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Escândalo em Lisboa II

8 Fevereiro, 2008

A concessão do restaurante Eleven foi atribuída por concurso público. Aqueles que hoje consideram que a renda é baixa deviam ter feito uma proposta melhor à época. Isto de avaliar um aspecto menor de uma proposta (a renda) a posteriori só serve para criar instabilidade jurídica que, por sua vez, contribui para aumentar o preço que os privados estão dispostos a pagar nos concursos públicos.

26 comentários leave one →
  1. Fado Alexandrino's avatar
    8 Fevereiro, 2008 09:59

    Aqueles que hoje consideram que a renda é baixa deviam ter feito uma proposta melhor à época.

    Mas que raio de raciocínio!
    Desde quando um concorrente reclama quanto às condições de um concurso se estas lhe forem favoráveis?
    Quem fez a asneira foi quem abriu o concurso.

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  2. JoaoMiranda's avatar
    JoaoMiranda permalink*
    8 Fevereiro, 2008 10:01

    ««Quem fez a asneira foi quem abriu o concurso.»»

    Ainda não percebi porquê. A realização de um concurso não é a melhor forma de garantir o melhor preço?

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  3. Piscoiso's avatar
    8 Fevereiro, 2008 10:03

    Este caixote, que é o Eleven, até parece daquelas coisas dos emigrantes.

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  4. Tiago Azevedo Fernandes's avatar
    8 Fevereiro, 2008 10:05

    “A realização de um concurso não é a melhor forma de garantir o melhor preço?”

    Não, se o concurso tiver sido mal preparado, neste caso pela CML. E além disso o mercado não é perfeito. Bastaria ter estipulado nas regras do concurso uma renda mínima razoável (pelo terreno, portanto) e só aceitar propostas acima disso.

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  5. JoaoMiranda's avatar
    JoaoMiranda permalink*
    8 Fevereiro, 2008 10:13

    ««Não, se o concurso tiver sido mal preparado, neste caso pela CML.»»

    Esse é um problema que devia ter sido discutido na época. E que aliás ainda ninguém colocou. Existem razões para pensar que o concurso foi mal preparado?

    ««Bastaria ter estipulado nas regras do concurso uma renda mínima razoável (pelo terreno, portanto) e só aceitar propostas acima disso.»»

    Pois. Se fosse estipulada uma renda mínima, as restantes condições teriam que ser piores. Ou o período da concessão teria que ser maior, ou o investimento e a qualidade do projecto seria menor ou não apareceria ninguém a concurso.

    Aliás, ainda não percebi como é que se conclui que a renda é baixa sem que se faça uma avaliação global do projecto que inclua:

    – o tempo de concessão
    – o valor residual do prédio ao fim da concessão
    – o valor da reputação criada pelo projecto ao fim da concessão
    – o contributo da qualidade do projecto para a valorização do espaço público

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  6. Tiago Azevedo Fernandes's avatar
    8 Fevereiro, 2008 10:40

    “Aliás, ainda não percebi como é que se conclui que a renda é baixa sem que se faça uma avaliação global do projecto”

    JM, imagine que é proprietário daquele terreno e que resolve arrendá-lo. Fazia-o por 500 euros/mês?

    Do seu ponto de vista, ficar com aquele edifício ao fim de 20 anos era uma contrapartida interessante? Mesmo admitindo que fosse altruista e que pensava nos interesses da cidade, o benefício para a cidade de existir ali o restaurante compensa uma renda tão baixa?

    A questão da análise financeira do investimento é um assunto para os arrendatários, que devem fazer um projecto à medida das receitas previstas. Do lado do senhorio, o que este tem que fazer é estipular uma renda razoável pelo terreno. 500 euros/mês não é razoável.

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  7. rb's avatar
    8 Fevereiro, 2008 10:42

    “Este caixote, que é o Eleven, até parece daquelas coisas dos emigrantes.”

