Notícias dum país socialista
28 Janeiro, 2009
Segundo PÚBLICO «Câmara de Lisboa quer sistema de transportes escolares a funcionar no próximo ano lectivo»
Mas a CML quer exactamente o quê?
«A Câmara Municipal de Lisboa quer ter projectos-piloto de transporte escolar regular a funcionar no início do próximo ano lectivo, disse ontem o vice-presidente da autarquia, Marcos Perestrello. » O que é em Lisboa uma rede de transportes escolares? Vai funcionar em alternativa à Carris? Faz falta? Quem paga? Quanto custa? O processo é centralizado pela CML ou organizado por cada escola?
«Uma grande quantidade de automóveis precisa de parar, largar e recolher passageiros. É muito complicado”, observou. Com um sistema de transporte escolar em funcionamento, “os pais não têm que sair de casa todos às mesmas horas”, argumentou Perestrello. A possibilidade de criação de um sistema deste tipo fazia parte do programa eleitoral dos socialistas.» – A CML tem estudos sobre a adesão dos pais a este projecto? E o transporte escolar leva as crianças até casa? Nesse caso os pais continuam a ter de sair todos à mesma hora para conseguirem estar em casa a tempo de receber os filhos. E quem disse a Marcos Perestrelo que as crianças vão logo para casa? E quando as casas não são em Lisboa mas sim no Cacém, o transporte leva-as até lá?
«Marcos Perestrello acrescentou que a autarquia vai lançar um concurso público para arranjar “soluções de car-sharing” (partilha de automóveis), como forma de “aumentar e diversificar uma oferta boa e apetecível” de alternativas de transporte público. Para o vice-presidente, a utilização do transporte privado por uma rede social de vizinhos ou familiares é um autêntico “ovo de Colombo” para resolver problemas de excesso de tráfego.» – Não só as redes sociais de vizinhos ou familiares não são organizadas pela CML ou por qualquer outra autarquia como desta conversa de ovos de Colombo já temos uma forte dose (ViaCTT Infocid Biblioteca Central – vale a pena confrontar as notícais sobre a sua não construção com as do anúncio da construção para se perceber como boa parte destas notícias vivem duma realidade virtual )
Se aquilo que se sabe deste projecto é isto quer dizer que não há projecto algum. Apenas um projecto de mais multas em nome duma causa nobremente mediática – as redes sociais de transporte escolar – pois Marcos Perestrelo disse de facto algo que vai acontecer: «Paragem junto das escolas para largar e recolher crianças passará a ser severamente controlada, avisa vice-presidente da autarquia»
Mas quem se acha Marcos Perestrelo para decidir que pode dificultar a vida de quem vai buscar e levar os filhos à escola? E vai controlar severamente essa trânsito à porta de todas as escolas ou nas das cobaias da engenharia social? E se as autarquias tratassem das suas competências?
33 comentários
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boa frase: “boa parte destas notícias vivem duma realidade virtual”. E o Magalhães?
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Eles andam a ver muitos filmes americanos com aqueles autocarros amarelos. Esquecem-se que em termos de distribuição dos alunos/escolas nenhuma cidade portuguesa tem nada a ver com as cidades americanas.
Até nos Simpsons aparecem os autocarros amarelos, então Lx vai ficar de fora?
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O melhor é nunca fazer nada pois o coro do bota abaixo assim não aparece.
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A Helena deve saber que há muitas escolas privadas (também em Lisboa) que têm sistemas de transportes escolares, aos quais alguns pais aderem, outros não.
Deve também saber que em muitas autarquias rurais uma das principais utilizações dos transportes coletivos é, precisamente, como transportes escolaes.
Em face destes factos, não vejo nada de ridículo na ideia da CML. Por que motivo não há-de a CML ter uma rede de transportes para as escolas públicas do concelho, se as escolas privadas também a têm, e se muitas Câmaras da província também a têm?
Helena: se não tem nada a dizer, mantenha-se calada. O silêncio é de ouro.
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Hoje a HM e indignou-se com letras maiúsculas com uma notícia da página 21 do Público e passou por cima das páginas 14 e 15: “Queimados com bombas de fósforo branco”.
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o magalhães e o freeport
podiam pagar a conta
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Deve também saber que em muitas autarquias rurais uma das principais utilizações dos transportes coletivos é, precisamente, como transportes escolares. – Precisamente. Autarquias rurais. O que não é o caso de Lisboa.
há muitas escolas privadas (também em Lisboa) que têm sistemas de transportes escolares – estas escolas organizam ou contratam cada uma delas o seu sistema de transporte. A ideia da CML a organizar e centralizar uma rede dessas é uma loucura.
