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O preço da independência energética V

28 Julho, 2008

Existem mais uma razão para que se adie a instalação de parques eólicos. À medida que o peso da energia eólica na rede aumenta, o valor de um gerador eólico adicional diminui. Isto acontece por dois motivos. Por um lado, os locais com melhores condições de construção, de acesso à rede e de vento são usados primeiro. No fim restam locais onde a produção energética é mais cara ou onde a tecnologia de construção de geradores ainda não se encontra totalmente desenvolvida (parques off shore). Por outro lado, os parques eólicos não garantem um fluxo de energia para a rede constante, o que implica que a rede tem que ter mecanismos de compensação da instabilidade da energia eólica. Estes mecanismos são tanto mais complexos e caros quanto maior for a quota de produção das eólicas. Tendo em conta que as redes eléctricas se encontram numa fase de adaptação a formas de energia mais intermitentes, um investimento em eólicas no futuro será mais vantajoso do que no presente.

39 comentários leave one →
  1. Pinto's avatar
    Pinto permalink
    28 Julho, 2008 13:30

    “(…) os parques eólicos não garantem um fluxo de energia para a rede constante, o que implica que a rede tem que ter mecanismos de compensação da instabilidade da energia eólica (…)”

    Mas as centrais termoeléctricas existentes podem fazer essa estabilidade, produzindo mais ou menos.

    Quando aparecerem novos aerogeradores (mais eficientes) os primeiros, colocados nas melhores áreas, deverão ser substituidos. As coisas não duram sempre.

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  2. Bernardo Kolbl's avatar
    Bernardo Kolbl permalink
    28 Julho, 2008 13:32

    Só um mas: na Alemanha tenho trabalhado em firmas ligadas ao eólico.
    Já em 2003 os investimentos, depois de se pensar em Portugal, foram feitos na Galiza. Percebe-se porquê, acho eu. Oder?

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  3. JoaoMiranda's avatar
    JoaoMiranda permalink*
    28 Julho, 2008 13:34

    ««Mas as centrais termoeléctricas existentes podem fazer essa estabilidade, produzindo mais ou menos.»»

    Isso obriga a ter centrais termoeleéctricas acima da capacidade necessária. O que tem custos de capital.

    ««Quando aparecerem novos aerogeradores (mais eficientes) os primeiros, colocados nas melhores áreas, deverão ser substituidos. As coisas não duram sempre.»»

    Um parque eólico tem um tempo de vida de 20 anos. Interromper esse tempo de vida a meio tem um custo.

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  4. Desconhecida's avatar
    Capitão Gancho permalink
    28 Julho, 2008 13:35

    Chega João Miranda.

    Por uma vez aceita a derrota e larga o tema. É que começa a ser constrangedor ter de te poupar.

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  5. Pinto's avatar
    Pinto permalink
    28 Julho, 2008 13:46

    “Isso obriga a ter centrais termoeleéctricas acima da capacidade necessária. O que tem custos de capital.”

    Não. Eu estava a referir-me a um cenário hipotético no futuro. Neste momento os acertos são feitos importando mais ou menos electricidade a Espanha.

    “Interromper esse tempo de vida a meio tem um custo”

    Em primeiro lugar, as melhores áreas situadas em Bragança só agora vão receber os primeiros aerogeradores (última geração). Só agora a REN conseguiu cobrir essas áreas favorecidas.
    Em segundo, os primeiros aerogeradores já foram implementados há vários anos.
    Em terceiro, quem conhece um pouco o país, conhece perfeitamente a imensidão das serras despidas de qualquer torre eólica, que existem por aí.

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  6. Zé Bonito's avatar
    28 Julho, 2008 13:48

    Já agora, João Miranda, convém ter em conta outro aspecto que, até agora, tem ignorado. Sabe-se desde há muito que as energias alternativas, têm que ser usadas em sistemas integrados com várias fontes de captação (vento, sol, ondas, etc.). Um dos erros que se tem apontado à opção do nosso governo, é, precisamente, ignorar isto. Logo, convém que o João Miranda comece a fazer contas aos investimentos que faltam, sem os quais não existirá uma alternativa de facto. É verdade que construímos uma grande central fotovoltaica e nos preparamos para construir outra. No entanto, há quem defenda que, na energia solar, os melhores resultados do ponto de vista da poupança de energia) são conseguidos com instalações individuais, área onde estamos muito atrás de países de muitas nuvens, como a Alemanha ou a Áustria (para além das instalações, entre nós, ainda serem caras).

