Jornalismo de causas
Ao contrário do que é habitual, ontem não comprei o Público. Pareceu-me que o jornal de ontem não era para mim, e não quis meter-me em assuntos que não me dizem respeito. A manchete dizia “Seropositivos são discriminados nos lares para a terceira idade“. Um título secundário dizia “Violência doméstica: Manuela foi a 27ª vítima este ano“. O primeiro título é uma comemoração antecipada do dia mundial da SIDA (1 de Dezembro). Escolhe-se a perspectiva do velhote com SIDA discriminado, um target a que não pertenço nem me comove particularmente. A vida discrimina por uma infinidade de razões, ser velhote com SIDA é apenas uma delas. O segundo título segue a narrativa do combate à violência doméstica, uma causa dos jornalistas do Público, mas que não é uma causa que me motive a mim que supostamente devia comprar o jornal. Violência é violência, independentemente do tipo de vítima. Aliás, no mesmo caso, o assassino preso e (supostamente) desarmado mata um guarda dentro de um posto da GNR. O target a que pertenço gostaría de saber se isto é normal, mas o Público não esclarece. Percebo agora que o Público tenha as suas causas. Mas suponho que o Público também perceberá que eu não tenho que contribuir com 1 euro por dia para causas que não me interessam.

Com títulos desses, realmente não dá vontade de comprar o jornal.
Faltou o célebre “Menina de dois canos morta por espingarda de 14 anos”!
Também excelente, um título do Diário de Coimbra, de há muitos anos atrás – “Faltou a luz na Rua Visconde da dita”.
Para acabar, o fabuloso título do Ponto Final que aqui critiquei http://devaneiosaoriente.blogspot.com/2009/11/um-titulo-pouco-feliz.html
Infeliz é simpatia da minha parte.
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Para a qualidade que tem, basta aquilo que colocam on-line.
A única coisa que lá não se consegue ler são as crónicas da Helena Matos, como ela as publica aqui é melhor pagar ao Meo do que à nova directora de que não me lembra o nome.
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Tudo isto cansa… Até as toneladas de bolachas e arroz do banco alimentar… E aquele formigueiro de gente a empatarem-se uns aos outros, a dar toquezinhos nas embalagens, nos tapetes rolantes. Este “voluntariado” de rebanho é também bastante irritante.
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Quando é que o JM comprará o Público? Quando a manchete for “Putos que quando jogavam à bola no recreio eram obrigados a ir à baliza fundam partido político”? Concretize qualquer coisa ao menos…
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Caro JM,
Um jornal não é escrito para si e para os seus nichos opinativos, é escrito com o intuito de informar. Se aquilo que é considerado digno de ser noticiado não o aquece nem arrefece, faz bem em não comprar o jornal ou em ir em busca de um jornal com critérios editoriais com os quais se identifique.
Agora, pretender que os assuntos noticiados não são relevantes e não têm eco social é que é incorrer em erro. A discriminação de determinado conjunto de cidadãos em função de um problema de saúde não é algo que interesse num Estado de Direito Democrático, não é algo que a imprensa deva noticiar? A ocorrência de mais um caso revelador de um problema social grave como a violência doméstiva não é digno de ser noticiado? O João Miranda pode achar que violência é violência independentemente da vítima. Um bom jornalista irá mais além da sua “impressão” sobre o assunto, investigará e concluirá pela existência de estudos sobre a incidência deste tipo de violência, sobre a situação fragilizada das vítimas, sobre a ocorrência de padrões de comportamento dos agressores entre outros aspectos, e noticiará, de forma fundamentada, aquilo que é identificado como um problema social com autonomia suficiente e gravidade social para merecer destaque. Não é jornalismo de causas. É jornalismo. De factos.
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Jornais? Não, obrigado. Não compro desde 2005. E faz bem à carteira. É como o tabaco. Não fumo desde 2006. Ainda faz melhor à carteira que a falta dos jornais.
Porquê deixar de fumar? Porque me apeteceu.
Porquê não comprar jornais? Simples: porque os jornaleiros e afins se armaram em matilha contra o Santana e promoveram este bandalho trafulha sonso e incapaz que está a custar depôr.
