Por um governo “Mãos Limpas”
A experiência governativa prévia é usualmente vista como uma mais-valia, quando se pensa numa qualquer personalidade, enquanto candidata a ocupar um lugar no governo. A situação a que o país chegou, contudo, leva a alterar completamente esse paradigma. Por estes dias, é a falta de experiência governativa que constitui um trunfo. Na verdade, a falta de experiência governativa transforma-se em menor responsabilidade no estado a que infelizmente chegámos. Em democracia, todos somos responsáveis, mas as pessoas que ocuparam lugares de maior responsabilidade no governo não poderão deixar de prestar contas.
Não significa isso que devamos lançar uma qualquer suspeição geral sobre todos os ex-governantes. Muitos são pessoas honradas e que contribuíram com o seu esforço e o seu saber para transformar este país. O principal problema, na minha opinião, terá estado na partitura e não nos intérpretes. A partitura era errada – nenhum intérprete poderia ter tido sucesso.
É necessário mudar a partitura – quando os portugueses tiverem compreendido isto terão dado um passo em frente muito significativo. Em particular, é necessário enterrar alguns restos do salazarismo e do PREC, e desmantelar muito do que foi feito nos tempos mais recentes. É necessária uma mudança de mentalidades. Um mundo globalizado não é um mundo do lazer, pelo contrário é necessário trabalhar de forma a ser concorrencial numa escala global. É necessária uma redução drástica da dimensão do Estado, com a extinção de muitas entidades não essenciais à continuidade do país enquanto entidade independente.
Das próximas eleições sairá um novo governo. Pela minha parte, espero que o novo primeiro-ministro e a generalidade senão a totalidade dos ministros estejam pela primeira vez em tal condição. Não faltam pessoas válidas e bem-intencionadas em Portugal. Possa a partitura estar à altura dos desafios enormes que se colocam, em larga medida fruto da governação recente deste país.
José Pedro Lopes Nunes

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