Foi arrasador
Nos países mais tropicais há uma tendência para que a vida quotidiana seja enquadrada como o intervalo entre festas. Portugal, o mais tropical dos países europeus em tudo que não seja clima, não é excepção. Finada a festa da compota entregue em quintais e vãos de escada, somos brindados com um Carnaval antecipado a 24 de Janeiro. Faltam 20 dias, portanto.
Substituindo as decorações natalícias das cidades fantasma e centros comerciais encerrados por scores de popularidade, debates, análises a debates, análises às análises de debate e sondagens sacadas a uma massa de indiferentes perante quem será a rainha que finge ter mão no governo no ano da desgraça de 2021, começamos o ano com a campanha eleitoral mais inconsequente de sempre para o cargo mais estético de sempre no país mais palerminha de sempre.
Se a Covid não explicar o excesso de mortos neste Inverno, decerto que o tédio provocado pela campanha presidencial poderá explicar, pelo menos parcialmente, o aumento de suicídios. Imbuído de espírito de missão para a depressão, decidi assistir ontem ao debate entre o candidato Tiago Mayan Gonçalves e o presidente quase vitalício Marcelo Rebelo de Sousa. Dou os parabéns a Mayan Gonçalves por sair do quentinho da sala de estar para a missão de ir lá correr a maratona contra o Ferrari. Como isto é Portugal, um país que é mais lazer do que competição, o que conta é participar. E como o que conta é participar, todos os que participam são vencedores, como se faz com as crianças do infantário. Saiu-se bem? Ganhou no Twitter, pelo que deve ter corrido bem. No café em São Pedro de Fins não se falava do debate, pelo que parece que o mundo real está mais preocupado com a insuficiência cardíaca da mãe internada num lar. Seja como for, como nada disto é feito para o mundo real e sim para ocupar pilhas de pessoas que de outra forma teriam mesmo que arranjar um emprego decente, posso afirmar com toda a certeza que o resultado foi excelente, a julgar pela quantidade de tinta digital e faladura entre entertainers de rádio.
No fundo, mesmo lá no fundo, o que importa mesmo é que alguém arrasou outro. Pelo menos a mim arrasaram, pelo que não repito a experiência. Parabéns a Marcelo, a Mayan Gonçalves e a todos os outros candidatos que me arrasariam, não tivesse eu mais coisas com que me preocupar ao ponto de perder mais tempo com debates.
“…campanha eleitoral mais inconsequente de sempre para o cargo mais estético de sempre no país mais palerminha de sempre.”
Simplesmente brilhante.
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Notícia do jornal ECO:
“Governo DÁ aumentos até 20 euros à Função Pública”
Este jornal é o eco da propaganda do governo ou quê?
Filhos de uma grandessíssima marrã!
Porcos!
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Como diria o Salazar, a solução concretiza-se numa palavra e essa é emigrar.
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Estes cronistas, sem nada de útil e racional para nos transmitem, fazem-nos morrer de tédio.
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O significado do texto encontra quem o percebe e a utilidade dele quem lá chega.
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E aqui?
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