Um dado que Marcos Perestrello não contabilizou é o tempo que as crianças levam nessas redes de transportes escolares. Em Portugal nas tais zonas rurais que refere esse transporte que aí sim faz sentido deveria ser repensado pois inúmeros jovens passam mais de doze horas fora de casa por causa do modo do rígido funcionamento desses transportes escolares.
Em Lisboa a realidade é outra. A CML pode fazer muito para melhorar ou piorar os transportes e as acessibilidades. A CML criar uma rede de transportes é do domínio da loucura
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A Sá Couto já tem camionetas ?
palhaços
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Show Off do manequim armani II , o Perestrelo a emular o manequim armani I
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“E quando as casas não são em Lisboa mas sim no Cacém, o transporte leva-as até lá?”
Ou tudo mudou desde o meu tempo ou a frequência de uma determinada escola pública ainda implica residência na área dessa escola.
O Cacém nem sequer pertence ao concelho de Lisboa.
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Somos um povo imbecilizado e resignado, humilde e macambúzio,
fatalista e sonâmbulo, burro de carga, besta de nora, aguentando pauladas, sacos de vergonhas, feixes de misérias, sem uma rebelião, um mostrar de dentes, a energia dum coice, pois que nem já com as orelhas somos capazes de sacudir as moscas …’ Guerra Junqueiro escrito em 1886
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10 – Pois mudou. Aliás levanta uma questão muito interessante: a das moradas versus escola na área de residência. Algumas escolas de Lisboa por manifesta falta de alunos deixaram de exigir este critério. Noutros casos aceitam a morada de trabalho dos pais pois Lisboa é uma cidade onde tabalha muita gente que vive na periferia. E ainda acontece que vivendo na periferia ou dentro da cidade milhares de famílias dão uma morada falsa para que os seus filhos frequentem a escola pública que preferem ou lhes dá mais jeito.
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Não vale a pena preocuparem-se.
Reparem isto é um anúncio.
Anúncios como estes vão aparecer ás centenas até às eleições.
O próximo vai ser que com telemóveis vão disciplinar as paragens para cargas e descargas.
Já foi feito?
Não faz mal, faz-se novamente.
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Eu vivi em Sintra e estudei o 12º em Lisboa, já não me recordo do motivo, mas o mesmo deve acontecer agora.
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“Para o vice-presidente, a utilização do transporte privado por uma rede social de vizinhos ou familiares é um autêntico “ovo de Colombo” para resolver problemas de excesso de tráfego”
Falar em “redes sociais de vizinhos ou familiares” num sitio (e não País) como Portugal onde são raros os condomínios com mais de 10 condóminos que funcionam bem ou onde a “sociedade civil” não se organiza independentemente de agrupamentos mais ou menos políticos nem que o seu futuro disso dependa é sintoma claro de uma overdose no consumo de ficção anglo-saxónica.
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Realmente é um disparate transportes escolares em Lisboa…pois toda a gente tem carro.
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16 – Uma rede de transporte escolar não é nem deixa de ser disparate. Depende dos locais. O que é certamente um disparate é conceber essa rede para uma cidade para Lisboa centralizada na CML. Note também que os alunos já têm descontos no passe ou passe gratuito.
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Perguntem…ao Zé, não?
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Diga lá os locais onde é disparate, para o povo saber.
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Piscoiso disse
28 Janeiro, 2009 às 2:13 pm
Ouça uma coisa, você conhece Lisboa e os transportes públicos que há por aqui?
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Caro Fado, em princípio não respondo a perguntas de desconhecidos, mesmo sendo Alexandrinos.
A não ser que seja para perguntarem onde é uma rua de Lisboa.
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Parece-me evidente que a CML terá como obrigação contribuir tanto para a fluidez do trânsito na capital como para a organização da rede de transportes escolares. Não se trata de uma questão de centralização ou de descentralizção dos mesmos mas da inegável obrigação de promover acções sociais deste tipo. E isto parece-me inquestionável, independentemente da maior ou menor flexibilidade e da tipologia do serviço prestado.
Nos anos 60/70 vivi em Paço de Arcos e estudei 7 anos no Estoril; sempre utilizei a linha de caminho de ferro (excepto sábados à tarde para o hóquei); entrava às 8 da manhã e saía às 5 da tarde; contando com o tempo de transporte correspondia a 11 horas fora de casa. Os meus pais ambos trabalhavam!
Irrita-me sopinamente ver esta gente em enormes filas matinais e vespertinas para largar as criancinhas nas escolas e nos colégios! eu sei que os tempos mudam mas… francamente é demais!
daí que, por uma vez, só possa elogiar tal iniciativa da CML!