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  7. JoaoMiranda's avatar
    JoaoMiranda permalink*
    28 Julho, 2008 13:52

    ««Em primeiro lugar, as melhores áreas situadas em Bragança só agora vão receber os primeiros aerogeradores (última geração). Só agora a REN conseguiu cobrir essas áreas favorecidas.»»

    Se não tiham rede, como é que podem ser áreas favorecidas. Uma área para ser adequada à produção eólica não lhe basta o vento. Como é evidente a construção da rede teve um custo.

    ««Em segundo, os primeiros aerogeradores já foram implementados há vários anos.»»

    É ver a evolução do peso das eólicas. A maior parte das costrução de novos geradores está concentrada num período muito curto. Isso é um erro porque impede a introdução faseada de geradores cada vez melhores.

    ««Em terceiro, quem conhece um pouco o país, conhece perfeitamente a imensidão das serras despidas de qualquer torre eólica, que existem por aí.»»

    A rede é que não chega a todo o lado.

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  8. Pinto's avatar
    Pinto permalink
    28 Julho, 2008 14:09

    “Se não tiham rede, como é que podem ser áreas favorecidas. Uma área para ser adequada à produção eólica não lhe basta o vento. Como é evidente a construção da rede teve um custo.”

    Bragança tem a melhor área para a produção de energia eólica. Só agora lá chegou a rede. Mas a rede não servirá somente para esta produção. Se, mais tarde, se quiser instalar uma central de biomassa, painéis solares, etc, ela servirá para os mesmos efeitos. Ou era sustentável nunca vir a chegar com a rede a Bragança?

    “É ver a evolução do peso das eólicas. A maior parte das costrução de novos geradores está concentrada num período muito curto”

    Ainda há muito monte e se a rede não chega virá a chegar.

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  9. Luís Lavoura's avatar
    Luís Lavoura permalink
    28 Julho, 2008 14:15

    Não percebo a argumentação.

    Então devemos adiar a construção de parques eólicos porque os locais mais favorecidos são utilizados primeiro? O que é que uma coisa tem a ver com a outra? É claro que, construam-se os parques eólicos agora ou daqui a 20 anos, os locais mais favoráveis serão sempre s primeiros a ser utilizados. E daí?

    E só devemos construir parques eólicos quando a rede elétrica estiver perfeita e finalmente adaptada a fontes de energia intermitentes? Eu diria que o caminho faz-se caminhando, ou seja, que a rede se vai adaptando se e à medida que houver fontes de energia não constantes. A dade não se vai adaptar se não houver parques eólicos, e vice-versa. São duas coisas que se fazem par a par.

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  10. JoaoMiranda's avatar
    JoaoMiranda permalink*
    28 Julho, 2008 14:15

    ««Bragança tem a melhor área para a produção de energia eólica. Só agora lá chegou a rede. Mas a rede não servirá somente para esta produção. Se, mais tarde, se quiser instalar uma central de biomassa, painéis solares, etc, ela servirá para os mesmos efeitos. Ou era sustentável nunca vir a chegar com a rede a Bragança?»»

    Mais uma vez é uma questão de timing: quanto mais tarde for feito um investimento mais barato ele fica. Invetimentos prematuros são mais caros.

    ««Ainda há muito monte e se a rede não chega virá a chegar.»»

    Com um custo. O Pinto nunca olha para os custos. Só para os benefícios.

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  11. Desconhecida's avatar
    Anónimo permalink
    28 Julho, 2008 14:18

    E esta previsão deve ser levada a sério.É da mesma pessoa que nunca se atreveu a prever que o petróleo poderia chegar aos 200,00 dólares.

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  12. JoaoMiranda's avatar
    JoaoMiranda permalink*
    28 Julho, 2008 14:20

    ««Então devemos adiar a construção de parques eólicos porque os locais mais favorecidos são utilizados primeiro? O que é que uma coisa tem a ver com a outra? É claro que, construam-se os parques eólicos agora ou daqui a 20 anos, os locais mais favoráveis serão sempre s primeiros a ser utilizados. E daí?»»

    A contrução simultânea e prematura de uma vasta quantidade de parques eólicos torna impossível uma política de substituição faseada.

