Vida das cidades mortas
A vida das cidades parece ter-se deslocado definitivamente das ruas para o interior dos centros comerciais. Estes propiciam-nos a qualidade de vivência que em tempos caracterizava os núcleos urbanos. O verdadeiro centro cívico e cultural das cidades transferiu-se para os shoppings. Nos centros comerciais, o acesso é fácil e o estacionamento gratuito. A limpeza é regra, circula-se confortavelmente e em segurança. Há acessos para pessoas com mobilidade reduzida e carrinhos de bebé. Os pequenos problemas , como a necessidade dum espaço para mudar fraldas ou levar miúdos à casa de banho, estão acautelados.
Em contrapartida, o espaço público das nossas cidades é caracterizado por passeios esburacados, ruas que destroem suspensões de automóveis e os ossos de quem utiliza autocarros. Faltam espaços de encontro, convívio e lazer, os jardins de proximidade desapareceram, parque infantis, nem vê-los!
ADENDA – Como escrevi anteriormente: “Os representantes do comércio tradicional limitam-se a reclamar contra os centros comerciais. Atiram ao alvo errado. Mais do que tentar impedir o sucesso dos centros comerciais, deveriam era copiar a receita desse êxito. E queixar-se, em primeiro lugar, das câmaras municipais que se revelam incompetentes na gestão do espaço público.os representantes do comércio tradicional limitam-se a reclamar contra os centros comerciais. Atiram ao alvo errado. Mais do que tentar impedir o sucesso dos centros comerciais, deveriam era copiar a receita desse êxito. E queixar-se, em primeiro lugar, das câmaras municipais que se revelam incompetentes na gestão do espaço público.”

E a segurança é no minímo suspeita.
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É a velha Fortaleza com as suas muralhas a regressar á cidade.
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e enquanto este cantinho não estiver completamente alcatroado, não descansarão os obreiros da Pátria.
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Muito bem !
Desgraçadas cidades e gentes governadas por autarcas que veem nos shoppings um “sinal de progresso”… E que se necessário licenciam mais um, e outro, nas proximidades…
Cultura ! Cidadania ! — faltam imenso a autarcas e a governados…
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Concordo. Cada vez há mais ruas esburacadas (em Lisboa). E a segurança, de repente, desapareceu completamente. Já por duas vezes, recentemente, fui avisada de assaltos na zona onde costumo sair à noite. De futuro já sei, não levar muito dinheiro na bolsa, deixar os documentos em casa.
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Conheço três pequenas cidades a dezenas de quilómetros de Lisboa, que têm quatro, e cinco hipermercados.
Entretanto, o comércio local fenece… E a avidez pelo facilitado consumo perturba vidas e culturas locais.
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http://www.youtube.com/watch?v=HapaKrG8AbQ
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“Conheço três pequenas cidades a dezenas de quilómetros de Lisboa, que têm quatro, e cinco hipermercados.
Entretanto, o comércio local fenece… E a avidez pelo facilitado consumo perturba vidas e culturas locais.”
Ainda bem. A liberdade de escolha chatea sempre os Tribalistas, os que favorecem a ditadura social e cultural.
“…Some of us do think that designer labels will save our souls. That’s bad. But it’s a whole lot better than thinking that, say, the Führer will save your soul, or a crusade against the infidels, or nationalism, or a host of other collective salvations. When the inevitable disappointment from consumerism comes, it’s a private tragedy. When the inevitable disappointment from a collective salvation comes, it’s a national crisis inviting some new, possibly worse, collective salvation. Until humans learn the wisdom of angels, I will remain a great supporter of crass consumerism and conspicuous consumption…”
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Os shoppings são provavelmente uma das melhores coisas que aconteceu em Portugal nos últimos vinte anos. É das poucas coisas que respeitam a economia, permitindo esbater a decisões profundamente anti-económicas feitas.
Veja-se o resultado do investimento da Educação, uma verdadeira bolha especulativa (os Governos e a Esquerda são os maiores especuladores á face da Terra):
“Portugal deverá cair este ano para a 33ª e última posição no “ranking” de riqueza criada por habitante das economias avançadas, revelam as últimas previsões do Fundo Monetário Internacional (FMI). Entre 2000 e 2008, Portugal recuou da 18ª para a 32ª posição. Este ano, arrastado pela crise, tocará no fundo, ultrapassado pela Eslováquia, destina o Fundo.”
in Jornal de Negócios http://www.jornaldenegocios.pt/
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É um desafio aos arquitectos urbanísticos e às autarquias.
Parece imperativo transferir algumas das características dos centros comerciais para as ruas onde o melhor comércio se concentra.
