Nevoeiro dos números
Correia de Campos anda exaltado (até ameaça o autarca de Anadia!) contra os que duvidam dos seus ‘números’. E o ministro apresenta ‘números’ que se farta pretendendo provar o êxito da sua reforma.
Acredito que naqueles ‘números’ tudo deve fazer sentido, sobretudo para os burocratas que os coligiram e para os políticos que os lêem, regalados, nos seus gabinetes. Só que essa não é a realidade que se sente na aldeia de Castedo, Alijó, quando um dos seus morreu depois de estar 2 horas à espera da VMER, retardada pelo nevoeiro. Nem pelas gentes de Sudro, Vieira do Minho, onde outro homem faleceu após a supersónica VMER ter andado perdida uma hora e meia para os lados da Póvoa de Lanhoso.
Um ditado desta pós-modernidade ensina: “os números devem ser torturados até que confessem”. Nesse intento, o ministro não tem poupado esforços. Tanto pior para a realidade.
Publicado ontem no Correio da Manhã

Uma coisa é o serviço hospitalar, outra coisa deveras diferente é o serviço de transporte de doentes.
O ministro da saúde é responsável, sobretudo, pelo serviço prestado pelos hospitais. Não se lhe pode assacar culpas por os motoristas das ambulâncias não conhecerem bem as estradas minhotas, nem por haver nevoeiros inesperados que retardam alguns transportes.
Seria evidentemente muito bom ter um hospital como o de S. João em cada freguesia do país. Infelizmente, tal não é possível.
Mas as pessoas insistem em não perceber isso. E, à falta de um hospital como o de S. João, pretendem pelo menos ter em cada concelho uma coisa que se chame “hospital”. Mesmo que não preste para nada.
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Já que falamos de insensibilidade social, aqui fica um desabafo sobre um outro assunto relacionado com ela:
CERTIFICADA…MENTE
Imagine-se que alguém pede a outrem dinheiro emprestado a um determinado juro. E que, algum tempo depois, arranja outra pessoa que lhe empresta mais, e em condições mais vantajosas. Estará de parabéns.
Mas imagine-se que o acordo com o primeiro credor abrange os dois empréstimos e que, de um momento para o outro, o beneficiário – já com o dinheiro na mão… – decide, unilateralmente, passar a pagar menos do que o combinado.
Será provável que isso suceda sem dar origem a sarilhos? Não sei, pois é o que, e mais uma vez (!), acontece com a descida das taxas de juro dos Certificados de Aforro.
De qualquer forma, a questão que se coloca é a seguinte:
Se todos já sabemos que o actual governo é especialista no que toca ao incumprimento de promessas – e, mais ainda, no que toca a insensibilidade humana… era assim tão necessário mais este “certificado”?
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Luís Lavoura,
«Uma coisa é o serviço hospitalar, outra coisa deveras diferente é o serviço de transporte de doentes.
O ministro da saúde é responsável, sobretudo, pelo serviço prestado pelos hospitais. Não se lhe pode assacar culpas por os motoristas das ambulâncias não conhecerem bem as estradas minhotas, nem por haver nevoeiros inesperados que retardam alguns transportes.»
Essas razões não colhem porque os encerramentos foram justificados com a existência de alternativas viáveis. Que não existem. Assim, podem-se e devem-se assacar culpas ao ministro que fez depender os encerramentos de uma ilusão ou uma mentira.
O ministro e a sua ‘reforma’ falharam porque o planeamento foi teórico, um exercício de gráficos e estatísticas deslocados da realidade – esta última, está bem presente nestes casos e nas conversas entre a operadora do CODU e os bombeiros que ontem conhecemos.
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Não percebo. Mas o senhor que morreu em Alijó não estava já morto quando chamaram uma ambulância?
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lololinhazinha,
«Mas o senhor que morreu em Alijó não estava já morto quando chamaram uma ambulância?»
