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Há que séculos que ando para escrever sobre isto

3 Abril, 2011

mas o Luciano Amaral não só se antecipou como escreveu muito bem sobre o assunto. Qual? Os apelos ao  consenso: «O português, certamente dada a sua natureza franca e boa, não perde uma ocasião para estabelecer “consensos” com o resto dos portugueses. É por isso que, a propósito da actual crise, imensos portugueses vêm pedindo imensos consensos. Já se ouviu de tudo: há o Bloco Central clássico, PS e PSD; há o Bloco Central premium, PS-PSD-CDS; há o Bloco Centralíssimo, PS-PSD-CDS-centrais patronais-sindicatos; há o Bloco Centralíssimo premium, PS-PSD-CDS-centrais patronais-sindicatos-banqueiros-senadores da pátria; e até já se pediu o Bloco Central soviético, PS-PSD-CDS-PCP. É como lá em casa: falta a luz? Faça-se um Bloco Central. Furou-se um pneu? Forme-se um Bloco Central. Já explicar qual o conteúdo destes blocos é tarefa a que ninguém ainda se dedicou propriamente. Um Bloco Central para quê?
Estes pedidos, que parecem relevar de uma certa nostalgia pela União Nacional, levantam diversos problemas. O primeiro é que nunca há, efectivamente, consensos, pelo menos no sentido correcto da palavra, que é o de toda a gente estar de acordo. A União Nacional unia todos, menos os que excluía. E os que excluía eram muitos e tratados com a devida violência. O Bloco Central tal como existiu em Portugal, nos anos de 1983 a 1985, foi feito para aplicar uma receita de enorme violência social, que obrigou ao encerramento de fábricas e a despedimentos maciços. Por definição, as vítimas deste tratamento não fizeram parte do consenso.» Para ler mais clique aqui. De seguida leia  “Portugal não precisa de ajuda”.

17 comentários leave one →
  1. Trinta e três's avatar
    3 Abril, 2011 11:07

    Vão ver que, no final de tudo isto, ainda alguém vai inventar a teoria da… luta de classes.

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  2. Ricardo's avatar
    3 Abril, 2011 11:11

    Peço desculpa pela intromissão mas não consegui chegar uma informação pertinente ao Luciano Amaral e que contraria aquilo que ele disse no Expresso da Meia Noite da última 6ªf.
    Quero comunicar-lhe que é errado que “a Irlanda tinha 8 milhões de habitantes e passou a ter 3”. Ler este documento do CSO da Ireland http://goo.gl/HMFyL Não podemos seguir as traulitadas enganosas dos políticos. Estou certo que o Luciano Amaral apenas teve um lapso. Serve este comentário para corrigi-lo. Obrigado.

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  3. eirinhas's avatar
    3 Abril, 2011 11:26

    Costumo concordar bastante com o que escreve e diz mas desta vez de modo nenhum.A afirmação que faz em relação ao FMI,sem querer,branqueia aquilo que temos vindo a sofrer há tanto tempo.
    salvas as devidas proporções,seria o mesmo que dizer que os judeus foram agiotas e o hitler não foi tão mau assim o que nem uma coisa nem outra são verdade.O FMI foi mau mas sofremos duma vez e de seguida levantámos a cabeça,agora assim é que não que é como quem diz nem o meu pai morre nem a gente almoça.Quem é que tem ilusões que podemos suportar juros deste calibre? E de resto,fábricas a fechar,quantas mais são precisas?

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  4. Xico das Nêsperas's avatar
    Xico das Nêsperas permalink
    3 Abril, 2011 11:34

    Para mim não há blocos, há pessoas. Escolham os melhores para os devidos lugares e para bem da nação. Sim, para bem da nação e não de algumas, muitas, contas bancárias e de interesses que proliferam neste país com uma “reactividade” assustadora.
    As classes acabaram, há apenas duas espécies: os com dinheiro e os sem ele.

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  5. Piscoiso's avatar
    3 Abril, 2011 11:34

    Aqui há gato.

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  6. helenafmatos's avatar
    helenafmatos permalink
    3 Abril, 2011 11:37

    «Escolham os melhores para os devidos lugares e para bem da nação» – A isso chama-se ditadura.