    ««E só devemos construir parques eólicos quando a rede elétrica estiver perfeita e finalmente adaptada a fontes de energia intermitentes?»»

    Não. Devemos construir os parques eólicos de forma faseada em vez de os construir todos ao mesmo tempo, adequando progressivamente os vários elementos da rede uns aos outros definindo os timings de acordo com critérios económicos. Neste momento, a maior debilidade portuguesa é a adequação da gestão da rede e não a falta de energia eólica.

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  13. JoaoMiranda's avatar
    JoaoMiranda permalink*
    28 Julho, 2008 14:28

    Dito de outra forma: os subsídios às eólicas paa alem de terem um custo próprio, induzem custos secundário. Por um lado, levam à ocupação premaura dos melhores locais, que de outra forma não seria economicamente viáveis. Por outro forçam à adaptação prematura da rede que é mais cara. Caso essa adaptação prematura da rede não seja feita, o investimento em eólicas tem um retorno inferior ao que poderia ter.

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  14. Luís Lavoura's avatar
    Luís Lavoura permalink
    28 Julho, 2008 14:29

    Oh João Miranda, mas os parques eólicos estão a ser construídos de forma faseada! O que é que você julga? Tal e qual como se construíram barragens na serra do Gerês na década de 1960, mas a construção de barragens prosseguiu, sempre, de forma faseada, e hoje em dia continuam a construir-se, e ainda assim, ao que se diz, só 50% do potencial hidroelétrico do país está a ser aproveitado! Com os parques eólicos é exatamente a mesma coisa – estão muitos a ser construídos, mas ainda há lugar para construir, de forma faseada, muitíssimos mais.

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  15. JoaoMiranda's avatar
    JoaoMiranda permalink*
    28 Julho, 2008 14:32

    ««Com os parques eólicos é exatamente a mesma coisa – estão muitos a ser construídos, mas ainda há lugar para construir, de forma faseada, muitíssimos mais.»»

    Claro que há lugar. O que não há é lugares tão bons. Neste momento já se ocuparam os melhores lugares com os piores geradores.

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  16. Pedro C.'s avatar
    28 Julho, 2008 14:37

    O mecanismo, mais racional, para compensar a intermitência das eólicas é o do bombeio das águas turbinadas das hidro-eléctricas, que tornam à albufeira, fazendo a inversão dos geradores (síncronos) a partir de outra albufeira construída a jusante. Quando á excesso das eólicas recupera-se água de volta à barragem, quando a eólica está em défice as hidro-electricas entram em geração. Isto deveria ter sido concebido em conjunto e até as barragens, de certo volume, destinadas ao fornecimento de água às populações, deveriam entrar neste sistema com ganho de qualidade desta água que ficaria mais oxigenada. No moderno “Allgarve”, onde os parques se multiplicam e com o sistema de barragens geridos pelas Àguas do Algarve, fala-se na instalação de umas ridículas mini-hidricas fora deste contexto, donde a energia sobrante das eólicas terá que percorrer grandes distâncias com enormes perdas no reaproveitamento. Repetindo, com um sistema destes bem ajustado o problema de mais geradores não se coloca ainda, relativamente ao aspecto funcional. Quanto ao estético a coisa é mais que discutível. A segurança também terá que ser encarada: há estradas principais que serpenteiam pelo interior de parques distraíndo, inevitavelmente, os condutores.
    Por outro lado, agora fora do tópico, a ênfase das eólicas em detrimento das solares está errada. Os 6% que pagam às autarquias possa explicar alguma coisa neste caso.

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  17. Desconhecida's avatar
    Anónimo permalink
    28 Julho, 2008 14:38

    Quanto mais tarde um investimento for feito mais barato ele fica! Extraordinário!Percebo agora porque é que cá no burgo estamos atrasados 40 anos em relação aos países desenvolvidos.É tudo pensado!É tudo estratégia!

    Os argumentos do JM mudam ao sabor do caso em discussão.Bem andamos nós que estamos á espera de 2100 para investir! Já o Salazar (sem ofensa) pensava assim.Preferia ter o Banco de Portugal a aborrotar de ouro a investir.A miséria é que cresceu um bocado.Mas lá está, investiu-se mais tarde.Depois do 25 de Abril! Mais barato!

