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Não há nada como uma boa teoria da conspiração*

16 Julho, 2011
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Andavam os portugueses a pensar no muito que teriam de mudar nos seus modos de vida quando a Moody”s os devolveu à vida. “Portugal é lixo”, proclamou José Rodrigues dos Santos ao abrir o telejornal da RTP. Uns ofenderam-se genuinamente, outros ofenderam-se a propósito. Afinal não há nada como atirar umas pedras a uns “camones”, ainda para mais uns “camones” capitalistas, para nos reconciliarmos com o nosso ego. E tentarmos voltar à nossa vidinha repetindo, com firmeza e profunda convicção, que a culpa é dos outros.

Andamos, desde 1995, a consumir por ano sensivelmente mais dez por cento do que produzimos? A culpa é da Moody”s e das outras agências de rating. Entrámos para a moeda única e praticamente nunca conseguimos cumprir com os critérios de convergência? A culpa é dos “camones” que querem destruir o euro. Suportámos um primeiro-ministro que mentiu até ao fim sobre a dimensão dos problemas nacionais? A culpa é dos analistas das agências que dizem alto o que, por cá, todos sussurram. Na Europa ninguém se entende e cada um puxa para seu lado? A culpa é dos americanos, que por acaso também não se entendem e puxam cada um para seu lado.

Seria patético se não fosse trágico. Mas é assim que somos: à primeira oportunidade esquecemos as nossas obrigações. Pior: à primeira desculpa esquecemo-nos de que fomos nós – os portugueses, as empresas portuguesas, o Estado português – que nos endividámos a um ponto que, antes de a Moody”s falar, era considerado insuportável pelos mais circunspectos economistas. Aquilo que economistas como Silva Lopes, Jacinto Nunes ou Medina Carreira, para citar apenas alguns dos mais respeitados, tinham andado a dizer sobre a insuficiência da ajuda externa ou sobre a possibilidade de entrarmos em incumprimento era ouvido – e sorvido – com o respeito devido aos áugures. Quando isso apareceu escrito pela Moody”s, tornou-se numa insuportável manifestação de arrogância do capitalismo anglo-saxónico, numa demonstração da irracionalidade dos mercados desregulados e numa prova de que somos apenas vítimas. O PCP e o Bloco, que andam há meses a dizer que é inevitável reestruturar a dívida pública, saltaram mesmo para a arena para se indignarem de forma tonitruante com a desfaçatez da Moody”s admitir que Portugal pode ter de reestruturar a sua dívida.

Não surpreende por isso que haja quem fale já de um “antes” e um “depois” da Moody”s. “Antes”, explicam, a culpa era dos portugueses e de Sócrates. “Depois”, felizmente, a culpa é da Humanidade, da Europa, da Merkel e, claro, dos “mercados”. “Antes” as agências de rating estavam na origem de uma crise da democracia por, supostamente, imporem a sua vontade a Governos eleitos. “Depois” a democracia terá voltado triunfante sob a forma de eurobonds.

 

Nada disto faz sentido e tudo isto é derivado do velho preconceito antiliberal e anticapitalista que impregna Portugal. Nada disto faz sentido porque falta explicar como podem as agências “americanas” (apesar de uma delas ter maioria de capital francês) terem também avisado que podem descer o rating dos Estados Unidos (onde está, então, a conspiração antieuropeia?). Nada disto faz sentido porque quem disse que nos podíamos endividar à vontade não foram as agências de rating, foi o antigo governador do Banco de Portugal, Vitor Constâncio. Nada disto faz sentido porque uma coisa é uma opinião, mesmo que errada, de uma agência (e o rating não é mais do que uma opinião), e outra a percepção de quem nos empresta dinheiro que há um risco de não pagarmos tudo de volta, razão por que sobem os juros. Nada disto faz ainda sentido porque as agências são os menores culpados da crise de 2008, antes delas convinha olhar para os reguladores e para os bancos centrais que apaparicavam os Lehman Brothers deste mundo (ou os BPN cá do burgo) e ninguém sugere que sejam “desmantelados”, ou proibidos de emitir opiniões.

