VPV (1941-2020)
Não faltarão amigos e admiradores a enaltecer as qualidades intelectuais, de escritor, políticas e académicas de Vasco Pulido Valente. Serão aqueles a quem a saudade se anuncia, homenageando, à chegada da noite, o que nas horas luminosas do dia com seu génio compartiram. Alguns, como eu, só o fizeram através da escrita: fluida, concisa e por isso afiada ao ínfimo do poro que pretendia, com extraordinária acuidade, atingir. Outros ainda, como equilibristas neste circo de rede rasteira, odiando cada sílaba por ele proferida, tratarão de usar do cinismo para enaltecer com lindas prosas de ghostwriter o que à luz do dia não seria mais que negro fumo de ressentimento. Apesar de deixar um vazio compacto por impossível de preencher aos dois primeiros, aos últimos faria melhor proveito o pudor de não aparecerem tão despidos em público. Sem o Vasco Pulido Valente por perto para a apontar, talvez ninguém repare na nudez do exibicionista.
Comecei a ler Pulido Valente no Independente. Os elogios do Vítor Cunha são merecidos, VPV era realmente dos melhores a escrever em Português.
Não era nada ‘televisonável’, o que o distanciava ainda mais da carneirada, que prefere spin doctors chulecos e bitaiteiros a soldo, os Marques Mendes e Marques Lopes da vida.
Mal por mal, o Alberto Gonçalves, embora noutro estilo e patamar, é talvez o único vagamente comparável que tenho lido. Apesar do fanatismo direitalha.
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A minha grade admiração e simpatia por VPV . Fica a fazer falta .
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É difícil tomar conhecimento de que VPV faleceu. Quase não acreditei, foi preciso ler o texto de Vitor Cunha para ter a certeza. Vai fazer muita falta aos seus fiéis leitores, sobretudo por nunca se ter coibido de denunciar abertamente os corruptos, os oportunistas e os traidores à Pátria. Que são todos aqueles que nos têm vindo a governar desde o 25/4.
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Carregando sempre com o peso de ser polémico.
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Uma inigualável capacidade de ver na história o que escapava à larguíssima maioria.
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É o único iconoclasta que ainda temos.
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AH! só agora reparei!
Ele faleceu!
Nem tive tempo de ler jornais ou vir à net, o dia todo.
Que pena. RIP
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Foi com bastante tristeza que tive conhecimento do desaparecimento do VPV.
O excelente português, a forma desassombrada com que expunha as suas idéias e o chamar os bois pelos nomes, desde há décadas, fizeram de VPV um quase proscrito, na nossa sociedade sempre muito respeitosa e muito temerosa. Socialismo há 44 anos “oblige”. Embora já venha de trás.
A melhor homenagem que posso fazer a VPV é “classificar” os portugueses, onde, obviamente me incluo: “biblicamente estúpidos”.
Até sempre Vasco.
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Antes do meu bitaite sobre o Vasco PV, esta para o Vítor Cunha : se não estou equivocado, li há algum tempo, talvez no Blas, um seu “lamento”, o de não conseguir comentar como o VPV. Mas poderá. Talento não lhe falta. Será uma questão de…continuidade, de maturações e vivências várias nesta época, tal como o VPV as teve noutros períodos.
VPV . Um dos extraordinários. Com momentos, escritos, comentários magistrais.
Corrosivo, lúcido, criativo na escrita e no verbo, continuarei a vê-lo sentado e ladeado por três farpas político-pratidárias: uma para a Esquerda, outra para o Centro, mais uma para a Esquerda, que bem as sentiram.
Tivemos um “desaguisado” mais ou menos público na década de 1980, mas continuámos como ele propôs, chei piada e concordei, “serenos”. E assim foi.
Agora, a grande porra ! Hoje, talvez pelas 12 horas, estava a consultar recortes e capas do Público de há uns anos, e numa última página surgiu-me o VPV. Revirei páginas, voltei a essa página e pensei nele, embora não o relendo. Soube que faleceu no princípio da tarde. RIP, certamente, VascoPV.
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Errata: “ladeado por três farpas político-partidárias: uma para a Esquerda, outra para o Centro, mais uma para a Direita
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A Helena Matos que é a melhor cronista Portuguesa.
(e no último livro que publicou deixou um elogio em cinco palavras a um hipotético sucessor, não na crónica mas na academia, quando escreveu “O Rui Ramos escreve bem”
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