Novo caso Microsoft em perspectiva.
19 Janeiro, 2009
Ainda a propósito de antitrust e da (ultimamente muito discutida) proibição legal dos “abusos de posição dominante”, perspectiva-se a guerra dos browser, agora em possível take 2 europeu……
Uma precisão, pouco importante na economia e no sentido da peça do FT: “European Regulators” é a Comissão Europeia e “the latest regulatory attack” quererá significar um pedido de esclarecimentos, muito provavelmente com intuitos de preparar uma decisão, da Comissão, à Microsoft …
23 comentários
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Ainda vai toda a gente ser impedida de usar microsoft só por causa de ser americano, Que guerra parvinha.
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Americanos são todos. O pecado é mesmo o dinheiro.
Eu uso o Chrome, da Google. A nova versão 2 tem duas novas funcionalidades que me agradam. A excelente possibilidade de navegar com perfis independentes e a muito ansiada capacidade de trabalhar com scripts definidos pelo utilizador, tipo o Greasemonkey do Firefox.
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Eu acho que é um caso importante, e não posso deixar de salientar que só podem concorrer a concursos públicos os clientes da Microsoft, uma vez que o portal dos Concursos Públicos só funciona com tecnologias Microsoft.
Talvez por mera coincidência, a Microsoft Portugal é a melhor subsidiária da Microsoft Corporation nos últimos anos…
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Caro Rui Seabra,
isso é mesmo assim?
Não quererá desenvolver melhor?
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Tanto quanto me contaram várias empresas, o site dos Concursos Públicos só funcionam com tecnologias Microsoft.
Como não tenho acesso mas é um site, deduzo que seja porque em vez de utilizar Normas Abertas, utiliza tecnologia proprietária da Microsoft (VBScript em vez de JavaScript, controlos ActiveX, Silverlight, etc…).
Seja como for, é só mais um caso de favorecimento entre muitos (indirectos ou até mesmo directos) para a colecção.
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Já agora, aqui fica para registo uma prova documental:
http://www.vortal-info.biz/vortalPT/Mercados/vortalGOV/FAQ/tabid/361/Default.aspx#5
2.4 O que é necessário para utilizar as plataformas de contratação pública electrónica da Vortal?
Para utilizar a plataforma, o seu utilizador necessita somente de dispor de um computador e de um software de acesso à Internet (browser), não sendo necessária a instalação de qualquer software aplicacional adicional.
Os postos de trabalho (computadores) têm apenas de cumprir com os seguintes requisitos mínimos:
* Pentium II, 300 MHz, 64 Mb RAM ou superior.
* Software – MS Windows 98, NT, 2000, Millennium, XP, 2003 ou Vista e Internet Explorer 6.0. Outras aplicações que seja necessário utilizar estarão disponíveis para download e instalação a partir da plataforma vortalGOV, tais como o Adobe Reader ou o Microsoft Silverlight.
* Ligação à internet (é aconselhável uma ligação de banda larga)
Um grande obrigado à pessoa que me fez chegar o link.
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Para quantos sistemas operativos diferentes é que os serviços públicos online têm de estar preparados?
Tinha a ideia de que o Javascript também era proprietário — marca registada da Sun Microsystems. Ou estou enganado?
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Essa pergunta coloca o irrelevante como importante. A verdadeira pergunta é:
Quantos se pretendem excluir por não utilizar Normas Abertas?
Se os serviços públicos online utilizarem exclusivamente Normas Abertas, a culpa de não suportar uma Norma Aberta está na opção feita pelo utilizador de determinado software. Pode sempre optar por outro que suporte melhor a Norma Aberta em causa e não ser excluído.
Contudo quando se optam por tecnologias que são proprietárias e que apenas alguns fornecedores com exclusivo conhecimento proprietário são capazes de implementar, os utilizadores são obrigados a serem clientes desses fornecedores, especialmente quando acontecem coisas como no site onde são colocados a maioria dos concursos públicos.
Para quem não sabe, não há nada de tecnologicamente difícil em fazer sites de Internet que utilizem Normas Abertas. É efectivamente necessário um esforço extra para utilizar tecnologias que excluem à partida um segmento do mercado alvo.
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Penso que está a confundir com a linguagem de programação Java, essa sim com marca registada da Sun Microsystems. Infelicidades de nomenclatura 🙂
http://en.wikipedia.org/wiki/JavaScript
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Perdão,
De qualquer das formas, as marcas registadas funcionam de forma diferente do direito de autor ou do direito patentes.
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Os serviços públicos devem servir os cidadãos e não o contrário. Não é o cidadão que tem “culpa” (termo seu) de usar um software que centenas de milhões de pessoas em todo o mundo *escolhem* (a maioria das vezes pagando para) usar (em vez da porcaria do Linux, por exemplo). Os serviços públicos servem a sociedade, não o contrário, repito. Por isso, não faz sentido obrigar a maioria das pessoas a usar um software que nem dado querem (o software livre é por definição grátis) e que é usado apenas por uma minoria de prosélitos geralmente chatos e arrogantes que se acham superiores a quem prefere usar Windows (não sei se é o seu caso, por isso não leve a peito).
