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Podeis dormir descansados

4 Outubro, 2008

é o que apetece responder aos membros da associação Não Apaguem a Memória que têm manifestado a sua preocupação com a passagem da fortaleza de Peniche a pousada. Se for verdade que o arquitecto responsável pelo projecto é o Siza Vieira o despojamento celular adequado a um espaço com aquela história não só será mantido como potenciado.  Pessoalmente acredito que memória vai ficar viva como nunca! 

Por fim seria interessante que para lá da memória que o Estado Novo construiu naquele local não se esquecesse que outras memórias igualmente carcerárias por ali existem: na fortaleza de Peniche foram internados cidadãos alemães residentes em Portugal em 1916. Ali viveram no então chamado campo de concentração de Peniche ou depósito de súbditos inimigos até 1919. Agora que tanto se fala da I República esta memória – de que não encontrei vestígio quando visitei a fortaleza mas admito que seja por falta minha –  também não deve ser apagada.

12 comentários leave one →
  1. strong's avatar
    strong permalink
    4 Outubro, 2008 10:48

    Ora, ora, a memória faz-se a cada tempo da História que passa, valha-me nóssa sinhóra. Ao tempo de Afonso Henriques e dos Mouros, serviu o castelo de Sºão Jôerge de autêntica fortaleza, enquanto hoje é espaço de turismo e recreio. Perde alguma coisa o monumento? Ao contrário. Assim se pudesse dizer de outros sítios de interesse. Como dessa fortaleza, que já foi prisão, prisão de novo, depois de ser fortaleza, e hoje dá uma bela pousada, é claro. Que mais lhe querem, carago?

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  2. Desconhecida's avatar
    Anónimo permalink
    4 Outubro, 2008 10:56

    Eu sugeria que para preservar a memoria tal como ela é, tivessem um programa em que as pessoas pagavam para viver uma semana presas tal como no tempo da cadeia de Peniche. Com tudo, guardas mal encarados, comida péssima, e até tudo o que se conta. O programa terminava sempre com a fuga encenada de Cunhal. Há pessoas que pagam para tudo. Aposto que não conseguiam acabar com a lista das reservas para tal programa.

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  3. Desconhecida's avatar
    Zenóbio permalink
    4 Outubro, 2008 11:01

    E se alguém quisesse “modernizar” Auschwitz e aproveitar um espaço para um Resort? Que diriam os judeus?

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  4. caodeguarda's avatar
    4 Outubro, 2008 11:03

    Prontes… lá vamos ter mais outro mamarracho de cimento…

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  5. Desconhecida's avatar
    Zenóbio permalink
    4 Outubro, 2008 11:05

    Pestana rules!

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  6. zedeportugal's avatar
    4 Outubro, 2008 11:57

    Pela 1ª vez (que me lembre) não posso concordar com a helena.
    Estes pseudo-gestores da coisa pública só têm uma receita para todos os monumento: transformar em pousada. Para além de 1 grande falta de criatividade, é também muito duvidoso que seja o uso mais adequado em muitos casos. Acho que predomina nesta cáfila de decisores aquela costelazinha tuga, do emigra que só está à espera de “revenir de france” para montar um “café”, um “restaurant” ou outro “bistrôt” qualquer lá na aldeia (ou noutro sítio).
    Por outro lado, parte a doce helena do (errado) princípio que o projecto entregue ao siza “dos aliados” é garante de qualidade. Sinceramente, ainda não percebi muito bem esta fama que acompanha o homenzinho! Conheço (de conhecer, conhecer mesmo) muita obra do referido que não vale o papel onde foi impressa – e não estou a falar em apreciações estéticas, mas fundamento o que afirmo na opinião daqueles que são obrigados a viver nos gambitos arquitectónicos projectados pela dita criatura.
    Em vez de se entregarem estes projectos onde as ideias são fundamentais sempre aos mesmos reumáticos da brigada, bem podiam fazer como na Holanda, contratando arquitectos jovens, cheios de ideias novas e arejadas, com evidentes vantagens para a promoção de novos valores profissionais como para a obra a produzir.

    Pessoalmente, não sei se estou mais farto de tanta pousada – a tornar igualzinha tanta monumentalia diferente -, se das obras do (pre)siza ou da mama do pestana.

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  7. Desconhecida's avatar
    Anónimo permalink
    4 Outubro, 2008 12:06

    ZedePortugal desconfio que Helena Matos estava a ser irónica. É que Siza Vieira é tao minimalista e cnzento que as pessoas podem ficar descansadas. Mesmo se aquilo não parecesse uma prisao no fim da obra ficava a parecer. Cinzento, escuro e feio.

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  8. Piscoiso's avatar
    4 Outubro, 2008 12:40

    Até Alcatraz é actualmente um centro turístico, com uma banda de música própria.

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  9. Joana Lopes's avatar
    4 Outubro, 2008 21:13

    Como Helena Matos terá certamente lido no Público de hoje (p.12), Siza Vieira «disse-se “muito surpreendido” com a notícia de que a pousada iria avançar e esclareceu não ter sido contactado por ninguém para esse fim».

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  10. Desconhecida's avatar
    Anónimo permalink
    4 Outubro, 2008 23:05

    Não concordo com a transformação da fortaleza de Peniche em pousada. Não dignifica em nada a nossa “memória histórica”, muito pelo contrário só contribuirá para o seu desvanecimento.
    Esse tipo de edificações deviam ser destinadas à divulgação das artes, com salas para concertos quando possível, espectáculos, um sistema pró-activo que implicasse a rotatividade de exposições de jovens artistas plásticos, etc.
    Gosto de Siza Vieira; gosto do trabalho que produz, minimalista e despretensioso. Está inserido no contexto social e político da nossa actualidade.

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  11. Desconhecida's avatar
    4 Outubro, 2008 23:06

    Não concordo com a transformação da fortaleza de Peniche em pousada. Não dignifica em nada a nossa “memória histórica”, muito pelo contrário só contribuirá para o seu desvanecimento.
    Esse tipo de edificações deviam ser destinadas à divulgação das artes, com salas para concertos quando possível, espectáculos, um sistema pró-activo que implicasse a rotatividade de exposições de jovens artistas plásticos, etc.
    Gosto de Siza Vieira; gosto do trabalho que produz, minimalista e despretensioso. Está inserido no contexto social e político da nossa actualidade.

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  12. Desconhecida's avatar
    Zé do Boné permalink
    5 Outubro, 2008 10:14

    Concordo com a transformação do Forte de Peniche em Pousada, visto que a oferta do género, na referida cidade, é bastante pobre.

    Até porque aquela prisão, comparada com algumas da actualidade, poderia ser retratada como uma pousada (vide Linhó ou EPL – e se não conhecem vão lá ver com os vossos olhos e depois perguntem a quem passou por Peniche como era essa, para depois compararem), onde “pousavam” alguns anti-fascistas, mas não outros que estavam no Governo e que tanto destaque têm tido nos últimos 35 anos.

    Gostaria também que se fizesse o mesmo em Caxias, por onde passaram cerca de 1.000 presos políticos durante o PREC, presos com mandados em branco assinados por Otelo, para que também esse período da nossa História não seja esquecido.

    E já agora também em Monsanto, onde recentemente foi julgada e condenada a extrema-direita, e onde também não foi condenada a extrema-esquerda das FP25 (excepto os arrependidos).

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