    Diria mais, meu caro Piscoiso: este mamarracho em pleno, histórico e emblemático Parque Eduardo VII, na orgulhosa capital é bem pior do que aquelas “coisas para emigrantes” do nosso profundo interior de há 30 anos.

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  8. Desconhecida's avatar
    Doe, J permalink
    8 Fevereiro, 2008 12:24

    E todas estas teorias acerca das revisões dos arrendamentos à posteriori podem ser extrapoladas para os arrendamentos de casas a 40 e 50 euros quando o senhorio é um privado ou “isso agora não interessa para nada”? 🙂

    E quando é a CML a inquilina também pode o senhorio invocar estas mesmas razões ou também “isso agora não interessa para nada”? 🙂

    Just checking! 😉

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  9. Desconhecida's avatar
    Red Snapper permalink
    8 Fevereiro, 2008 12:43

    Foram entregues três propostas a este concurso publico. O período de concessão, 20 anos, era comum a todas as propostas.

    Investimento:
    -Eleven : 2 milhões
    – EBB: 1,7 milhões
    – Bjorn : 1,5 Milhões

    Renda mensal
    -Eleven : 500€
    EBB: 450 €
    – Bjorn : 400 €

    Ou seja a eleven foi de longe a melhor proposta.

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  10. Desconhecida's avatar
    Red Snapper permalink
    8 Fevereiro, 2008 12:45

    Além do mais, o Eleven enfrenta hoje sérias dificuldades em rentabilizar o investimento feito. Não me admirava nada que um dia destes encerrasse as portas.

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  11. Desconhecida's avatar
    Anónimo permalink
    8 Fevereiro, 2008 12:55

    O problema do eleven deve ser a caça a Judice ou coisa assim. Usam o poder do hobbie nacional, a invejice.

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  12. jcd's avatar
    jcd permalink
    8 Fevereiro, 2008 13:06

    “JM, imagine que é proprietário daquele terreno e que resolve arrendá-lo. Fazia-o por 500 euros/mês?”

    Qual a alternativa? Ninguém deu mais. A hasta pública é o melhor método de saber quanto vale, na realidade, em activo. Agora estão todos dispostos a dar mais. na altura, não apareceu ninguém. E a renda não é 500 euros por mês. É 500 euros, mais os arranjos de superfície, mais o imóvel ao fim de 20 anos.

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  13. Beirão's avatar
    Beirão permalink
    8 Fevereiro, 2008 14:08

    Ainda estou à espera que uns multiculturais acampem no parque Eduardo VII.Como a CML “aloja” o pessoal sempre na área das barracas, o ELEVEN pode ter no futuro como vizinhos um bairro social…
    Essa de cederem no PARQUE ED VII uma área para RESTAURANTE só lembraria de facto a quem tivesse MUITOS AMIGOS.Pelos mesmo principio deveriam aproveitar o resto da área…

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  14. MJRB's avatar
    8 Fevereiro, 2008 14:54

    Extraordinário negócio:
    2 milhões de Euros para edificar; 500 Euros/mês de renda. Cedência do espaço à Câmara, ao fim de 20 anos de exploração. Pode voltar a usufruir do espaço, obviamente com outra renda…

    Há momentos felizes (só) para certas pessoas que sabem como se concorre a concursos públicos, NO MOMENTO CERTO — horas antes de se abrirem os envelopes com propostas doutros….
    (Fantástico, ‘maique’ !”)

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  15. Tiago Azevedo Fernandes's avatar
    8 Fevereiro, 2008 14:58

    “Qual a alternativa? Ninguém deu mais. A hasta pública é o melhor método de saber quanto vale, na realidade, em activo.”

    O que eu teria feito, se fosse à CML, era estabelecer uma renda mínima mais alta, mais “sensata”, seja lá o que isso for (não vou quantificar agora…). Se aparecesse algum interessado, óptimo. Senão, por menos que isso era preferível a CML ficar com o terreno livre e tentar lá outra utilização qualquer. O simples facto de se impor uma renda mais alta condicionaria o tipo de projecto, obrigando os eventuais concorrentes a outras opções. O mercado nem sempre resolve tudo, especialmente quando a procura e a oferta não são recursos tão abundantes como o que é necessário para um funcionamento saudável.

