Obamania
5 Setembro, 2008
Movimento messiânico de progressistas e ateus. A prova de que o vazio religioso tende a degenerar em novas religiões.
30 comentários
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Movimento messiânico de progressistas e ateus. A prova de que o vazio religioso tende a degenerar em novas religiões.
Nos EUA “não há” ateus. Pelo menos declarados. E muito menos se e quando “running for office”.
Não sei se Obama se declarou ateu ou agnóstico (julgo que não). Mas a tê-lo feito seria, antes de mais, uma enorme demonstração de coragem política num país de esmagadora maioria religiosa e onde as garras do fanatismo e do fundamentalismo são cada vez mais visíveis.
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When men stop believing in God, they don’t believe in nothing: they believe in anything (T. Chesterton)
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Nuno Albuquerque,
Obama nunca poderia declarar-se ateu, mesmo que o fosse. Soube há tempos de um estudo que afirma que mais de 50% dos norte-americanos recusaria votar num candidato à presidência se soubesse que ele não tem crenças religiosas.
Em todo o caso – e penso que é nesse sentido que vai o texto de JM – a Esquerda «liberal» norte-americana, dos artistas aos tontinhos ecologistas, que é essa sim agnóstica (como está na moda), tomou o candidato democrata como totem, como Messias redentor e prometido. E nisso foi seguida, genericamente, por todos os movimentos ideologicamente congéneres deste lado do Atlântico.
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E a religião do Joao Miranda é…
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JV,
É precisamente por causa do estudo que refere que afirmo que nos EUA “não há” ateus.
Em qualquer caso, deixo-lhe uma transcrição de declarações de Obama que, num país como os EUA, se não são muito corajosas andam lá muito perto…
“It’s not ‘faith’ if you are absolutely certain,” Obama said, noting that he didn’t believe his lack of “faith” would hurt him a national election. “Evolution is more grounded in my experience than angels.”
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O Progressismo é uma religião.
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“progressismo é uma religião”??
Só se for a dos tótós como tu…
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Nuno Albuquerque suponho que o Reverendo Jeremiah Wright não lhe diz nada…
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LuckLucky,
Diz, com certeza. Que se pode ser religioso sem se ser irracional (Obama, naturalmente, não o Reverendo).
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“É precisamente por causa do estudo que refere que afirmo que nos EUA “não há” ateus.”
o estudo fala em 50% nao em 100%.
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Daí, caro anónimo, as ” “.
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JV
Essa de quando alguém não acredita em Deus então não acredita em nada, logo acredita em qualquer coisa (T. Chesterton), é tão fraca que mete dó. A lógica é mais ou menos esta – “eu não acredito nos OVNI´s, então não acredito em nada, logo acredito em tudo.”
Apesar de não conhecer a obra do autor de tão iluminada frase sei que tem outra do mesmo calibre – “If there was no God there would be no atheist´s”, que é também ela uma pérola da lógica. Se houvesse provas de que Deus não existisse então, seriamos todos ateístas, não acha? Seria mais ou menos o equivalente a hoje alguém acreditar que a Terra está no centro do Universo.
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Ai Jesus,
Vejo que não percebeu a ironia de Chesterton, o que não espanta, posto que a obra é feita propositadamente para não ser entendida por qualquer um. O que o autor pretende dizer é que nas sociedades onde a religião perde força, isso não significa que as pessoas deixam de acreditar em Deus, mas que se tornam propensas a acreditar em qualquer totem que lhes plantem à frente. Seja o grande ser, a fraternidade universal, a sociedade livre das peias do conservadorismo, ou, mais prosaicamente, um afro-americano que discursa bem.
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Errata: onde se lê «isso não significa que as pessoas deixam de acreditar em Deus» leia-se «isso não significa que as pessoas deixam de acreditar em alguma coisa»
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E a diferença entre acreditar em Deus e um outro qualquer “totem que lhes plantem á frente” é exactamente qual?
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Falou o «reverendo» João Miranda…
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Não se trata de uma distinção qualitativa ou axiológica entre as duas coisas, Nuno Albuquerque. O que Chesterton afirma é uma constatação empírica, tão-só.
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Ou seja, JV, se os eleitores democratas fossem só um pouquinho mais religiosos, Obama não tinha hipóteses. É um fenómeno de substituição de crenças.
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Um pouco mais elaborado, Nuno Albuquerque: se o Ocidente fosse um pouquinho mais religioso não havia fenómenos como a obamania entre a nossa «inteligentsia».