Ruas como Augusta/Lx., Ferreira Borges/Coimbra ou Sta. Catarina/Porto (troço vedado ao trânsito) podem ter uma cobertura que as isole de condições atmosféricas adversas. Com reforço de segurança dissuasor.
Mas isto é pura utopia.
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Estacionamento gratuito nos centros comerciais??! Quais?
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«o espaço público das nossas cidades»
A pedir soluções.
Em Lisboa, que um candidato a autarca, se proponha repavimentar toda a cidade; recuperar os bairros antigos para habitação e comércio.
Na linha do que diz e muito bem, Piscoiso.
Porque não, com alguma utopia?
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Norte Shopping, Arrabida shopping… e mais uns quarenta
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11.
Norteshopping, Braga Parque, por exemplo
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Irmão 8
O pão que precisamos não se vende nos hipermercados. Jejue e abstenha-se de frequentar centros comerciais durante 40 dias.
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Serão os centros comerciais uma forma de privatizar a rua?
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“O pão que precisamos não se vende nos hipermercados.”
Você não percebe…a palavra Liberdade… Quem quer vai ao shopping quem não quer vai á loja. Eu vou aos dois e estou satisfeito com a liberdade de escolha.
Quanto ao Pão não o compro no Shopping porque é pior e segundo os nossos deputados armados em tiranetes(excepto 5 almas do CDS) o Pão bom brevemente só no mercado negro ou feito em casa…O que quer dizer que mais uma lojas de bairro vão fechar…
Quanto aos Centros das Cidades só um louco investe alguma coisa num sitio onde as Câmaras se arrogam de todo o poder para controlar, legislar, mudar estacionamento, proibir carros etc. a não ser que tenha um “amigo” na Câmara que consiga manobrar. Por isso em Portugal é de esperar que os centros das cidades cada vez fiquem mais ao abandono ou façam parte de projectos PIN com “investidores” escolhidos a dedo, porque o investidor normal não põe lá o dinheiro.
Quanto mais poder o Estado tem menos o investimento.
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#16
Excelente questão!!!
À qual junto esta: e se privatizassem a gestão de algum do espaço público, algumas ruas, o que aconteceria? Seria bom? Mau?
Eu discordaria, mas acho um bom tema de discussão.
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Irmão 17
Nada tema em relação ao investimento selectivo. JC também escolheu os apóstolos. Faz parte da liberdade de escolha. Você escolhe a Câmara e ela escolhe os seus colaboradores empresariais. A amizade é um dom de que nenhuma câmara se pode privar. Mas vejo que é incréu. Rezarei pela sua iluminação.
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Irmão Paulo
A rua é assim como as partes comuns de um condomínio. Mas não é por os condóminos delegarem a sua conservação numa empresa que a propriedade anda melhor tratada. Tudo depende da qualidade dos condóminos. Se são relapsos talvez seja boa ideia entregar os bens ao cuidado de alguém. Uma câmara por exemplo. É eleita por todos, o que acaba por ser uma espécie de concurso para a escolha da empresa que gere o condomínio.
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# 20. Sei não, como dizem os brasileiros… Então as câmaras não delegam ou concessionam serviços e espaços a entidades privadas? O facto de a câmara ser eleita por todos não significa forçosamente que gira melhor. Significa apenas que todos sofrerão as consequências sejam elas boas ou más. Privatizar as ruas soa, de facto, estranho. Tería algum munícípio de fazer a experiência para vermos os resultados. Nas favelas do Brasil para passar em certos caminhos tem que pagar portagem…
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Penso que passa tudo pelo estacionamento. Há umas décadas atrás ia-se ao mercado quase todos os dias , tinha até uma componemte importante de sociabilidade: as senhoras donas de casa encontravam-se , davam à língua , iam ao café..tinham todo o tempo do mundo e os sacos do dia a dia não pesavam por aí além (aliás , muitas senhoras reformadas é o que ainda fazem , serve de distração). Agora , as moças têm de trabalhar e a compra é à semana , quinzenal ou até ao mês , impossível transportar as compras sem ser no carrinho e depois logo ali no carro.
E mesmo para compras ocasionais , tipo ir à farmácia ou qualquer coisa assim , sabe bem não perder preciosos minutos à procura de estacionamento quando o tempo é escasso.
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Agora , se toda uma organização da sociedade mudou , e quem tradicionalmente enchia as ruas , fosse a ir às compras , fosse a passear os menino ( agora na creche ), ou simplesmente laurear a pevide , está das 9 às 5 no emprego ( para o qual vai de carro) não podemos esperar que a cidade se mantenha na mesma , né? E as telenovelas , meu deus , que desertificaram as ruas a partir das 21 horas?
Agora , os centros comerciais são mesmo bons , são , são , conseguiram por os homens a ver montras..sério , é um mistério para mim como os que tradicionalmente odeiam ir às compras , gostam daquilo.