O histerismo que se instalou na opinião pública por causa da classificação de “lixo” – uma classificação dada à dívida pública portuguesa, não à República portuguesa, convém notar – ajuda à passagem de uma mensagem que muitos já andam por aí a repetir: não vale a pena sacrificarmo-nos, não vale a pena colocarmos ordem nas contas, não vale a pena reestruturarmos a economia, pois tudo se resolverá no dia em que houver uma agência de rating europeia. Ela, antecipa-se, resgatar-nos-á do “lixo” e, aspiram os que se calaram anos a fio, resgatará também o visionário Sócrates. É importante não dar ouvidos a estas cantos de sereia nem aos que acham que a forma de não deixar “minar a democracia” é limitar a liberdade de expressão. Hoje falam das agências de rating, amanhã disparam contra Silva Lopes ou Medina Carreira, depois de amanhã bater-nos-ão à porta. Em nome já não da democracia, mas do “interesse nacional”. Já estivemos mais longe.

 

Talvez a frase mais certeira do recente trabalho que o PÚBLICO editou sobre as agências de rating tenha sido a de Luís Campos e Cunha quando, em vez de culpar os notadores pelos nossos males, lembrou que foram os países periféricos que decidiram viajar a duzentos à hora com pneus carecas esperando escapar ao inevitável, só que um dia choveu. Não nos resta pois senão reparar os danos, o que tem de começar por tratar dos nossos assuntos domésticos.

Depois – mas por esta ordem: depois – devemos preocupar-nos com a Europa. Até porque a crise por que esta passa deriva, antes do mais, de quem, por incumprir as duras obrigações de uma união monetária, desestabilizou o jovem e frágil edifício do euro. Mas não só. O que esta crise também tornou evidente é que existem graves deficiências na construção europeia, deficiências essas que só por autismo podemos identificar com a falta de “líderes fortes”.

O problema é mais grave, como já referi noutras alturas, e não se deve pensar que forçar hoje uma solução para a crise das dívidas soberanas que contrarie o sentimento das opiniões públicas é apenas um problema político. É mais do que isso, pois há muito que se agrava o distanciamento entre as elites de Bruxelas e os povos europeus, um afastamento grave pois, numa construção democrática, há um grau de consenso mínimo que se deve respeitar.

Haverá soluções para a crise grega, porventura para uma crise portuguesa, até talvez se inventem para uma crise italiana. Era bom que essas soluções fossem assumidas depressa. Mas não haverá soluções duradouras e sustentáveis que passem a médio e longo prazo pela subsidiação dos países mais pobres pelos mais ricos. A Europa não é a Itália e até nesta a dependência do Mezzogiorno face ao Norte industrial continua a gerar graves tensões.

Ora este é um problema estrutural para que nenhuma agência de rating contribuiu.

Público, 15 de Junho de 2011

30 comentários leave one →
  1. esmeralda's avatar
    esmeralda permalink
    16 Julho, 2011 12:04

    Percebo-o. Consigo estar de acordo consigo. Não é a primeira vez, note bem! E acho que as pesoas de Portugal ainda não meteram isso na cabeça e as mentalidades não mudam, por maior que seja a evidência do estado a que se chegou. Continuam a “passar ao lado”… Faltava-nos agora um António José Seguro com discursos invertidos. Nunca pensei que ia gostar mais de Assis, embora não seja o meu campeonato. Também já não há pachorra para o bastonário que, finalmente, ouviu grandes verdades! E, por último, Mário Soares que devia estar mais ponderado. Durante a irresponsabilidade do anterior governo, afirmou “nesta altura nós temos políticos que não prestam” e agora deveria contribuir, sem incendiar, para a estabilidade e trabalho necessários.

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  2. Carlos Pires's avatar
    16 Julho, 2011 12:10

    Sim. Mas é ou verdade que a moody´s utilizou critérios economicamente muito discutíveis e que talvez tenham interesse em que as coisas corram mal na europa ou pelo menos nalguns países europeus? É uma pergunta, não é uma afirmação.

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  3. Carlos Pires's avatar
    16 Julho, 2011 12:11

    Mas é ou não verdade que… Faltava o “não”.

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  4. António Sobral Cid's avatar
    16 Julho, 2011 12:56

    Zé Manel, andas a pensar (e a sintetizar…) melhor. Isso é bom. 🙂

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  5. J CASTILHO's avatar
    J CASTILHO permalink
    16 Julho, 2011 12:59

    Stiglitz: “Agências de rating podem precipitar nova crise”
    Joseph Stiglitz, Prémio Nobel de Economia em 2001, afirmou que as agências de notação financeira podem estar “a precipitar uma nova crise financeira”, depois de se manifestar cético em relação às suas avaliações.