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  18. H. Ramos's avatar
    28 Julho, 2008 14:38

    «
    Mas as centrais termoeléctricas existentes podem fazer essa estabilidade, produzindo mais ou menos.
    «

    »
    Isso obriga a ter centrais termoeleéctricas acima da capacidade necessária. O que tem custos de capital.
    »

    Sim, as eólicas implicam redundância. Quando não produzem energia, algo tem de compensar. Isso implica ter potência parada, ou em standby.

    «
    Não. Eu estava a referir-me a um cenário hipotético no futuro. Neste momento os acertos são feitos importando mais ou menos electricidade a Espanha.
    «

    Não, as importações de Espanha principalmente enchem barragens durante a noite, quando a energia é mais barata. Os picos de demanda eléctrica são saciados pelas barragens, ou pelo gás natural, pela facilidade com que se ligam-desligam. Depois tens o fuel-óleo e o carvão como principais fontes de energia base.

    As eólicas, caso não haja consumo para a energia produzida pelas mesmas, ajudam à rebombagem.

    A capacidade instalada de renováveis representa cerca de 3000MW.
    Desses, 1000MW é a produção esperada.

    Vão ao site da REN. Está lá tudo…

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  19. Luis Moreira's avatar
    Luis Moreira permalink
    28 Julho, 2008 14:40

    O anonimo sou eu.

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  20. H. Ramos's avatar
    28 Julho, 2008 14:41

    «
    Os argumentos do JM mudam ao sabor do caso em discussão.Bem andamos nós que estamos á espera de 2100 para investir! Já o Salazar (sem ofensa) pensava assim.Preferia ter o Banco de Portugal a aborrotar de ouro a investir.A miséria é que cresceu um bocado.Mas lá está, investiu-se mais tarde.Depois do 25 de Abril! Mais barato!
    «

    Os que vieram a seguir venderam grande parte do ouro a metade do valor ou menos do que ele vale agora.

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  21. lucklucky's avatar
    lucklucky permalink
    28 Julho, 2008 14:52

    E então isso não diz se é um bom investimento ou mau. Por exemplo quando não há vento as Energia é negativa. Isto é as instalações estão a gastar e não a produzir.

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  22. Luis Moreira's avatar
    Luis Moreira permalink
    28 Julho, 2008 15:00

    Pois! E milhões viveram na miséria há espera do momento mais barato.O problema do JM é sempre o mesmo.Nunca leva em conta as consequências sociais
    e políticas.Se o investimento é mais barato quanto mais tarde se fizer, onde nos leva isso? É uma afirmação sem qualquer nexo.Esquece os resultados que se obtêm entre os dois momentos!Como parece óbvio.A não ser que para o JM investimento se refira ao montante do capital fixo .Mas a ser assim a tecnologia não avança.Ninguem investe!

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  23. JoaoMiranda's avatar
    JoaoMiranda permalink*
    28 Julho, 2008 15:02

    ««O problema do JM é sempre o mesmo.Nunca leva em conta as consequências sociais
    e políticas.»»

    Isto é interessante, tendo em conta que estou há dias a tentar explicar que o investimento prematuro em eólicas tem custos sociais. A amior parte das pessoas parece acreditar que podemos resolver problemas sociais atirando dinheiro para uma tecnologia qualquer.

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  24. lucklucky's avatar
    lucklucky permalink
    28 Julho, 2008 15:13

    “Pois! E milhões viveram na miséria há espera do momento mais barato.”

    !? Se está a investir agora, é agora que está a desviar rendimentos para algo que pode ser ou não a opção mais rentável. Logo está-se a empobrecer agora precisamente por fazer o investimento.

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  25. PMS's avatar
    28 Julho, 2008 15:17

    “Por outro lado, os parques eólicos não garantem um fluxo de energia para a rede constante, o que implica que a rede tem que ter mecanismos de compensação da instabilidade da energia eólica.”

    Tendo em conta que tb se está a proceder à ampliação da rede hidroeléctrica, que funciona como mecanismo de compensação da eólica, não me parece que o argumento seja por aqui. Mas apenas discordo deste argumento, não com os restantes, nem com o sentido do post.

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  26. PMS's avatar
    28 Julho, 2008 15:19

    “Esquece os resultados que se obtêm entre os dois momentos!Como parece óbvio.”

