Sem explicações*
Nesta antecipação esquizofrénica que o comércio instituiu para o calendário compramos roupa de Verão quando está frio, partimos confusos para férias nos dias em que os supermercados anunciam o regresso às aulas e o pior de tudo é que aquela frase sobre o Natal ser quando um homem quiser deixa de ser um refrão um pouco piroso para se tornar uma maldição. Mal começa Novembro chega aquela onda de culpa por não se estar a tratar do Natal a tempo. Da parafrenália que é suposto incutir-nos espírito natalício fazem parte uns catálogos que as criancinhas adoram e umas revistas que têm a particularidade de terem na capa uns doces que estão para o nosso cérebro como o comando para a televisão: temos de os arranjar de qualquer maneira.
Ora foi exactamente numa destas revistas, algures entre receitas de semi-frio de torrão com physalis cristalizados (framboesas frescas não resultarão melhor?) e peras no forno com presunto, que descobri uma entrevista com Margarida Pinto Correia, actualmente administadora da Fundação do Gil. Explicava Margarida Pinto Correia o trabalho da Fundação do Gil junto de crianças com problemas de saúde, problemas esses que implicam frequentes hospitalizações, quando, ao ser interrogada sobre sobre o número de crianças que a Casa do Gil pode acolher, responde assim: “[A Casa do Gil] Tem oficialmente capacidade para apenas 16, porque não nos deixaram ter mais, temos leis do Primeiro Mundo para práticas de Terceiro. Não podem estar mais do que dois meninos por quarto”. E assim como os regulamentos não autorizam que estejam mais do que dois meninos por quarto na Casa do Gil muitos meninos vão para casas sem condições ou vêem o seu tempo de hospitalização ser prolongado. E era tão simples, explica Margarida Pinto Correia, “a casa é enorme e podíamos perfeitamente alojar mais meninos”, para tal bastava colocar uns beliches em alguns quartos que receberiam crianças que já estão bem de saúde e só se mantêm nos hospitais porque não têm para onde ir.
Primeiro lastimei que esta entrevista de Margarida Pinto Correia tivesse ficado arrumada numa revista/catálogo natalício. Mas, quem sabe, este enquadramento não tornará ainda mais evidente o absurdo e a desumanidade deste universo estabelecido pelos regulamentos que agora tal como há 2009 anos desconhecem o mais elementar bom senso.
*PÚBLICO

este ps comemorou ontem o seu prec.
temos um pm inteligente, dedicado, humilde, competente
e não conseguimos sair da estrumeira.
culpa nossa
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Ainda bem que a Helena viu o artigo e o colocou aqui. Deveria causar no mínimo um certo escândalo.
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Os meus irmãos dormiam 5 no mesmo quarto e não morreram por causa disso. Se calhar agora eram tirados aos meus pais e postos num orfanato.
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Já não me comovo com estas tretas.
A caridadezinha é um óptimo negócio.
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Continuo com muitas dificuldades em comentar posts HM.
“…compramos roupa de Verão quando está frio…”
A quem se refere nesse plural?
Ao João Miranda?
A uma equipa de rugby?
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5.
Ouça, se não tem nada de relevante para dizer, faça-nos um favor e cale-se. Quanto menos escreve melhor parece. Se continua assim qualquer descobre-se no papel daqueles tontinhos da turma a quem só eles próprios achavam muita piada.
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Ó ROMÃO, VÁ-SE CATAR.
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Ó Pisco, eduque-se!
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Em Roma sê romano, caro confrade.
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Ó Piscoiso, vá sucatar.
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eu acho que sem os comentários do piscoiso isto tem muito menos piada.
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As leis são cegas. A ganância é muita, não neste caso mas em muitos outros que viriam atrás.
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O Piscoiso é pago pelo blogue para animar a caixa de comentários.
Oxalá o ordenado lhe dê para as sopas porque, coitado, desde que se encontra internado não pode fazer mais nada.
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“O Piscoiso é pago…”
segundo a bíblia é uma boa acção. Deus vai ajudar os responsáveis pelo blog.
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