Uma lição de empreendedorismo político
11 Junho, 2008
A redução de emissões de CO2 nos países mais desenvolvidos é uma inevitabilidade económica. Resulta do encarecimento dos combustíveis fósseis. O Protocolo de Quioto permitiu transformar uma inevitabilidade económica num projecto de empreendedorismo político. Se vamos ter que cortar nas emissões, se isso vai ter custos de restruturação, porque não fingir que as nossas reduções de emissões de CO2 são voluntárias e têm uma motivação política e ambientalista. Ficamos bem perante o mundo e damos a impressão ao eleitorado que temos controlo sobre as forças económicas. A política é muitas vezes a arte de gerir as expectativas. De parecer que se tem influência. De prever o inevitável e depois fingir que o inevitável foi construído politicamente.
6 comentários
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Caro João Miranda,
Daí a “vantagem” de protocolos deste tipo vs. “deixar o mercado actuar”. Servem de justificação, de motor de arranque e, ao serem o mais generalistas possíveis, diminuem por um lado a vantagem competitiva de curto prazo que alguém q
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(cont.)
que alguem que nao subscreva o protocolo tem e por outro evitam que essa “vantagem” de curto prazo se transforme numa “poison pill” no médio-longo prazo.
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o empreendorismo blogueiro consiste em associar a alta dos preços de combustíveis com benesses para o ambiente e para um tratado que sempre desprezaram.
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Vamos ver, vamos ver.
Ainda há por aí muito carvão e árvore para queimar.
A única maneira das emissões descerem será se houver uma contracção económica e uma correcção populacional.
Mas a longo prazo, sem duvida, as emissões provenientes de combustíveis fósseis vão diminuir.
Não sabia o JM admirador de teorias de conspiração, no fundo JM está a dizer que perante a proximidade do peak oil e sabendo disso, os políticos preferiram dizer ao povo burro que iriam fazer descer as emissões de CO2, uma inevitabilidade perante este cenário e ainda aproveitam para fazer uns trocos com os cap-trades. Mas porque é que os políticos não contaram a verdadeira história? O que há a esconder? Ainda se vão queimar…
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O encarecimento dos combustíveis fósseis é previsível e inevitável. Os combistíveis fósseis são um recurso finito. A diminuição das emissões de CO2 é previsível, inevitável (e sobretudo necessária). Porque não precaver o futuro (através de políticas públicas, claro…) e tomar as medidas necessárias, antecipar problemas, procurar outras fontes de energia, de modo a que a transição seja o menos atribulada possível? Qual é a vantagem de ficar à espera que o mercado obrigue a encontrar alternativas?
Se a política se limita a gerir as expectativas e a prever o inevitável, então é porque não agiu a tempo.
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Afinal, os políticos “socialistas” são uns visionários que anteciparam o que o mercado não viu…
…Ou então, à posteriori, o João Miranda conseguiu ver intenções nos políticos sobre acontecimentos que estes, no momento inicial, nem imaginavam que fossem possíveis, quanto mais que viessem mesmo a acontecer. Seguramente, o João Miranda nem ninguém foi capaz de fazer este comentário até a crise dos combustíveis rebentar. Nem mesmo nos últimos 3 anos, quando ela já se tinha iniciado.
Costuma-se dizer: “Nem tanto ao mar, nem tanto à terra”.
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