    Parece-me que é o Luis Moreira que se esquece que os resultados são negativos entre os dois momentos, caso contrário não necessitariam de subsídios…

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  27. Luis Moreira's avatar
    Luis Moreira permalink
    28 Julho, 2008 15:39

    Se são negativos então há que dizer que o investimento só se fará quando a relação custo/benefício for favorável.No período de vida útil do investimento.Não quando o investimento for mais barato.Mais barato em relação a quê ? A uma tecnologia que se espera venha a ser desenvolvida?Sem se investir?

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  28. Desconhecida's avatar
    honni soit qui mal y pense permalink
    28 Julho, 2008 16:17

    Há off-shores na Dinamarca e lá para cima …
    Porque não se pode pôr ali umas em Troía ou na Comparta logo bem na frente dos resorts ?

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  29. Desconhecida's avatar
    28 Julho, 2008 16:43

    Muito se fala a favor e contra a eólica por aqui. São vários os temas levantados.
    1) “Intermitência” versus centrais térmicas para resolver o problema da “intermitência”. Sobre o tema “intermitência” parece-me que se referem ao que no Ramo se costuma chamar de “garantia de fornecimento de potência”, ou seja quando se liga o aparelho em casa do consumidor haver garantia que a produção responde a esse incremento de potência. Estamos a falar de coisas instantâneas que obviamente só a interligação com a rede espanhola tem capacidade de dar resposta instantânea caso as restantes centrais térmicas e hídricas tenha já esgotado essa capacidade de resposta (reserva girante esgotada). Uma central térmica não tem essa capacidade instantânea de dar resposta se já não estiver “em paralelo” com a rede e se estiver já no seu limite máximo de produção. Já uma central hídrica tem um tempo muito rápido de “entrada em paralelo” com a rede, facto este que leva a dizer que uma central hídrica tem uma valia económica na energia que fornece e também uma valia económica na chamada garantia de potência;
    2) Diferir investimentos na energia eólica. Esta discussão levava-nos longe e provavelmente levava-nos a querer a redefinição de um PEN (Plano Energético Nacional) algo que sinceramente hoje em dia não sei por onde anda nem quem o gere, se acaso ele existe. Julgo que anda a meio caminho por aquilo que a antiga DGE (Direcção Geral de Energia) fazia, juntamente com o antigo Órgão Central de Planeamento da EDP, orgão este que depois foi pulverizado pela REN e pela CPPE (do Grupo EDP)cujo grupo de pessoas entendidas na matéria se deve articular (estou a ser optimista) actualmente com o Ministério da Economia (deve existir um eventual secretário que saiba o que é um kWh e uma Tep)
    3) Custo da energia eólica. Pois aqui começa a energia eólica a ter o seu senão. De facto, no actual estádio da tecnologia e aos preços a que se paga aos produtores (estão a ser remunerados julgo que na fasquia dos 0.10 €/kWh) dá para amortizar o investimento realizado entre 4 a 5 anos. Isto porque a maioria dos parques actuais anda com utilizações anuais na fasquia (os primeiros acima) das 2000 horas/ano e o investimento a fazer ronda os 1000 €/kW instalado. É só fazer as contas 5 anos x 2000 horas/ano x 0,1 €/kWh = 1000 €/kW que é aproximadamente o que custa um areogerador de 2 GW de potência instalada (entrando já com os custos da subestação e da linha de ligação à rede).
    Admito que um ROI (Return of Investment) de 5 anos é muito bom. Sobretudo se o preço de compra de energia for garantido por 15 anos e se toda a energia produzida tiver garantia que é comprada pela REN; neste caso será excelente.
    Concluindo o risco do negócio é quase nulo para o produtor por esse risco ser totalmente pago pelo cliente final. Admito que os primeiros parques de energia eólica instalados em Portugal estejam abrangidos por contratos que estejam perto das condições acima referidas e que só aceitem rever essas condições perante pagamentos adicionais por alteração das condições contratuais iniciais de fornecimento de energia.
    4) A questão da previsibilidade ou não da energia éolica. Actualmente a REN tem no seu Despacho da Rede Nacional software que lhe permite prever, com razoável precisão, quanto cada parque de energia eólica instalado irá produzir. É evidente que prever é uma coisa e fazer com que ele produza quando é necessário é outra coisa completamente diferente. Até a energia solar tem factores imprevisíveis introduzidos, por exemplo, pela nebulosidade. Há então necessidade de se recorrer a esquemas de armazenamento do “excesso” de energia eólica produzida. Todos eles são caros, mas actualmente o que parece ter maior viabilidade económica é a bombagem na centrais hidroeléctricas através de turbinas reversíveis (podem turbinar ou bombar água). Pensou-se na “fileira do hidrogénio” como alternativa mas ela é cara actualmente por vários factores. A produção do hidrogénio seria feita à custa da hidrólise da água a partir da electricidade produzida pela energia eólica. Posteriormente o hidrogénio entraria numa pilha de combustível (Fuel Cell) que produziria a partir deste electricidade. O equipamento é caro e a duração da pilha de combustível é bastante limitada para além de não ter rendimentos superiores a 50% (apenas na parte eléctrica não funcionando em esquema de produção combinada de calor e electricidade, vulgo co-geração). Pode ser que com o aparecimento dos carros movidos a hidrogénio esta “fileira” ganhe interesse no futuro próximo.