    Ler mais: http://aeiou.expresso.pt/stiglitz-agencias-de-iratingi-podem-precipitar-nova-crise=f662131#ixzz1SGieACcM

    Mas quem é o Joseph Steglitz ??’ Não passa de um ignorante “anti-camone” ao pé do doutoral sabe-tudo jmf!!!!

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  6. Pinto's avatar
    Pinto permalink
    16 Julho, 2011 13:05

    A culpa da nossa crise é da Alemanha, da Merkel, da Finlândia, dos mercados, do FMI, do BCE, do euro, da União Europeia, dos bancos, da Moody’s, da Fich, da S§P, dos EUA, da China, da Grécia, do capitalismo, do liberalismo, do neo-liberalismo, do ultra-liberalismo … e dos ricos.
    Por falar nisso, a realização do mundial em Portugal ainda está de pé? É que precisávamos de um bom estádio na ilha da Madeira e outro no Alentejo.

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  7. Manuel Tiago's avatar
    Manuel Tiago permalink
    16 Julho, 2011 13:36

    A culpa também é, certamente, de certos jornalistas sem carácter, que fazem o jeito aos capitalistas para ganharem uns trocos a mais.
    Às vezes lixam-se.

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  8. João Lisboa's avatar
  9. lucklucky's avatar
    lucklucky permalink
    16 Julho, 2011 13:46

    “Joseph Stiglitz, Não passa de um ignorante “anti-camone”. ”
    Verdade, não passa de ignorante estatista.
    Foi ele que escreveu que a probabilidade da Fannie Me e Freddie Mac, empresas semi-publicas do Estado Americano precisarem de ajuda era muito baixa…ou seja fez o mesmo que as agências sobre o Lehman.
    E continua a fazer.
    .
    Ignorânica também se deve aplicar a você, qualquer português deveria criticar as agências de rating por não terem baixado nos nossos ratings mais cedo.
    A não ser que os 16400 euros de dívida não o preocupem.
    E nesse caso a razão não é ignorância mas esperteza disfarçada de indignação, pois quer dizer que uma parte do dinheiro da dívida lhe paga o ordenado ou a pensão.

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  10. Dédé's avatar
    Dédé permalink
    16 Julho, 2011 14:06

    É preciso é que não falte nada aos Bancos:
    E O POVO É QUE PAGA Governo vai apoiar bancos se não conseguirem executar plano de recapitalização.

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  11. Gonçalo's avatar
    16 Julho, 2011 14:22

    O problema é que estamos mesmo todos “lixados”.
    Começando (e acabando) pelos EUA…
    http://notaslivres.blogspot.com/2011/07/os-eua-portugal-china-e-o-extra.html

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  12. lucklucky's avatar
    lucklucky permalink
    16 Julho, 2011 14:27

    Ninguém está lixado. Basta não perder a cabeça e aceitar que se tem de voltar à riqueza dos anos 90. Ou seja antes da bolha do crédito. É calro que isso é impossível com o Estado a gastar o que gasta…

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  13. lucklucky's avatar
    lucklucky permalink
    16 Julho, 2011 14:28

    claro

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  14. António Sobral Cid's avatar
    16 Julho, 2011 15:00

    No imediato axo que os chinoxes e a brazucagem, vão despejar nestes lados parte do «superavit» deles, porque é do interesse deles, precisam de escoar por aki (Europa) akelas coisas que eles faxem por dois tostões, e que aki só faríamos por dois milhões…. 😦
    Just my uninformed opinion.

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  15. Arlindo da Costa's avatar
    Arlindo da Costa permalink
    16 Julho, 2011 15:27

    Todos nós sabemos quem anda a viver acima das suas possibilidades!
    Tal como na Itália, onde o Norte trabalha para o Sul, aqui em Portugal a província (principalmenteo Norte) trabalha para a berbere Lisboa.
    Também há por aí uma classezinha média alta (onde se inclui os jornalistas) que andam a viver acima das suas possibilidades e depois para equilibrarem o orçamento recebem uns «envelopezinhos» para colocarem «nutícias» nos jornais… e não só!

