Presidenciais: os derrotados (I)*
Ser candidato presidencial acontece a muito poucos. E os poucos que dão esse passo não raras vezes devem engolir em seco ao longo desses meses em que o seu nome e os seus rostos se tornam os protagonistas das campanhas. De algum modo, as campanhas presidenciais são um paradoxo da política portuguesa: o interesse que suscitam é quase inverso à dimensão dos poderes presidenciais. Não sei se esse desmesurado interesse pode ser interpretado como um sinal do desejo de presidencialização do regime. O que já me parece indiscutível é que esta personificação das campanhas torna as presidenciais muito mais interessantes porque mais dramáticas. No fim, a derrota, a vitória, os bons e os maus resultados terão um rosto. Ao contrário das legislativas, em que são os partidos que ganham ou perdem as eleições, nas presidenciais há uma outra dimensão. A pessoal. E nestas eleições presidenciais essa dimensão tem qualquer coisa de doloroso para três dos candidatos. As presidenciais de 2011 surgem com um vencedor antecipado. E nisso nada têm de inédito. O que as distingue é que três dos outros candidatos se arriscam a sair derrotados. Note-se que, nestas matérias, ser derrotado não é sinónimo de não ganhar. Manuel Alegre em 2006 não ganhou as eleições e, contudo, triunfou. Os partidos ganham ou perdem. Já o sabor da derrota e da vitória é aquele travo pessoal e intransmissível que os candidatos vão intuindo ao longo da campanha no olhar dos outros e que, terminado o frenesi dos últimos meses, confirmam quando finalmente se confrontam com o seu próprio olhar, que é como quem diz com a sua rotina.
Manuel Alegre – Se apenas pudesse escrever sobre uma candidatura, escolheria a de Manuel Alegre. Tal como em 2006, perante igual dilema, teria escolhido a de Mário Soares. Pois quando ao dramatismo inerente a qualquer candidatura individualizada e personificada como são as presidenciais se junta o sentimento de tragédia então temos história. Afinal, no que respeita às campanhas felizes, delas bem se pode dizer o que o general espanhol Sabino Fernandez Campo dizia quando o interrogavam sobre a possibilidade de um dia escrever as memórias dos anos que passara ao lado de Juan Carlos: o que se conta não tem interesse e o que tem interesse não se conta. Manuel Alegre, tal como os Bourbons que Sabino Fernandez Campo serviu magistralmente, não aprendeu nada e, infelizmente, ao contrário dos Bourbons, cuja memória é proverbial, nem sequer parece lembrar-se de nada. Em 2010, Manuel Alegre repete Mário Soares na campanha de 2005/6. Repete-lhe os erros ao responsabilizar os jornalistas e comentadores pelos seus maus resultados. Adopta-lhe o tom despeitado e deixa transparecer uma irritação com Cavaco Silva que só o desfavorece tal como desfavoreceu Mário Soares há cinco anos. E, sobretudo tal como Mário Soares em 2005/06, parece incapaz de perceber o que não funciona desta vez. Para perceber a actual desorientação de Manuel Alegre, é preciso lembrar que ele gozou toda a sua vida não de uma boa imprensa mas sim de uma óptima imprensa. Na verdade, não se lhe conhece nada de relevante na vida política do Portugal democrático. Só que isto que é válido para o bom também é para o mau, pois se de Manuel Alegre não se conhecem iniciativas que tenham marcado pelo brilhantismo ou pelo trabalho também não vimos o seu nome associado a situações menos claras. Mas nada disto bastaria para lhe dar esse estatuto privilegiado de que beneficiou até há alguns meses. Talvez os principais responsáveis tenham sido aquela voz fabulosa, aquele discurso em que se misturam ressonâncias aristocráticas e da esquerda mais conservadora – o que também é uma espécie de aristocracia. Talvez os poemas e aquele porte do homem que muitas mulheres gostavam de conhecer e com que muitos homens gostavam de se parecer tenham também dado a sua ajuda. Mas isso agora pouco interessa. Porque agora, nesta campanha de 2010, esse estatuto excepcional desapareceu e, tal como Soares em 2005, Alegre irrita-se com os jornalistas por eles não o tratarem como sempre fizeram. Note-se que mesmo que Manuel Alegre tivesse a capacidade de Costa