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  7. JoaoMiranda's avatar
    JoaoMiranda permalink*
    3 Abril, 2011 11:41

    Ricardo,
    .
    Pode ver aqui a evolução da população da Irlanda:
    .

    .
    De 8 milhões de habitantes em 1850 (fome da batata) passou para 4 milhões nos anos 60.

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  8. José's avatar
    José permalink
    3 Abril, 2011 12:08

    Como ando a escrever sobre o mesmo tema, tomo a liberdade de recomendar a visão dos jornais da época- Expresso e O Jornal que publico.

    É impressionante, para mim, a coincidência de erros, de soluções de personagens, etc.

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  9. Ricardo's avatar
    3 Abril, 2011 13:05

    @JoãoMiranda,

    Tenho conhecimento desse facto. Contudo, a questão aí não teve a ver com o FEEF/FMI; teve a ver com batatas e com a gestão administrativa de Inglaterra.
    A informação dada pelo Luciano Amaral não tinha esse pano de fundo. A discussão centrava-se na questão das consequências da ajuda externa. Não recuava a tempos tão distantes, nem faria sentido fazê-lo naquele contexto.

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  10. JoaoMiranda's avatar
    JoaoMiranda permalink*
    3 Abril, 2011 13:13

    Ricardo,
    .
    Essa informação veio a propósito do facto de um país poder ter um declínio prolongado. É um risco que Portugal enfrenta. Irlanda, ao longo do século XX, foi dada como um exemplo desse tipo de declínio. A informação nada tinha a ver com a intervenção do FMI na Irlanda nem ninguém disse que a Irlanda perdeu 5 milhões de habitantes nos últimos 2 anos. Foi nos últimos 150 e foi isso que foi dito.

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  11. Piscoiso's avatar
  12. Ricardo's avatar
    3 Abril, 2011 13:44

    @JoãoMiranda,

    Muito bem. Foi assim, retiro o que disse.

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  13. Piscoiso's avatar
    3 Abril, 2011 13:57

    Nos últimos 150 anos, a Irlanda perdeu 2 milhões de habitantes.
    Nos últimos 50 anos, a Irlanda ganhou 2 milhões de habitantes.
    (link do meu comentário anterior).

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  14. tric's avatar
    tric permalink
    3 Abril, 2011 14:05

    isto só vai la com um Governo de Emergência Nacional, por mais que tentem arranjar argumentos contrários…c´est la vie!!! é uma questão de tempo, o problema é que o tempo é o nosso maior inimigo…

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  15. José Manuel Moreira's avatar
    José Manuel Moreira permalink
    3 Abril, 2011 16:30

    Pode não parecer, mas a instituição que melhor corporiza a ideia de “unanimismo quase consensoual” é o SLB. Em qualquer terra portuguesa as pessoas acham absolutamente normal berrar contra a minoria que apoia os da terra e até estranham, apesar de longos anos de infortúnio, que a inculta populaça não seja toda adepta da gloriosa maioria. Um traço que facilita o desenho e as políticas. Uma coisa que todos os verdadeiros democratas devem, por isso, lamentar é que o verdadeiro 25 de Abril ainda não ternha chegada ao futebol e que a coisa não seja decidida por maioria, como hoje de novo poderá voltar a acontecer. JMM

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  16. AP- Amigo de Peniche's avatar
    AP- Amigo de Peniche permalink
    3 Abril, 2011 16:37

    Governo de iniciativa presidencial, de salvação/concentração nacional, de bloco central.
    Foram em outro contexto, pós-revolução, pré-democratização, ainda com um “conselho de revolução” de memória fresca…
    Neste momento, há que clarificar, nada de meias tintas…
    Há que clarificar projectos e propostas…
    para um lado o Estado providencia que a tudo acode e providencia: saúde, educação e até cria empregos…
    para o outro o Estado que protegendo os mais vulneráveis, superintende e regulamenta, cria as condições e apoia a sociedade civil.

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  17. Arlindo da Costa's avatar
    Arlindo da Costa permalink
    3 Abril, 2011 19:58

    Portugal efectivamente não precisa de ajuda.
    Quem precisa de ajuda, são vocês!
    Há por aí bons psiquiatras…

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