Inflação
Escreve Filipe Melo Sousa:
Quando o BCE fala em reduzir a inflação esquece-se de incluir no seu cabaz a variação de um elemento essencial: das próprias taxas de juro.
Pergunta alternativa: de que serve que uma família gaste menos 10€ por mês, se tiver de pagar mais 100€ em juros para isso? O monopólio da emissão monetária por parte do superestado europeu zela mesmo pelo bem comum?
O objectivo do BCE é controlar a inflação, entendida como o aumento geral dos preços. A inflação inclui quer o aumento dos preços ao consumidor, quer o aumento dos salários. Quando há inflação, tudo aumenta. O efeito no poder de compra dos consumidores tenderá a ser neutro. O mercado tenderá a ajustar-se ao novo valor da moeda. Isso ocorre a todos os níveis da economia, incluindo salário, lucros etc. Os bancos centrais não combatem a inflação para garantir o poder de compra das famílias. Combatem a inflação para garantir a estabilidade dos preços em si mesma. O grande problema da inflação é que ela obriga os agentes económicos a dedicarem muito mais recursos a ajustar-se às variações permanentes de preços. A inflação ocorre de forma heterogénea e imprevisível na economia. A informação sobre o novo valor da moeda leva tempo a propagar-se. O valor da moeda tem que estar a ser descoberto e antecipado permanentemente. Por isso, a inflação dificulta o o cálculo económico. A estabilidade dos preços facilita o cálculo económico e reduz a quantidade de recursos que a economia como um todo dedica à descoberta do valor da moeda.

Não é bem assim.
Aumenta o custo de produção e o preço final, logo encarece – se não impossibilita – a exportação e os encargos para os consumidores. Estes não têm ajustamentos de salários minimamente adequados que correspondam ao cada vez maior, por vezes galopante, custo de vida.
As soluções para este drama social são sempre duríssimas.
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“A inflação inclui quer o aumento dos preços ao consumidor, quer o aumento dos salários. Quando há inflação, tudo aumenta. O efeito no poder de compra dos consumidores tenderá a ser neutro.”
Caro JM
De que raio de mundo virtual é que está a falar ?
Isso pode já ter sido assim, e ainda vir escrito nas sebentas porque se regem os “sábios” do BCE, mas não é que está a acontecer em Portugal hoje.
E a frase acima citada não é o contrário desta outra :
“A inflação ocorre de forma heterogénea e imprevisível na economia.”
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a europa social prepara-se para um lindo enterro laico e socialista
requiem in pace
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e eu a pensar que a função do BCE era a emissão de dinheiro sem qualquer valor de garantia… isso e evitar que a Europa reduza o deficit comercial, ao contrário do que fizeram os EUA que com a crise do “sub-prime” aproveitaram para limpar a balança de pagamentos…
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“O efeito no poder de compra dos consumidores tenderá a ser neutro”
O JM sabe que é um pouco mais complexo do que isso. Para as pessoas que vendem bens e serviços directamente isso é verdade, porque ajustam imediatamente os preços.
Mas aqueles que recebem um salário tendem a ver a vida a andar para trás já que os ajustamentos salariais nunca são automáticos ou definidos simplesmente pelo mercado, à velocidade a que os preços variam.
A inflação é péssima para aquelas pessoas que vivem de um salário.
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Parabens JM por mais um texto cristalino. Continuo a achar que é por ser ciêntista.
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“O objectivo do BCE é controlar a inflação, entendida como o aumento geral dos preços.”
Não. Isso é a propaganda oficial. O objectivo do BCE, bem como o de qualquer outro banco central, é o de regular a economia através de ajustes de deflacção/inflação no valor da moeda. Esses ajustes visam controlar e impedir a auto-regulação do mercado o que, claro, se expressa na manipulação dos preços. O resultado imediato é o de o mercado se tornar socialista, sendo que sem os mesmos ajustes seria um mercado livre.
Uma outra consequência directa do sistema é o da inevitável manipulação que é imposta ao fluxo da riqueza no seio do mercado, favorecendo alguns agentes económicos em detrimento de outros.
Somando a isso o facto de poder fazer contrafacção de moeda à sua vontade, um banco central é o rei dos esquemas em pirâmide. A máquina de crime monetário e económico perfeita.
“O efeito no poder de compra dos consumidores tenderá a ser neutro.”
Ora nem mais. Deve ser por isso que as classes médias são sempre e inevitavelmente rapinadas pela desvalorização da moeda.
Levando esse raciocínio ao extremo, o que acontece numa situação de hiperinflacção/weimarismo é uma demonstração de fino equilíbrio económico: ou seja, ao deixarem de ter riqueza para comprar papel higiénico, os consumidores podem sempre recorrer às notas contrafeitas do banco central.
