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Senso comum

11 Fevereiro, 2008

O artigo de Rui Tavares hoje no Público é um hino ao senso comum. No mundo do senso comum, a Escolha Pública não desempenha nenhum papel na análise política. No mundo do senso comum os sobreiros só existem porque o seu corte se encontra proibido. No mundo do senso comum, não existe nenhuma distinção entre um político que se sujeita à lei geral ou que procura mudar a lei geral através do processo legislativo e um político que tem poder arbitrário para contornar a lei geral caso a caso através de um decreto executivo. No mundo do senso comum, a legitimidade eleitoral justifica tudo, incluindo o poder para fazer a lei caso a caso. No mundo do senso comum, não existem instituições mal concebidas, só existem pessoas más. No mundo do senso comum, a História é um bem a proteger, mas não vale mais do que 333 euros de renda por mês.

19 comentários leave one →
  1. Sofia Ventura's avatar
    11 Fevereiro, 2008 13:25

    €333 na baixa; ou €500 no Parque Eduardo VII.

    Só eu é que não arranjo negócios destes.

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  2. jcd's avatar
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    11 Fevereiro, 2008 14:06

    Com uma grande diferença, Sofia. Na baixa, os arrendatários não pagaram nada, excepto as rendas. No Eduardo VII, pagaram toda a obra e mais a renda da concessão.

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  3. Piscoiso's avatar
    11 Fevereiro, 2008 14:07

    O senso comum, traduzido em votos, é um dos condimentos da democracia.
    Senso incomum é óptimo, com ervilhas.

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  4. rui tavares's avatar
    11 Fevereiro, 2008 14:21

    o meu texto é isso tudo, João Miranda? fico muito feliz por ver nele tanta coisa. mais modestamente, eu acho que ele tem só dois assuntos (desobedecendo ao padre antónio vieira, que achava que o sermão só devia ter um):

    1. Criticar a teoria segundo a qual a corrupção se deve ao excesso de regulamentação e à suposta existência de um estado asfixiante em Portugal.
    2. Comparar o escândalo público com que alguns comentadores receberam o encerramento temporário da ginjinha com a impossibilidade de escândalo em relação ao encerramento do grémio lisbonense: todos os lugares-comuns, esses sim, sobre a tradição, a alma nacional, a história da cidade, o totalitarismo, etc. desaparecem quando o encerramento (desta vez definitivo) ocorre por causa de um privado.

    Em ambos os casos me limito a notar os limites e as contradições de um discurso. A verdade é que a primeira teoria é um non sequitur e o escândalo do segundo ponto está limitado às ocasiões em que pode culpar as instâncias públicas. Perante um privado, enfia a viola no saco. O problema é dos adeptos desses discurso — não meu.

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  5. jcd's avatar
    jcd permalink
    11 Fevereiro, 2008 14:25

    Rui

    O Grémio não é obrigado a encerrar. Podem mudar de instalações, renegociar a renda, comprar o espaço. O Grémio sai por decisão de um tribunal. Por que razão se entende que isto é um ‘escândalo’? Escândalo seria não cumprir uma ordem do tribunal e ocupar um espaço que não lhes pertence a troco de meio nada e cinco tostões.

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  6. rui tavares's avatar
    11 Fevereiro, 2008 14:40

    eu disse que era um escândalo o despejo do grémio? não.

    mas não fui eu que considerei um escândalo a suspensão da ginjinha. vinha aí o totalitarismo. afinal, bastou instalar um lavatório e a montanha do totalitarismo pariu um rato. fossem sempre as coisas tão fáceis como com este estado totalitário.

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  7. jcd's avatar
    jcd permalink
    11 Fevereiro, 2008 14:45

    “afinal, bastou instalar um lavatório e a montanha do totalitarismo pariu um rato.”

    Afinal bastou “inventar” um lavatório para os clientes para limpar a face da ASAE porque não foi por falta de lavatório que a Ginjinha fechou.

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  8. Luis Moreira's avatar
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    11 Fevereiro, 2008 15:04

    O negócio é corrupto entre o Estado e o privado?

    Bom,o privado faz o que deve,que é sacar o que pode.O estado tem a culpa porque possui o que não devia possuir!

    Embora os figurantes sejam os mesmos!

    Boa!

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  9. Sofia Ventura's avatar
    11 Fevereiro, 2008 15:04

    «No Eduardo VII, pagaram toda a obra»

    Sim… já sabemos. A ver é a utilidade da obra quando reverter para o Estado.