Gomes para navegar em águas contraditórias, e já agora também a perspicácia do último marechal para antecipar sempre qual seria o lado vencedor, esta campanha ser-lhe-ia sempre dificílima. Mas Manuel Alegre não tem, infelizmente para ele, as capacidades de Costa Gomes nem, felizmente para Portugal, os seus defeitos. Alegre está preso entre um PS que não sabe se o quer na Presidência da República e que tem outros problemas maiores a tratar, e um BE cujo apoio lhe é importante e obviamente não negado mas em que nem o candidato nem os seus apoiantes parecem confortáveis. Estão ali, apoiantes e candidato, porque decidiram que tinha de ser, mas o que tem de ser em política nem sempre tem muita força. Por tudo isso, o homem do milhão de votos parece subitamente só. Agarrado durante estes quatro anos a esse milhão de votos, Manuel Alegre parece nunca ter percebido que a relação dos eleitores com os candidatos presidenciais termina no momento em que o voto é depositado nas urnas. Manuel Alegre parece não encontrar nesta campanha o seu milhão de eleitores. Há quem se tenha desencontrado de uma multidão muito maior: Ramalho Eanes, o homem que, em guerra com os partidos, entrou em 1980 no Palácio de Belém com o suporte de mais de três milhões de votos e acabou, anos depois, a contá-los pelas centenas de milhar. Por ironia, os votos que Alegre vai receber em Janeiro de 2011, e que para que saia honrosamente desta campanha terão de ser significativamente mais de um milhão, não devem vir maioritariamente daqueles que votaram em si em 2006. Quem votou em Alegre em 2006 gostava dele. Em 2011, muitos dos que vão votar Alegre fazem-no porque querem derrotar Cavaco ou porque o seu partido assim o determinou. Mas não gostam dele e poucos se sentiriam seguros com ele em Belém. O candidato deve pagar-lhes na mesma moeda: na verdade, o Alegre irritado desta campanha é apenas a capa do poeta que tem saudades. De quem? De Portugal em 2006. O país em que ele foi feliz.
*PÚBLICO

Manuel Alegre tem cometido um certo número de erros estratégicos que tenciono contrariar no meu blogue “etpluribusepitaphius.blogspot.com”, explicando quais deveriam ter sido as linhas mestras da sua campanha.
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De todas as candidaturas, aquela que se apresenta mais derrotada e mais esgotada – apesar de já ter ganho antecipadamente – é a de Cavaco Silva.
Vai suceder a ele próprio que protagonizou o pior mandato presidencial desde o tempo de Teixeira de Pascoaes e recebe um país que é o retatro fiel do sistema politico, económico e social que sempre alvitrou.
Se eu fosse algum dos outros candidatos simplesmente desistiria a favor de Cavaco.
Ele merece. E este povo besta merece-o!
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Não há nenhum “erro estratégico” na campanha de MAlegre, pelo simples facto de o candidato do BE e do PS não ter qualquer estratégia.
A desmedida ambição e vaidade de MAlegre levou-o a candidatar-se, traindo muita gente que nele votou em 2006. Traição ao entregar-se a Sócrates (que Alegre já não “combate”, por óbvio), como muleta-maior para o “fazer feliz” em Belém, acompanhada por desvario ao apoiar-se numa muleta-menor como o BE. Alegre não se equilibrará. Sabe-o. Não será eleito, também sabe. Mas passeia-se, exibe-se, incha o ego e vende mais uns livros em 2010 e até às presidenciais, como “referência” já só dele próprio e, do PS-de-Sócrates.
Sócrates que está marimbando-se para a candidatura e muito menos se preocupará com os 18, 19% dos votos. Tal como não lamentou os 16% de Soares em 2006…
Sócrates, ao apoiar e prever os resultados de Alegre, aniquilou os poucos apoiantes alegristas no “aparelho” do PS e deixa para os soaristas a luta fratricida que extinguirá de vez alegristas e soaristas.
(Leiam a entrevista de Manuel Maria Carrilho hoje publicada na VIsão).
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“Iremos fazer o esforço que estiver ao nosso alcance para ajudar Portugal a sair mais rápido desta crise”, disse o PRESIDENTE Lula da Silva
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Sócrates é o maior apoiante de Cavaco Silva.
