que se cuidem:

    Os índios e os esquimós são exemplos muito a propósito. Ocorre-me também os ewoks, aqueles ursos da Star Wars, que vivem nas árvores. Ou as pessoas que vivem felizes em barcos. Mas por ora foquemo-nos nas casas.

    O Estado não é um paizinho: é a civilização. Não sendo perfeito, porque nada o é, cabe-lhe ser o mais justo, equitativo e – sim – igualitário possível. E não sendo possível a igualdade absoluta, ou sequer desejável, pois somos todos diferentes, cabe-nos corrigir desigualdades extremas e suprir necessidades básicas.

    Ter onde viver é uma necessidade básica. Não estou a defender os okupas, nem a dizer que temos de comprar uma casa a toda a gente. Estou a dizer que, sendo algo tão básico, caro e limitado, até porque o espaço é limitado, não há razão defensável para se ter várias casas, muito menos desocupadas. Se o egoísmo nos impede de o ver, resta ao Estado fazê-lo.

    Em adição, estou a dizer que esta orgia de ganância é iníqua, indecente e insustentável. E que esta mentalidade rentista e especuladora tem de ser cerceada. E que alguma solução terá de haver. E que qualquer solução não irá agradar, de certeza, aos que hoje mamam no imobiliário. Chulice? Chulice é viver de rendas.

    Isto não ataca a autonomia ou o livre-arbítrio; é tão-só estabelecer limites onde são necessários. Sem limites não há justiça ou equidade. Não há civilização. Então e quem define? quem decide?, perguntam sempre os direitistas. Olhe, que seja referendado. Todas as decisões importantes o deviam ser.

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    • 25 Outubro, 2019 19:59

      Se acha que tudo deve ser referendado, não acha mal que não se possa fazer a pergunta ‘Devem os pretos e os ciganos ser expulsos do território português?’

      Eu não acho. Eu gosto de viver numa república constitucional onde a democracia é limitada pelos direitos de propriedade – o supremo dos quais é a vida.

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      • Filipe Bastos permalink
        26 Outubro, 2019 00:57

        Francisco, essa é fácil: uma democracia directa, ou mais directa do que a farsa “representativa” que temos, não invalida a existência de uma Constituição com direitos inalienáveis – e ‘irreferendáveis’ – como o direito à vida, a igualdade perante a lei ou a protecção de minorias.

        Isto inclui até, veja bem, a ínfima minoria de banqueiros, ‘gestores’ e outros mamões, os DDTs a quem muitos direitalhas adoram lamber o rabo, mais os seus capachos pulhíticos. Até a vida deles é sagrada. A propriedade também. É só corrigir décadas de mamanço, e repartir a riqueza de forma mais justa e equilibrada. No fim hão-de ficar com alguma coisa.

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