cuidado com as romarias

Se a monarquia constitucional e democrática se caracteriza pela absoluta despersonalização da chefia do estado, única razão pela qual ela permanece democrática apesar da natureza hereditária do cargo, parece completamente despropositado que se façam romarias de monárquicos, seja onde for e sob que pretexto for, para «proclamações de lealdade» à pessoa do Sr. D. Duarte, Duque de Bragança. Nos países onde vigora a monarquia, as «proclamações de lealdade» que o protocolo de estado consagra ao chefe de estado são-no à função simbólica que a pessoa desempenha, e não propriamente à pessoa do rei. Que os monárquicos portugueses estimem a companhia do seu pretendente à coroa e com ele comemorem as datas que entenderem, é matéria da sua inteira liberdade. Que prestem fidelidade à pessoa, por ela supostamente representar a ideia que têm sobre o que deverá ser a natureza política do país, é um erro que os remete para os pactos de vassalagem de outras eras.