Pensamento único
Vendo as TVs e lendo os jornais, só deparamos com opinion makers favoráveis à aprovação do OE 2011, apesar de o considerarem “demolidor”. Pior do que isso, nota-se toda uma bovina conformação com o aumento de impostos – “é inevitável”, asseguram-nos num sempre ridículo tom professoral. “A despesa pública é rígida”, argumentam eles no habitual jargão, nem pensar em tocar-lhe, temos de aceitar a fatalidade do aumento de impostos.
Outro “unanimismo” verifica-se no cenário único, que todos consideram, de irremediável crise política se o OE for rejeitado. Ainda não vi ninguém a insurgir-se e questionar Sócrates e o PS sobre a irrazoabilidade de demissão do governo em caso de reprovação do orçamento. Isto diz muito sobre a nossa ignorância do que é uma democracia parlamentar e, convenhamos, sobre o défice democrático da nossa classe política. Um governo minoritário que tenha um orçamento reprovado, tem apenas de apresentar outro melhor ao Parlamento e aceitar negociá-lo. Nos anos 90, Clinton teve um impasse orçamental que durou semanas e teve de negociar consensos no Congresso, sob pena de o Estado fechar as portas. É óbvio que isto passou-se num país com uma Constituição decente, que “força” a estabilidade política e a negociação institucional.
Ter posições de princípio, constitui também para os nossos “analistas” algo de bizarro e desprezível, uma birra, uma ingenuidade. É assim que Passos Coelho “pôs a fasquia muito alta” quando afirmou a sua recusa em votar novos aumentos de impostos, imagine-se postura mais irresponsável. JPP vai mais longe, como afirmou há momentos na Quadratura do Círculo: “este não é um orçamento de Sócrates, mas da Srª Merkel, que o PSD também teria de adoptar se fosse governo”. Deduz-se portanto que a Srª Merkel, os nossos credores e os mercados, veriam com péssimos olhos que se atingisse o equilíbrio orçamental apenas pelo corte da despesa.
Na “futurulogia” também há unanimidade: se o orçamento for reprovado, será o dilúvio, o FMI virá no mês seguinte (aqui é uma questão de tempo, seja qual for o cenário) e Passos Coelho e o PSD serão os grandes responsáveis, como as sondagens já estão a antecipar.
Uma classe política e jornalística que, na generalidade, não conhece o País real, vive da construção de cenários tão alarmistas quão mirabolantes e rocambolescos, enferma de um espírito masoquista (ou interesseiro?) que justifica nova sujeição aos ditames de Sócrates e dá como adquirida a reacção do eleitorado.
Jamais equacionam que os cidadãos possam ansiar por uma alternativa, algo que marque uma clara diferença face ao status quo, que configure uma mudança de paradigma. A verdadeira alternativa jamais se forja na paz podre de falsos e forjados consensos, mas pode emergir a partir de um rotundo e convicto “NÃO”.
Pessoalmente, estou muito céptico que Passos Coelho consiga resistir às pressões de todos os interesses instalados e corporizar uma tal alternativa. Uma tal decisão é de alto risco e com exíguas probabilidades de sucesso. Mas é nestas alturas que se vê a fibra dos grandes líderes.

Muito bem.
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Ora bem, se fosse só a tramar os funcionários públicos estava o meu caro na maior. Pimenta no cu dos outros é refresco não é?
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…
LR, não posso estar mais de acordo consigo: é uma análise perfeita e realista e, como você prevê, o cenário que está no horizonte não é agradável. Não creio que Passos Coelho leve a sua àvante. Estão muitos interesses instalados no PSD e ele tem muita gente contra si no próprio partido. Se ele os tiver no sítio, dá um murro na mesa e berra NÃO. Creio que haverá consequências, talvez duras, mas quem lucrará é Portugal. Provavelmente, Europa & Cia. até ajudarão a sair da lama porque também não lhes interessa o afundanço destas Terras de Santa Maria.
Nuno
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Um texto muito honesto, parabéns.
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” se fosse só a tramar os funcionários públicos estava o meu caro na maior”
sem qualquer intenção conflitual, os FP além do 1º corte nos vencimentos ainda levam também com os aumentos de impostos em cima. A pimenta duns serve para os outros (FP) que estão a favor dos aumentos de impostos mas ainda não sofreram o corte para ficarem desempregados como aqueles.