Agora se houver a hipótese de usar algo que seja compatível com mais tipos diferentes de software, óptimo. Agora não queira obrigar a maioria a ter de usar algo que não quer.
Repare que a sua argumentação funciona ao contrário também: a “culpa” de usar software minoritário é do utilizador. Este pode sempre optar (pagando, é certo; mas mudar de hábitos têm sempre custos também) pelo sistema maioritário e não ser excluído.
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Em cima é “tem”, não “têm”, claro.
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Qual é a diferença entre usar a linguagem proprietária VBScript e a linguagem proprietária JavaScript? É a primeira ser dos maus (Microsoft)?
Que é que os direitos de autor e de patentes têm a ver com o caso?
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Já agora, aproveito para o felicitar pela óptima iniciativa do Transparência na AP.
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@LPedroMachado,
Creio que não terá compreendido a 100% o problema.
As boas práticas de desenvolvimento web conduzem a aplicações web universais que funcionam em qualquer plataforma. Qualquer developer minimamente informado sabe disto. Aliás, basta olhar para aplicações como o Gmail ou o Google Maps que sendo bastante sofisticadas funcionam em qualquer plataforma, para perceber que tudo o resto – que é muito mais simples – deveria funcionar sem problemas.
Por outro lado as más práticas de desenvolvimento (ou incompetência ou má fé) conduzem a websites que só funcionam na versão X do browser Y no sistema operativo Z.
Quando o Pedro Machado diz que não se pode obrigar ninguém a user determinado software tem toda a razão. Há empresas que utilizam Mac e outras que utilizam Linux que não podem ser excluídas nem obrigadas a mudar de software por causa de um concurso público. E nisto pouco importa se é maioritário ou minoritário: é uma questão de princípios. O acesso deve ser universal sem passar por favorecimentos a nenhuma empresa.
E isto não é uma questão teórica, porque há mesmo empresas a ser prejudicadas com esta situação – conheço algumas.
Voltando à sua pergunta:
P: Para quantos sistemas operativos diferentes é que os serviços públicos online têm de estar preparados?
R: Utilizando tecnologias standard os serviços públicos funcionarão em qualquer SO e browser. A via que minimiza o esforço para quem desenvolve é testar num browser multiplataforma (ex: Firefox) garantindo assim a universalidade.
Espero tê-lo esclarecido e que com isto compreenda o que está em causa.
Por esclarecer está se o caso com a Vortal será apenas desleixo ou algo mais grave do que isso.
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Qual é a diferença entre usar a linguagem proprietária VBScript e a linguagem proprietária JavaScript? É a primeira ser dos maus (Microsoft)?
É que o Javascript está implementado em múltiplos browsers e plataformas, enquanto o VBScript só funciona no IE em Windows. Não há maus nem bons. Há os que funcionam para todos e os que condicionam as pessoas/empresas.
Que é que os direitos de autor e de patentes têm a ver com o caso?
Off topic. O problema aqui não é este.
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Creio que ficou claro que a utilização de tecnologia monoplataforma prejudica a livre concorrência do mercado, obrigando cidadãos e empresas a enveredar por algo que lhes é imposto. No caso em discussão é o Estado – por via da Vortal – a impôr a tecnologia de uma determinada empresa prejudicando directamente as alternativas.
Não tem mal nenhum usar-se Microsoft por opção. Tem mal é usar-se *por obrigação*. E é disto precisamente que estamos a falar.
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Caro António Silva
Escrevi em 11 que se for possível usar algo que funcione com tudo, óptimo. Sendo assim, estamos de acordo. Mas fiquei com a ideia de que o Rui Seabra quer obrigar as pessoas a migrar de Windows para Linux.
Não sabia que o VBS só funcionava em IE. De qualquer modo, o Rui Seabra deu a entender que o problema é a licença proprietária, quando na verdade não é.
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Esta discussão não tem nada a ver com software livre versus proprietário, na verdade.
A questão é que a própria Web não faz sentido se não tender para a procura de interoperabilidade entre vários dispositivos, sejam de que tipo for, tenham o sistema operativo que tiver, até porque as aplicações web ganham cada vez mais força. E para isso é que existem standards da internet, definidos por exemplo pelo World Wide Web Consortium, que por acaso até é muitas vezes acusada de favorecer as vontades das grandes empresas da área tecnológica, portanto não é mesmo por aí.
Em teoria, o ideal em desenvolvimento Web será procurar adoptar essas boas regras e formatos que permitem o uso compatível com qualquer plataforma, sendo que a responsabilidade de adoptar esses standards está completamente no lado de quem cria os browsers e os motores de layout que eles utilizam.