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Percebo, JV. Seriam substituídos por fenómenos muito mais elaborados do tipo Criacionista. Tão ao gosto de certa «inteligentsia» (com o perdão da palavra) americana…
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Não necessariamente. O evolucionismo surgiu numa sociedade altamente religiosa – a Inglaterra do séc. XIX – por mão, hélas!, de um clérigo anglicano. O que à época era impensável era o aparecimento destes carismáticos (no sentido religioso do termo) cujo papel ao longo da História tem sido o que se sabe. Porque havia Deus, e as pessoas não acreditavam na primeira coisa que lhes aparecesse à frente. É que, sabe, a Natureza tem horror ao vazio. E preencher seja o que for com lixo é preencher mal mas é preencher à mesma.
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Bem estávamos se as religiões fossem tão tolerantes e respeitadoras como o movimento de apoio a Obama.
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Essa sua opinião é um hino à conhecida tolerância religiosa .
Se não são por mim…são lixo.
Brilhante.
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Isto nada tem a ver com tolerâcia religiosa. A menos que considere que o há em torno de Obama é já uma religião que merece ser respeitada como tal. É que o lixo a que me refiro é esse culto antropolátrico ao «carisma» do candidato democrata. Isso sim, no meu entender, deriva de um vazio profundo de referências espirituais, e redunda num estádio inteiro a gritar «We’ve got faith!» acerca de um candidato à presidência.
Pelo que escusa de aproveitar a existência das palavras «lixo» e «religião» no meu comentário para dar a entender que me refiro à fé dos outros como se de lixo se tratasse. É sofisma que se «topa» ao longe e que, em boa verdade, lhe fica muito mal.
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“(…)a Esquerda «liberal» norte-americana, dos artistas aos tontinhos ecologistas, que é essa sim agnóstica (como está na moda), tomou o candidato democrata como totem, como Messias redentor e prometido.”
Parece-me que este texto é seu. Pelo que quem se referiu a Obama ou à Obamamania como religião não fui certamente eu.
Em qualquer caso, espero sinceramente que aquilo que há em torno de Obama não seja uma espécie de religião. Não porque tenha especial apreço pelo senhor, mas porque nessa altura passaria a enfermar de “virtudes” que me parecem inadequadas a um movimento político, ou lá o que aquilo fôr.
Não obstante, não foi minha intenção utilizar as suas palavras para de alguma forma perverter o seu raciocínio. Nem ligar «lixo» e «religião». A verdade é que “E preencher seja o que for com lixo é preencher mal mas é preencher à mesma.” tem o significado que tem.
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É evidente para quem quer esteja de boa fé que a expressão que usei em primeiro lugar se trata de uma metáfora. E igualmente evidente que a segunda expressão não justifica a sua invectiva segundo a qual eu penso que «se não são por mim são lixo». Nunca disse isso nem nada que se assemelhe: disse tão-só que a «totemização» de um candidato presidencial é lixo espiritual, decorrente de uma perda completa de referências. Nunca afirmei que as outras religiões são um lixo, e foi nesse sentido que o Nuno quis levar o meu comentário. Ou a irónica asserção de que o meu escrito é «um hino à conhecida tolerância religiosa» tem outro intuito que não seja o de dar a entender que não respeito as crenças religiosas dos outros?
Uma coisa é uma crença religiosa; outra é uma antropolatria decorrente de uma sociedade sem referências. A segunda é eminentemente lixo espiritual, e historicamente teve os efeitos que teve.
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E de resto o Nuno já sabia muito bem a que se referia o termo «lixo» no comentário a que faz referência. A menos que lhe tenha escapado a minha asserção no com. nº 24, em que digo taxativamente que «o lixo a que me refiro é esse culto antropolátrico ao «carisma» do candidato democrata». Admitirei, contudo, que se tratou de uma distração, e fica o alerte para que, doravante, esteja mais atento.
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De facto, a minha asserção não pretendia pôr em causa o seu respeito pelas outras crenças religiosas. De todo. Antes a tolerância para com as crenças não religiosas, neste caso políticas. Pelo que, sem ironias, me penitencio pela confusão.
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Está equivocado, lamentavelmente: eu não sou ninguém para não tolerar as ideias políticas de quem pretende votar Obama, ou de quem o aplaude na Europa. O que não tolero, porque me parece perigosíssimo para a nossa sociedade e denotativo de uma situação de profundo vazio espiritual, é a dimensão religiosa que a campanha democrata tomou. Eu sou um homem religioso, mas nada me parece mais perigoso do que um povo que está a votar num homem não porque o considera um político capaz mas um Messias redentor.
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Eu não sou um homem religioso, mas se o sentido de voto em Obama se fundar no seu carácter de Messias redentor, estou consigo.
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