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«inegável obrigação de promover acções sociais deste tipo» – podemos discutir depois as acções sociais que as autarquias devem ou não promover. Para já uma acção deste tipo será social? serve a quem? Existe procura?
O facto de ser centralizada na CML não é irrelevante pois a CML não conseguirá fazer nada de mais eficaz do que aquilo que já faz a Carris. Aos custos de funcionamento da CML seria mais barato pagar táxis às criancinhas do que por a funcionar uma rede de transporte escolar
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Oh Helena, parece-me evidente que faz parte da economia social (a mim assim me ensinaram na escola e espero que o domínio das ciências sociais não tenha encolhido)!
Não conheço os números em causa, e presumo que tbém não os conheça dado que não os colocou sobre a mesa; todavia, a menos que se trate de uma pura medida eleitoralista, presumo que a competente pré-avaliação deste projecto piloto tenha sido efectuada. Sem outros elementos não podemos julgar nem da pertinência nem do valor acrescentado e muito menos da eficácia esperada da acção em causa.
Quanto aos custos de funcionamento: não lhe garanto mas quase que apostaria consigo que as diferenças de custos entre as duas entidades não será muito diferente.
e porque não a utilização da Carris para o transporte escolar? E digo-lhe que ainda pesa na bolsa de algumas famílias residentes na zona de Lisboa o facto de pagarem metade do preço do passe social ou não pagarem nada. Também não chama a isto acção social?
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A carris já é usada para transporte escolar. Os estudantes pagam muito menos pelo passe e podem até não pagar, consoante os rendimentos das famílias.
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A não ser que seja para perguntarem onde é uma rua de Lisboa.
Ainda bem.
Há uma escola muito exclusiva de que não se deve dizer o nome e que fica na Rua Major Neutel de Abreu. Tem Metro e dez carreiras de autocarros à distância de um assobio.
Não é para pequeninos.
Todos os dias é um engarrafemento monstro com as mamãs a irem buscar os adolescentes.
Estou mesmo a ver a carrinha da Câmara a passar por lá.
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Esta geração de “cú-tremido” causa-me arrepios. Vejo filas idênticas em zonas de entretenimento nocturno; como podem imaginar acho um piadão nos sábados, pela noite dentro, os pais sentados a ler um semanário dentro dos carros à espera que as proles se “despachem”!
Quanto aos custos dos transportes da carris, o tarifário em vigor nada indica quanto à gratituidade do mesmo ou à sua redução em função dos rendimentos (é algum diploma específico?)… o mais baixinho é o 4_18!
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27 – Trata-se simplesmente na escola. Muitos alunos não pagam nada. E os outros independentemente dos rendimentos da família também pagam muito menos. Levam um papel da escola e tratam do passe estudante. Barato e fácil.
26 – siga os links que chega lá. Também conheço o caso dessa 3ª fila
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siga os links que chega lá.
Obrigado, não tinha reparado.
Os outros dois exemplos também são exemplares.
Sobre o mesmo assunto (estacionamento) o entusiasmo pelas Avenida Novas mormente a 5 de Outubro só durou a primeira semana.
É um espectáculo cinco, dez, quinze em segunda fila.
Era a tal onde iria começar a experiência-piloto com o estacionamento…há dois anos ou mais.
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Este sistema é mais do mesmo: têm de ocupar os 10 mil funcionários da Câmara com alguma coisa, por isso têm estas ideias luminosas. Esta-se mesmo a ver que na organização portuguesa este sistema vai funcionar na perfeição.
É muito dificil reduzir a despesa pública assim. Cada um que tem uma ideia, gasta uns milhares de euros. Se depois não funcionar, não faz mal, porque alguém paga sempre a conta.
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Anónimo (3),
“O melhor é nunca fazer nada pois o coro do bota abaixo assim não aparece.”
É óbvio que fica muito mais barato os poderes públicos absterem-se de fazer aquilo que não sabem e para que não estão vocacionados.
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Uma camara que está falida, que não tem passadeiras, os pavimentos, estão estragados! como estes aldrabões querem montar um sistema de tranasportes? quem os paga?
Este Costa está em compita com Socrates a mentir!
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JCP disse
“Esta geração de “cú-tremido” causa-me arrepios.”
Será assim tanto de “cú-tremido” ou o resultado dos tempos em que vivemos?
Quando eu em miúdo andava por todo o lado, usando o passe da carris ou na minha bicicleta, sem grandes preocupações estava longe de pensar que, 30 anos mais tarde, se poderia vir a acusar os meus avós de comportamento negligente, ou pior, caso eles me dessem a mesma liberdade de movimentos hoje em dia.
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