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Surfando o Random Walk

13 Agosto, 2010

Daniel Oliveira a 16 de Maio de 2010:

Soubemos recentemente que, contra todas as expectativas, o crescimento económico em Portugal foi, no primeiro trimeste deste ano, de um por cento. É, nem mais nem menos, o maior de todos os países ocidentais. Para se ter uma ideia, se a coisa se mantivesse assim estaríamos a falar de 4,06 por cento de crescimento num ano, o maior da última década. E isto em plena crise.

Chamo a atenção para as casa decimais. O Daniel deu-se ao trabalho de fazer as contas com o maior rigor possível. Não é 4%. É 4.06% porque o acréscimo de Pib em cada trimestre sofre ele próprio um acréscimo nos trimestres seguintes. O que dá a tal diferença de 0.06%. Desde que Constâncio previu o défice de 2005 que não se faziam contas tão rigorosas em Portugal.

Agora um bocadinho de estatística. As séries temporais de fenómenos complexos têm uma componente aleatória que se sobrepõe à tendência de médio prazo. Isto tanto é válido para o crescimento trimestral do PIB como para as variações anuais dos fogos florestais. No caso do crescimento do PIB podemos estar a falar de oscilações de 1% que têm que ser consideradas aleatórias (no sentido em que a causa não pode ser determinada e que portanto o fenómeno se comporta como aleatório). Quem tenta cavalgar estas oscilações aleatórias, tirando delas grandes conclusões políticas, aplicando aos cálculos grande rigor, arrisca-se a fazer má figura.

17 comentários leave one →
  1. piscoiso permalink
    13 Agosto, 2010 08:35

    As componentes aleatórias são lixadas.
    Um gajo quer ser rigoroso e nunca se livra delas.

    Pis

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  2. 13 Agosto, 2010 08:46

    A alienação política aplicada aleatoriamente às estatísticas – essas cabras! – só dão dores de cabeça, não é JMiranda?
    Pode lá ser! Portugal a ter um desempenho que contraria o que dele espera a toda a direita tropeçona?!
    Eu que saiba!
    É preciso que tudo regresse à “normalidade” da suspeita, da maldicência e do medina-carreirismo para que vc tenha aquela sinapse de volta ao estado normal?
    Tou ta ber!

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  3. Rxc permalink
    13 Agosto, 2010 09:34

    Economia portuguesa terá crescido 0,1% no segundo trimestre. Esperemos agora por uma análise tão séria e competente como as com que fomos brindamos à 3 meses pelos assessores…

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  4. 13 Agosto, 2010 09:37

    É sempre uma felicidade ver que tanto o autor como o citado apresentaram apenas os argumentos que convinham à razão motivada de ambos.

    Seria bom que ambos lessem este artigo da Newsweek sobre a irracionalidade humana na argumentação e esta breve descrição sobre falácias na Wikipedia.

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  5. 13 Agosto, 2010 12:15

    Sim, a nossa performance é estonteante! O PIB cresce, as exportações também, assim como o défice externo e a dívida (interna e externa), as importações, o saldo orçamental (negativo), a inflação e o desemprego. Talvez, quiçá, até fosse bom pedir a Braga de Macedo para gizar uma nova variante (actualizada) do discurso do oásis.

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  6. Xico das nêsperas permalink
    13 Agosto, 2010 12:54

    Nem de propósito, vejam os resultados, hoje divulgados, para o 2º semestre (0,2%).

    O que é preciso fazer para acabar com a incompetência e a corrupção?

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  7. Xico das nêsperas permalink
    13 Agosto, 2010 12:55

    Corrijo, 2º trimestre.

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  8. lucklucky permalink
    13 Agosto, 2010 13:32

    No mesmo período do crescimento de 1%, o Estado endividou-nos mais 5%.

    Ou seja um crescimento claramente negativo.

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  9. Licas permalink
    13 Agosto, 2010 13:59

    basta a mímima oscilação aleatória (também *cheirei* séries temporais)num dos muitos patãmetros da Economia(*arte* de que nada sei) para que os pirotécnicos socratinos embadeiem em arco. O pior para eles é que estas oscilações têm a mania de não permanecerem no mesmo sentdo : e vão-se ABAIXO não tarda nada.

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  10. Licas permalink
    13 Agosto, 2010 14:01

    parâmetros (of course. . .)

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  11. Coisas Modernas permalink
    13 Agosto, 2010 14:57

    #8,

    “No mesmo período do crescimento de 1%, o Estado endividou-nos mais 5%.

    Ou seja um crescimento claramente negativo.”

    Uh. Explique lá essa lógica?

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  12. 13 Agosto, 2010 15:35

    «no sentido em que a causa não pode ser determinada e que portanto o fenómeno se comporta como aleatório»?
    Então é o facto de não determinarmos uma “causa” que torna um fenómeno aleatório? Quem pena não haver Prémio Nobel da Estatística…

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  13. 13 Agosto, 2010 15:56

    “Então é o facto de não determinarmos uma “causa” que torna um fenómeno aleatório?”

    Não sou advogado do JMiranda, mas o que ele disse, e o LMR citou, não foi isso, o que ele disse foi que “se comporta como aleatório”, e não que era aleatório. Do ponto de vista do observador, o que o JMiranda diz parece-me correcto. Não tendo sabendo as causas, que também podem ser aleatórias, diga-se de passagem, o fenómeno é observassionalmente equivalente a um processo aleatório. (isto para nem falar de processos determínisticos caóticos, ou coisas parecidas)

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  14. 13 Agosto, 2010 20:38

    observassionalmente -> observacionalmente
    determínisticos -> determinísticos

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  15. Arnaud permalink
    13 Agosto, 2010 21:17

    No primeiro trimestre crescemos 1%, ou no primeiro trimestre crescemos 1% ao ano?. É um pouco diferente…

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  16. Arnaud permalink
    13 Agosto, 2010 23:07

    Confirmei que crescemos 1% em relação ao trimestre anterior. crescimento homólogo 1,8% no primeiro trimestre. Mas se olharmos para a série “crescimento em cadeia” doa anos anteriores percebe-se que multiplicar por 4 o crescimento trimestral dá um número tão bom como atirar uma moeda ao ar.

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  17. Joaquim Amado Lopes permalink
    15 Agosto, 2010 03:00

    João,
    O mero facto de ter conseguido fazer as contas para chegar ao resultado de 4,06% já chega para o Daniel Oliveira fazer boa figura. Não lhe peça para interpretar correctamente seja o que fôr, particularmente na área da Economia.

    Não apenas isso está completamente fora do alcance do Daniel como o obrigaria a reconhecer as incomparáveis incompetência e hipocrisia do mentiroso-mor. E o João não espera milagres, pois não?

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