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  16. Fincapé's avatar
    Fincapé permalink
    16 Julho, 2011 21:29

    Obviamente, o texto de jmf1957 mostra muita confusão sobre o assunto em causa. Parece não ter entendido o que verdadeiramente se passa. Mas eu penso que entendeu. Só que o melhor é estar do lado daqueles que parecem mais fortes. Toda a gente sabe que alguns portugueses andaram a abocanhar de forma alarve o bolo português. Toda a gente sabe que é necessário reduzir bastante o défice e ainda mais a dívida. Pessoalmente, penso que a dívida deveria ser tendencialmente (quase) nula e os défices igualmente. Tal como as famílias ou as empresas em que os défices e as dívidas deveriam estar relacionadas com investimento útil ou com excepcionais momentos relacionados com a sua economia. Agora, não deixa de ser vergonhoso uma família, uma empresa ou um país iniciar duras medidas e no seu início alguém vir tratar de aumentar os juros, reduzindo as possibilidades de as medidas produzirem efeitos. É disso que se trata quando alguns grupos minoritários defendem agências daquelas, ainda por cima depois do significativo contributo que deram para esta crise e da incompetência mostrada. Aliás, não parece ter sido só incompetência.
    Os liberais tugas perderam de vez a razão e estão a demonstrar que pouco lhes interessa que as empresas a privatizar caiam nas mão de esquisitos grupos estrangeiros por dez réis de mel coado graças à esperteza de agências sem rosto. Curiosamente, muitos deles andavam armados em patriotas quando as influências externas vinham de outras bandas. Sim senhores! Grandes patriotas!

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  17. Rui Teixeira Neves's avatar
    Rui Teixeira Neves permalink
    16 Julho, 2011 22:13

    Dívida dos Estados Unidos: 14 840 000 000 000 de dólares…. ou seja, 15 triliões (USA), a maior dívida do mundo, um país com a economia estagnada à espera do big crash do dólar, mas ainda com a notação AAA !!! Quem tem agências de rating amigas e objectivas, quem tem ?

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  18. Rui Teixeira Neves's avatar
    Rui Teixeira Neves permalink
    16 Julho, 2011 22:14

    Dívida dos Estados Unidos: 14 840 000 000 000 de dólares…. ou seja, 15 triliões (USA), a maior dívida do mundo, um país com a economia estagnada à espera do big crash do dólar, mas ainda com a notação AAA !!! Quem tem agências de rating amigas, quem tem ?

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  19. Arlindo da Costa's avatar
    Arlindo da Costa permalink
    16 Julho, 2011 22:15

    Grandes patriotas!
    Como o Belarmino e o Alexandre Xexé dos Santos, que importam tudo do estrangeiro (desde alguidares a salsa e rabanetes) e aos pobres produtores nacionais regateia tudo ao cêntimo (como fazem os turcos no bazar e os judeus ao telefone) , pagando miseravelmente a 120 dias, enquanto encaixam 15 vezes mais à boca do cofre.
    E depois não querem que lhes chamemos ladrões, anti-patriotas e beijas cús dos caras de cú!

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  20. Arlindo da Costa's avatar
    Arlindo da Costa permalink
    16 Julho, 2011 22:19

    Sr. Rui Teixeira Neves:
    O rating da América é AH AH AH!!!!
    O estoiro vai ser grande. Maior que a URSS!
    Se a China não põe aquele «papel» com dono dentro de semanas ou meses, ainda vai voltar aos tempos da Longa Marcha.
    Pode ser que o insigne JMF volte a sonhar com o passado….

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  21. Trinta e três's avatar
    16 Julho, 2011 23:05

    Os argumentos de JMF são os do senso comum. A culpa da nossa crise é nossa, isto é, do Cavaco, do Guterres, do Durão, Santana e Sócrates. Foram eles que alinharam na política do crédito a pataco, do “não vale a pena produzir o que outros produzem melhor e mais barato”, do desperdício em alcatrão e na especulação imobiliária. Só que isso, pouco tem que ver com a avaliação das agências. Se assim não fosse, há muito que os Estados Unidos, a itália, a Bélgica… andariam pelas ruas da amargura.