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  30. Desconhecida's avatar
    Capitão Gancho permalink
    28 Julho, 2008 16:58

    Finalmente um comentário feito por quem parece perceber do assunto.

    Obrigado Rui.

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  31. Desconhecida's avatar
    Capitão Gancho permalink
    28 Julho, 2008 17:06

    Aproveitando a presença do Rui em linha pergunto:

    Vê alguma vantagem no investimento precoce (ACTUAL em vez de daqui a 5, 10 anos)por parte da EDP nas eólicas e termos de :

    1) Formação de técnicos (engenheiros e afins) indispensáveis para operar na àrea (construção e/ou instalação e/o assitência e/ou investigação e desenvolvimento e/ou conhecimento sobre ventos predominantes, etc).
    2 Criação de competências de gestão que permitam:
    a) Concorrer a parques eólicos no estrangeiro
    b) Modificar o plano energético nacional tendo em conta os desenvolvimentos futuros nesta área.
    c) Seguimento de perto e obtenção de condições preferenciais por parte dos fabricantes de turbinas.

    Ou seja, o que é que perderiamos se não fizéssemos nada nesta área durante 5 a 10 anos?

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  32. Leandro's avatar
    Leandro permalink
    28 Julho, 2008 17:53

    Caro João,

    Basicamente estás a falar de Rendimentos Decrescentes à Escala para explicares que “À medida que o peso da energia eólica na rede aumenta, o valor de um gerador eólico adicional diminui”

    Isso é correcto e comum a muitas outras fontes geradoras de receita.

    Não concordo quando dizes “um investimento em eólicas no futuro será mais vantajoso do que no presente.” apesar do teu raciocínio parecer correcto também o é irrelevante pois os investidores nunca irão esperar pelo futuro para fazer o investimento pois irão temer que a concorrência o faça agora. Isso leva a que as empresas se precipitem e invistam fora de tempo.

    Teoria dos Jogos de John Nash e também um bom livro sobre Estratégia Empresarial explica-te isso.

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  33. Desconhecida's avatar
    Vitor Cunha permalink
    28 Julho, 2008 18:12

    ««apesar do teu raciocínio parecer correcto também o é irrelevante pois os investidores nunca irão esperar pelo futuro para fazer o investimento pois irão temer que a concorrência o faça agora.»»

    A única razão pela qual as empresas estão a investir em eólicas é o preço garantido e subsidiado. O investimento em eólicas nem sequer é livre. Passa tudo por concursos abertos pelo Estado.

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  34. Sokal's avatar
    Sokal permalink
    28 Julho, 2008 21:11

    O aproveitamento da energia eléctrica das eólicas para bombagem de água para s albufeiras é mais uma daquelas fantasias em que o pessoal (de esquerda) gosta de embarcar. Atendendo ao preço a que as eólicas vendem a energia à rede e ao facto de o processo de bombagem ter, por natureza, um rendimento muito baixo, vale a pena contar com isto? Só valeria a pena se os promotores da eólica vendessem a um valor muito inferior ao que vendem actualmente. E isso eles não fazem.

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  35. tina's avatar
    tina permalink
    28 Julho, 2008 22:10

    Bem observado, Joao.

    “Chega João Miranda.

    Por uma vez aceita a derrota e larga o tema. É que começa a ser constrangedor ter de te poupar.”

    Constrangedora é a petulância deste Capitào Gancho, como é sempre daqueles ignorantes com ideias fixas que nem sequer percebem o que se diz no post. Atire-se de uma vez da prancha que aqui já cheira mal.