A melhor forma que encontrou para destruir politicamente Manuel Alegre e tiralhar a tralha bloquista do seu caminho foi manifestar o seu «apoio».
Uma jogada de mestre!
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Nunca votarei numa pessoa que não sabe comer bolo-rei.
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espero ver o cavaco derrotado!
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Oi,
Eu adicionei o seu blog na Central Ceticismo. Esse site reúne em um só lugar, todos os melhores sites sobre ceticismo, ateísmo, ciência e evolucionismo. De forma que o usuário possa ter um acesso fácil à atualização dos sites listados, sem necessitar recorrer um a um na busca por novos posts.
Se possível, ajude-nos, divulgando o nosso banner.
abrs,
Central Ceticismo
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Porreiro Pá!!!. apenas mais uma.
“Se não for a estrada mais cara da história da Estradas de Portugal (EP), seguramente estará no top. Os acessos ao novo Hospital de Braga custarão a módica quantia de 8.240 euros o metro. Dito de outra forma: são 1.000 metros de via que foram adjudicados em Outubro à construtora Obrecol por 8.240.147, 31 euros.
Dois meses antes, a mesma obra tinha um custo previsto de seis milhões de euros.”
Apesar do hospital estar a ser construido há uma porrada de anos, a via tem carácter de urgência e como tal está dispensada de concurso público.
Porra para este País que nunca mais aprende. Enquanto houver um cêntimo para sugar, estes FDP nao largam a mama.Incrível. Como vamos explicar isto aos nossos filhos? onde andávamos nós, os que pagam esta merda?.
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como se está a sair a Islândia? o governo de esquerda está a fazer um trabalho notável: o desemprego caiu para metade….
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Risco da dívida de Portugal é o que mais cai no mundo
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Quer o “silva” escavacado ?
Historiando , abandonado o salazarismo , passando pelo PREC chegamos ao eterno e trágico “cavaquismo” . C.S. foi até hoje o único governante que teve todos os ingredientes necessários e suficientes para transformar este naufragado
Portugal num país económica e socialmente saudável , mas tal como o nosso saudoso “guterres” , abandonou-o já técnica e socialmente falido . Fugiu sempre como é seu hábito , como gato quando lhe molham o rabo .
E também é verdade que foi o governante que mais“capangas” teve à sua volta e que tantos danos causaram a esta terra falida .E C.S. tem ainda o despudor de afirmar que tem muito orgulho nisto tudo (Diz-me com quem andas…) . Até parece que os portugueses são mentecaptos .
Surpresa ! Contudo , como “prémio” foi eleito PR mas apenas à segunda tentativa , pois os portugueses normalmente sofrem de amnésia .
Não vale a pena falar deste mandato , com as onerosas presidências abertas , o qual foi exercido apenas em proveito próprio ,veja-se o escândalo das escutas , fazendo tudo e visando sempre um segundo mandato não querendo passar jamais por essa vergonha se tal não acontecesse. Presidências abertas que mais não foram do que uma permanente campanha eleitoral sem ser candidato e à custa do “erário píblico” . Os eternos “tabus do Silva” .
Comportou-se como (e com) Sócrates . Comportaram-se os dois como vulgares “artistas de circo”. Uma única diferença : também com alfaiates diferentes o que nos faz lembrar Eça e Camilo , um,C.S., com presumido ar de honesto;outro ,Sócrates , com evidente falta de honestidade . Mas em ambos , o diálogo é desonesto .
A iliteracia económico-financeira e juridica dos portugueses não alcança …
Também , inculto e de aparência analfabética , e segundo o falecido Reitor Alfredo de Sousa ,C.S. não percebe nada de “economia” (e muito menos de gestão ou “direito” …) . Não obstante , com estes falsos conhecimentos , C.S. prometeu-nos a nossa salvação num naufragio onde ele é duplamente co-responsável no “antes” e no “depois” … Mentiu . Já estamos mais do que afogados … Curioso : continua a prometer a nossa salvação !!! E vai ser outra vez reeleito à primeira volta , a menos que ainda exista
em Portugal aquela “esquerda sampaista” e no receio de uma C.S. P.P.C. & Cª Ilimitada
que leve o “cavaquismo” até 2016 …
Mas , para castigo , merecia uma segunda volta …
Não tenhamos pena . Com 5 reformas e as mordomias de ex-PR , certamente não vai passar a fome dos restantes portugueses …
(N.B. Não se pretende qualquer inclusão na presente campanha eleitoral)
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Se cai, oxalá que não se parta…
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Aquele travo pessoal, doloroso e intransmissível, que se dá nas presidenciais, contrariamente ao que sucede aquando de eleições do poder dito local, quando malta se mata a tiro, e mesmo das legislativas, onde a maltosa que não ganha sai a cantar, contente, oh, que bom, ainda bem que o ónus e todo o trabalho de enriquecer à custa de compadrios, contratos sujos, corrupção por baixo e cima da mesa, vai inteiro para o nosso adversário, ou PS ou PSD, como é uso, e que tanto se nos dá, igual para o caso.
