“Uma verdadeiramente falsa boa ideia”*
Foi nestes paradoxais termos que os ecologistas franceses optaram por passar a referir-se aos biocombustíveis. Onde até há pouco se falava dos biocombustíveis como “alternativas verdes” ao nefando petróleo, alternativas essas que apenas por influência das igualmente nefandas petrolíferas não se tinham implementado, passou agora a falar-se dos mesmos biocombustíveis como os responsáveis por uma nova vaga de fome no mundo. Enfim, dando o devido desconto ao gosto pelo anúncio da catástofre que caracteriza e estrutura boa parte do discurso do movimento ecologista, temos de reconhecer que em termos domésticos também não nos têm faltado “verdadeiramente falsas boas ideias”. Ora é uma dessas “verdadeiramente falsas boas ideias” – a suspensão da construção da barragem de Foz Côa – que ainda estamos a tempo de reparar.
Lendo o que se escreveu há catorze anos sobre Foz Côa é-se levado a acreditar que aquelas gravuras representavam algo de tão importante na História da humanidade quanto a descoberta de Machu Picchu ou dos 13 mil soldados de terracota do imperador Qin Shi Huangdi. Mas não só. Igualmente despiciendo era o facto de se deitar fora o enorme investimento feito pois a barragem já estava em construção e sobretudo dava-se de barato a questão da energia. As gravuras não sabiam nadar e os portugueses também pareciam não precisar de se alumiar e lavar. O resultado está aí, à vista de todos: Foz Côa suscitou um interesse residual. Por exemplo, quantas pessoas viram o filme Côa, o Rio das Mil Gravuras que foi apresentado como a derradeira tentativa de chamar a atenção internacional para o parque arqueológico? Agora que as necessidades energéticas parecem justificar tudo – desde um regresso em força ao nuclear até a relações amistosíssimas com qualquer dirigente que esteja sentado em cima dum oleoduto ou dum gasoduto – talvez seja o momento de fazermos o balanço daquela que provavelmente foi a mais “verdadeiramente falsa boa ideia” que se impôs neste país, nos últimos anos.
*PÚBLICO 15 de Abril

O país tinha ganho imenso com a construçao da barragem. Ui!
Deve ser por isso que dizem mal daquelas que vao ser construídas e repisam naquela que nao se construiu
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O Hugo Chávez já tinha dito o mesmo!!! E o Fidel também!!!
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Completamente de acordo!!!
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Vi esse documentário o ano passado na France5
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http://www.youtube.com/watch?v=Qh3IccQ_-kM
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Biogás é biocombustível e não traz fome a ninguém. O que traz fome é o biodiesel, que também é biocombustível. Fala-se de biocombustíveis como se só houvesse um. A diferença entre eles está no método usado para o obter.
Ou bem que se informam, ou só saiem disparates.
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Isto debaixo de água era impossível
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Eu gosto desta helenafmatos, não sei porquê, mas gosto. Ela lembrou-se da “fome no mundo” enquanto palitava. Descaradamente.
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É a pálida imagem do Portugal moderno, liderado por essa figura da modernidade que é “o Engenheiro”, como em Itália, “Il Cavalieri”!
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Ó pá, que coisa tao esquisita. Erro nao foi nao construir a barragem. Erro seria nao estudar as gravuras e as explorar e inundar aquilo tudo. A barragem pode ser sempre cosntruída em qualquer altura.
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Também nunca percebi porque é que nunca pegaram aí numas rebarbadoras, cortaram os pedaços das pedras que interessavam e afundavam o resto. Todos os locais de Foz Côa que conheço são unânimes quando lhes tento sacar qual o interesse das ditas gravuras – desviam sempre a conversa para os bem melhores passeios pelo Douro e o bom vinha que lá se bebe, assim como que uma maneiro suave de mandar à m… as gravuras e os idiotas que as não quiseram afundar.