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  36. Desconhecida's avatar
    Capitão Gancho permalink
    28 Julho, 2008 22:48

    Isso é amor Tina? Fidelidade canina? É que para além dos adjectivos não dizes nada filha … (e o teu ídolo, coitado, nem pia).

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  37. Dorean Paxorales's avatar
    28 Julho, 2008 23:24

    Isto faz lembrar aqulela anedota do fato do Bocage.

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  38. Desconhecida's avatar
    29 Julho, 2008 01:28

    Respondendo ao “Capitão Gancho”, a decisão do tempo certo para investir passa geralmente por uma análise custo benefício feita num dado momento para um dado projecto a realizar em X anos a começar no ano Y e a terminar (fim de vida útil do projecto) no ano Z. Fazer o estudo do deferimento desse mesmo projecto equivale a fazer um conjunto de pressupostos sobre várias variáveis que entram na análise custo – benefício e aí ou se vai pela metodologia dos cenários prováveis (cenário optimista, cenário médio e cenário pessimista) ou por análise do tipo método Monte-Carlo. Quer num caso quer noutro procuram 3 parâmetros que são: VAL (valor actualizado líquido) , TIR (taxa interna de rentabilidade) e ROI (return of investment). Se no caso do método dos cenários iremos obter, no mínimo (a prudência assim aconselha) 3 conjuntos (VAL,TIR,ROI), pela análise do tipo método Monte-Carlo pretende-se obter um valor médio e a variância dos 3 parâmetros acima referidos.
    Respondendo especificamente à sua questão deveria ter capacidade de inserir o projecto de construção de partes dos aerogeradores em Portugal e ver quais os custos associados a esse projecto e quais as vantagens futuras, numa óptica nacional. Ora não tenho os valores para lhe fazer um estudo que minimamente dê uma “resposta criteriosa” (o que os anglo-saxónicos denominam de educated guess) sobre este assunto. Admito contudo como razoável que haja vantagem em cada vez mais dominarmos a tecnologia eólica e cada vez mais olharmos para além do rectângulo nacional e no mínimo olharmos para um espaço de integração ibérico. Espanha e Portugal terão vantagens em considerar que o espaço energético é comum desde que esse espaço esteja assente em condições equitativas de mercado energético e não de dominância de uma Espanha sobre Portugal. Uma das questões a resolver será a ligação de Espanha a França e condições de “transito” da energia francesa barata (o programa nuclear francês é muito forte) através da rede de MAT (Muito Alta Tensão) espanhola para Portugal, a preços que não tornem essa compra inviável ou com pouco interesse económico para Portugal. Admito que em termos de postos de trabalhos a criação de indústrias para produzir componentes para os aerogeradores não vá diminuir de forma sensível a taxa de desemprego, mas decerto poderá melhorar o saldo da nossa balança de transacções com os países que nos exportam essa tecnologia.
    Contudo estamos a falar de grandes aerogeradores e a esquecer o denominado e até amaldiçoado “eólico-urbano”. Muito amaldiçoado pela poluição estética e pela poluição sonora. Um programa tipo “cada casa um aerogerador” penso que seria uma perfeita tontaria, mas cair no extremo oposto tipo “eólico-urbano jamais” também me parece demasiado redutor. Para além do facto de que uma areogerador ligado a um PT (Posto de Transformação) MT/BT (media tensão/baixa tensão) em zonas rurais poderia , de alguma forma, desde que o recurso vento exista, contribuir para uma diminuição das perdas de energia em linhas longas em ambiente rural ou urbano/rural. E por hoje por aqui fico.

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  39. Leandro's avatar
    Leandro permalink
    29 Julho, 2008 12:56

    Caro Vitor Cunha,

    O que diz está correcto e é devido à intervenção do Estado nesse sector que está a moldar todo o investimento à volta das eólicas.

    O que que queria demonstrar com o meu comentário era que o argumento do João Miranda que diz que “um investimento em eólicas no futuro será mais vantajoso do que no presente.” não faz sentido pois o governo está interessado em que o investimento seja feito agora e por isso atribui subsídios.

    Se eles não existissem os havia investimento privado na mesma sendo apenas exigido do Governo a melhoria da rede para introdução imediata da energia na mesma, que quanto a mim seria a actuação ideal.

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