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O país que desapareceu das notícias

12 Julho, 2011

Adeus às armas Um texto a reler do Luciano Amaral: «As democracias ocidentais nem sempre são bons parceiros militares. Oscilando entre o espírito de missão, que durante algum tempo as faz não pensar em mais nada, e a passividade de quem gosta muito de chorar a desgraça do outro mas à distância, de preferência pela televisão, nunca se sabe muito bem o que vão fazer. A semana passada, o presidente Obama anunciou o princípio da retirada do Afeganistão, apenas dois anos depois de ter lançado mais 30.000 soldados no terreno, para uma arrancada final vitoriosa. Como toda a gente se lembra, o Afeganistão era a “guerra necessária”, por oposição à “guerra de escolha” (uma má escolha) do Iraque. Passou o tempo e a arrancada não resultou. Mas Obama quer-nos fazer crer que sim (talvez querendo convencer-se a si próprio). Ao contrário do que disse (acentuando a presumível derrota da al-Qaeda), os soldados americanos vão deixar atrás de si um país pronto para a guerra civil. Coisa que se juntará ao lamentável episódio líbio, onde as tribos se encontram já em plena guerra civil. No outro dia, o secretário da Defesa americano queixou-se de que os países europeus, ao fim de apenas onze semanas de combates, já não tinham munições para continuar a ajudar os seus amigos “rebeldes”. Entretanto, a coligação é um saco de gatos. Ou consegue um avanço final e rápido, ou certamente abandonará a Líbia em pleno banho de sangue.

No meio disto, sobra uma intervenção bem sucedida, a do Iraque. Curiosamente, aquela que toda a gente detestou, que envenenou as relações internacionais na última década, que determinou a desgraça do anterior presidente americano e em parte elegeu Obama. E aquela de que, ainda hoje, ninguém fala. O Iraque está longe de ser a perfeição, mas expulsou um dos mais horríveis ditadores do mundo e mantém uma interessante funcionalidade democrática. Porque não se alegram os países ocidentais com este seu contributo? As democracias do ocidente devem parecer muito estranhas vistas a partir do deserto da Líbia.

18 comentários leave one →
  1. trill's avatar
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    12 Julho, 2011 09:51

    “Entretanto, a coligação é um saco de gatos. Ou consegue um avanço final e rápido, ou certamente abandonará a Líbia em pleno banho de sangue.”

    A questão é que ao contrário do Iraque na Líbia houve um movimento espontâneo a partir de dentro. O que vai acontecer é imprevisível, como em todos os países árabes.

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  2. trill's avatar
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    12 Julho, 2011 09:53

    Gostaria de esclarecer que eu assino trill e não me identifico com os comentários colocados por um tal “trac”. Usei trac no email indicado, mas nunca assinei como trac.

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  3. Piscoiso's avatar
    12 Julho, 2011 09:54

    No meio disto, sobra uma intervenção bem sucedida, a do Iraque.

    Bem sucedida?
    Só se foi para quem saqueou o Museu de Bagdad.

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  4. trill's avatar
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    12 Julho, 2011 09:55

    tb deveria ser posto aqui sobre o que está a contecer na Somália e no Quénia, q nada tem a ver com tribos ou política. psicanalises.blogspot

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  5. Nuno Castelo-Branco's avatar
    12 Julho, 2011 10:00

    A questão líbia é bem diferente dos casos que apontou. O facto de ser uma invenção recente – apesar de tudo, o Iraque tem uma história bem diferente – e do terreno não ajudar á unidade, estes condicionalismos ditam esta guerra arrastada. Um mar de deserto separa os contendores e torna difícil qualquer arrancada vitoriosa. Os germano-italianos de Rommel e os ingleses do 8º Exército sabiam-no muito bem. Sem tropas no terreno, nada feito.

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  6. JP Ribeiro's avatar
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    12 Julho, 2011 10:39

    Obama é Bom. Ele foi escolhido por Deus para vir à Terra e salvar a Humanidade dos malefícios do Bush/Halliburton & Co.

    Afganistão, Paquistão, Líbia, Iemen, e agora Somália.

    O Ungido, à revelia da Constituição que jurou respeitar, bombardeia sem aprovação prévia do Congresso. Actos que não são de guerra porque, diz ele, são de polícia.

    A um Nobel da Paz podia-se pedir mais?

    Um dia, daqui a algumas décadas, os historiadores irão perguntar como foi possível a nação mais poderosa do mundo de então, eleger um incompetente, sem escrúpulos, sem currículo, com uma agenda escondida de destruição da odiada sociedade capitalista. Alguém que cospe na Constituição que não respeita desde o primeiro dia (até por ser à partida inelegível para o cargo).

    John Adams, um dos seus autores, escreveu que a Constituição americana tinha sido feita para homens dotados de séria consciência moral e religiosa, e não podia funcionar para outro tipo de pessoas. Premonição?

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  7. neotonto's avatar
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    12 Julho, 2011 10:40

    No meio disto, sobra uma intervenção bem sucedida, a do Iraque. Curiosamente, aquela que toda a gente detestou, que envenenou as relações internacionais na última década, que determinou a desgraça do anterior presidente americano e em parte elegeu Obama

    Curiosamente alguma de aquela gente blasfema pensava que aquela guerra ia estabilizar o preço do barril de crudo. Mais baseavamse em analises feitas sob o mercado do barril da cerveja e pensavam que os consumidores de ambos produtos sao os idénticos…

    http://www.preciopetroleo.net/petroleo-hoy.html

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  8. Ricardo Guerra's avatar
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    12 Julho, 2011 10:51

    O custo de 100.000 mortos para remover um ditador deve ser aquilo a que a Sr.ª D.ª chama um sucesso. O Estaline chamar-lhe-ia uma estatística, pasme-se, na matança o monstro era mais honesto que alguns dos nossos pobres liberais.

