Senso comum
O artigo de Rui Tavares hoje no Público é um hino ao senso comum. No mundo do senso comum, a Escolha Pública não desempenha nenhum papel na análise política. No mundo do senso comum os sobreiros só existem porque o seu corte se encontra proibido. No mundo do senso comum, não existe nenhuma distinção entre um político que se sujeita à lei geral ou que procura mudar a lei geral através do processo legislativo e um político que tem poder arbitrário para contornar a lei geral caso a caso através de um decreto executivo. No mundo do senso comum, a legitimidade eleitoral justifica tudo, incluindo o poder para fazer a lei caso a caso. No mundo do senso comum, não existem instituições mal concebidas, só existem pessoas más. No mundo do senso comum, a História é um bem a proteger, mas não vale mais do que 333 euros de renda por mês.

€333 na baixa; ou €500 no Parque Eduardo VII.
Só eu é que não arranjo negócios destes.
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Com uma grande diferença, Sofia. Na baixa, os arrendatários não pagaram nada, excepto as rendas. No Eduardo VII, pagaram toda a obra e mais a renda da concessão.
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O senso comum, traduzido em votos, é um dos condimentos da democracia.
Senso incomum é óptimo, com ervilhas.
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o meu texto é isso tudo, João Miranda? fico muito feliz por ver nele tanta coisa. mais modestamente, eu acho que ele tem só dois assuntos (desobedecendo ao padre antónio vieira, que achava que o sermão só devia ter um):
1. Criticar a teoria segundo a qual a corrupção se deve ao excesso de regulamentação e à suposta existência de um estado asfixiante em Portugal.
2. Comparar o escândalo público com que alguns comentadores receberam o encerramento temporário da ginjinha com a impossibilidade de escândalo em relação ao encerramento do grémio lisbonense: todos os lugares-comuns, esses sim, sobre a tradição, a alma nacional, a história da cidade, o totalitarismo, etc. desaparecem quando o encerramento (desta vez definitivo) ocorre por causa de um privado.
Em ambos os casos me limito a notar os limites e as contradições de um discurso. A verdade é que a primeira teoria é um non sequitur e o escândalo do segundo ponto está limitado às ocasiões em que pode culpar as instâncias públicas. Perante um privado, enfia a viola no saco. O problema é dos adeptos desses discurso — não meu.
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Rui
O Grémio não é obrigado a encerrar. Podem mudar de instalações, renegociar a renda, comprar o espaço. O Grémio sai por decisão de um tribunal. Por que razão se entende que isto é um ‘escândalo’? Escândalo seria não cumprir uma ordem do tribunal e ocupar um espaço que não lhes pertence a troco de meio nada e cinco tostões.
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eu disse que era um escândalo o despejo do grémio? não.
mas não fui eu que considerei um escândalo a suspensão da ginjinha. vinha aí o totalitarismo. afinal, bastou instalar um lavatório e a montanha do totalitarismo pariu um rato. fossem sempre as coisas tão fáceis como com este estado totalitário.
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“afinal, bastou instalar um lavatório e a montanha do totalitarismo pariu um rato.”
Afinal bastou “inventar” um lavatório para os clientes para limpar a face da ASAE porque não foi por falta de lavatório que a Ginjinha fechou.
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O negócio é corrupto entre o Estado e o privado?
Bom,o privado faz o que deve,que é sacar o que pode.O estado tem a culpa porque possui o que não devia possuir!
Embora os figurantes sejam os mesmos!
Boa!
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«No Eduardo VII, pagaram toda a obra»
Sim… já sabemos. A ver é a utilidade da obra quando reverter para o Estado.
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-A construção do Eleven foi concessionada após concurso, o que implica que quem quis, concorreu, a obra foi aprovada, e só depois executada. Isto deve responder á questão da utilidade da mesma, bem como ao valor da renda, não acredito que se tivesse entrado melhor proposta, a CML optasse pelos actuais concessionários. Quanto ao Grémio, é diferente, após execução judicial do despejo, porque não apresentam uma proposta de arrendamento do edifício? Gostaria que algum dos comentadores me esclarecesse a bondade dos 333 Euros pagos de renda, e qual a avaliação que o estado atribui ao imóvel em termos de IMI?
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isso é a sua interpretação. não deixa de ser um rato que a montanha do totalitarismo pariu. e não deixa de ser curioso que muitos dos mais escandalizados têm os pés e as mãos atados para protestar contra o fim das tradições, da memória e da história da cidade no caso do grémio. se a culpa for de bruxelas, do governo, da esquerda, do politicamente correcto, de um instituto público, tudo bem. se houver um privado no meio, entramos num buraco negro que suga toda a energia retórica.
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“e não deixa de ser curioso que muitos dos mais escandalizados têm os pés e as mãos atados para protestar contra o fim das tradições, da memória e da história da cidade no caso do grémio.”
pés e mãos atadas !!??? a mudança de local implica isso tudo , fim das tradições, da memória e da história da cidade ?
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««muitos dos mais escandalizados têm os pés e as mãos atados para protestar contra o fim das tradições, da memória e da história da cidade no caso do grémio.»»
Isso não é verdade, Rui Tavares. É apenas uma questão de algumas centenas de euros por mês e a história da cidade fica salva. Ninguém tem os pés e as mãos atadas. Quanto muito, só a carteira. Carteira atada, é o que é. O Rui Tavares bem que podia contribuir com algum para salvar o Grémio.
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tric: é discutível. o grémio estava ali há 166 anos. não há menos razões do que em relação às bolas de berlim na praia ou afins.
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tric: é discutível. o grémio estava ali há 166 anos. não há menos razões do que em relação às bolas de berlim na praia ou afins.
mas o problema que se coloca é que o local do Grémio não lhes pertence. e o habito de comermos bolas de berlim na praia e afins “pertencia-nos” a todos
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“é discutível. o grémio estava ali há 166 anos.”
Então já estavam a explorar o senhorio há tempo demais. Já tiveram benefício que dava e sobrava para indemnizar minimamente o senhorio.
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O estado, como aldrabão, coloca em todas as leis uma clausula
a que chama de interesse publico!
Este interesse publico tem sido a cobertura para os maiores e selectos, roubos neste país.
Sobreiros abaixo, solos da Ran, edificações, nomeações etc etc, tudo no interesse publico que abre a porta a Ali Baba e os não sei quantos milhões de portugueses que tem beneficiado desta Santa Lei………….isto não è bom senso
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O Rui Tavares bem que podia contribuir com algum para salvar o Grémio. [RT]
Se se confirmar que o João Miranda pagou o lavatório à Ginjinha para a salvar das garras do social-fascismo higienista.
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A mim parece-me que o Rui Tavares tem toda a razão no caso da Ginginha e nunhuma no caso do Grémio.
No primeiro porque, o clamor de indignação que se ouviu em relação ao encerramento (totalitarismo higienista, etc) não se ouve agora na mesma proporção, nem com o mesmo eco, em relação à reabertura do espaço e de afinal o problema ser tão simples de resolver.
Já no segundo caso, não vejo como é que um inquilino que é despejado ao fim de 166 anos (?) de arrendamento por decisão do tribunal devesse ser motivo para a nossa indignação.
Percebi onde é que Rui Tavares quer chegar (que é o das pessoas serem extremamente exigentes com o aquilo que acham estar mal no sector público e demasiado condescendentes nos comportamentos menos próprios do privado) mas acho que o exemplo do Grémio não é o melhor para o ilustrar.
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