Os organismos hierarquicamente dependentes do ministro dizem que sim. MAS NO MOMENTO DOS FACTOS NINGUÉM O SABIA AO CERTO. A emergência não pode actuar na pressuposição de que o doente faleceu, antes pelo contrário. Nem justificar a asneira por esse desenvolvimento factual.
No caso de Vieira do Minho, o presidente da câmara e a família atribuiram o falecimento ao atraso da ambulância.
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Note-se que este texto foi redigido na quarta-feira quando ainda não se sabia do diálogo inacreditável entre os seres responsáveis pela emergência de Castedo. A explicação ‘oficial’ era que a culpa tinha sido do nevoeiro “cerradíssimo”. Mais uma mentira, claro…
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CAA,
Ah! está bem. Foi escrito ao abrigo de uma outra explicação “oficial”. Assim já se compreende.
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Acabei de assistir a uma cena com piada:
No restaurante onde eu estava a almoçar, a TV estava sintonizada na SIC-N, onde perorava, entre outros, o Correia de Campos.
Entraram dois indivíduos para almoçar, e a única mesa vaga que havia era ao pé da televisão…
Fizeram, então, questão de que alguém mudasse de canal ou apagasse o aparelho (sob pena de se irem embora), pois «estar a ver aquele gajo tira o apetite a qualquer um!».
Assim se fez, e as pessoas ali à volta do aparelho, que até aí tinham estado caladas, agradeceram todas…
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Caro C. Medina Ribeiro,
Devem estar aí a aparecer 2 ou 3 assessores agrantindo que essas duas pessoas eram agentes provocadores organizados ao serviço de interesses inconfessáveis da oposição. que, no fundo, o povo ama Correia de Campos e compreende a sua ‘reforma’. E que o único problema é de ‘comunicação’…
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CAA,
Aposto que um dos assessores até trás música…
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neste país os políticos sabem um pouco de tudo e nunca se enganam. Só sabem é de números elaborados numa qualquer máquina de calcular. vivem em gabinetes…tem medo de apnhar sol ou chuva..a realidade é desconhecida…
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E, no entanto, poucos estão tão bem preparados como Correia de Campos.Claro que cometeu erros.Grandes.Devia ter explicado, colocar em funcionamento as alternativas e só depois fechar serviços.
Em termos gerais o que ele está a fazer, está no caminho certo.Não se peça ao Ministro que as pessoas tenham uma formação e uma informação que é um problema do nosso nível de literacia.Não se confundam ataques políticos com alternativas que resolvem problemas.
E a unidose? Não se pode praticar porquê? Tadinha da indústria e das farmácias!Esta que é simples, mas de grande alcance, o governo não os tem no sítio para enfrentar interesses poderosos!
Onde estáo as blasfémias contra esta bovinidade?
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«Onde estáo as blasfémias contra esta bovinidade?»
Perdidas, algures, entre as manigâncias do blogspot e a candura do WordPress…
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O comentário anterior é meu. A identificação também deve ter ficado no lugar aí referido.
CAA
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“O Ministério da Saúde gastou sete milhões de euros na compra a uma empresa privada de um sistema informático que visa a marcação pelos centros de saúde das primeiras consultas da especialidade nos hospitais do Serviço Nacional de Saúde (SNS). As boas intenções do Governo caem por terra com as críticas dos médicos dos centros de saúde e das Unidades de Saúde Familiar (USF), que denunciam que a aplicação informática Alert P1 é incompatível com o sistema informático já existente nos centros de saúde e hospitais (C.M.).
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Portugal carece de rede nacional de apoio psicossocial
Especialistas em stress pós-traumático defenderam hoje que Portugal deveria ter uma rede nacional de apoio psicossocial continuado em situação de pós-catástrofe, já que a atenção é boa na emergência, mas depois as vítimas acabam esquecidas (Sol).
Por este andar somos todos vítimas de governantes insensatos e de tubarões vorazes.
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