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  9. balde-de-cal's avatar
    balde-de-cal permalink
    12 Julho, 2011 11:15

    o presidente Hussein é
    «great american disaster»

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  10. Pine Tree's avatar
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    12 Julho, 2011 11:34

    Oh camaradas!
    Por que é que os USA hã-de meter o nariz onde ninguém os chamou? E que tivessem chamado. Seria bem melhor seguirem o conselho do fado:
    “Põem-se teus olhos em brasa
    “Quando alguma guerra vez
    “Deixa lá matar quem mata
    “Que ninguém nos tira a vez”
    E a nós Portugueses, que nos interessam as guerras dos USA, o Obama, o Bush, o Clinton…
    Sejamos cosmopolitas mas não metediços.

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  11. António Sobral Cid's avatar
    12 Julho, 2011 14:03

    Simplesmente uma opinião políticamente incorrecta e que se calhar eu não devia dar:

    Opção 1: os americanos carpet bombam akilo tudo, há árabes em demasia, mas iria ficar.lhes mal porque vai tudo raso, mulheres e crianças também.

    Opcão 2 :põe-se lá um regimento dos «Desert Rats» anglo, um outro da «Légion» franco e dá-se-lhes ordem: «Varrer isto tudo.» Não sobra nada. Igualmente políticamente incorrecto.

    Portanto…. nada. 😦

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  12. A Silva's avatar
    A Silva permalink
    12 Julho, 2011 14:45

    “e mantém uma interessante funcionalidade democrática”, esta helena é um docinho, chamar “interessante funcionalidade democrática” a um país que é governado (ou gerido) à lei da bala (madi in USA), não deixa de ser mais um exercicio de criatividade semântica que vale a pena realçar.
    Continue helena, o seu espirito criativo (e moderno) tem mesmo piada.

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  13. Jose Domingos's avatar
    Jose Domingos permalink
    12 Julho, 2011 16:19

    Todas estas guerras, são boas, para vender armas, ao Sudão, a Etiopia, a Somália, a Grécia, a Portugal, ao Libano, ao Kosovo……………………………………….
    Ganha-se muito dinheiro, neste planeta.
    Depois aparecem uns imbecis a falar nos refugiados, nos tuberculosos, no drama dos direitos humanos, nas valas comuns, pqp

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  14. António Sobral Cid's avatar
    12 Julho, 2011 16:59

    Nós aki [PT] fechámos as 3 fábricas disso que tínhamos (Barcarena, Moscavide e a de baixo, junto ao rio.
    O meu falecido Pai foi administrador das três. Eu trabalhei (brevemente…) nelas todas. Se vendermos armas e munições é porque são compradas a preço de saldo na Alemanha ou na Bélgica, e depois revendidas a a idiotas do 3º ou 4º mundo que apreciam matar-se uns aos outros com tecnologia ocidental. P’ra nóizinhos é apenas «negócio», nesta altura.
    Got it ?? 😦

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  15. Arlindo da Costa's avatar
    Arlindo da Costa permalink
    12 Julho, 2011 16:59

    Como disse a Marine Le Pen. Sarkozy sofre duma doença psíquica rara.
    Só um doido como ele armaria os «rebeldes» da Líbia!
    Kadafi devia apanhar o Sarkozy vivo e esfolá-lo nas praças de Tripoli!

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  16. licas's avatar
    licas permalink
    12 Julho, 2011 19:07

    TAMBÉM Le Pen, Arlndo?
    E julgava eu que o Sócrates te satisfazia plenamente . . .
    ______coisas . . . __________________________

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  17. Rui Teixeira Neves's avatar
    Rui Teixeira Neves permalink
    14 Julho, 2011 00:56

    Porque não se alegram os países ocidentais com este (Iraque ) seu contributo? Ora, porque o Iraque é um desastre. Mais de um trilião de dólares e 5000 mortos depois, os americanos não conseguem deixar, como era costume, um governo fantoche que baixe as calças ao Império… Pior, o governo eleito democraticamente é patriótico, rejeita bases americanas no seu território, impede a rapina do país pelo invasor (os contratos vão para árabes, chineses, russos, franceses) e é alinhado com o Irão. Como cereja em cima do bolo, os americanos estão à beira do big crash do dólar, em grande medida devido ao esforço no Iraque…Falidos e derrotados…

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  18. silva's avatar
    silva permalink
    17 Julho, 2011 09:06

    CASINO ESTORIL
    Quem investiga esta triste noticia para o Concelho de Cascais. Porque é que o estado não quer saber que a empresa Estoril-Sol despediu ilegalmente 112 funcionários do Casino Estoril em substituição de precários o que significa mais desempregados e desempregadas e postos de trabalho perdidos no Concelho de Cascais. Já não basta haver milhares de desempregados e desempregadas no nosso concelho agora vão juntar-se a este drama mais 112 trabalhadores.

    A comissão de trabalhadores diz que a Estoril-Sol já fechou ao longo dos últimos 6 anos um total de 681 postos de trabalho. Muitas empresas em nome do lucro e camufladas pela crise vão despedindo indiscriminadamente não querendo saber das suas responsabilidades sociais.

    Gostaríamos que a justiça tivesse um papel activo na defesa destes trabalhadores e dos seus postos de trabalho.

    Neste sentido gostaríamos de saber:

    1.Pediu – se a intervenção do governo e mais propriamente os órgãos governamentais que tutelam o sector e todos fecharam as portas PORQUÊ?

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