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Há evidências que este 1º pacote de austeridade não vai conseguir resolver aquilo a que se propõe. Há sério risco que nem os juros da divida irão baixar de forma sustentada nem a idoneidade para pedirmos dinheiro emprestado ao estrangeiro melhorará. Indicia para meados do fim do ano/principio do ano que virá aí o ‘modelo romeno’ : 25% de IVA e mais um novo corte da ordem dos 10% nos vencimentos da Função Publica. Hoje invadiram o Ministerio das Finanças e vários cidadãos crê-se que talvez simbolicamente deixaram os filhos ao Ministro para ele os criar por não terem dinheiro para os alimentar etc.
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Espera-se que o bota-abaixo recue e ‘arrefeça a cabeça’ pois só vale a pena um pacote de austeridade e DESENVOLVIMENTO pelo que o bom senso e alta capacidade de governar aconselham que a actual Proposta de Austeridade seja corrigido e redireccionado no sentido certo: parir um tecido economico lucrativo para criar muito mais riqueza em simultâneo com a redução das despesas publicas e esbanjamento abusivo para o País passar a ser solvente para reconquistar o acesso ao crédito no mercado externo normal e conseguir reduzir as taxas de juro para o normal, metade dos 6-7% actuais por eliminação do seu actual estatuto de País devedor de forte risco com que apresenta a pedir mais dinheiro emprestado no estrangeiro.
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O resto é propaganda ansiosamente hiperactiva que não vale a pena. Tem de ser substituido pelo conflito de soluções concretas e objectivas que cada Partido tem a obrigação de apresentar e discutir implacavelmente para se conseguir juntar aos interesses globais dos Cidadãos, Familias e Empresas que são aquilo a que chamaa INTERESSE PUBLICO.
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” se fosse só a tramar os funcionários públicos estava o meu caro na maior”
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Certamente que sim. O Estado que gasta demais caso ainda não tenha descoberto. 18% a mais do que pode gastar. E isto mantendo o impostos tal como estão hoje. Ou seja altos e não sustentáveis a prazo.
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Se preferir fecha-se tudo o que é inútil no Estado e manda-se para o desemprego 1/3 ou 1/2 da Função Publica. O que prefere?
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Portugal é um País corrompido pelo Estado.
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Se o Pacheco Pereira disse isso, é sinal que está cada vez mais desnorteado.
No último texto no Abrupto, o argumento é que o Orçamento é necessário para EVITAR que sejamos um Protectorado Europeu, prefere ele que sejamos Protectorado de Sócrates e do PS…
Na sua ignorância não sabe que tal coisa é inevitável devido ao tipo de políticas que tem defendido.
Ora uns dias depois parece que devemos aprovar o Orçamento porque devemos APOIAR a nossa protectora a D.Merkel…
A loucura está a atingir muita gente.
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O que considero mais ridículo é a estúpida tentativa de forçar o PSD a aceitar o OE sem a sua apresentação detalhada.
Só mesmo os incompetentes do PS e os patetas de alguns comentadores é que se habituaram a assinar contratos sem os ler.
Mas isso diz muito do estado deste país.
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Excelente post.
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Estes “touburros” continuam sem perceber que a alternativa dos que não são do sector do estado é pura e simplesmente o desemprego (já lá vão 700 mil) e acham que os LR desta vida tem alguma coisa contra eles.
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JPP e outros comentadores próximos do PSD parecem não estarem muito interessados na redução da despesa do sector publico alargado. Será por conveniência ou por ignorância ?
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Os portugueses sempre esperaram e quiseram a opção pelo “tanto faz PS ou PSD”, desde que funcione. Pelos vistos, Passos não está disposto a facilmente ceder, possibilidade esta tão mais insólita, porque proveniente de um tradicionalmente camaleónico Partido que para espanto geral, parece querer mudar algo.
