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Situação win-win para o PSD.

13 Abril, 2011
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Tudo indica que, sob o estrito ponto de vista partidário, as eleições de 5 de Junho de 2011 se virão a apresentar como uma situação win-win para o PSD. De facto, a catástrofe económica a que o país chegou não deverá permitir que o PS ganhe as eleições, sendo de concluir que, não obstante toda a propaganda situacionista, as eleições estão ganhas para o PSD (pelo menos, é essa a minha convicção, e base para o raciocínio que se segue). Muitas pessoas terão uma preocupação fundamental, ao depositar o boletim de voto – mudar o primeiro-ministro.

Em suma, discute-se se o PSD ganha “por muitos” ou “por poucos” mas, ao contrário do que acontece usualmente, há vantagens em qualquer uma das alternativas.

Na verdade, se o PSD ganhar “por muitos”, formará governo com base numa maioria absoluta de deputados, o que permitirá ao futuro governo PSD tomar as medidas que entender serem mais convenientes.

Mas se o PSD ganhar “por poucos”, uma consequência provável é que o PS mantenha a actual direcção. Tal situação, de a direcção do PS se entrincheirar após uma eventual derrota “por poucos”, seria extremamente vantajosa para o PSD, uma vez que não se apresenta como de todo provável que a actual direcção do PS alguma vez venha a ganhar, de novo, eleições nacionais. Nessas condições, uma vitória do PSD sem maioria absoluta de deputados (nem sequer contando com os do CDS) poderia levar, curiosamente, a um progressivo declínio do PS, até porque não será o governo português quem estará a dar grande parte das ordens.

A hipótese “bloco central” fica muito prejudicada, uma vez que o mesmo não é necessário se o PSD tiver uma grande vitória com maioria absoluta de deputados, e não é possível se a actual direcção do PS se mantiver.

A entrada em cena de Fernando Nobre, depois de uma boa campanha presidencial, é um trunfo muito importante para a direcção do PSD. Aparentemente, discute-se a presidência da Assembleia da República, mas na verdade o que se discute é a sucessão do actual Presidente da República.

“Uma maioria, um governo e um presidente”, sim, mas com um Presidente da República escolhido pelo primeiro-ministro, e não o contrário – tal era o sonho de Sá Carneiro. Não esquecendo que, no estado a que o país chegou, também para um candidato a Presidente da República pode ser importante não ter responsabilidade directa na anterior governação do país.

José Pedro Lopes Nunes

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