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Noutro locais onde foram e vão ser construídas barragens existiam igualmente gravuras. Em alguns casos foi feito o seu levantamento e foram estudadas mas ninguém se lembrou de invocar que as gravuras não sabiam nadar.
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totalmente de acordo mas não se pare por aqui, proponho arrasarem o mosteiro dos jeronimos para aproveitamento de pedra de calçada
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of topic
por falar em água
hoje a meteorologia diz que vai chover a potes logo à noite. Vejam lá por onde andam com o carro que é para nao ficarem atolados.
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O cancelamento da barragem de Foz Coa foi um crime de lesa pátria. Que começou com António Guterres, mas foi validado por Durão Barroso, ignorado por Santana Lopes e reafirmado por José Sócrates. Espero que o próximo líder do PSD, a entrar em funções no final de 2008 ou princípios de 2009, tenha o esclarecimento e a coragem suficientes para se comprometer a retomar a obra.
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A Helena Matos cai frequentemente no ridiculo. Os mesmo que se escandalizavam porque umas quantas torres eólicas desfiguravam a paisagem de Lisboa, vêm dizer agora que o que era mesmo bom era destruír um conjunto artístico considerado património mundial da humanidade.
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Repito «Sokal» e mais digo:
Como é possivel ter tanto esperto para ser qualificado para tão altos voos, ministros ou PM,
e termos de nos haver com estas anormalidades?
Digo, não sendo engenheiro.
Nem economista (coisa que Cristo tambem não foi, segundo Pessoa).
Quanto a um próximo lider, do PSD ou de outra capela, que se proponha tambem o contrário de Menezes. Em vez da acabar com a taxa da RTP, privatizar aquela gente.
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“Noutro locais onde foram e vão ser construídas barragens existiam igualmente gravuras. Em alguns casos foi feito o seu levantamento e foram estudadas mas ninguém se lembrou de invocar que as gravuras não sabiam nadar.”
helena matos dixit
Pois é mas por isso o único conjunto que conseguiu sobreviver foi exactamente o do Côa, ao contrário do Fratel no Tejo ou do Pocinho no Douro. Se tivessemos em território nacional uma enorme abundancia destes vestígios ainda se compreendia mas como é o único que temos seria incompreensível e criminosa a sua destruição apenas para assegurar os actuais níveis de desperdício enegético.
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No Alqueva não existiam gravuras?
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mais uma guerrinha particular da direita à qual o próprio património é alheio.
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E o Tua não tem nada para preservar?
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com a importancia do complexo do côa? não.
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O passado não interessa nada, diz a Helena… O futuro é que interessa. Sabe, sendo o futuro incerto, talvez fosse boa ideia aprender com o passado para assim tornar o futuro um pouco mais “entendível”.
Uma boa parte daquilo que a Helena é, como consciência, advêm precisamente daquilo que os seus antepassados lhe ensinaram, todos – pais, avós e os restantes seres humanos que a antecederam. Todos igualmente inteligentes como nós. A diferença está na quantidade de informação que descodificaram… na altura das gravuras do côa, os seres humanos ainda estavam a tentar perceber como funcionava o mundo e se calhar procuravam uma razão para a sua existência (muito à semelhança do que acontece hoje aos seus descendentes). Há informação fascinante por detrás daquelas gravuras. repare que era gente que tinha a cabeça mais “limpa”, no sentido que os seus cérebros ainda não eram estimulados e condicionados como hoje acontece. Não acha importante tentar perceber, por exemplo, quais eram as ideias que passavam pela cabeça desses seres humanos? Mas a Helena deve julgar que não, que se fez a pulso sozinha, admitindo, se calhar, umas ajudas dos pais por exemplo. As barragens podem ser mudadas no espaço e no tempo. Já as gravuras encerram precisamente no espaço e no tempo a sua importância.
