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Abaixo a bazuca!

27 Maio, 2021

Em seis anos, até ao final de 2020, vieram para Portugal quase 26 mil milhões de euros de fundos estruturais da União Europeia, que é como quem diz, dinheiro dos contribuintes europeus. Este montante equivale a cerca de 2.500€ por cada um dos 10 milhões de Portugueses.

Dados oficiais da Comissão Europeia, indicam que 99,2% das empresas portuguesas não beneficiou de apoios comunitários. Ou seja, de entre o milhão e trezentas mil empresas existentes, apenas dez mil utilizaram estes subsídios.

Supostamente a anterior bazuca permitiu criar 26.000 empregos directos, o que grosso modo quer dizer que se gastou um milhão de euros por cada posto de trabalho criado.

O dinheiro despejado por Bruxelas para fomentar a ligação da indústria às universidades e centros de inovação foi utilizado apenas por 0,019% das empresas nacionais. Pasme-se! Em seis anos, um total de 107 empresas lançou novos produtos no mercado.

Entre 2014 e 2020 o “dinheiro da europa” serviu para melhorar a eficiência do consumo de energia em 912 lares, o que deve ser mais ou menos o número de casas existentes em Santa Cruz da Graciosa, nos Açores.

84,2% do investimento público em Portugal foi realizado com subsídios europeus, mas isso não tirou Portugal da estagnação económica. Em contraste, na Irlanda onde o peso dos fundos europeus no investimento público é quase 30 vezes inferior, só em 2020 – ano de pandemia – o PIB irlandês cresceu 3,4% e o português teve uma diminuição de 7,6%.

Os números acima são contas simples e médias, mas servem para ilustrar a patranha que os nossos políticos nos querem impingir de que os apoios comunitários têm sido colocados ao serviço geral do desenvolvimento da economia nacional e da coesão social. Uma aldrabice total. Uma mentira pegada.

Curiosamente, em toda a União Europeia, sete portugueses foram identificados no ranking das 25 pessoas mais beneficiadas pelos fundos comunitários.

Tudo isto é absolutamente vergonhoso e triste.

Os subsídios europeus colocam o país na práctica frequente da mão estendida, não têm qualquer efeito reprodutivo relevante na economia, beneficiam os interesses instalados e enriquecem um número muito reduzido de homens de negócios. É invariavelmente dinheiro mal gasto alargando em grande medida os riscos de corrupção.

Por paradoxal que pareça, as bazucas europeias não nos ajudam a sair da crise. São meros subsídios ao rendimento. Rendas garantidas. Viciam a economia portuguesa a absorver recursos de Bruxelas e a deixar para segundo plano a competitividade e o aumento da produtividade.

O dinheiro da Europa apenas alimenta o monstro do Estado e os negócios à boleia dos favores públicos.

A bazuca europeia deveria ser totalmente rejeitada. Para nosso bem.

O meu video de ontem pode ser visto aqui:

11 comentários leave one →
  1. Weltenbummler permalink
    27 Maio, 2021 15:26

    a próxima auto-estrada passa por Espanha por falta de espaço
    maus 5 milhões de funcionários públicos

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  2. 27 Maio, 2021 16:37

    “as bazucas europeias não nos ajudam a sair da crise”, qual é o espanto? elas foram precisamente criadas para evitar que crescêssemos. Para que os nossos sub-empreiteiros, Ato Europa, IKEA Grundig, cadeias de hoteis, etc. continuem a beneficiar de um mercado de trabalho barato, e para que os bancos europeus continuem a receber as juros dos monstruosos créditos que nos concederem. Para os bancos é muito bom terem bons e estáveis credores. Fazendo bem as contas talvez até nem tenhamos recebido bazuca nenhuma… mandamos para lá grande parte do nosso PIB, que eles nos devolvem para ficarem no papel de bons amigos. Todos ganhamos…

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    • Atento permalink
      27 Maio, 2021 19:45

      A sua lucidez é aqui desperdiçada.