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Oh Mirandinha, compra a versão pdf que é mais barata e continuas a ler o que quizeres…
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7#
Quem aligeira assim tanto um post de qualidade causa-me alguma curiosidade, por vezes.
No caso deste comentário, a ignorância manifesta-se claramente nos erros ortográficos.
Dizia um antigo professor meu que quem não sabe escrever correctamente também não sabe pensar correctamente. Acrescento eu agora que escrever bem é muito mais fácil que pensar bem.
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Até ao final da adolescência fiz campismo nos areais de praias do Algrave durante os meses de Agosto. Recordo-me, certo ano, de ter acordado com um barulho de tachos e panelas acompanhado de gritaria. Lembro-me de pôr a cabeça de fora da tenda e ainda ver, literalmente, frigideiras pelo ar que se destinavam ao fugidio companheiro de tenda da mulher furibunda. A coisa voltou a repetir-se por mais uma ou duas vezes nessa temporada. Nunca mais os vi.
Adopto este registo, só na aparência clownesco, para acentuar um ponto: o fenómeno da violência doméstica não é, ao contrário do que tantas vezes nos querem fazer crer, quanto aos géneros, unidireccional.
Quanto ao resto, que sendo muito, quando comprimido, pouco resta, é o chamado “encher chouriços”. Eu é que tenho uma fidelidade tão canina a certos hábitos (comprar jornais) que não consigo mudá-los. Que me lembre, só me zanguei em definivo com um – o Diário de Notícias – de quando Saramago escrevia aqueles editoriais ignominiosos. É por isso que continuo a comprar o Expresso e o Público, agora da Bárbara. Todavia, leio-os cada vez menos, é certo.
E a propósito do DN recordo-me agora de uma quase-anedota que li ou alguém me contou já há muitos anos a propósito de uma pessoa que, sendo um animal de hábitos, e anticomunista, continuava a comprar e a ler o DN todos os dias naquela altura (1975). Quando questionado do porquê deste aparente bizarro comportamento – não só comprava como lia as notícias, respondeu: «Não tem problema: onde eles escrevem preto, eu leio branco; onde está verdade eu leio mentira; onde se menciona liberdade, leio prisão. E assim por diante».
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Violencia domestica é porreiro para vender jornais! mas è sinal de uma sociedade atrazada que faz casamentos idiotas para mostrar ao vizinhos e ao fim de 3 anos estão aos coices!
Depois são penas suaves para homens e mulheres e juizes que não sabem fazer o seu trabalho!
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#10 – o teu problema é atrazo
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O Pedro Delgado Alves já disse tudo.
Subscrevo.
De qualquer modo respeito a sua opção JM, é um direito, e um gosto, que se lhe assiste!
Eu não leio, normalmente apenas inicio a leitura, a maioria dos seus textos e posts!…Sem conteúdos, ôcos e vazios de substância e idoneidade!
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Também subscrevo inteiramente a opinião do Pedro Delgado Alves.
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Que me desculpem os sábios… mas eu a partir de ontem deixei o JN em troca por o Público,
enchi de tanta porcaria, é a MARIA dos jornais, bem me dizia o dr Carlos Vieira da Rocha
que o motivo porque partiu as bentas ao então proprietario do JN Pacheco Miranda é que esse
senhor era um sabujo, que só gostava de chafurdar na porcaria, precisamos de mais V.da Rocha
Ps. foi no parque da Aguda em Vila Nova de Gaia.que o Pacheco levou nas trombas)
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Conheci esse Pacheco.
Ou melhor, conheci a mulher com quem ele andava, uma tal Rolanda Campos, miss de Portugal.
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Esse pacheco Miranda na altura era um dos frequentadores do clube do parque da Aguda sitio
que éra frequentado pelas (ditas melhores familias do Porto) o Dr.Carlos Yala Vieira da rocha na altura
Reitor dos púpilos do Exército e tambem frequentava o mesmo clube, e foi numa troca de
palavras a que eu assisti que o Vieira da Rocha lhe mandou um murro nas ditas trombas
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