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O maior problema da inflação é que induz um grande grau de falta de confiança no mercado. Logo pára investimentos, negócios e compra de bens.
Há ainda outros aspectos: a inflação pode não parar. 10% 100% 1000% tudo é possível. Pode-se entrar num círculo vicioso de ajustamentos.
“Pergunta alternativa: de que serve que uma família gaste menos 10€ por mês, se tiver de pagar mais 100€ em juros para isso? O monopólio da emissão monetária por parte do superestado europeu zela mesmo pelo bem comum?”
Primeiro porque no passado recente houve baixa inflação e baixos juros, logo subprime porque o crédito era barato, o que acontece agora é a consequência. Segundo com inflação a família é bem capaz de pagar 100€ por mês em produtos, e a inflação não pára.
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“O resultado imediato é o de o mercado se tornar socialista”
aahhahaha isto e uma casa de loucos
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Vá. Torna-se *regulado*. Por oposição a um mercado desregulado, i.e., capitalista. O oposto de um mercado capitalista é um mercado socialista. Mas é claro que depende do prisma pelo qual olhar. Se o perspectivar no geral, é socialista. Se o perspectivar a partir dos topos, o mercado é corporativista.
Mais satisfeito?
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Eu sempre entendi que os Mestres me diziam ” QUANDO HA CRISE, OS PRODUTOS BARATOS TENDEM A COSUMIR-SE MAIS”
Temos o caso do Trigo/pão e a batata
Foi assim,ao longo da historia economica e socil nos ultimos 2 seculos
Mas, hoje, isso não é bem assim.
Eu fiquei espantado quando a CS dizia que o cosumo da pão tinha decrescido em 20%…pos-me a pensar, sera que o substituto e a LAgosta.
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Há uma diferença substancial entre gastar o dinheiro em bens e serviços, e gastar o dinheiro em juros. É que enquanto o dinheiro gasto em bens e serviços representa uma transferência entre agentes económicos, o dinheiro gasto em juros vai parar ao banco central europeu. Ou seja, o dinheiro gasto em juros diminui o volume de moeda em circulação. Logo a inflação diminui.
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Desde que o João Miranda se dedicou à economia e a explicar-nos aquilo que ainda não compreendeu, isto está uma paródia.
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Mas o JM vai compreender!
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“Por oposição a um mercado desregulado, i.e., capitalista”
hehehehe alguem precisa de umas noçoes
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O João Miranda está um auto didata. A inflação tem sido tema de centenas de teses de doutoramento em economia e muito do que está na sua génese é ainda desconhecido. mas o JM esclarece tudo em duas linhas. Ah leão!!
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Caro Uribe,
Tem lido os posts do Pedro Arroja sobre a forma como os portugueses lidam com o conhecimento, a discussão pública e a ciência? Leia, que vai aproveitar.
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Vou ler João mas …”A inflação tem sido tema de centenas de teses de doutoramento em economia e muito do que está na sua génese é ainda desconhecido, mas o JM esclarece tudo em duas linhas. Ah leão!!”
Não é só o JM .. é uma longa série de tipos como o Nullo-sou-em-espirito entre outros
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O Luis Moreira, for example, larga uma engraçada sobre a o interesse da Federal Reserve em valorizar o dólar através da manutenção dos juros baixos. É demais! É demais !!
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Caro Uribe,
O que eu acho interessante é que o Uribe nada diga sobre inflação. A sua única crítica parece ser a de eu escrever sobre inflação, ainda por cima de forma simples e acessível. O Uribe parece até criticar o facto de eu estudar a inflação, apesar de não ter uma tese de doutoramento sobre o assunto. Faz sentido. Não devemos estudar, nem escrever, nem mostrar interesse, nem argumentar sobre temas da economia, nomeadamente inflação, excepto se tivermos um doutoramento sobre esse tema. O conhecimento não deve ser acessível às pessoas comuns. Deve ficar reservado aos especialistas em quem devemos confiar cegamente. Será isso?
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Não. Julgo que é o tom demasiado seguro. Por exemplo recordo-lhe que de facto existem várias inflações (se nos abstrairmos do fenómeno numérico ppd)com cursos matemáticos diversos em termos de modelação. Só a partir de determinado nível é universalmente má para a economia. Até esse nível o mecanismo da inflação é tão relevante como o fenómeno numérico.
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O que tem graça é que todos se esquecem que a desvalorização da moeda, o euro, é comum a uma data de países, em suma, em toda a europa.
Mas isso é um contra-senso exactamente porque a moeda, o euro, é comim a todos, ou seja dos que estão na euro zona.
Mas mais, o problema surge precisamente por que o BCE deixou (?) que o euro se sobrevalorisasse.
Parece que não estamos a falar da mesma coisa ou então está tudo distraído.
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*comim = comum
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