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PENSAMENTO ÚNICO
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Muito bom post, cuja ideia subscrevo em linha com os comentários do “Nuno” e “lucklucky”. Passos tem quarenta e poucos anos; se se fizer entrar para o rol dos enconados, perdoem-me a expressão, está lixado, será comido vivo pela máquina. Por outro lado tem a tangível hipótese de abanar esta porcaria toda e, embora não sendo nenhum génio da liderança, poder crescer ao longo do tempo em que conseguir lá ficar. É estranho mas era capaz de apostar que ele vai tê-los no sítio.
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JCA
E também podem pôr os filhos em casa do Ministro da Educação e os doentes em casa do Ministro da Saúde, quando despedirem um terço ou metade dos funcionários públicos. Ou quando os funcionário públicos, atraídos pelas magníficas oportunidades no sector privado, se despedirem.
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AM,
O PPC não precisa de despedir funcionários públicos para reduzir a despesa. Basta congelar as admissões, reduzir as chefias em 30%, reduzir 30% nos fornecimentos externos, fundir 30% das entidades, reduzir 30% nos acessores e avenças, congelar os investimentos, etc.
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Isso é o que nós os dois pensamos, mas os outros comentaristas, não.
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” Basta congelar as admissões, reduzir as chefias em 30%, reduzir 30% nos fornecimentos externos, fundir 30% das entidades, reduzir 30% nos acessores e avenças, congelar os investimentos, etc.”
Funde-se 30% das entidades e não se despede alguém ou baixa-se os salários.
E isso corta 18% dos gastos do Estado!? Milagreiro.
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(desculpem o tamanho)
Arnaldo Madureira não percebeu o que passou na Romenia quando “Hoje invadiram o Ministerio das Finanças e vários cidadãos crê-se que talvez simbolicamente deixaram os filhos ao Ministro para ele os criar por não terem dinheiro para os alimentar etc.”
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Não foram os desempregados que invadiram. Foram os Funcionários Puiblicos que levaram com um corte de 25% nos ordenados. Ninguém no seu perfeito juizo defende isto ou o despedimento de alguém que esteja vinculado à Função Publica por qiualquer vinculo de emprego.
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Quanto muito isto muito menos ‘bota-abaixo’:
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http://www.elmundo.es/mundodinero/2010/05/20/economia/1274383521.html#grafico
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associado a uma forte baixa de impostos facilimo de fazer cortando no desbragamento ‘à soviético’ com que a nomenklatura e o appartnik esbanjam luxuosamente o dinheiro com que os Cidadãos, Familias e Empresas pagam o Estado. Além de compensar a perca do poder de compra dos salários eventualmente cortados é a unica via para o forçar o DESENVOLVIMENTO sustentado e sustentável atraído por politicos transformarem Portugal num Tecido Economico Lucrativo para os empreendedores, que não é.
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Isto porque ainda não há unhas nem coragem nem capacidade de gerir a ‘coisa publica’ para discretamente transformar Portugal numa àrea económica especial sem perca de receitas fiscais ou para a S Social. O Ovo de Colombo tão simples:
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10 REFORMAS POMBALINAS que arrastam automáticamente a grande reforma nacional para arrancar rapidamente Portugal da Insolvência e da direcção de Miserabilismo e da Pobreza contínua; sem qualquer necessidade de medidas de austeridade que canibalizam ainda mais a Economia, o Tecido Económico, o Emprego, os direitos civilizacionais adquiridos conhecidos pelo jargão ‘estado social’ e a Criação de Riqueza:
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-APROVAÇÃO NO PARLAMENTO e eventual inclusão posterior na Constituição:
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1) RACIO máximo PIB/Carga Fiscal.
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2) RACIO máximo PIB/Despesas do Estado (*)
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(*) Reforma consequente de toda a estrutura de Governança, da Burocracia Publica e Orçamento Geral do Estado.
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-BANCA EM PORTUGAL:
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3) SEPARAÇÂO da Banca Comercial das actividades especulativas, Sociedade de Investimentos Financeiros e Hedge Funds para protecção integral do dinheiro dos Depositantes confiam nos Bancos Comerciais.
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4) Avaliação da utilidade de NACIONALIZAR o Banco de Portugal e dum Banco Publico por onde sejam cana.lizados todos os empréstimos pedidos por Portugal no Estrangeito revertendo para o Estado o diferencial entre o 1% de juro do BCE e os 6-7% actualmente pagos pelo Estado.