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«Também nunca percebi porque é que nunca pegaram aí numas rebarbadoras, cortaram os pedaços das pedras que interessavam e afundavam o resto. Todos os locais de Foz Côa que conheço são unânimes quando lhes tento sacar qual o interesse das ditas gravuras – desviam sempre a conversa para os bem melhores passeios pelo Douro e o bom vinha que lá se bebe, assim como que uma maneiro suave de mandar à m… as gravuras e os idiotas que as não quiseram afundar»
Nem mais… mas como somos um país rico não se constroi uma barragem que precisamos. Ah, e constroem-se passagens subterraneas sob auto-estradas no valor de milhões para que os lobos possam atravessar em segurança, mesmo que esses lobos não existam…
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«Há informação fascinante por detrás daquelas gravuras. repare que era gente que tinha a cabeça mais “limpa”, no sentido que os seus cérebros ainda não eram estimulados e condicionados como hoje acontece. Não acha importante tentar perceber, por exemplo, quais eram as ideias que passavam pela cabeça desses seres humanos?»???????????????????????????? Fascinante ée ste arrazoado de palermices sobre as cabeças limpas
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Bons tempos esses em que o Portugal da época dava-se ao luxo de investir no futuro do país em através de cabeças limpas (presumo de qualquer neurónio).
A celebração do pôr do sol no youtube deixou-me com lágrimas nos olhos. A última vez que vi tal espetáculo foi já à alguns anos e à porta da Cervejaria Trindade.
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“No Alqueva não existiam gravuras?” Helena Matos dixit
Existiam efectivamente, embora não tivessem a importância científica das do Côa, devido à sua cronologia mais recente e maior número de exemplares conhecdos. No Tua não sei, provavelmente tem que se bater melhor o terreno.
No Alqueva o principal crime contra o património foi a submersão do Castelo da Lousa (fortificação do império romano e exemplar único no género em Portugal).
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Em Alqueva também havia e há gravuras rupestres. No Expresso de 26/05/2001 podia ler-se um artigo intitulado “Opositores do Coa aceitam Alqueva”. Ou seja, os protagonistas do movimento em defesa das figuras de Foz Coa, assobiaram para o lado relativamente às figuras de Alqueva, talvez porque cancelar outro empreendimento já seria bronca demais e não convinha entalar o governo em funções, que era da mesma cor política.
O caso de Foz Coa não foi mais do que uma verdadeira fraude intelectual cometida por um conjunto de oportunistas, como Cláudio Torres, Mila Simões de Abreu, Vitor Oliveira Jorge, João Zilhão, Martinho Baptista, Eurico Figueiredo, etc, sem esquecer o principal responsável, António Guterres.
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Um dia participei numa viagem de duas horas, num barco com o casco em vidro, na ria de Pontevedra, para ver a vida submersa de muitas variedades de peixes e plantas. Gostei do que vi e aplaudi a invenção! Mais tarde já como mergulhador autónomo desloquei-me várias vezes áqueles locais para me deliciar com aquela beleza submersa. Dito isto, porque não se fêz a barragem, com todas as vantagens para a frágil economia portuguesa, e aí sim poderíam ser organizadas visitas num desses barcos com o fundo de vidro e ainda facultada essa visita aos inúmeros amadores do mergulho autóno, que têm tão poucas chances de mergulhar na costa portuguesa!…. “cabecinha pensadora…….”
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e se as gravuras forem falsas? como foi possivel homens da idade da pedra escavarem sulcos todos do mesmo diametro usando pedra lascada? qual a dureza do xisto na Escala de Móz? e alguma cabeça já pensou como é que uma ou muitas gravuras em xisto expostas ao ar, resistiu a dois periodos de gelo (o xisto quebra com o frio), como resistiu à erosão de 20.000 anos? como resistiu ao afundamento em que se encontravam durante os ultimos milharees de anos? já alguem perguntou a um geologo se é possivel? e já alguem perguntou a um pastor da terra se viu as gravuras antes de 1983 e a proposito já perguntou a alguem da terra o que fazia o “padre louco” na serra durante as tardes, mais a sua máquina de cortar? eu já. E como não sou arqueologo fiquei triste.
Francisco
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