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Reestruturação da dívida

24 Junho, 2011

Muita gente à esquerda e à direita parece acreditar que a reestruturação da dívida é uma espécie de panaceia. Volta-se com o contador da dívida a zero e depois voltamos ao antigo. Voltar ao antigo é, neste caso, voltar aos défices permanentes acima dos 3%. Como é que o Estado viveria outra vez com despesas acima das receitas? Ora, pedindo emprestado. Pedindo emprestado a quem? Ora, aos parvos a quem agora não queremos pagar. É este o plano.

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Como facilmente se percebe, qualquer reestruturação, com adiamento dos prazos de pagamento, ou qualquer default parcial, tem como consequência medidas de austeridade que reduzam o défice a zero pelo simples facto de que o Estado deixa de ter crédito para pagar o défice.

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Acho que algumas pessoas têm dificuldade em compreender que se um Estado gasta 80 mil milhões mas só tem como receita 60 mil milhões, então tem que pedir emprestado 20 mil milhões. Se esse Estado ameaçar não pagar, ou se ameaçar que não paga nos prazos estabelecidos, então não tem quem empreste os 20 mil milhões (a não ser que se pressuponha que os bancos internacionais são parvos) e esses 20 mil milhões terão que ser cortados na despesa.

16 comentários leave one →
  1. James's avatar
    24 Junho, 2011 11:11

    Acho absolutamente «parva» a ideia de não se pagar o que se deve. Eu não faço isso a ninguém, e não gostaria que me o fizessem a mim. 😦

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  2. PMP's avatar
    PMP permalink
    24 Junho, 2011 11:45

    Muito bem. Como se vê desde que se começou a falar de restruturação da divida , os juros cada vez sobem mais.
    .
    Existe muito desperdicio no estado, como por exemplo na Presidencia da Republica, nas Universidades Publicas, e em muitos outros departamentos.
    .

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  3. António José's avatar
    António José permalink
    24 Junho, 2011 12:36

    Eu seria de acordo com uma restruturação de dívida “à Equador”.

    Avaliem-se os contratos públicos que deram origem a dívida, identifica-se o desperdício e aplica-se um “haircut” a beneficiários e financiadores desses contratos. Dá trabalho … mas é possível. E no caso deles gerou poupança de 10% do PIB

    Certamente que existe dívida pública com destinos fora do interesse público.

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  4. António's avatar
    António permalink
    24 Junho, 2011 12:42

    Visto que nunca ninguém refere este ponto que aqui é muito bem levantado, quem fala na reestruturação ou está a tentar enganar ou tem dificuldade em ter mais de dois conceitos na cabeça ao mesmo tempo…

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  5. Luis's avatar
    Luis permalink
    24 Junho, 2011 13:00

    Para ser justos, devemos lembrar que na verdade quem fala de reestruturação fala também do aumento das receitas e crescimento da economia. Que uma coisa exclua a outra, já é outro problema..

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  6. PLus's avatar
    PLus permalink
    24 Junho, 2011 15:32

    “Acho absolutamente «parva» a ideia de não se pagar o que se deve. Eu não faço isso a ninguém, e não gostaria que me o fizessem a mim. 😦 ” James

    O argumento moral do pagamento da divida deve ser dos últimos a ter em consideração.

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  7. James's avatar
    24 Junho, 2011 16:19

    Descupa lá companheiro Plus mas nisto há sequer argumento ? Ou é só «bocas interessantes» para fora ??

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  8. lucklucky's avatar
    lucklucky permalink
    24 Junho, 2011 16:21

    “O argumento moral do pagamento da divida deve ser dos últimos a ter em consideração.”
    .
    Deve ser o primeiro. Mas já estamos habituados ao pensamento dos batoteiros.

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  9. PLus's avatar
    PLus permalink
    24 Junho, 2011 17:14

    “Descupa lá companheiro Plus mas nisto há sequer argumento ? Ou é só «bocas interessantes» para fora ??”

    É uma proposição (intencionalmente simples ).
    Contrapõe com a sua.
    É o seguinte : por q é q se deve insistir na manutenção de um contratado quando a sua cessação é racionalmente mais vantajosa?
    e clarificando desde já , a tal analise racional tem obviamente em conta a reputação futura das partes.
    p.ex : Deve- se insistir no pagamento das prestações de um imóvel quando o seu pagamento -fase a seu valor actual desse imovel – tornou-se exorbitante?
    Isto não tem nada de batotice.

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  10. PLus's avatar
    PLus permalink
    24 Junho, 2011 17:26

    *contrato e nao contratao
    **face e nao fase

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  11. James's avatar
    24 Junho, 2011 17:29

    Entendido. Contudo… 😦

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  12. Arlindo da Costa's avatar
    Arlindo da Costa permalink
    24 Junho, 2011 21:08

    A solução mesmo é cortar na despesa.
    Acabar com tudo o que é surperfluo.
    Privatizar grande parte das universidades. Contratar médicos estrangeiros para o SNS. Acabar com todas as reformas douradas dos politicos e gestores públicos. Renegociar todas as parcerias público-privadas. Extinguir municipais. Acabar com os subsídios às associações e confederações patronais. Deixar de pagar os funcionários públicos que são destacados para os respectivos sindicatos. Liberalizar o mercado das telecomunicações, da electricidade, do gás e dos combustíveis. Proibir a abertura de mais centros comerciais e hipermercados, e nalguns casos promover a sua demolição, porquanto os mesmos são cancros que têm rebentado com a produção nacional.
    Ao fim e ao cabo: acabar com as RENDAS que uma clique parasitária e mafiosa recebe dos cofres públicos e acabar de vez com todos os RENDIMENTOS MÁXIMOS GARANTIDOS!

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  13. tina's avatar
    tina permalink
    24 Junho, 2011 21:17

    “Deve- se insistir no pagamento das prestações de um imóvel quando o seu pagamento -fase a seu valor actual desse imovel – tornou-se exorbitante?
    Isto não tem nada de batotice.”
    .
    Por essa ordem de pensamento, não será só a geração dos nossos filhos mas também a dos bisnetos que pagará pelo erros do governo de Sócrates.

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  14. Arlindo da Costa's avatar
    Arlindo da Costa permalink
    24 Junho, 2011 21:39

    Os teus bisnetos vão pagar pelos erros de Sócrates.
    Agora estamos a pagar pelos erros de Cavaco, verificados nas décadas de 80 e 90….

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  15. tina's avatar
    tina permalink
    24 Junho, 2011 21:50

    O Cavaco é? E a herança do fascismo, também não conta?

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  16. Fialho's avatar
    Fialho permalink
    26 Junho, 2011 04:09

    Eh pá, mas os aselhas fizeram empréstimo de juros variáveis?
    Até mete dó ouvir economistas proferir que os juros só se compensam com crescimento; atentar na pusilanimidade dado aos caloteiros pela comunicação social.

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