A Microsoft mostra muito pouco respeito por estas regras, tendo não só um browser com um suporte muito fraco de standards como as suas ferramentas e tecnologias de desenvolvimento web muito frequentemente só se adaptam ao IE.
Na verdade o IE é um browser muito fraco, para o qual se descobrem vulnerabilidades graves de segurança constantemente, que podem ter consequências não só para quem tem computadores pessoais como para as empresas e serviços públicos que o utilizam, e no entanto ainda goza de quase 70% do mercado dos browsers. Isto é preocupante e de certeza não é pela livre concorrência que isto acontece.
De qualquer maneira, e mesmo sendo eu próprio um fã de sistemas GNU/Linux (que estão longe de ser porcaria), espero que a UE não obrigue a Microsoft a retirar o IE do Windows, como fez com o Windows Media Player. Para mim, não faz sentido vender um sistema operativo sem um browser ou leitor multimédia completos, hoje em dia.
O Javascript, tenta ser compatível com o verdadeiro standard ECMAscript, e por isso usar Javascript é bom. Pode-se dizer que é um standard de facto e é muito mais compatível portanto.
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Entendeu, então, incorrectamente. Eu preferiria que as pessoas migrassem para Software Livre, e incentivo-as a isso.
100% de acordo, logo não faz sentido obrigar seja quem for a ser cliente da Microsoft, como o que acontece em vários casos da Administração Pública online, certo?
Têm tudo a ver com o caso, uma vez que o conceito de software livre vs não livre têm a ver com isso, e em como um não restringe a concorrência e o outro sim, tal como as Normas Abertas permitem um mercado livre enquanto que normas proprietárias o condicionam negativamente.
Direitos de autor e direitos de patentes têm tudo a ver com o caso, uma vez que são estes que tornam uma coisa proprietária, e não as marcas.
O VBScript é código cujo proprietário dos direitos de autor é a Microsoft, e que está sujeito a direitos de patentes da Microsoft. Isto implica que um concorrente está forçosamente numa situação de inferioridade técnica e legal perante a Microsoft, sem hipóteses.
As marcas registadas tornam proprietário apenas a marca, mas não tornam algo proprietário. Um caso exemplar disto é o Java. A Sun Microsystems tornou o Java em Software Livre, licenciou-o sob a licença GNU GPL.
Existem outras implementações de Java baseadas no que a Sun libertou, mas não se podem chamar Java por causa da marca registada. A que tem maior popularidade nas distribuições de GNU/Linux, de momento, chama-se OpenJDK.
Contudo esta conversa está a ser demasiado fora do tópico em causa, terei todo o gosto em continuar a esclarecer-lhe o meu ponto de vista noutro fórum.
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Escrevi em 11 que se for possível usar algo que funcione com tudo, óptimo. Sendo assim, estamos de acordo. Mas fiquei com a ideia de que o Rui Seabra quer obrigar as pessoas a migrar de Windows para Linux.
Se ele quer obrigar ou não, não sei :-). O que sei é que não era disse que se estava a falar.
Não só é possível ter soluções que funcionem com tudo como isso é o Natural. A situação do Vortalgov é uma aberração sem justificação técnica.
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«Ainda vai toda a gente ser impedida de usar microsoft só por causa de ser americano, Que guerra parvinha.»
Não é bem isso. O que se passa é que ao incluir o Internet Explorer e apresentá-lo – como o faz e sempre o fez – como o único meio de acesso à web, arrisca-se a este tipo de coisas. Para mim não o é, como também não o será para si. Mas para muito boa gente ir à Internet significa utilizar o Internet Explorer, como ter um computador significa ter Windows (e quanto a isso muitas histórias há sobre a dificuldade em recusar uma instalação do Windows na compra de um portátil e dessa forma obter, para além disso, uma baixa no preço).
É normal e inevitável que os fabricantes de OSs incluam leitores de música/vídeo, internet, messenger. O que não é normal é fazer passar a ideia que não há alternativa. O fenómeno do Live Messenger, sobretudo em Portugal, é um perfeito exemplo disso. Esse tipo de tecnologia já existia há anos e como exemplo de particular sucesso, até então, tinha o ICQ.
E sabe que isto acontece quando uma pessoa, em frente a um Linux ou um Mac, pergunta onde está o Internet Explorer.
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Ninguém quer obrigar os outros a usarem o SO (ou outro software) que nós escolhemos, mas também não queremos ser obrigados a usar o SO que os outros escolhem.
A utilização de normas abertas não obriga ninguém a usar Linux (ou outro SO em particular), pois as normas abertas são geralmente suportadas por um vasto conjunto de soluções.
A utilização de determinadas tecnologias fechadas é que obriga muita gente a usar windows.
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