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5) TAXA DE SEGURANÇA BANCARIA sobre todos os negócios de Empréstimo e Comissões da Banca para habilitar financeiramente o Fundo de Garantias Bancárias por forma a devolver a qualquer momento os Depósitos dos Cidadãos, Empresas e Entidades Publicas confiado à guarda de Bancos que abram falência ou encerrem.
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-IMPOSTOS E FISCALIDADE:
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6) ABOLIÇÃO de todos os Impostos colectando-os num só INU – Imposto Nacional Único colectado sobre tudo o comprado e consumido dentro de Portugal (**)
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7) AMNISTIA Fiscal para resolver o estado de falência do Tecido Económico Nacional e de insolvência do grande numero de Cidadãos e Famílias à semelhança do já praticado antes e depois do 25 de Abril, incluindo actualmente em vários Países da EU.
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(**) Pagamento dos Ordenados Brutos aos Empregados pelas Entidades Patronais.
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-SEGURANÇA SOCIAL:
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8) ABOLIÇÃO dos Descontos mensais de Empregadores e Empregados substituindo-os pelo ISU – Imposto Social Único colectado sobre tudo o comprado e consumido dentro de Portugal (***)
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9) Instauração da PENSAO NACIONAL ÚNICA até 3 vezes o SMN-Salario Mínimo Nacional, universal e igual para todos os Reformados Portugueses.
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10) Criação do FUNDO de REFORÇO DA PENSÃO NACIONAL UNICA, gerido pelo Estado, com depósitos mensais variáveis dos Cidadãos que queira proteger um adicional ao valor da Pensão Nacional Única quando atingir a idade a reforma; ou em caso de falecimento antecipado a família ser reembolsada do dinheiro que depositou na Segurança Social acabando-se com o actual arresto indevido dessas importâncias a favor do Estado (****)
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(***) Pagamento dos Ordenado Brutos a todos os Empregados pelas Entidades Patronais.
(****) Na fase de transição do velho para o novo Sistema, transitariam para o Fundo Nacional de Reforço da Pensão Nacional Única, os valores já descontados por Empregados e Empregadores que correspondam à diferença entre o valor da Pensão Nacional Única e o valor da correspondente Pensão que estabelecia o momento da Inscrição na Segurança Social do Cidadão.
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O discurso político para confundir a Árvore com a Floresta está esgotado e ineficaz.
A ÁRVORE, a ‘mãe de todas as guerras’ de Portugal e dos Portugueses, chama-se DINHEIRO NOVO, o essencial para aumentar o ‘mais do mesmo’ corrente todos os dias dos bolsos duns para os outros.
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A FLORESTA, o acessório resultante, chama-se Estado, Governo, Políticos, Burocracia, Partidos, Bancos, Empresas, Criação de Riqueza, Importações, Exportações, Poder de Compra dos Ordenados, Saúde, Pensões, Justiça, Direitos Civilizacionais, Tecido Económico atractivo e lucrativo etc.
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Estas 10 Reformas Pombalinas resumidas reacenderão Portugal por novos caminhos libertos da pesada herança responsável pela Insolvência e Miséria actual que se espalha como uma mancha de óleo a todos os Cidadãos, Familias e Empresas.
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Estas Reformas essenciais, provocando outras acessórias estruturais e estruturantes da Sociedade, desencadearão a maior ‘revolução’ de Portugal desde Marquês de Pombal.
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Identifica-se com o Liberalismo Avançado que associa a Livre Iniciativa e do Mercado Capitalista com a irrevogabilidade dos Direitos Civilizacionais dos Cidadãos na Saúde, Educação, Pensões de reforma, Solidariedade contra o Desemprego’
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A 5) já foi aproveitada (as outras virão a seguir porque é a unica via salvo se a ideia é ‘achinezar e indianizar’ para o futuro ser um ‘bangladesh ou pakistão’ ou a destruição da civilização europeia)
Alemania impone una tasa a la banca para rescatar entidades en quiebra
El Gobierno de Merkel propondrá a la UE un impuesto similar en septiembre
http://www.elpais.com/articulo/economia/Alemania/impone/tasa/banca/rescatar/entidades/quiebra/elpepieco
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