E é ridícula, tendenciosa e fútil a tirada de dona Helena, como a minha então pode ser, ainda que mais breve, para dizer-lhe que até gosto do candidato dela, mais não fora pelo esgar, aquele rictus facial, como o falar de gasganete e a nulidade, que nos faz rir sem culpa, sem nada de impróprio ou excessivo, de um tal presidente.
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Carlos César, presidente do Governo Regional dos Açores, e o primeiro político a apoiar esta candidatura de Alegre, não vai cortar nos salários dos funcionários públicos dos Açores.
De Alegre, que nada tem mais para dizer do que atacar (quase diariamente Cavaco Silva), espera-se uma reacção a este abuso de poder de César. Se não o fizer, uma vez mais demonstra que teme perder votos na região, e, está a soldo dos seus correlegionários ! Se o fizer, será a custo, muito custo, quiçá precedido por um telefonema explicativo ao correlegionário açoriano…
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Eh, que nos deixa folgar, à custa de um tal presidente, sem nada de impróprio ou excessivo. Alegremente, sem culpa.
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Perder tempo a discutir as presidenciais não vale a pena.
Proponham é como fazer como a Suécia e Dinamarca, pequenos países ricos e sem grandes recursos naturais, com salários altos, orçamentos equilibrados e balança comercial positiva.
Cavaco e Alegre é mais ou menos a mesma coisa : deficits e empobrecimento
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MRJB:
A decisão de Carlos César não é nenhum abuso.
Lá, nos Açores, mandam os Açorianos.
Eles já disseram que não obrigados a ir atrás do Sócrates e do Passos Coelho.
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Arlindo da Costa,
Vc. não se importa por este governo regional tratar os funcionários públicos como ” primeira classe”, e os restantes açorianos com ordenados idênticos, só um pouco superiores, ou inferiores, desprezados.
V. não entende a palavra exigência (cortes nos salários e nas reformas), imposta pelo governo da república a praticamente todos os portugueses, e fará tábua-rasa a qualquer solidariedade.
V. desculpará prevaricadores, que é o caso açoriano.
V. não conhece as leis laborais nem a Constituição portuguesa, sob a qual César ou Jardim deveriam cumprir mandatos e não abusar de poderes. Não são obrigados “a ir atrás de Sócrates e do Passos Coelho”, mas devem colocar os interesses de TODOS os madeirenses e açorianos acima de estratégias eleitoralistas.
Nos Açores não mandam os açorianos — manda Carlos César.
A Vc., é-lhe indiferente o tratamento de excepção (regalias) a uns, e o castigo (já pesado mas que será insuportável) à maioria dos habitantes deste país.
Etc, etc.
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O Arlindo da Costa está-se nas tintas para que, a despeito da lei para todos, a capricho, um nababo dos Açores faça o que bem lhe apetece dos nossos impostos.
E era mesmo de a Répública, ora toma, lhe retirasse o quantitativo, mais um pouco, exactamente, que o que assim rouba ao orçamento.
Era bem feito.
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Caisquer inginheiro assim como o Pinócrates, que’até é canalizador e tudo, serve para armar em chefe desta barraca.
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Mas o arlindo ainda aqui anda???
O gajo adora a Coreia do Norte e Cuba–pelos vistos, o central ceticismo tb–, mas não têm coragem de ir viver para os paraísos dos seus sonhos.
são verdadeiros chulos do capitalismo…embora grunhem contra o dito.
masoquistas? bipolares? covardes? FDP? venham os seus diabos e escolham..
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