Conjecturas sobre plano Paulson
29 Setembro, 2008
O plano Paulson baseia-se numa conjectura: o plano conseguirá evitar perdas superiores a 700 mil milhões de dólares. É uma conjectura porque na realidade ninguém sabe se terá o efeito desejado ou sequer se estão em causa perdas dessa ordem de grandeza.
Wall Street apoia o plano com base noutra conjectura: 700 mil milhões são sempre bem vindos, mesmo que o contribuinte saia a perder.
Alguns senadores congressistas rejeitam o plano com base numa terceira conjectura: os 700 mil milhões prejudicam o contribuinte, mesmo que Wall Street saia a ganhar.
Destas 3 conjecturas, a mais improvável é a primeira, que por acaso é a única que poderia justificar o plano o ponto de vista do interesse público.
13 comentários
leave one →

Caro João Miranda,
Dizem as «más línguas» que os EUA não dispõem de poupança própria. A taxa de poupança interna é “chocantemente baixa”, nas palavras do Prémio Nobel da Economia Joseph Stigritz. Isto significa que os EUA têm de recorrer à poupança alheia para sustentar o seu padrão de consumo.
Os 700 mil milhões de dólares serão somados à dívida pública dos Estados Unidos. Conforme têm sublinhado vários economistas, há uma ligação entre o défice público e o défice externo cultivados pelo império. Ligação essa explicada pela falta de poupança interna, que obviamente transforma boa parte da dívida governamental em dívida externa.
Por esta razão é que se fala em défices gémeos (défice público, défice comercial e défice da conta corrente). Em rigor são os investidores estrangeiros, públicos e privados, que estão a financiar as dispendiosas guerras no Iraque e no Afeganistão. Não será diferente com este pacote da crise. Os EUA não dispõem de recursos próprios para suportar os custos da sua falência financeira e vão tentar que seja o resto do mundo a suportar esses custos. Como? Aumentando o volume do retorno dos lucros das suas multinacionais fora dos EUA e atraindo investimentos estrangeiros. O tempo dirá se terão sucesso nesta empreitada.
Isto dizem alguns economistas…
Noutra onda, conhecia? «Americanos usam a web para impedir socorro a bancos» in http://www.vermelho.org.br/base.asp?texto=44055
GostarGostar
Ora pois é… e ninguém garante que os tais 700 mil milhões servissem de alguma coisa. Ou seja, daqui por 6 meses, quem sabe, voltava-se a repetir a farsa, mas desta vez com 1 milhão de milhões (bilião?) de dólares.
GostarGostar
Excelente Camilo Lourenço na RTPN.
Consegue falar de economia sem utilizar calão.
GostarGostar
“O plano Paulson baseia-se numa conjectura: o plano conseguirá evitar perdas superiores a 700 mil milhões de dólares.”
Treta. Isso é o que ele diz. Ele sabe bem que os 700 são apenas para os tubarões de Wall Street (de que ele também faz parte) colocarem as suas contas em dia, para depois se pisgarem com o bolso em conformidade. Quem vier atrás que apague a luz.
GostarGostar
Uma correcção: quem rejeitou o Plano Paulson foi a Câmara dos Representantes. O Plano nem chegou ao Senado.
GostarGostar
.
Surge cada vez com mais evidência que não resolvem nada os biliões, quiçá já triliões, dos Impostos dos Contribuintes injectados na bancarrota de Bancos. Atender à opinião e “guidance” dos grandes especuladores sobre a crise que eles são os responsaveis !?!?
.
O Cartel Estado proibe que sejam injectados directamente na Economia através da Fiscalidde (forte baixa de Impostos, Amnistia Geral, carga fiscal só sobre o Consumo eliminando toda a Taxação sobre os Bens e Propriedades dos Cidadãos)
.
e
.
Regulação minima Bancária (Obrigatoriedade dos juros liquidos bancários serem sempre 2% acima da Taxa de Inflação para atraír funding nacional evitando bancarrotas de Bancos, replaneamento das dividas aos Bancos ajustando-as à capacidade actual de pagamento do devedor, obrigatoriedade de deposito no FUNDO DE GARANTIA DOS DEPOSITOS DOS CIDADÂOS NOS BANCOS duma percentagem de todos os juros cobrados pelos Bancos para recuperar a Confiança dos Clientes e entre Bancos)
.
O montante gigantesco a pagar pelos Impostos dos Contribuintes é o mesmo. Mas os resultados deixam de ser os actuais duma nova bancarrota sobre a bancarrota.
.
Ou seja, a China (comprou 20% da Casa Rotschild e provavelmente comprará a prazo o resto), a India, a Russia e Golfo (moeda-ouro, segurança absoluta do dinheiro) etc estão como estão, porquê ? Pela Economia, Produção, em que a Europa e EUA são incompetitivos. Resolver a Crise pelas Finanças é mais a habitual ansiedade do medo que faz desbobinar teorias e alfarràbios que não resolvem nem são segurança de nada neste exacto momento.
.
Continua a ser uma humilde opinião…..
GostarGostar
E o que é feito da mão-invisível?
-Respostas ao Blasfémias, ao cuidado de JCD/JMiranda
GostarGostar
Por falar em conjecturas http://www.thetimes.co.za/PrintEdition/Article.aspx?id=851953
A tense standoff has developed in waters off Somalia over an Iranian merchant ship laden with a mysterious cargo that was hijacked by pirates.
Somali pirates suffered skin burns, lost hair and fell gravely ill “within days” of boarding the MV Iran Deyanat. Some of them died.
Andrew Mwangura, the director of the East African Seafarers’ Assistance Programme, told the Sunday Times: “We don’t know exactly how many, but the information that I am getting is that some of them had died. There is something very wrong about that ship.”
(…)
GostarGostar
Rico, este post, com o JM a brincar às conjecturas, das quais a segunda é a mais positiva, ainda que o inominado e quase infinito contribuinte saia a perder;
a mais realista é a terceira e congressista, apesar de Wall Street sair sempre a ganhar;
mas a irresponsável é a primeira, se, à falta de mais saída, Bush e o Paulson querem é lavar as mãos.
GostarGostar
Bem, confesso que fico algo confuso no meio
destes numeros grandiosos, mas parece que o
tombo de hoje (apenas hoje na WS) na casa dos
9% representa algo como um milhão de milhões,
logo o plano seria bom se tivesse evitado o
deslizar até este nivel… mas amanhã há mais!
De uma beleza perversa está o titulo de um artigo
no site da cbs: “House to Wall Street: Drop dead”
GostarGostar
Também é mais improvável que 2+2 serem 4, ou 2+3 serem cinco. Não importa se é mais improvável que conjecturas arbitrárias, o que importa é se é improvável.
GostarGostar
justamente.
GostarGostar
“O plano Paulson baseia-se numa conjectura: o plano conseguirá evitar perdas superiores a 700 mil milhões de dólares.”
Creio que a conjectura era um bocado mais radical que isso – era mesmo de que o plano não iria ter custos, porque quando os mercados acalmassem, o Estado iria conseguir vender (por um valor superior a 700 mil milhões de dólares) as dívidas que iria comprar.
Pelo menos, acho que era esse o argumento do Paulson (que, provavelmente, também deve estar a comprar divida dessa, já que acha que ela vai valorizar)
GostarGostar