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  22. IFIGENIO OBSTRUZO's avatar
    17 Julho, 2011 11:16

    TERROR DA POUPANÇA E A REVOLTA ANUNCIADA……..BY ROBERT KURZ…


    pois..se esta análise estiver correcta e parece-me a mim que a mesma está cheia de razão a ver vamos que tem razão no que toca á Moddys…Stiglitz já veio avisar…Roubini idem..e em Agosto pode haver default dos States..e a China com a inflação a galopar…

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  23. IFIGENIO OBSTRUZO's avatar
    17 Julho, 2011 11:19

    A Disputa das Ideias …Temos cada vez mais tipos de ordem e cada vez menos ordem…


    Quais são as tuas palavras essenciais? As que restam depois de toda a tua agitação e projectos e realizações. As que esperam que tudo em si se cale para elas se ouvirem. As que talvez ignores por nunca as teres pensado. As que podem sobreviver quando o grande silêncio se avizinha

    Vergílio Ferreira

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  24. IFIGENIO OBSTRUZO's avatar
  25. IFIGENIO OBSTRUZO's avatar
  26. lica's avatar
    lica permalink
    17 Julho, 2011 12:05

    Suportámos primeiros-ministros que mentiram até ao fim sobre a dimensão dos problemas nacionais? A culpa é dos analistas das agências que dizem alto o que, por cá, todos sussurram.

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  27. Bonaparte's avatar
    Bonaparte permalink
    18 Julho, 2011 11:22

    Vocês ainda vêem a RTP?

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  28. JPT's avatar
    JPT permalink
    18 Julho, 2011 15:04

    Nem mais. O discurso da culpabilização dos EUA, da conspiração das agências de rating, da falta de liderança política na EU, e do “venham daí os eurobonds”, começou (no comentário político matinal da Antena 1) no Miguel Portas à sexta-feira, passou para a Ana Gomes à terça, e ouvi-o, hoje ,ao Luís Filipe Menezes: o trotskista, a tonta, e o tipo que precisa que dar emprego a uma série de sub-caciques para não ser corrido, todos filhos da mesma luta. E, como se a dose fosse pouca, nas notícias, o Dr. Soares, o Dr. Sampaio e o Prof. Cavaco, todos a defenderem as suas pensõezinhas e as da sua prole de afilhados políticos contra a inevitabilidade das realidades económicas, agarrando-se à notação da Moodys como um náufrago, numa tormenta, se agarra a um destroço flutuante. Ei-la, ali, demasiado tentadora, uma última razão para não cortar, para não exigir, para não trabalhar, para não aplicar as leis, para se voltar atrás com os acordos. Lamento, mas a Moody’s, de facto, não classificou a nossa dívida pública; ele classificou a nossa classe política e, claro está, classificou a “polis” que a escolheu.

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  29. Peter's avatar
    Peter permalink
    19 Julho, 2011 17:55

    Não podia deixar de comentar o artigo…
    Genial, contudo estão por aí algumas ideias erradas (a meu ver) unicamente porque não falamos do contexto como um todo e apenas fala de uma parte … Ora vejamos
    As agências de rating (claro que era aqui…) davam ao Lehman notação AAA o que aconteceu ? Chapéu né?
    Mais… ” Nada disto faz sentido porque uma coisa é uma opinião, mesmo que errada, de uma agência (e o rating não é mais do que uma opinião)”, isto é ridiculo… Não passa mais do que uma opinião? tás parvo? só de ler este artigo vê-se que és minimamente instruído, devias tar com certeza numa altura de diarreia mental para dizeres uma barbaridade destas… por isso vou passar à frente 🙂
    Mais… Não me parece que sejas uma pessoa que ande a dormir, mas com comentários deste tipo: “terem também avisado que podem descer o rating dos Estados Unidos (onde está, então, a conspiração antieuropeia?)” só à xapada… hehe pois… eles podem descer, mas não descem 🙂 A questão está na discrepância de como as avaliações são feitas.. De uma maneira para uns, de outra maneira para os outros, sim… Portugal é diferente dos EUA (LÓGICO!), mas a dívida deles também é BASTANTE diferente da nossa 🙂 para não falar que baixam quando os EUA estão a viabilizar (ou não) o aumento do tecto da dívida …..
    Mais… eu concordo, claro, lógico, com o lixo, alguma vez esta situação é comportável? Claro que não… Mas não é com esta atitude que podemos prosperar.

    Falas de Medina Carreira e outros como se fossem heróis, estás errado, são pessoas a que dou bastante valor, sim, falam bem, mto bem, boas ideias, com postura mas…fala mto da boca pa fora porque não têm que dar satisfações a ninguém, é que falar… falar é fácil, e fazer? Para não falar que apoia (MC) o Xô Anibal que te roubou a ti, a mim, a ele a ela e aquele ali ao fundo que nem sabe do que estamos a falar … Ele… e a filha!! Ou espera… Não tás de acordo ? hahaha

    Contudo, apesar de tanta crítica… Gostei bastante do post. Parabéns!

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