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  10. António de Almeida's avatar
    11 Fevereiro, 2008 15:20

    -A construção do Eleven foi concessionada após concurso, o que implica que quem quis, concorreu, a obra foi aprovada, e só depois executada. Isto deve responder á questão da utilidade da mesma, bem como ao valor da renda, não acredito que se tivesse entrado melhor proposta, a CML optasse pelos actuais concessionários. Quanto ao Grémio, é diferente, após execução judicial do despejo, porque não apresentam uma proposta de arrendamento do edifício? Gostaria que algum dos comentadores me esclarecesse a bondade dos 333 Euros pagos de renda, e qual a avaliação que o estado atribui ao imóvel em termos de IMI?

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  11. rui tavares's avatar
    11 Fevereiro, 2008 15:29

    isso é a sua interpretação. não deixa de ser um rato que a montanha do totalitarismo pariu. e não deixa de ser curioso que muitos dos mais escandalizados têm os pés e as mãos atados para protestar contra o fim das tradições, da memória e da história da cidade no caso do grémio. se a culpa for de bruxelas, do governo, da esquerda, do politicamente correcto, de um instituto público, tudo bem. se houver um privado no meio, entramos num buraco negro que suga toda a energia retórica.

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  12. tric's avatar
    tric permalink
    11 Fevereiro, 2008 15:53

    “e não deixa de ser curioso que muitos dos mais escandalizados têm os pés e as mãos atados para protestar contra o fim das tradições, da memória e da história da cidade no caso do grémio.”

    pés e mãos atadas !!??? a mudança de local implica isso tudo , fim das tradições, da memória e da história da cidade ?

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  13. JoaoMiranda's avatar
    JoaoMiranda permalink*
    11 Fevereiro, 2008 16:20

    ««muitos dos mais escandalizados têm os pés e as mãos atados para protestar contra o fim das tradições, da memória e da história da cidade no caso do grémio.»»

    Isso não é verdade, Rui Tavares. É apenas uma questão de algumas centenas de euros por mês e a história da cidade fica salva. Ninguém tem os pés e as mãos atadas. Quanto muito, só a carteira. Carteira atada, é o que é. O Rui Tavares bem que podia contribuir com algum para salvar o Grémio.

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  14. rui tavares's avatar
    11 Fevereiro, 2008 16:23

    tric: é discutível. o grémio estava ali há 166 anos. não há menos razões do que em relação às bolas de berlim na praia ou afins.

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  15. tric's avatar
    tric permalink
    11 Fevereiro, 2008 17:22

    tric: é discutível. o grémio estava ali há 166 anos. não há menos razões do que em relação às bolas de berlim na praia ou afins.

    mas o problema que se coloca é que o local do Grémio não lhes pertence. e o habito de comermos bolas de berlim na praia e afins “pertencia-nos” a todos

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  16. Desconhecida's avatar
    Zeca permalink
    11 Fevereiro, 2008 17:31

    “é discutível. o grémio estava ali há 166 anos.”

    Então já estavam a explorar o senhorio há tempo demais. Já tiveram benefício que dava e sobrava para indemnizar minimamente o senhorio.

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  17. Desconhecida's avatar
    Tribunus permalink
    11 Fevereiro, 2008 18:28

    O estado, como aldrabão, coloca em todas as leis uma clausula
    a que chama de interesse publico!
    Este interesse publico tem sido a cobertura para os maiores e selectos, roubos neste país.
    Sobreiros abaixo, solos da Ran, edificações, nomeações etc etc, tudo no interesse publico que abre a porta a Ali Baba e os não sei quantos milhões de portugueses que tem beneficiado desta Santa Lei………….isto não è bom senso

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  18. rui tavares's avatar
    11 Fevereiro, 2008 22:28

    O Rui Tavares bem que podia contribuir com algum para salvar o Grémio. [RT]

    Se se confirmar que o João Miranda pagou o lavatório à Ginjinha para a salvar das garras do social-fascismo higienista.

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  19. rb's avatar
    12 Fevereiro, 2008 15:29

    A mim parece-me que o Rui Tavares tem toda a razão no caso da Ginginha e nunhuma no caso do Grémio.
    No primeiro porque, o clamor de indignação que se ouviu em relação ao encerramento (totalitarismo higienista, etc) não se ouve agora na mesma proporção, nem com o mesmo eco, em relação à reabertura do espaço e de afinal o problema ser tão simples de resolver.
    Já no segundo caso, não vejo como é que um inquilino que é despejado ao fim de 166 anos (?) de arrendamento por decisão do tribunal devesse ser motivo para a nossa indignação.
    Percebi onde é que Rui Tavares quer chegar (que é o das pessoas serem extremamente exigentes com o aquilo que acham estar mal no sector público e demasiado condescendentes nos comportamentos menos próprios do privado) mas acho que o exemplo do Grémio não é o melhor para o ilustrar.

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