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Não há dúvida que se pode com propriedade falara aqui em “Catedrais ao Consumo”. Mas, se as compras pela net se tornarem um hábito, será que a faceta lúdica e a atracção pelas montras será suficiente para manter este negócio em expansão?
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Suponho que já há uma e-missa para evitar ir à igreja.
Para receber a comunhão é que é mais complicado.
Mas sempre podem mandar a hóstia pelo correio.
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Uns são geridos pelo Estado, outros são geridos por privados. O resultado está à vista.
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O Ramalho disse bem. A partir do momento em que só existam pessoas que nasceram com a net , a cidade ainda irá mudar mais. Nem à livraria preciso de ir já. À farmácia também não. Ao Hiper ainda menos( o Jumbo já traz as compras a casa). A evolução é isso , a passagem de um sitio a outro. E não vale a pena morrer de saudades.E pensar que o que fazemos não tem consequências naquilo que gostamos.
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A ida ao dentista é que ainda é difícil evitar.
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Oh Piscoiso , já há confissão via internet , porque não a missa inteira? e afinal a hóstia é um simbolo. Aparece lá o símbolo hóstia , abençoado pelo e- padre e a gente faz enter.
A religião terá de se adaptar , meu caro , e depressa.
PS) não me diga que achava que a hóstia era um verdadeiro pedaço de Cristo? Coitado , bué gordo , para ter tantos pedaços.
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O dentista , nesses tempos futuros , será diferente. Vai lá e põe uma célula estaminal de dente e cresce outro no lugar do podre. As idas ao dentistas serão muito reduzidas. E muito mais baratas. E ao domicilio.
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O paraíso na terra afinal é possível. Aleluia. Ainda nem estamos a 3 e já vejo as árvores coroadas de aparições nesta cálida noite de verão antecipado. Um dia todas as portas estarão abertas e os campos serão de todos. E até as arbitragens deixarão de beneficiar o Porto.
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#29.
Tem toda a razão.
Até arriscaria dizer que Fátima pode ir à falência.
Em vez de se ir a pé até Fátima, faz-se o percurso no Google Earth e ainda se poupam sapatos.
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Essa foi boa , Piscoiso , a da ida a Fátima. Ora fiquei para aqui a pensar nas promessas do futuro. 15 dias sem aceder à net? pior que ir a Fátima a pé , sem dúvida. As estradas até estão bem boas e hoteis não faltam. Até as promessas mudam com o pessoal nado na net.
Não se arme em velho do restelo , a vida é mesmo assim , e se pensa que as peregrinações não se irão fazer via qualquer coisa difícil , está enganado.
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Bom , acerca da adenda: querem ou não querem carros , transportadores da mercadoria que a gente só pode comprar aos fins de semana ( durante a semana papa e mãmã trabalham) na cidade? resolvam lá o assunto e depois comuniquem. Isto das leis precederem os hábitos está a lixar a vida da gente , mas o que é que se há-de fazer? os tipos mandam e a gente obedece. e depois sai merda.onde vim parar , deus?
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Como é que é : sol na eira e chuva no nabal. pois. ninguém ainda conseguiu.
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Tem toda a razâo, também concordo que na guerra entre comerciantes e centros comerciais os primeiros vão continuar a perder enquanto não pensarem nos clientes – como na questão dos horários!!! Na Holanda há um dia por semana em que as lojas (e as câmaras municipais!) ficam abertas até às 9 da noite. Para ir fazer compras com calma ou tratar de assuntos municipais as pessoas têm sempre esse dia sem precisarem de faltar ao trabalho. Compensação – os comerciantes e câmaras estão fechados às segundas- feiras de manhâ. Não há pagamentos extra aos trabalhadores envolvidos – há é um fim de semana maiorzito e fica tudo contente. Parece-me excelente.
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Os estacionamentos do Colombo, Vasco da Gama, Spacio, Picoas Plaza, El Corte Ingles, SÃO PAGOS.
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Eu , abaixo assinado, informo que já fui a Fátima em pé !
Desde Stª Apolónia até Fátima, nem um lugar sentado havia… !
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“informo que já fui a Fátima em pé !”
a qual? a felgueiras é mais de joelhos.
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É um post um pouco redutor.
Em Lisboa há dezenas de sítios cheios de pessoas aos sábados e domingos e mesmo à semana e que não são centro comerciais.
Basta ir até aos Jerónimos e imediações
Agora no Oporto não sei.
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Paula Joyce muito bem mas o problema é que as pessoas, instituções, empresas em Portugal não são flexíveis. A mudança é sempre suspeita ou má. Auto-evoluir, melhorar então é um problema ainda maior.
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Paula Joyce:
Excelente proposta. Ainda pode ser que alguém a pratique.
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