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  16. caramelo's avatar
    caramelo permalink
    8 Fevereiro, 2008 15:31

    Interessante. Quer dizer que eu, pobre caramelo, deveria ter licitado na altura, ou calar-me para sempre. Não posso neste momento, enquanto simples contribuinte a tomar conhecimento da situação, indignar-me. Estes liberais espantam-me. Eu acredito que o João Miranda não sabe bem o que há-de fazer: ou defender os interesses dos privados do Eleven ou os interesses dele próprio e dos outros simples mortais como contribuintes. O mais engraçado é que tem de ser o Zé a fazer a defesa dos contribuintes, coisa que ele está a fazer bem melhor do que estes liberais confusos.

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  17. maltês-de-pau-e-manta's avatar
    maltês-de-pau-e-manta permalink
    8 Fevereiro, 2008 15:48

    neste país todos vivem sempre indecisos como o namorado brasileiro
    “nem trepa nem sai de cima”
    um país de zézinhos e zézinhas
    PQP

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  18. Fado Alexandrino's avatar
    8 Fevereiro, 2008 16:04

    Muito obrigado a quem me defendeu.
    Ia aproveitar para criar uma nitícia sobre rendas no meu blog, mas aqui tem mais visibilidade.
    Ora leiam, transcrito do Público:

    A Câmara Municipal de Grândola, proprietária do edifício onde funciona a sede local do Partido Comunista, decidiu na sua última sessão plenária a denúncia do respectivo contrato de arrendamento, ao abrigo da nova legislação sobre o património imobiliário público.
    Desde há cinco anos que a actual maioria socialista pretendia a deso-
    cupação do edifício, situado no centro histórico de Grândola, e que foi construído no século XVIII para funcionamento dos paços do concelho e cadeia municipal.
    Em Abril de 1974, o edifício en-
    contrava-se parcialmente devoluto porque a cadeia deixara de funcionar e apenas albergava as instalações
    do tribunal e o Registo Civil e Predial.
    Tendo começado por ocupar o espaço da antiga cadeia, o PCP acabaria por estender a ocupação à totalidade do edifício.
    Nove anos depois, em 1983, para legalização da situação, os comunistas, que então detinham a maioria na autarquia, celebraram um contrato de arrendamento com a Câmara de Grândola.
    Face à decisão agora assumida pe-
    la autarquia presidida por Carlos Beato, a Comissão Concelhia do PCP acusa o executivo e o seu presidente de má-fé e de não terem arranjado um espaço para nova sede do partido, argumentando que essa seria a sua obrigação porque a renda mensal, actualmente com o valor de sete euros e 48 cêntimos, se encontrava em dia.
    O executivo camarário, por seu lado, afirma que o edifício de dois pisos, com 14 salas e uma área útil superior a 450 m2, será recuperado e colocado ao serviço da comunidade.

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  19. Desconhecida's avatar
    Pêndulo permalink
    8 Fevereiro, 2008 17:22

    Fado, ainda não é desta que verá o João Miranda defender o Partido Comunista eh eh eh.
    São situações distintas. Não me parece que tenha havido um concurso público em que o Partido tenha sido vencedor.

    Repito a pergunta que fiz no outro post sobre o tema : € 8.833,33 mensais pela ocupação do espaço durante 20 anos é um valor normal de mercado?

    É que me intriga o facto de o vencedor do projecto ter sido um arquitecto (quem?) e ter posteriormente (quanto tempo depois?) alienado a sua posição a dez sócios. Quem são eles? Porque não concorreram inicialmente? Haveria alguma incompatibilidade legal? Estamos em presença de um “testa de ferro”?

    De qualquer forma a questão mais importante é € 8.833,33 mensais é um valor normal de mercado para o local? Confesso que ignoro, quem entender do assunto que diga.