      Esta malta só quer uivar contra o ‘socialismo’, como se cá houvesse disso, e cantar um capitalismo que também jamais existiu ou pode existir. São tão tapados que até chamam socialistas a banqueiros e outros mamões.

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      • Zé Manel Tonto permalink
        28 Maio, 2021 00:02

        “como se cá houvesse disso”

        Tem a certeza que está Atento?
        Entre funcionários públicos e pensionistas, meio Portugal mama do Estado.

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      • Atento permalink
        28 Maio, 2021 01:04

        Há quem receba mais do que devia; mas muitos mais recebem reformas de miséria. Desde quando receber o que se descontou, i.e. que já se pagou, é mamar?

        E há realmente excesso de funcionários públicos; mas isso não é socialismo. Não se preocupe, é uma confusão frequente.

        Sabe quem mama mais do Estado? Bancos, multinacionais, ‘empreendedores’ e outros heróis direitalhas. E os ‘mercados’, claro. Nada nem ninguém mama tanto como os ‘mercados’.

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      • Zé Manel Tonto permalink
        28 Maio, 2021 07:40

        “Há quem receba mais do que devia; mas muitos mais recebem reformas de miséria.”

        O valor que recebem é irrelevante para a questão. Vivem do Estado, e são a maioria da população.

        “Sabe quem mama mais do Estado?”

        Pode dar as voltas que quiser, a maioria da despesa do estado é estado social. Argumentar que Portugal não é socialista é tapar o Sol com a peneira.

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      • Atento permalink
        28 Maio, 2021 14:21

        “Vivem do Estado”

        V. fala como se pensões fossem subsídios. A reforma das pessoas, sobretudo das que menos recebem, é mera devolução do que pagaram.

        O ‘estado social’ é o que sustenta qualquer país digno do nome. Decerto preferia regressar ao séc. XIX ou até ao feudalismo; todos os direitalhas têm a ilusão de que seriam lordes. Nunca se imaginam servos como a larga maioria da população.

        Despesa do Estado: em 2020 só os JUROS levaram +7.000 milhões. Ao contrário de pensões, saúde, educação, até mesmo tachos para boys, este dinheiro sai da economia; sai do país e não volta.

        Biliões que os países pagam a mamões e agiotas que nada produzem; biliões bem reais para pagar dinheiro criado do ar. Se quer falar de mama insustentável, aqui a tem.

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      • Jorge MR permalink
        28 Maio, 2021 23:01

        Nos regimes súcio-comunistas sempre houve uma casta superior que se alambasava fartamente, enquanto o povão era pobremente remediado, ver Cuba, Venezuela, URSS, China, e muitos pseudo países africanos da cor.

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      • Atento permalink
        29 Maio, 2021 00:44

        Nos regimes súcio-comunistas sempre houve uma casta superior…

        Verdade, Jorge. Também por isso se constata que tais regimes não poderiam ser socialistas. Socialismo é o oposto disso.

        Dirá a seguir: isso é a teoria; estes regimes são a prática inevitável do socialismo.

        Direi eu: também aqui cantam um capitalismo impossivelmente puro, pois o egoísmo e a ganância contaminam tudo. Por isso vivemos num mundo cada vez mais desigual e a saque por mamões.

        Por isso precisamos, não de socialismo, mas de uma verdadeira 3ª via. E redistribuir riqueza.

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  3. André Silva permalink
    27 Maio, 2021 18:50

    Concordo com tudo o que disse. Mas infelizmente, nem a minha concordância nem a sua afirmação valem para alguma coisa.

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  4. FreakOnALeash permalink
    28 Maio, 2021 09:08

    Da forma que esta Bazuca tem sido escrutinada por alguns media responsáveis nomeadamente aqui e no Observador, parece que esta é acompanhada de medidas de controlo aparentemente sérias…mas a ver vamos!

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