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  20. Tiago Azevedo Fernandes's avatar
    8 Fevereiro, 2008 17:28

    “€ 8.833,33 mensais”

    Há aí um vício de raciocínio, porque essa “renda” tem origem no valor do investimento feito pelo arrendatário. O que ele tem que fazer é adequar o investimento que faz às receitas que supostamente ele vai proporcionar, e à verdadeira renda de 500 euros.

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  21. Desconhecida's avatar
    Pêndulo permalink
    8 Fevereiro, 2008 17:56

    Caro Tiago, é uma simplificação pelo facto de ao fim dos 20 anos o edifício reverter para a câmara. Nem estou a entrar com as eventuais obras de conservação e melhoramentos necessárias.

    Por € 8833,33 por mês o Tiago queria explorar aquele espaço?
    Mais uma vez confesso a minha ignorância sobre o potencial comercial do sítio.
    Repito também a minha estranheza pelo facto do vencedor do concurso ter vendido. Sobrei isso nada ouvi.

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  22. Tiago Azevedo Fernandes's avatar
    8 Fevereiro, 2008 18:04

    “ao fim dos 20 anos o edifício reverter para a câmara”

    Pois, mas isso interessa à CML? Em que estado vai estar o edifício? Não será destinado a demolição? 😉
    Eu nem conheço devidamente o espaço, não sei se tem o potencial para mais de 8 mil e tal euros mensais. Mas também não é esse o ponto. O que interessa aqui é saber se a CML tem vantagem em arrendar por 500 euros (além dos outros benefícios, eventualmente), caso contrário o concurso nestes termos não fez sentido.

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  23. jcd's avatar
    jcd permalink
    8 Fevereiro, 2008 18:07

    “Quer dizer que eu, pobre caramelo, deveria ter licitado na altura, ou calar-me para sempre.”

    Depois do leilão terminado e contrato assinado, só fica o folclore e o fado.

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  24. Desconhecida's avatar
    Pêndulo permalink
    8 Fevereiro, 2008 18:14

    Caro Tiago, demolição??? Mas é um projecto da autoria de Sócrates?? 😉

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  25. Desconhecida's avatar
    José permalink
    8 Fevereiro, 2008 20:01

    No sítio onde escrevo, o comentador manoelinho, escreveu isto que me parece ter algum interesse especulativo, sobre a influência dos amici. Por via das dúvidas, não subscrevo, apenas indico como pista de investigação para quem quiser. Aliás, deveriam ser os jornalistas de investigação a seguir por aí, para se saber se isto tem pés para andar ou é um aventesma:

    Uma das pontas desta meada é o arqtº João Correia, filho do falecido arquitecto João Rosado Correia, Grão-mestre da Maçonaria (GOL), e ministro das obras públicas no governo do Bloco Central liderado por Mário Soares, e deputado ligado ao Partido Socialista.

    O nome de Rosado Correia é referenciado numa sindicância à JAE, como uma espécie de impulsionador da empresa que uniu os chamados “sete magníficos”, altos funcionários da JAE que, ao mesmo tempo, se mantinham “ligados a interesses empresariais privados comuns”.
    Não são imputadas ilegalidades a Rosado Correia, mas a história é importante para compreender o domínio que aquele grupo, constituído por Rocio Mendes, Donas Botto,João Ribeiro de Almeida, José Cabanas Pantaleão, Manuel Leitão Belo Salgueiro, Manuel Jerónimo Mata Prates, António Carlos Esteves Soares, teve, ao longo de mais de 15 anos, na JAE.

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  26. Desconhecida's avatar
    Anónimo permalink
    8 Fevereiro, 2008 20:32

    O que eu sei é que se come manifestamente bem no Eleven: recorde-se, o único restaurante da cidade de Lisboa galardoado com uma estrela no consagrado Guia Michellin. Por isso, deixem lá estar o restaurante em paz, por muitos e bons anos e como sempre nos tem habituado.

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